A primeira edição do concurso Árvore Europeia do Ano realizou-se em 2011, inspirada por um concurso muito semelhante na República Checa. Já este ano, a competição contou com a presença de 16 países, cada um submetendo um árvore à votação dos cidadãos europeus. O Carvalho Dunin da Polónia foi o grande vencedor deste ano, obtendo 179 mil votos, 24% do total. Seguiu-se o Carvalho da Floresta do Banquete de Conxo da Espanha e, em 3º lugar, a árvore portuguesa Sobreira Grande, – um sobreiro de vasta dimensão plantado há 250 anos na aldeia de Vale do Pereiro, no concelho de Arraiolos.
O concurso tem ganho progressivamente mais apoio e popularidade ao longo dos últimos anos – em 2022 chegaram a votar 770 mil pessoas –, mas está raramente sujeito a qualquer foco mediático. Este ano foi diferente, e tudo se explica por uma decisão polémica tomada pelos organizadores da Árvore Europeia do Ano: banir a árvore submetida pela Rússia da competição, um carvalho com 200 anos que muitos acreditam ter sido plantado pelo romancista russo Ivan Turgenev, e que caiu em 2021 na sequência de um tornado.
“Nós, organizadores da Árvore Europeia do Ano, estamos chocados com a agressão da Federação Russa, que invadiu militarmente a vizinha Ucrânia. Por isso, vamos juntar-nos às atividades que visam o isolamento internacional da Rússia. Vamos imediatamente excluir a Federação Russa do concurso internacional”, escreveu Josef Jarý, o coordenador da competição, num artigo publicado no site da Árvore Europeia do Ano.
Segundo os coordenadores, o principal objetivo do projeto é “destacar a importância das árvores antigas na herança cultural e natural” europeia e promover também relações de familiaridade entre nações através da apreciação e da convivência com a natureza. Ludek Niedermayer, eurodeputado da Chéquia, que apoia plenamente a decisão dos organizadores da Árvore Europeia do Ano, destaca precisamente este ponto, observando que o concurso “mostra que embora sejamos todos diferentes, em muitas coisas somos iguais – podemos comunicar, competir e cooperar”.
Daí que esta decisão tenha sido particularmente difícil para toda a organização. Jarý reiterou o seu apreço pelos cidadãos russos que “lutam pela proteção da natureza e por uma sociedade livre” e salientou no seu artigo que o boicote não se dirige de forma alguma às “mulheres e aos homens russos comuns”. “No entanto”, continuou, “não podemos assistir de braços cruzados à agressão sem precedentes da liderança russa contra um país vizinho”.
Este boicote junta-se a muitos outros nas mais variadas áreas, como as artes, o desporto ou o setor alimentar. Concertos de música clássica cancelados, a deslocação da final da Liga dos Campeões para fora da cidade russa de São Petersburgo ou o êxodo de inúmeros gigantes alimentares da Rússia, como o McDonald’s ou o Starbucks, são alguns dos exemplos.