Num estudo recente realizado na Universidade da Pretória, um grupo de investigadores tentou perceber se havia realmente uma diferença química na superfície da pele entre os indivíduos que se achavam “vítimas” habituais dos mosquitos e os que se diziam relativamente poupados às picadas. Descobriram que a taxa metabólica e a quantidade de dióxido de carbono interferiam nas secreções da pele e ajudavam a ditar a preferência do inseto.
Jonathan Day, professor na Universidade de Florida especializado em entomologia (a ciência que estuda os insetos) aplicada à medicina, explicou à Time que a maior ou menor propensão de cada pessoa a picadas de insetos é a combinação entre os genes e o odor natural.
Os mosquitos são bastante seletivos, e estima-se que 10% a 20% da população seja especialmente suscetível a picadas. Um estudo publicado no Journal of Medical Entomology concluíra, por exemplo, que os insetos pousavam em pessoas com sangue tipo O quase duas vezes mais frequentemente do que os do tipo A, e os investigadores notaram que isto tem a ver com as secreções que o corpo produz.
“Algumas pessoas produzem mais certos químicos na sua pele (…), e alguns desses químicos, como o ácido lático, atraem mosquitos”, explicou Day. O ácido lático é libertado através da pele quando há transpiração.
De acordo com o cientista, a capacidade única destes seres de detetar o dióxido de carbono (CO2) expirado pelo ser humano está relacionado com o metabolismo de cada um. As mulheres grávidas, as pessoas obesas, e as que acabaram de fazer exercício estão em maior risco porque libertam mais quantidade de CO2.
Uma investigação publicada na Public Library of Science (PLOS ONE) colocou gémeos à exposição de mosquitos. Nessa experência, os investigadores perceberam que os gémeos idênticos foram mordidos em quantidades aproximadamente iguais, enquanto que gémeos dizigóticos foram mordidos em quantidades diferentes.
Dessa forma, os investigadores conseguiram perceber que o que determinou a quantidade de picadas foi o odor corporal. Quanto mais níveis de dióxido de carbono as pessoas produziam, mais odor existia na superfície da pele.
Um estudo da revista da Associação Americana de Controlo de Mosquitos indicou ainda que o álcool também pode desempenhar um papel na atração de mosquitos.
Outro fator que Jonathan Day salientou como influenciador é a forma como cada pessoa se veste. “Eles [mosquitos] são capazes de contrastar com o horizonte, pelo que a forma como se veste é importante. Se estiver vestido com roupas escuras, vai atrai mais porque vai destacar-se no horizonte, ao contrário daqueles que vestem cores claras”.
O mosquito, que se divide em mais de 3 500 espécies, transmite vírus aos humanos, alguns responsáveis por milhões de mortes. No combate à propagação da Zika, dengue, chikungunya, febre do Vale do Rift e malária, provocadas pela Aedes aegypti, Aedes albopictus e Anopheles gambiae, os três mosquitos mais mortíferos, os compostos analisados que se concluiram não ser atraentes para os mosquitos têm sido também desenvolvidos como novos inseticidas e armadilhas químicas.