Começa hoje, quinta-feira, 18, o AIMS Meeting 2021, o maior congresso europeu de estudantes de biomedicina, organizado pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa. Até 21 de março, especialistas de renome mundial vão passar virtualmente por Portugal para falar sobre inteligência artificial aplicada à saúde, vacinas e ameaças à saúde global.
Um dos oradores mais destacados é Jonathan Patz, diretor do Instituto Global de Saúde, professor em Saúde e Ambiente na Universidade de Wisconsin-Madison e um dos autores principais na área da saúde dos relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas. Em conversa com a VISÃO VERDE antes da sua intervenção, o investigador deixou o aviso: “As alterações climáticas são um problema de saúde e os sistemas de saúde têm de se preparar para os efeitos dos fenómenos climáticos extremos.”
“O clima é uma multiplicador de riscos”, explicou aquele que é um dos mais respeitados especialistas do mundo em saúde ambiental.
Jonathan Patz sublinha que há um lado particularmente perverso nos efeitos do aquecimento global. “Os menos responsáveis pelo problema são os mais vulneráveis a riscos ambientais porque vivem em casas sem condições em zonas com risco de inundações, etc.” Mas, acrescenta, “os ricos não sairão incólumes. “Os pobres vão sofrer os primeiros impactos, mas a Covid prova que que nenhum país está a salvo de uma crise.”
Mas há boas notícias. “A transição para uma economia de baixo carbono vai ter um efeito benéfico gigantesco na saúde”, acrescenta, lembrando que a queima de combustíveis fósseis mata 7 milhões a 8,7 milhões de pessoas todos os anos.
Além de Patz, o AIMS Meeting 2021 vai contar com a presença de, entre outros, Jules Hoffman (Nobel da Medicina em 2011), Jerome Kim (diretor-geral do International Vaccine Institute), Amani Ballour (ativista contra a guerra na Síria, vencedora do prémio Raoul Wallenberg de 2020 e autora do documentário The Cave), Rosalind Picard (fundadora do Grupo de investigação de Computação Afetiva no MIT) e Sophie Scott (do Instituto de Neurociência Cognitiva da University College London, e que descobriu, por exemplo, que os ratos têm cócegas).