Uma equipa de cientistas russos recolheu amostras de neve de 20 zonas diferentes da Sibéria estendidas por mais de 5 mil quilómetros (do Ártico à cordilheira de Altai) e encontrou partículas de plástico. O próximo passo é tentar saber a verdadeira escala do problema, medindo a concentração de microplásticos naquela que é uma das mais remotas regiões do mundo.
“As pessoas usam plástico há mais de século e meio”, e devido à difícil decomposição das suas partículas e ao facto de muitos países não saberem recolher estes materiais, estão cada vez mais a “acumular-se no meio ambiente”, explica Yulia Frank, uma das investigadoras do projeto, cientista do Instituto de Biologia da Universidade Estatal de Tomsk (TSU).
Os investigadores também recolheram e examinaram chuva e neve no outono de 2020. As análises dessa precipitação, sólida e líquida, levaram à conclusão de que existiam “fragmentos de formato irregular e microesferas” que provavelmente, devido ao seu baixo peso, viajaram através do ar.
A confirmação do problema
Já não é a primeira vez que cientistas da TSU analisam a concentração de microplásticos no Ambiente. Antes deste projeto, haviam encontrado partículas de plástico em rios e sistemas digestivos de peixes no Ártico siberiano.
Esta pesquisa na Sibéria, de acordo com o texto publicado pela universidade, vai ajudar a entender qual é a contribuição desta província russa para o ciclo de transporte de microplásticos no planeta.
Esta não é a primeira vez que cientistas encontram sinais de que está a “nevar” plástico no Ártico. Em 2019, uma equipa germano-suíça analisou a neve das ilhas norueguesas de Svalbard (o território permanentemente habitado mais próximo do Polo Norte) e descobriu quantidades de plástico acima de 10 mil micropartículas por litro de neve. Os investigadores, que encontraram também pedaços de borracha e de fibra nesses locais remotos, concluíram que o plástico caía juntamente com a neve.
“Esperávamos encontrar alguma contaminação, mas ficámos chocados com as quantidades”, disse então à BBC Melanie Bergmann, a cientista que liderou a investigação. “Aparentemente, a maior parte do microplástico na neve vem do ar.”