Numa estimativa “conservadora”, a agência nacional de ciência da Austrália (CSIRO) aponta para a existência de 14 milhões de toneladas de microplástico no fundo dos oceanos. Esta é a principal conclusão de um estudo que recolheu sedimentos a cerca de 300 quilómetros da costa sul australiana, a profundidades que variaram entre os 1655 e os 3016 metros, e depois extrapolou os dados para todo o planeta. “Ficámos surpreendidos por observarmos grandes quantidades de microplástico numa localização tão remota”, salienta Denise Hardesty, uma das investigadoras, na página oficial da agência na Internet. “Ao identificarmos onde se deposita o microplástico e em que quantidades, ficamos com uma melhor imagem da dimensão do problema.”
Microplástico é o nome que designa pequenos fragmentos (menos de cinco milímetros de diâmetro) de plástico, por norma formados a partir da deterioração de artigos e objetos descartáveis que vão parar ao mar – garrafas, beatas de cigarros e cotonetes são os três mais encontrados, segundo a Comissão Europeia. A “dimensão do problema” é tal que tem havido um interesse voraz, nos últimos anos, em aprofundar o conhecimento sobre este tipo de poluição dos oceanos e respetivo impacto nos ecossistemas. Estima-se que mais de 700 espécies já tenham sido afetadas, de alguma forma, pelo lixo marinho criado a partir de plásticos descartáveis e de materiais de pesca (com as redes à cabeça), a segunda maior fonte destes resíduos que entram na cadeia alimentar ao serem ingeridos pelos animais – ainda falta perceber com que consequências para os humanos.
Estimativas de 2018 da Comissão Europeia indicavam a presença de mais de 150 milhões de toneladas de plástico nos oceanos, mas a informação sobre as quantidades existentes a grandes profundidades ainda é escassa. “A nossa pesquisa fornece a primeira estimativa global da quantidade de microplástico que existe no fundo do mar”, enfatiza Danise Hardesty, que apela à reciclagem, à renúncia ao plástico descartável e à separação correta do lixo para minimizar os danos.
De acordo com as Nações Unidas, todos os anos acabam no mar oito milhões de toneladas de plástico.