As emissões de CO2 resultantes da produção de carvão na UE estão a fazer retroceder os esforços de combate às alterações climáticas, segundo o novo relatório ‘Os 30 mais sujos da Europa’, divulgado hoje pela WWF, em conjunto com a CAN Europa (Climate Action Network), a Agência Europeia do Ambiente, a Aliança da Saúde e do Ambiente (HEAL) e a Aliança do Clima Alemã.
O relatório ‘Europe’s Dirty 30’ expõe os top 30 dos países mais poluentes no que respeita a emissões derivadas da produção de carvão na UE em produção de energia poluente em CO2 na UE, com a Alemanha e o Reino Unido a liderarem os primeiros lugares, com nove das produtoras de carvão mais sujas, cada um.
Portugal aparece no relatório na posição 27, à frente da Espanha no que respeita à produção de carvão.
O problema de carvão na UE, segundo o que revela o relatório é causado pelo aumento do uso de ativos de carvão existentes. Muitas das produções movidas a carvão na UE funcionam em plena capacidade ou quase, devido ao preço relativamente baixo do carvão em relação ao gás.
De acordo com o relatório, o uso pesado de carvão faz-se em alguns dos Estados-Membros da União Europeia nos quais existem maiores populações, como o Reino Unido e a Alemanha, colocando a UE em grave perigo de não suprimir as emissões de carvão de forma suficientemente rápida, portanto, minando as suas próprias ambições climáticas.
A queima do carvão também liberta poluentes que estão associados a uma série de problemas de saúde humana, incluindo a asma e o cancro [4]. A Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou recentemente a poluição do ar como uma causa ambiental de morte por cancro.
Kathrin Gutmann, da CAN Europa, disse:
“As minas a carvão são a maior fonte global de emissões de gases de efeito estufa. As emissões de CO2 a partir do carvão na UE ainda são muito elevados, como mostra o ‘Dirty 30 power plants “da UE. A UE tem de considerar como prioridade acabar com o carvão, se quiser cumprir com êxito as suas próprias metas climáticas de longo prazo. “
Darek Urbaniak, da WWF, disse:
“O quadro de política da UE em vigor no que respeita ao clima, energia e poluição do ar que regula o setor de energia não é forte o suficiente para alcançar a transformação e passagem do carvão para a energia renovável e uma economia de energia limpa.
Para que a UE acabe com a sua dependência do carvão são precisa atinjir três objectivos ambiciosos, como reduzir os gases de efeito estufa, aumentar a eficiência energética e a produção de energia renovável.”
Christian Schaible, da EEB, disse:
“A dependência do carvão na Europa é prejudicial para a saúde das pessoas, para o ambiente e não tem lugar no nosso futuro energético sustentável. Quantidades significativas de emissões poderiam ser evitadas e reduzidas se os operadores usassem as avançadas técnicas disponíveis em vez de discutirem as isenções. As normas ambientais devem primeiro servir para proteger as pessoas e o ambiente na Europa e devem ser implementadas o mais rapidamente possível.”
Julia Huscher, da HEAL, disse:
“Cada uma das maiores estações de energia de carvão na Europa é responsável por centenas de milhões de euros em custos de saúde. A enorme quantidade de poluição que eles libertam, além das emissões de CO2, contribuem para aumentar os problemas de saúde da população europeia .
A eliminação de carvão na Europa será uma vitória, porque vai ajudar a conseguir um ar limpo para mais pessoas, e evitar mais danos á sua saúde.”
Mona Bricke, Coordenador Europeu na Alemanha Climate Alliance, disse:
” Se a Alemanha e a UE estão a falar a sério sobre as suas próprias metas climáticas têm que transformar o seu setor de energia, e assim acabar com o carvão alemão é fundamental. Não há maneira de contornar esta verdade simples. O fato de 9 das 30 minas que têm as maiores emissões de CO2 estarem localizadas na Alemanha, é um caso a ter em consideração.”