Pedi emprestada esta expressão americana, que significa “valor obtido como retorno do investimento em dinheiro, ou esforço” ou, usando uma expressão por nós mais conhecida, “relação custo/benefício”, para ilustrar aquela que considero uma alteração na mentalidade das pessoas no que respeita às suas escolhas de consumo.
Mas voltemos um pouco atrás. Setembro foi o mês em que os países da União Europeia deixaram de fabricar lâmpadas incandescentes. Ou seja, a lâmpada convencional inventada por Thomas Edison, em 1879, e que na sua maioria converte em luz visível apenas cerca de 5% da electricidade que consome, sendo o restante convertido em calor, deixou de poder ser fabricada no seio da União Europeia. Isso não quer dizer que deixemos de as encontrar nas prateleiras dos supermercados. Enquanto existirem em stock, estas lâmpadas poderão ser comercializadas.
São muitas as alternativas que surgem disponíveis aos consumidores e com uma utilização bem mais eficiente da energia consumida. Lâmpadas economizadoras de halogénio, fluorescentes e LED, com os seus diferentes níveis de poupança e utilizações possíveis, surgem no leque de soluções.
Mas é nesta altura que regresso à expressão que utilizei para o título deste texto. Quando pensamos na aquisição de determinados produtos, se estes não influem em demasia no nosso bem-estar e aparência (como fazem os alimentos ou produtos de beleza) ou não são de um valor elevado (como seriam uma televisão ou computador), o investimento da nossa parte no processo de escolha é reduzido. Olhamos, vemos, procuramos uma marca barata ou conhecida, e compramos.
Durante muito tempo, e na maior parte dos casos, era assim que se passava com as lâmpadas. Tentávamos saber quantos watts gostaríamos que tivesse de potência, se era de casquilho grosso ou fino, e se a luz era mais branca ou amarela. E pouco mais.
Com o surgimento das lâmpadas economizadoras de energia, começámos a dispensar um pouco mais do nosso tempo nesta escolha: “Quantas mais horas de utilização ganho com esta lâmpada?; “Quanto gasta esta lâmpada em comparação com uma normal?” – foram perguntas que começaram a surgir nos consumidores.
Hoje, com o desaparecimento da lâmpada incandescente, o imediatismo com que comprávamos lâmpadas foi substituído por uma maior ponderação na escolha, por dois motivos – porque os parâmetros de escolha são mais; e porque estes implicam numa maior eficiência ou não da electricidade gasta. E sabendo bem o consumidor o que paga de conta de electricidade, este vai procurando informar-se mais.
Mas afinal o que deveríamos nós que ter em conta quando escolhemos uma lâmpada? Aqui temos alguns dos pontos mais importantes:
- Fluxo luminoso – este fluxo, expresso em lúmenes, dá informação sobre a quantidade de luz que uma lâmpada produz. Queremos mais ou menos luz em determinada divisão?;
- Eficiência energética – Já estamos habituados a encontrar esta informação em electrodomésticos, em que são divididos em classes (A, B, C, etc), sendo “A” mais eficiente. Quanto mais eficiente na utilização da electricidade, menor será a factura da electricidade;
- Tempo de vida – Dependendo do tipo de lâmpada, e da sua utilização, o tempo de vida pode variar entre 1000 a 15.000 horas;
- Resistência aos ciclos ligar/desligar – Trata-se do número de vezes que podem ser ligadas e desligadas. Uma lâmpada com uma baixa resistência a ciclos ligar/desligar não deve ser colocada em locais onde o acender e apagar é frequente (e.g. casa-de-banho);
- Tempo de aquecimento – É o tempo que a lâmpada demora até atingir a luminosidade máxima. Num local onde precisamos de luz imediata e durante pouco tempo (e.g. dispensa), deve utilizar-se uma lâmpada de rápido aquecimento;
Estes são apenas alguns dos pontos a ter em conta. A União Europeia preparou uma página muito completa, esclarecendo os cidadãos europeus sobre as lâmpadas economizadoras –
http://ec.europa.eu/energy/lumen/index_pt.htm – que pode ajudar no processo de escolha.
Estamos a assistir a uma importante mudança no comportamento do consumidor. Uma mudança no tempo investido no processo de escolha de uma simples lâmpada. Mas este tempo, multiplicado pelos milhões de lâmpadas utilizadas, tem um sério impacto no consumo energético da Europa e no impacto ambiental associado. Pegando na frase inicial, e pedindo desde já desculpa pelo anglicismo, pode-se dizer que “we are now getting a bigger bang for the buck”.