As populações humanas são diferentes entre elas e estão em permanente movimento e mutação. Todos sabemos, por exemplo, que há países ou regiões mais populosos do que outros ou que o número atual de pessoas é diferente do que era no passado ou do que será no futuro. Conhecer e compreender as populações é um assunto que interessa a todos, pois as mudanças ocorridas na população não deixam imunes as sociedades, condicionando as suas trajetórias e, por consequência, a vida dos indivíduos que as compõem.
Os “estudos da população” (population studies) surgem normalmente associados a uma ciência social chamada Demografia, a “Ciência da População”. A partir da utilização de métodos e técnicas quantitativos rigorosos para análise dos dados estatísticos, esta ciência analisa as características e os comportamentos das populações humanas na sua relação com a dinâmica das sociedades nas quais se inserem.
Uma das preocupações da Demografia é, assim, a descrição das características das populações.
Por exemplo, saber quantos somos, fomos ou seremos, quais as regiões de um país ou do mundo com maior potencial de crescimento populacional, quais as regiões mais envelhecidas ou que mais têm intensificado o seu processo de envelhecimento demográfico, etc..
A ESTA DESCRIÇÃO RIGOROSA DAS CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DAS POPULAÇÕES junta-se outra preocupação: a de compreender e explicar a razão da evolução do “corpo populacional”, pois não é por acaso que as populações humanas mudam e assumem formas determinadas. A Demografia preocupa-se, deste modo, em estudar também o comportamento das variáveis que condicionam as características populacionais: essencialmente, a natalidade/fecundidade, a mortalidade, a nupcialidade/divorcialidade e os movimentos migratórios. Fá-lo, por um lado, através da descrição estatística aprofundada do perfil dessas variáveis e, por outro, através da análise das condicionantes sociais explicativas desses comportamentos. Múltiplas questões que todos os dias levantamos por exemplo, sobre porque estamos a envelhecer, o que explica a existência de regiões em depressão ou em expansão populacional ou porque a relação estatística entre sexos é desequilibrada encontram na Demografia a sua resposta.
OUTRA ÁREA DA DEMOGRAFIA É RESERVADA À MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO DAS IMPLICAÇÕES sociais, económicas, culturais ou outras da dinâmica das populações. Porque as dinâmicas demográficas se entrelaçam com inúmeras áreas da sociedade, as relações entre as características das populações e as múltiplas dimensões da vida coletiva não podem ser negligenciadas. Por exemplo, o aumento da população em idade idosa, a par da diminuição do número de nascimentos e consequente decréscimo previsto para a população em idade ativa, está a colocar importantes desafios à sustentabilidade futura do sistema de Segurança Social. Também, em termos mais amplos e sabendo que a população mundial conta todos os dias com mais 220 mil habitantes, a maioria nascendo em países em vias de desenvolvimento, questões como os riscos ambientais associados a este crescimento, ou a capacidade de o planeta o suportar, são mais exemplos sobre os desafios colocados pela Demografia.
Com um corpo teórico e metodológico sólido, a ciência demográfica constitui, assim, uma área do saber decisiva para a compreensão das sociedades, quer do passado quer contemporâneas.
Bibliografia recomendada
- LA POPULATION DU MONDE
Catherine Rollet-Echalier
(Larousse) - PORTUGAL: OS NÚMEROS
Maria João Valente Rosa e Paulo Chitas
(Fundação Francisco Manuel dos Santos) - POPULATION: AN INTRODUCTION TO CONCEPTS AND ISSUES
John R. Weeks
(Wadsworth) - PORDATA-BASE DE DADOS DO PORTUGAL CONTEMPORÂNEO
Fundação Francisco Manuel dos Santos
www.pordata.pt
Quem é Maria João Valente Rosa?
Nascida em 1961, Maria João Valente Rosa doutorou-se em Sociologia, especialidade Demografia. Professora da Universidade Nova de Lisboa, é autora e coordenadora de inúmeros estudos publicados sobre a demografia portuguesa. Exerce atualmente as funções de diretora da Pordata, uma extensa base de dados estatísticos, promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, sobre diversas áreas da sociedade, incluindo a População