No próximo dia 22, o canal National Geographic emite, pelas 20 e 30, o documentário Plastiki, sobre uma expedição no Pacífico (de São Francisco a Sydney), num catamarã composto por 12 mil garrafas de plástico. Naquele filme, acompanhase esta sui generis viagem de quatro meses o sonho ecológico do aventureiro David De Rothschild, 33 anos, membro da famosa e multimilionária família britânica. Uma aventura marítima que teve como missão passar uma mensagem de responsabilidade ambiental. Mais ou menos cumprida.
“Tivemos a atenção dos media, escrevemos um livro, fizeram um documentário sobre a viagem, criámos um enorme movimento online, durante a expedição”, conta David à VISÃO. “Mas continua a consumir-se plástico, sem pensar no assunto, a usar sacos sem ser necessário. Este é um dos maiores desafios ambientais ainda por resolver.” David reconhece que o plástico não vai desaparecer do planeta e, por isso, há que reavaliá-lo: “No Plastiki [nome do barco], pegámos num material descartável, as ‘garrafas PET’, e transformámo-lo em algo de útil. Esse deve ser o caminho.”
Formado em Medicina, David começou cedo a interessar-se pelas questões ambientais, tornando-se num explorador. Nem podia ser de outra forma: “Tudo está relacionado com o ambiente. Até nos conflitos, nove em cada dez nascem por causa de algum bem natural, como o petróleo ou os diamantes…”
Na primeira parte do documentário, David enfrenta o desafio de construir a estrutura onde as garrafas se vão encaixar, certificando–se de que o barco flutua. Depois, debate–se com a dificuldade de recrutar a tripulação de seis pessoas: Jo Royle e David Thompson ficaram como comandantes, Max Jourdan e Vern Moen embarcaram no papel de realizadores e o explorador Olav Heyerdahl completou a equipa. Por fim, o Plastiki lança-se à água.
IMAGENS ENGANOSAS
“Após ver-se o documentário, fica-se com a sensação de que aquilo foi tudo muito fácil de fazer mas demorou três anos até ficar de pé”, esclarece David. “Para mim, a maior aventura foi a da construção, só que isso ficou reduzido a dois ou três minutos de filmagens. Centraram-se mais na viagem.”
Navegar no oceano é sempre duro. Há que manter uma atitude psicológica positiva, quando se está confinado a uma área pequena. David lembra os problemas que tornaram aqueles dias difíceis: “É complicado lidar com o calor quando se está exposto ao sol, num barco. A pessoa fica muito salgada e a pele estala. Só tínhamos água fresca para cozinhar e beber.”
Em breve, o ativista editará um livro sobre esta aventura, dando continuidade à “equação de curiosidade” que rege a sua vida. Importa-se de explicar? “Toda a gente tem sonhos, que são sementes para a aventura. As aventuras geram histórias. E essas histórias criam mais sonhos. Esta equação é sempre desencadeada por questões que nos colocamos a nós próprios.” Qual será a próxima odisseia?
Missão Resistência ambiental
O que fazer para mudar o (mau) estado do planeta? Algumas sugestões de David De Rothschild:
- “É importante votar em quem acredita mesmo na causa ambiental.”
- “Há que fazer com que os líderes tomem medidas impopulares a curto prazo e não se dediquem apenas a ações que lhes valham votos.”
- “Certifique-se de que se alimenta de produtos locais.” “Leve o seu próprio saco para o supermercado.”
- “Use plástico apenas quando for mesmo necessário.”