A nossa compreensão do mundo natural divide-se em a.G. e d.G – antes e depois de Goodall. Até 1960, o Homem encontrava-se sozinho no seu pedestal de sapiência, era o único animal capaz de construir, de moldar os materiais de forma a criar um objeto novo. Nenhum outro ser à face da Terra possuía o seu pensamento complexo, a mente prodigiosa que lhe permite fazer e usar ferramentas e armas.
Nesse ano, em julho, uma jovem inglesa de 26 anos chegou à floresta de Gombe, na Tanzânia, nas margens do lago Tanganica. Queria estudar os chimpanzés. Não tinha formação superior (a licenciatura e o doutoramento em Etologia viriam mais tarde), apenas uma paixão incontrolável por animais e a vontade de saber mais sobre eles. O desafio era ainda maior pela mais estúpida das razões: naquela altura, a primatologia era dominada por homens que não aceitavam mulheres nos trabalhos de campo.