Começamos o dia a ouvir falar da urgência de uma nova forma de nos relacionarmos com a natureza e o mundo à nossa – e disso um dos grandes exemplos foi o que Eunice Maia nos trouxe a este VISÃO FEST Verde, a decorrer todo o fim de semana na Estufa Fria, em Lisboa, e transmitido por streaming no site da VISÃO. Mais conhecida pelo nome que escolheu para a sua mercearia, Maria Granel – a primeira em Portugal a vender produtos biológicos à medida – ali elencou o problema e a solução para deixarmos de viver neste planeta “como se tivéssemos outro, quando o esgotarmos por completo”.
É que, como explica, apesar de todos os avisos, continuamos a “extrair, produzir, comprar, comprar, acumular, acumular, coisas que rapidamente convertemos em resíduos. E depois descartamos, enterramos ou queixamos.” Esta é, sublinhou, a economia linear típica desta nossa “sociedade do descarte”, que nos conduziu a uma “crise climática sem precedentes” e a uma “crise global de resíduos”. Daí a necessidade de sensibilizar a sociedade para o impacto do seu consumo: “Se olharmos para o ponto-azul claro (conceito popularizado pelo astrofísico Carl Sagan), na vastidão do universo, não há como nem para onde deitar fora”.
Eunice Maia fez ainda questão de lembrar ao detalhe os impactos de todo este nosso descuido: “Estamos a assistir ao progressivo aumento do nível do mar, a fenómenos meteorológicos sem precedentes que, depois, provocam a deslocação forçada de populações, assistimos à devastação e declínio da biodiversidade e extinção de espécies”. Ao mesmo tempo, acrescentou, “continuamos a consumir e a esgotar antes do tempo mais do que o planeta consegue regenerar”. É, traduz para os mais leigos, “como se tivéssemos abastecido a despensa para o ano todo em janeiro e em agosto já não houvesse nada armazenado.”
Por um desperdício-zero
O pior, segue a fundadora da Maria Granel, é que, “depois do esforço hercúleo que demandamos ao planeta, ainda desperdiçamos 1,3 mil milhões de toneladas de comida, um terço da produção de alimentos” – e em Portugal, os números não são mais animadores (1 milhão de toneladas, 17 por cento da nossa produção). “Em casa, então, é de 31 por cento”, assinala, a fundadora da Maria Granel. Mas, como prosseguiu, “não podemos continuar a querer crescer sempre, mais urgente é sobreviver”. Isto para dizer que, se somos parte do problema, então precisamos ser parte da solução. “O planeta já resistiu a inúmeras crises, nós é que, desta vez, podemos não sobreviver.”
Face a este problema, como podemos então promover um consumo mais consciente? Aí Eunice Maia não tem dúvidas: “os consumidores têm o poder. No ato da compra, têm o poder de cocriar o planeta. De decidir se o que estão a comprar é verdadeiramente essencial”. A lembrar que podemos, e devemos, exigir às marcas que sejam ambientalmente corretas e promovam programas de fim de vida para os produtos que nos propõem.
Tudo isto para nos lembrar qual deve ser o mantra para a nossa vida, segundo o modelo dos R’. Antes de mais, repensar (a forma como consumimos); recusar (o que não precisamos); reduzir (e adequar à nossa medida o que compramos). E depois, reutilizar ao máximo e reciclar – encaminhando para compostagem tudo o resto. Só assim, insiste, enquanto consumidores, “estamos a dar um sinal de proteger e regenerar o planeta”. Na rua e na nossa casa, como o demonstram as dicas que se seguem.
As dez ferramentas da Maria Granel para combater o desperdício alimentar
Se a alimentação é responsável por uma grande parte da extração e desgaste que estamos a provocar ao planeta, então uma das chaves para o problema está nas nossas cozinhas. A saber:
Planificar e planear
- Em função do que já temos em casa, em novas conjugações e dar uma nova vida as sobras
Fazer sempre lista de compras
- depois de consultar a despensa e o frigorífico
Comprar local e a granel
- Para quem seja à medida das nossas necessidades
Comprar menos e mais vezes
- Para garantir que nada se estraga entretanto
Lembrar sempre que frutas e legumes feios são saborosos
- não julguemos pela aparência o que continua a ser nutritivo
Acondicionar tudo o que comprar
- Para assim prolongar a vida dos alimentos
Tirar partido do frigorífico
- Verificar se está sempre regulado para os 5 graus
No frigorífico e na despensa, a regra é sempre “first in, first out”
- O mais antigo deve ser o que consumimos primeiro
Fazer compostagem dos resíduos orgânicos
Quando encomendamos, ou comemos fora, ter em consideração o que é suficiente
- Pequenas porções permitem melhor evitar o desperdício
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