Ele foi decerto o homem mais amado e mais odiado de Portugal. Uns admiravam a sua figura singular e chamavam-lhe, com entusiasmo, Companheiro Vasco, outros atacavam-no com violência, acusando-o de querer levar o País para o comunismo.
Três décadas depois dos dias escaldantes de 1975, o general, de 84 anos, que foi figura de topo do MFA e primeiro-ministro de quatro dos seis governos provisórios, vivia discreto e silencioso, na mesma casa a cuja porta, durante muito tempo, mãos anónimas deixavam cravos vermelhos. Aceitou, porém, revisitar essa época única, falar de política e de sentimentos, fazer algumas confissões e revelações.