Depois de uns dias muito bem passados na zona cafetera, fomos até à Capital da Salsa Colombiana: Cali, para uma passagem de ano um pouco diferente do habitual e num ambiente muito couchsurfer.
Recebidos à última hora pelo nosso amigo Egor e toda a sua familia, passamos o ano a comer umas pataniscas portuguesas, acompanhadas de tacos mexicanos, regados com cerveja colombiana e ponche francês… completados por aulas de dança dadas por toda a família :)
Não permanecemos muito tempo em Cali, então não tivemos a oportunidade de ver muito mais que um dos seus bairros mais típicos; Sto. António, mas valeu sobretudo pela maneira como fomos mais uma vez recebidos no seio de outra família colombiana adorável.
Não ficamos mais tempo em Cali, pois fixamos como meta chegar a Pasto a tempo do seu famoso Carnaval de Negros e Brancos.
Este Carnaval, reconhecido em 2009, pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade é uma conjugação de várias celebrações e, por essa mesma razão, estende-se por vários dias. Verdadeiramente parece começar no dia 28 de Dezembro e estende-se até ao dia 6 de Janeiro, momento em que se dá o Desfile Magno. Mas mais que o desfile principal, o mais divertido destas festas é a interacção entre as pessoas, sendo o resultado final milhares de pessoas pintadas de todas as cores e cheias de farinha e espuma.
A dado momento há tanta farinha e talco no ar que não sabemos se estamos no meio da padaria mais desoganizada do mundo ou em Bagdad depois de um raide aéreo.
Durante todo o dia e toda a noite ninguém está a salvo. Seja em Pasto ou numa qualquer aldeia das redondezas, mal se ponha o pé na rua todos sabem que tudo pode acontecer.
A própria polícia é “atacada” com espuma e polvilhada com talco. Mas a resposta da autoridade aparece prontamente e é bastante comum ver um qualquer agente ripostar com uma carioca (spray de espuma muito usado por estas bandas) ou inclusive ver dois militares numa motorizada, levando ao ombro uma espigarda e na outra mão uma dessas cariocas.
No dia 5, Dia de Negros, por entre toda a farinha e espuma, o reto é apanhar o transeunte desprevenido e pintar-lhe a cara de negro, entre outras cores. Os mais desafortunados são pintados em todo o corpo, muitas vezes agarrados para depois lhes subirem as calças e as camisolas para então poder deixar as partes mais inacessíves também pintadas.
Como referimos anteriomente, são muitas as “desculpas” que dão razão a este Carnaval.
Uma delas é celebrar e homenagear os pobladores das região e daí o chamado desfile da Família Castañeda… um dia mais tranquilo que dá o mote para os dois últimos dias onde ninguém escapa ileso desta profunda alegoria à festa e à diversão.
Os dias de Negros e Brancos são um tributo à fraternidade entre os povos e um hino à justiça e à igualdade.
Em determinado altura, a população negra da do sul da Colômbia saiu à rua para celebrar um revolta de escravos em Antioquia. Foi-lhes então concedido pela corte o dia 5 de Janeiro como dia livre. A essa celebração juntou-se o resto da população que num desvario sano de loucura se pintaram, de negro os brancos e de branco os negros.
Todos eram diferentes, mas não por causa da sua cor e todos eram iguais, apesar de a côr da sua pele não o ser e, nesse dia todos eram livres.
A verdade é que o Carnaval é mais que nada, hoje em dia, uma diversão, mas ter a oportunidade de entrar nessa festa e ao mesmo tempo poder celebrar uma efeméride tão linda é algo inesquecível.
A três quilómetros m da fronteira com o Equador, despedi-mo-nos da Colômbia visitando a Catedral de las Lajas, uma igreja metida no meio de um vale, que parece ser retirada de um conto de fadas ou de um cenário do Senhor do Anéis.
Obrigado pelos teus dias de sol e de chuva, pela tua gente tão querida y formosa, por ternos feito sentir como em casa… Hasta pronto COLOMBIA!!!!…siempre te recordaremos.
Mais histórias em http://1000destinos.net
Para poder apoiar-nos e receber os nossos postais não deixe de visitar http://1000destinos.wordpress.com/2012/12/03/postais-da-america-do-sul/