Estávamos em jejum e a manhã já ia adiantada. Entrámos no museu Nacional de Nova Deli e a avisam-nos que a cafetaria está em obras. Conclusão evidente, não há comida. Errado. Como estamos na Índia, podemos usar a cafeteria dos funcionários do museu. A nossa escolha, no que respeita à ementa, foi radicalmente simplificada pois esta era bastante simples: Chaí e Chamuças – ligeiramente picantes, servidas em papel de jornal. Ora aqui está, começar o dia em grande!
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Enquanto chovia lá fora, aproveitámos para percorrer o glorioso passado do subcontinente. Nas últimas salas encontrámos o espaço dedicado ao mar e como não podia deixar de ser, aos portugueses. Não da sua notável epopeia pelos mares nunca dantes navegados, mas sim, da sua capitulação em 1961, na Libertação de Goa, e a consequente retirada dos portugueses, mais de 450 anos após Vasco da Gama ter pisado este solo.
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O Red Fort, mandado construir em 1546 por Shah Jahan
Numa cidade com muitos milhões de habitantes e milhares de riquexós, encontrar o senhor sikh de turbante branco do dia anterior, foi como encontrar uma agulha num palheiro. Saudámo-lo ao longe e seguimos para “old delhi”.
Deli nasceu da junção, ao longo dos tempos, de várias cidades, nas margens do Rio Yammun. Mas a grande revolução quer nas dinâmica da cidade, quer mesmo na sua extensão deu-se após 1911 quando os Britânicos decidiram transferir a capital do “império” de Calcutá para aqui. Começou assim a construção de “New Delhi”, com as suas avenidas largas e bem engalanadas.
Mas “old delhi” é diferente. Não! É radicalmente diferente. É a Índia que vemos nos filmes, a Índia da confusão e da miscelânea.
É difícil remar contra a maré. Chandni Chowk é um literal mar de gente. Adotámos uma estratégia simples, deixamo-nos ir ao sabor das cotoveladas, dos cheiros intensos e das insistências dos riquexós. Ao fundo da rua o imperador Mogol Shah Jahan, o construtor do Taj Mahal, ergueu um forte de pedra avermelhada, por sinal, o “forte vermelho”, bem nas margens do Rio Yamuna. Depois da morte da sua esposa, Shah Jahan decidiu transferir a capital do império de Agra para Delhi e não se poupou a esforços para construir uma fortaleza, que muitos pensaram ser inultrapassável.
No interior ergueram-se avenidas engalanadas e palácios, ao todo 11, adornados com as mais belas pedras preciosas.
Antes de entrarmos pela Chatta Chowk, a avenida principal do complexo, encontramos um grupo de miúdos indianos, de Mumbai. Extrovertidos e simpáticos, fazem-nos, num inglês perfeito, as perguntas da praxe: de onde somos, há quanto tempo viajamos na Índia e o que achamos do seu país.
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Já dentro do complexo histórico a chuva resolve brindar a nossa visita, mais uma vez, abrigamo-nos e durante este período tornamo-nos a atração principal do resto dos visitantes que nos olham e fotogravam como se fossemos nós mais importantes que o forte.
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Depois, na saída, de novo a confusão, sentimo-nos incapazes de alcançar a mesquita, ainda que esteja ali, tão perto ao alcance dos nossos olhos, mas longe dos passos que se cofundem entre milhares de outros, de riquexós e numa teia labiríntica de ruas e ruelas. Mas, felizmente vem ao nosso encontro o próximo condutor de riquexó que se compromete a fazer-nos chegar ao destino, contornando a forte corrente que nos rodeia. Parece tarefa hercúlea, mas ele lá consegue contorcendo o veículo, seguindo o instinto nato de um indiano, habituado à cidade que o viu nascer.
Já cobertos, como mandam os costumes muçulmanos, percorremos a mesquita Jama Masjid e o seu enorme pátio onde nos olham divertidos pelos trajes que nos pediram para envergar e que nos assentam de forma ridícula.
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O gigantesco pátio da mesquita, com capacidade para 25 mil fiéis
No final, o guia, ainda que mudo, lá se fez entender no que toca ao pagamento do serviço que nos foi imposto…uma soma considerável e que nos estragou o orçamento, mais uma peripécia na vida de turista.
Ainda nos faltava aguardar quase uma hora pela Inês, que a 500 metros de distância se viu em apuros para chegar a nós, virtude do trânsito, já de si caótico agravado por um festival hindu que saiu para a rua com danças e cânticos que alegravam o caos do que os rodeavam.
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A chamada para a oração do final do dia.
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