Entro num café para comer qualquer coisa. A quantidade de monumentos fez-me perder a noção do tempo a desenhar. “Una torilla de patatas y una ensalada, por favor“.
Ao meu lado senta-se uma rapariga. “Hola guapa!” diz o camareiro do outro lado do balcão. A sua ousadia foi o espelho do meu pensamento. Pele morena, olhos claros, cabelo escuro e de sorriso pronto a oferecer. Folheia um jornal enquanto bebe um café com leite. Redobro a minha atenção ao ler o falecimento de um ilustrador que habitualmente colaborava com o jornal ABC.
Forcei a pequena barreira de palmo e meio, que nos separava, e disse “o mundo ficou hoje mais pobre com a morte desse senhor.” A “guapa“, acena com a cabeça e pergunta-me de onde sou. Conto a minha história mais uma vez. A conversa divaga por vários caminhos. Conta-me que abandonou a sua cidade para encontrar outras oportunidades em Salamanca. Um namorado, um emprego e uma vida mais agitada, proporcionam um sorriso bem-disposto.
Despeço-me, mas percebi pelas suas perguntas curiosas sobre o que ando a fazer, que devia ficar mais um pouco. Continuamos a falar de mim, agora. “Este desenho fiz lá do alto do castelo. Este estava numa rua e começou a cair granizo…”