Bernardo Pires de Lima
A última crónica
Estou sobretudo reconhecido aos leitores que me seguiram semanalmente, que me dirigiram sempre palavras de apreço ou rebateram argumentos com os quais discordavam, num diálogo permanente que mantém a cabeça alerta e a escrita mais viva. Sem a vossa presença, nada disto faz grande sentido
Trabalhismos de casa
O cinzentismo de Starmer é bem-vindo, contraria o ar dos tempos e, espera-se, desvia o cansaço das atenções fúteis para a seriedade das propostas, a ética no exercício de cargos públicos, a competência nas soluções políticas
O fim do princípio de Emmanuel Macron
Só quem não percebe a natureza de Emmanuel Macron pode ficar surpreendido com o que fez. A sua natureza é de risco permanente, um ego que o projetou de um governo socialista para uma candidatura à presidência que acabou por destruir o seu partido de origem, transformando estruturalmente um dos hemisférios da V República
Cimeiras (II)
Na terça-feira passada, em Bruxelas, teve lugar a Conferência Intergovernamental que deu início formal às negociações de adesão da Ucrânia e da Moldova à União Europeia. Foi um passo fundamental para uma das inevitabilidades geopolíticas da Europa: o alargamento. Este sinal político confirma, independentemente da evolução da guerra, uma sintonia entre Estados-membros e países da adesão nos calendários, expectativas e dossiers técnicos, sem que o conflito no terreno trave o processo
Vitórias políticas de Zelensky
Zelensky precisava de retomar uma dinâmica que lhe desse iniciativa política
Cimeiras
Nem só da capacidade política dos grandes vivem as dinâmicas multilaterais, o alcance das cimeiras ou o sucesso da diplomacia. Por vezes, são aqueles que estão menos expostos aos choques que melhor podem exercer os bons ofícios indispensáveis ao mundo
Dignidade e justiça para todos
Até ao início do século XIX, menos de 1% da população mundial podia ser considerada de classe média. Atualmente, mais de metade da população mundial caberá nessa categoria
Bernardo Pires de Lima: "Vale a pena lutar para não cairmos no lado errado da História"
As ameaças à democracia e à coesão europeia, os desafios estratégicos e os riscos de um futuro alargamento. Uma viagem pelo presente e o futuro da União Europeia, num momento marcante da sua existência
A questão alemã
As europeias e as três eleições regionais ditarão nos próximos três meses a resposta alemã à previsível queda no apoio aos partidos do governo e a adesão às propostas das direitas. Mas sobretudo definirão a política de alianças de Merz, se atraído pelo canto perigoso da extrema-direita, se promotor de coligações ao centro que condicionem o acesso daquela ao poder
A nossa luta na Geórgia
As democracias precisam de apoiar os democratas que saíram do sofá e lutam diariamente nas suas ruas. Para que também a Geórgia não fique a meio caminho
Falhanços duradouros
Embora os EUA, cautelosos com a guerra tradicional após as suas experiências nos longos conflitos do pós-11 de Setembro, confiem cada vez mais nas sanções como uma ferramenta-chave de política externa, não tem havido suficiente teorização crítica ou pesquisa empírica sobre os impactos das sanções económicas nas sociedades dos países afetados, nem como os mesmos mecanismos se cruzam com a guerra e o direito internacional
VISÃO DO DIA: Hoje há Europa, amanhã não sabemos
É um erro desvalorizar a importância das eleições europeias no atual momento, quando a UE enfrenta alguns dos maiores desafios desde a sua formação
O mundo que Abril abriu
Não só o 25 de Abril foi resultado de uma dimensão internacional como também influenciou o rumo da História mundial dos últimos 50 anos
A tragédia do Médio Oriente
Perante isto, Israel arriscou tudo. Provocou o Irão, que solto reagiu, desviando a atenção de Gaza para o apocalipse nuclear. Com isso, reativou solidariedades, condenações a Teerão, e pedidos de sangue-frio a Telavive. Netanyahu, que assim reconquista iniciativa e protagonismo, pode condicionar Washington e outros perante uma de duas opções: retomar em força a guerra em Gaza ou responder ao Irão, numa demonstração de força sem paralelo, qualquer delas alimentando novos ciclos dantescos
Nos 75 anos da NATO
Nos 75 anos da NATO, mais do que uma aliança militar, tudo o que reverter a tipologia dos seus sistemas políticos ou a desvitalização dos seus alicerces políticos porá em causa a comunidade de segurança existente. Arrisco dizer que a própria União Europeia. E o dia seguinte será muito pior para as nossas democracias
Democracia antecipatória
Não se muda uma cultura administrativa por decreto, nem costumes organizacionais de um dia para o outro. Mas é bom que comecemos por algum lado
Provas de vida
Há pelo menos quatro grandes conclusões a retirar deste ciclo de terrorismo com esta chancela específica do Daesh-Khorasan (Daesh-K)
Cruzamentos biográficos
Tudo isto pode ser explicado, em grande medida, pela geopolítica do trigo. O mesmo é dizer que podemos sempre contar com o retorno da História
O balão populista
Há margem para Trump ser derrotado, se a estratégia não incidir na caricatura daqueles que seguem o culto, que não desmobilizará nem votará democrata, mas numa frente de democratas, republicanos e independentes, os primeiros com provas dadas anti-Trump, os segundos embaraçados com o triste rumo do partido republicano e os terceiros menos arregimentáveis, mas suscetíveis de alinhar com algumas posições de Biden
Despotismos
As instituições democráticas abanaram com a raiva manipulada nas redes sociais, na voragem dos factos alternativos, e o desarranjo é transversal para gerar o medo, o pânico e o caos
Terra, água e fogo
Ao longo da História da Humanidade, o fogo tem sido um parceiro na moldagem civilizacional e cultural. No entanto, na atual era de intensificação das mudanças climáticas, assistimos ao seu poder destrutivo como talvez nunca no passado o tenhamos testemunhado