Autonomia
Ainda não é possível falar de carros elétricos sem falar da autonomia. No entanto, os modelos mais recentes apresentam, regra geral, autonomias reais superiores a 300 quilómetros. O que significa que, para a esmagadora maioria dos condutores, a autonomia deixou de ser uma verdadeira limitação. Até porque, com o expandir da rede de carregamento rápido, é fácil acrescentar autonomia em viagens muito longas.
Há diferentes formas de expressar a autonomia e esta varia de acordo com condicionantes como o estilo de condução, a tipologia das estradas ou até as condições meteorológicas. Certifique-se de que não está a “comparar alhos com bugalhos”. Verifique qual o standard que foi usado para medir a autonomia. Atualmente, o mais usado é o WLTP, que apresenta resultados mais realistas do que o antigo método NEDC. Mas mesmo o WLTP tem variantes: combinado e cidade. Naturalmente, o valor referente ao ciclo combinado é mais realista. Mas, para verificar e comparar as autonomias reais em diferentes tipos de condução, recomendamos o site https://ev-database.org.
Análise em euros
Já estamos habituados a fazer as contas para calcular os custos com os combustíveis: basta multiplicar o preço e cada litro pelo número de litros que o carro gasta aos 100 km. Ou seja, um carro com um consumo de 5 litros/100 km representará, aproximadamente, um custo energético de €10 aos 100 km (considerando um preço de €2/litro para o combustível). Devemos fazer o mesmo tipo de contas para calcular os custos energéticos de um carro elétrico. Bastará multiplicar o preço do kWh (quilowatt-hora) pelo consumo. Mas as coisas complicam-se um pouco, porque o preço do kWh é muito variável em função de onde e quando o carro é carregado. Por exemplo, numa habitação com painéis solares, o custo até poderá ser zero. Mas, apesar de existirem já muitos exemplos de famílias portuguesas em que isto acontece, a maioria dos utilizadores está dependente de comercializadores de energia elétrica. Ainda no que concerne a carregamentos em casa – já vamos analisar os carregamentos em postos públicos –, é preciso verificar quais as tarifas. Por exemplo, em tarifas bi-horárias, o custo de carregamento pode ser muito inferior durante a noite do que durante o dia. Há, ainda, que considerar que alguns operadores de energia têm tarifários especiais para utilizadores de veículos elétricos. Tudo isto resulta em valores muito variáveis.
A média de poupança, aos 100 km, será de 70% quando se compara um veículo elétrico com um veículo a gasolina.
Atualmente, dependendo da empresa comercializadora e do tarifário, um kWh consumido em casa (ou na empresa) tanto pode custar menos de dez cêntimos como quase 30 cêntimos. Ora, para um carro com uma média de 15 kWh/100 km, os valores indicados geram um intervalo de cerca de €1,5 a €4,5 aos 100 quilómetros.
Uma coisa é certa: quando se faz as contas e considerando carregamentos em casa ou na empresa, o consumo energético de um carro elétrico é sempre muito mais baixo do que o consumo de combustível de um carro equivalente. A diferença pode ser na ordem das cinco vezes. De acordo com um estudo recente da Mobi.E, a média de poupança, aos 100 km, será de 70% quando se compara um veículo elétrico com um veículo a gasolina.
Consumo e eficiência
Os carros com motor térmico consomem, habitualmente, gasolina ou gasóleo e os carros elétricos consomem energia elétrica, medida normalmente em quilowatts-hora (kWh). Nos veículos elétricos, ainda é muito comum analisar-se apenas a autonomia e não o consumo energético. O que não faz sentido. Aliás, basta considerarmos que pouca gente se preocupa com a autonomia de um carro a gasolina, mas praticamente todos analisam o respetivo consumo. Consumos de energia mais baixos, um valor normalmente expresso em kWh/100 km (o equivalente dos elétricos a litros/100 km dos veículos tradicionais), representam, naturalmente, menos custos.
Mas há outras vantagens em gastar-se pouca energia: maior autonomia para a mesma capacidade de bateria e, muito importante, potencial para carregar mais depressa. Isto porque se um carro elétrico consumir 15 kWh/100 km e carregar a uma potência média de 30 kW, uma hora ligado ao carregador permitirá recuperar 30 kWh (30 kW x 1h), o que representa 200 km de autonomia para um consumo médio de 15 kWh. Mas se o mesmo carro consumir apenas 10 kWh/100 km, então na mesma hora será possível recuperar 300 km de autonomia.
Esta característica é tanto mais importante porque os testes têm demonstrado que há diferenças muito grandes de eficiência. De tal modo que, no mercado, é fácil encontrar carros maiores e mais potentes com consumos menores do que carros mais compactos e menos potentes – veja-se como o Tesla Model 3 domina o top de eficiência.
Os consumos também podem ser obtidos através dos dados WLPT e, para valores mais realistas, no site EV Database.
Os mais poupados
Este é o top dos carros elétricos com menor consumo de energia disponíveis no mercado nacional. Os valores da autonomia anunciados baseiam-se em testes reais (fonte: EV Database) e não nos dados anunciados pelos fabricantes
Tesla Model 3 Standard Range
Consumo: 15,1 kWh/100 km
Autonomia: 380 km
Hyundai Kauai Electric (39 kWh)
Consumo: 15,7 kWh/100 km
Autonomia: 250 km
Peugeot e-208
Consumo: 15,8 kWh/100 km
Autonomia: 285 km
Opel Corsa-e
Consumo: 15,8 kWh/100 km
Autonomia: 285 km
Fiat 500e 42 kWh
Consumo: 15,8 kWh/100 km
Autonomia: 235 km