Os mosquitos são uma fonte de propagação de doenças e têm conseguido evadir-se a diversos sistemas e mecanismos de controlo de população. A engenharia genética de uma doença sexualmente transmissível naquela espécie pode representar uma grande ajuda.

Uma equipa de entomólogos da Universidade do Maryland aplicou bioengenharia num fungo mortal para a espécie de mosquitos Anopheles, responsável pela disseminação da malária. O fungo chamado Metarhizium produz uma neurotoxina específica para os insetos e que resulta na morte das fêmeas destes mosquitos. A estratégia dos investigadores passou por pulverizar os machos com esporos fúngicos modificados e criar assim uma doença sexualmente transmissível.

A estirpe natural do fungo não resultava em taxas de mortalidade baixas na população, pelo que os cientistas usaram conhecimentos de engenharia genética para a modificar. Nos testes de campo realizados no Burkina Faso, concluiu-se que quase 90% das fêmeas acabaram por morrer nas duas semanas depois de terem tido relações sexuais com os machos infetados, bastante acima dos 4% registados pela estirpe natural. Outra conclusão interessante é que a presença do fungo não impediu o desejo sexual das fêmeas em copular com os machos infetados.

O fungo transgénico é inofensivo para os humanos e, nos machos de mosquitos, permanece transmissível durante 24 horas, o que é suficiente para infetar múltiplas parceiras, explica o New Atlas.

Raymond St. Leger, co-autor do estudo, salienta que “ao contrário dos pesticidas e de outros mecanismos de controlo químico a que os mosquitos podem desenvolver resistências, este método usa a própria biologia do mosquito para a entrega do agente de controlo”.

Os mosquitos e outros parasitas desenvolvem resistências a tratamentos químicos e outros produtos antimalária, pelo que uma solução que assenta no próprio comportamento sexual da espécie, sem resistências, pode ser uma solução para o controlo da população e, por conseguinte, para evitar a disseminação de doenças.

66 mortos, meio milhar de casas e 50 empresas destruídas, centenas de feridos. Mais de dois terços das vítimas mortais (47 pessoas) seguiam em viaturas e ficaram cercadas pelas chamas na Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no interior norte do distrito de Leiria, ou em acessos àquela via.

Estimativas feitas pouco tempo depois dos incêndios apontavam para que os prejuízos provocados na floresta ultrapassassem os 83 milhões de euros, enquanto os danos em habitações ascendiam a mais de 27,6 milhões de euros, na indústria e turismo a perto de 31,2 milhões de euros, na agricultura a 20 milhões de euros e noutras atividades económicas a mais de 27,5 milhões de euros.

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Uma análise do Imovirtual revela que, apesar do aumento generalizado dos preços no mercado residencial, nalgumas cidades é possível comprar uma casa com piscina a valores acessíveis. Este tipo de imóveis representa mais um de quarto (27%) dos anúncios disponíveis no País.

Em maio de 2025, as cinco cidades mais baratas para comprar casa com piscina foram:

  • Castelo Branco (272.321€)
  • Coimbra (296.403€)
  • Leiria (372.496€)
  • Viana do Castelo (390.426€)
  • Santarém (391.830€)

Estes distritos, maioritariamente localizados no interior e região centro do País, destacam-se não apenas pelos preços médios mais acessíveis, mas também por apresentarem uma diferença significativa quando comparados com outras zonas, especialmente com os grandes centros urbanos.

Em contraste, as cinco localizações mais caras para comprar casa com piscina foram:

  • Faro (824.100€)
  • Lisboa (778.586€)
  • Ilha da Madeira (704.894€)
  • Braga (699,748€)
  • Setúbal (661,032€)

O Imovirtual atribui estes preços mais elevados à localização privilegiada, maior procura e, em alguns casos, uma oferta mais exclusiva e direcionada para o segmento premium.

As maiores discrepâncias ente valores de casas com e sem piscina registam-se em zonas como Braga, onde as casas com piscina custam, em média, 179% mais do que as casas sem piscina, e Santarém, onde a diferença atinge cerca de 98%, o que reflete uma valorização significativa deste tipo de imóveis nestas regiões.

A nível nacional, o preço médio das casas sem piscina aumentou de 229,860 8€ em maio de 2024 para 261,100€ em maio de 2025, o que representa uma subida de aproximadamente 14 por cento. Já as casas com piscina registaram uma variação similar passando de 436,613€ para 494,512€ no mesmo período.

Como se antecipava, 2025 tem sido um ano marcado por uma incerteza e volatilidade elevadas, tornando qualquer exercício de projeção económica muito complicado. Vários fatores contribuem para isto, mas, naturalmente, deve ser destacado o aumento sem precedentes da incerteza associada à política comercial. O ironicamente chamado Liberation Day (que, no início de abril, levou a tarifa média cobrada às importações feitas pelos EUA para máximos de mais de 100 anos) gerou uma reação muito adversa nos mercados e, algo mais preocupante, gerou a perceção de que os investidores estavam a deixar de olhar para os EUA como um destino de investimento atrativo e seguro.

A Administração Trump tem, ainda, em cima da mesa, processos de investigação sobre práticas comerciais em alguns setores, com destaque para o farmacêutico, que poderão dar origem a novas tarifas

É habitual repetir-se a frase “Sell in May and go away”. Mas, este ano, o mês de maio acabou por trazer uma melhoria do sentimento e um aumento da propensão ao risco nos mercados. Depois dos mínimos do ano observados na primeira semana de abril, os principais índices acionistas norte-americanos anularam as perdas registadas no mês e, também, year-to-date. Para esta evolução contribuíram os diversos sinais de recuo da Administração Trump no que respeita às tarifas, incluindo (i) a suspensão, por 90 dias, das tarifas recíprocas bilaterais; (ii) a isenção de tarifas sobre alguns produtos importados da China, como smartphones; (iii) a suspensão temporária de algumas tarifas sobre o setor automóvel; (iv) o anúncio de negociações comerciais bilaterais com alguns países, já concretizado num princípio de acordo comercial entre os EUA e o Reino Unido; e, last but not least, (v) o anúncio, em Genebra, de um enquadramento para negociações comerciais entre os EUA e a China, incluindo a suspensão, por 90 dias, das “tarifas recíprocas” impostas pelos dois países. Mais do que os factos em si, o mercado terá valorizado, sobretudo, a ideia de que a Administração Trump será mais sensível aos impactos adversos de algumas das suas propostas iniciais e de que tenderá, assim, a seguir políticas mais market-friendly.

O que se segue, então? É razoável assumir que, com estes recuos, os riscos de recessão, ou de estagflação se atenuaram na economia norte-americana. Contudo, deve ser notado que, ainda assim, persiste um quadro mais protecionista, com os EUA a manterem tarifas mínimas de 10% face à generalidade dos países ou de 30% face à China – em qualquer caso, um aumento significativo face ao passado recente. A Administração Trump tem, ainda, em cima da mesa, processos de investigação sobre práticas comerciais em alguns setores, com destaque para o farmacêutico, que poderão dar origem a novas tarifas. Neste sentido (e não se sabendo também o que poderá acontecer ao fim dos 90 dias de suspensão das “tarifas recíprocas”), a permanência de um quadro de incerteza e as disrupções já introduzidas nas cadeias de abastecimento e de produção deverão contribuir para algum abrandamento da atividade e para alguma pressão inflacionista, que deverá ser mais visível nos EUA a partir de junho-julho (vários retalhistas norte-americanos alertaram já para isto). A estes riscos acresce uma possível reação adversa do mercado à eventual aprovação, no Congresso dos EUA, de legislação orçamental aumentando o défice federal e os limites da dívida de forma significativa. Perante este quadro, o Fed deverá manter-se paciente no que respeita ao corte dos juros de referência, mantendo, nos próximos meses, uma postura de wait and see. Já na Zona Euro, para já, os impactos das tarifas dos EUA tenderão a ser, sobretudo, desinflacionistas, via choque negativo sobre a procura. Eventuais pressões em alta sobre os preços poderiam advir de tarifas retaliatórias (até agora inexistentes) e de alguma perturbação nas cadeias de abastecimento. Assim, e com um crescimento da atividade ainda baixo (mesmo que resiliente), o BCE deverá manter um easing bias, podendo cortar os juros de referência (pelo menos) mais uma ou duas vezes neste ciclo.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

O Tinder vai evoluir de plataforma para encontros entre duas pessoas para uma plataforma que permite encontros de pares, ou Double Dating. A funcionalidade vai chegar primeiro aos utilizadores dos EUA e permite ao utilizador convidar até três amigos para criarem pares. Depois, o método de procura é o normal, com os swipes de perfis com fotos e descrições. Assim que um cruzamento é considerado bem-sucedido, ou sejam, há um match entre duas pessoas, o Tinder vai abrir um chat de grupo com os quatro utilizadores envolvidos.

Numa altura em que o segmento de apps de encontros está algo estagnado, esta novidade no Tinder vai permitir-lhe ganhar alguma vantagem sobre os rivais diretos e também entrar na corrida contra a Doubble e a Fourplay, apps específicas para encontros a quatro.

A funcionalidade tem sido testada já há alguns meses pelo Tinder, confirma Cleo Long, responsável pelo marketing de produto na plataforma. “Esta é uma experiência social que pretende ajudar a aliviar alguma da pressão que sabemos que muitos dos Gen-Z passam, ao tornar os encontros mais sociais, mais divertidos e ao permitir trazer amigos para ajudar a reforçar o conforto”, conta Long.

Os Double Dates devem chegar globalmente a todos os mercados do Tinder a partir de julho.

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A Meta, dona do WhatsApp, confirmou que vai começar a mostrar anúncios publicitários na plataforma. Nesta fase, os anúncios pagos vão começar a ser mostrados nos conteúdos que aparecem no separador de Atualizações, onde os utilizadores podem partilhar textos, fotos, vídeos ou notas de áudio que desaparecem, como as Stories do Instagram.

A Meta já tem discutido a introdução de publicidade no WhatsApp há alguns anos, algo com que os fundadores da plataforma eram absolutamente contra. Em 2020, a Meta pareceu recuar nas intenções, mas depois em 2023 os planos voltaram a estar em cima da mesa. Recorde-se que só no ano passado o grupo Meta faturou mais de 160 mil milhões de dólares em anúncios, lembra o The Verge.

Numa primeira fase, a Meta vai considerar informação “limitada” sobre o utilizador para apresentar os anúncios, como o país, cidade, idioma e os canais que segue para ajustar a publicidade. O utilizador também pode alterar as suas preferências a partir do Account Center da Meta.

O grupo de Zuckerberg explica que “estamos há anos a falar dos planos para construir um negócio que não interrompa os chats pessoais do utilizador e acreditamos que o separador das Atualizações é o sítio correto para colocar estas novas funcionalidades a operar” e reforça que “nunca iremos vender ou partilhar o vosso número de telefone aos anunciantes.

É expectável que os anúncios comecem a chegar gradualmente a todos os utilizadores do WhatsApp.

O chamado “modelo português” de prevenção, combate e tratamento da toxicodependência já foi, um dia, um êxito, e alvo de rasgados elogios internacionais. Começou em 1987 com a criação de um centro-piloto de atendimento e tratamento de toxicodependentes, o das Taipas, em Lisboa, dotado de meios humanos e técnicos para dar resposta a muitas das necessidades, mas que, sendo o único, rapidamente ficou lotado, com pessoas vindas de todo o País. Estava-se numa epidemia que, nos anos seguintes, chegaria a uma população de 100 mil heroinómanos.

Perante tal catástrofe, houve ação do poder político. Em 1997 foi criado o Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, a primeira grande estrutura a nível nacional. Entretanto, até àquele ano, nasceu uma rede de 16 centros de atendimento a toxicodependentes, espalhados pelo País, com dimensão para dar resposta à maioria dos que os procuravam. Como substituição da heroína, generalizou-se a distribuição de metadona, substância que permitia que as pessoas se tornassem funcionais, capazes de trabalhar e de ter uma vida familiar.

Até que, em 1998, aconteceu o que parecia impossível: o desmantelamento do hipermercado de tráfico e consumo de droga instalado no bairro lisboeta do Casal Ventoso. O feito deve-se ao então presidente da Câmara, João Soares, que se articulou com José Sócrates, à época ministro-adjunto do chefe do Governo, António Guterres, e com o serviço especializado dirigido pelo psiquiatra João Goulão. Não se tratou de uma varredura de pessoas, mas antes de uma intervenção bem-sucedida e exemplar. Foi criado um centro de abrigo de emergência, com cuidados médicos, alimentação e distribuição de metadona, e as necessidades das pessoas afetadas tiveram resposta. [Apesar dos pesares, faça-se justiça a Sócrates, neste caso.]

Por fim, em 1999, uma comissão de especialistas elaborou a primeira Estratégia Nacional de Combate à Droga. A comissão terminou os seus trabalhos destacando dois pressupostos – o de que mais vale tratar do que punir e o de que vale ainda mais prevenir do que tratar, para lá de considerar a dependência como uma doença e de alertar para o respeito pela dignidade humana em quaisquer circunstâncias. Como passo lógico, Portugal foi, em 2001, o primeiro país do mundo a descriminalizar o consumo. As orientações daquela comissão guiaram todas as intervenções a partir daí, e o certo é que, em 2006, um projeto de abertura, em Lisboa, de uma sala de consumo assistido seria cancelado, porque se tinha conseguido inverter de forma muito significativa o uso de drogas por via injetada.

Mas seguiram-se erros políticos grosseiros de sucessivos governos, que desinvestiram brutalmente numa estrutura já bem oleada, arruinando o “modelo português” internacionalmente tão elogiado. Exemplos: o quadro do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) passou, a nível nacional, de 1 400 trabalhadores para apenas 80. Não houve renovação nem reforço da rede dos centros de atendimento a toxicodependentes. Programas fundamentais, como o “Vida Emprego”, de reintegração de toxicodependentes em recuperação na sociedade, desapareceram.

Tudo isto paga-se hoje caro, com respostas claramente insuficientes – e quando emerge uma nova epidemia de droga, com maior dimensão e ainda mais perigosa do que a dos anos 1980/90. “Nunca houve tanta gente a utilizar drogas. Nunca houve tantas substâncias e tão potentes em circulação”, alertou há dias João Goulão, agora presidente do ICAD-Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências (sucessor do IDT), num debate realizado na Assembleia Municipal de Lisboa. Nessa sessão, promovida pelo PCP para escutar associações que estão no terreno e fazer um retrato da toxicodependência na capital, João Goulão, considerado o arquiteto da estratégia que deu reconhecimento mundial ao nosso País (até Barack Obama, como presidente dos EUA, a elogiou), acrescentou que “o poder político, talvez deslumbrado pelo êxito do chamado ‘modelo português’”, convenceu-se de que “estava tudo resolvido, de que estava tudo muito bem e de que podíamos desinvestir seguramente”.

Agora, os técnicos das associações presentes no referido debate retratam uma cidade com mais consumos, mais recaídas, pessoas em situações mais precárias e falta de respostas. As consequências são fáceis de adivinhar. No passado dia 7, o Público fez manchete com uma reportagem cujo título diz tudo: “Droga está ‘fora de controlo’ na Mouraria. Já há quem contrate segurança particular.”

Mas o mais assustador é que o discurso dos responsáveis políticos e governamentais ignora este problema, que se agiganta a cada dia que passa, preferindo o foco da moda, que nada resolve e tudo agrava – securitário e visando os migrantes. Enquanto é visível o retrocesso de voltar a considerar o toxicodependente como um criminoso e não como um doente, as associações que estão no terreno pedem o regresso à estratégia de há duas décadas, com as devidas adaptações, para enfrentar a nova epidemia da droga. Será que o Governo apenas acordará para este tremendo problema quando se souber, como aconteceu nos anos 1990, que por dia morre uma pessoa em Portugal por overdose?

Este conjunto, composto por robô de aspiração/lavagem e base multifuncional, representa o topo de gama da nova geração Roomba e marca um verdadeiro corte com o passado. Quase tudo mudou: desde o design ao sistema de navegação, passando pela aplicação de controlo, que agora se chama Roomba Home. Uma má notícia para quem já tem equipamentos da iRobot, já que é necessário manter duas apps distintas para gerir diferentes gerações de aparelhos. Isto impede qualquer automatismo ou gestão unificada entre modelos novos e antigos. Outra consequência da mudança é que, pelo menos por enquanto, este robô não pode ser integrado com os assistentes digitais (Alexa e Google, por exemplo).

A transição é tão profunda que os novos Roomba incluem agora LiDAR, tecnologia que a própria iRobot historicamente desvalorizava em favor de câmaras e sensores de proximidade. O novo sistema combina ambos, o que representa uma mudança de paradigma na navegação.

Outro marco é a inclusão de mopas (esfregonas) rotativas para lavagem. Algo comum na concorrência, mas inédito na iRobot, que até aqui preferia separar aspiração e lavagem em robôs distintos. O J9+ já tinha as duas funções, mas com uma esfregona fixa e retrátil. No 505, é usada uma solução mais eficaz com dois discos rotativos e braço articulado para alcançar os cantos.

Início atribulado

A instalação é simples e bem orientada: ligar a base, encher o reservatório de água, montar as mopas, colocar o robô a carregar e instalar a app. O robô foi rapidamente detetado pela app e iniciou o mapeamento de forma rápida e precisa.

Mas depressa surgiram os problemas. A base acendeu uma luz vermelha relativa ao depósito de água suja – algo que, segundo o manual, indicaria mau encaixe ou falha no reservatório. Nada parecia fora do lugar. Após um reset completo e várias tentativas, a luz referida apagou-se e recomeçámos. No entanto, ao tentar iniciar a limpeza, a app fechava a janela de controlo sem reagir. Só após fazer novo reset, remover a app e reinstalar tudo conseguimos que o sistema funcionasse como esperado.

Mesmo depois disso, persistiram comportamentos inconsistentes da app, com lentidão e falhas no acompanhamento em tempo real do robô. Fica a sensação de que esta nova arquitetura (hardware e software) ainda não está completamente amadurecida e que os engenheiros da iRobot estão a ajustar tudo em tempo real.

Navegação precisa

Mesmo sem LiDAR, os Roomba de topo da geração anterior já eram referência na navegação e evasão de obstáculos. Nesta nova geração, esperávamos melhorias, mas elas não foram evidentes. Num teste comparativo, o Roomba 505 ficou preso num cachecol no chão, enquanto um Roomba J7 da geração anterior conseguiu evitar o obstáculo. Ainda assim, este foi um caso pontual: o 505 comportou-se geralmente bem com obstáculos como mochilas, sacos ou cadeiras fora do lugar. Só o Roborock S10R se mostrou superior na rapidez de adaptação a ambientes dinâmicos.

No mapeamento, há uma limitação: a aparente incapacidade de atualizar o mapa sem iniciar um novo mapeamento completo. Antes do mapeamento, bloqueámos temporariamente parte de uma divisão e, mesmo depois de retirado o bloqueio, o robô continuou a ignorar essa zona já que não tinha sido mapeada inicialmente. Foi preciso recomeçar do zero para corrigir o mapa. Esta ausência de mapeamento dinâmico, capaz de adicionar novas zonas ao mapa, é um ponto a rever.

Limpa e lava com eficácia

O Roomba 505 demonstrou uma muito boa capacidade de adaptação à sujidade. Em testes com diferentes tipos de detritos, ajustou bem o percurso e a potência. O mesmo se aplica à lavagem do chão, onde combina de forma eficaz aspiração e limpeza húmida – algo que normalmente preferimos separar, mas que aqui funciona surpreendentemente bem. Mas, se preferirmos, também podemos optar por programar o robô para realizar as tarefas de aspiração e lavagem em separado, ou seja, sequencialmente e não simultaneamente.

A lavagem é ajudada pelo braço articulado que faz sobressair uma das mopas, melhorando a cobertura nos cantos. Como esperado, não substitui uma esfregona manual em sujidades mais difíceis, mas é eficaz na manutenção e na insistência em zonas mais sujas. A força de sucção e a quantidade de água podem ser configuradas, e a lavagem das mopas a quente contribui para a higiene geral.

A base com saco para lixo e sistema de limpeza automática das mopas permite semanas de utilização sem intervenção. Infelizmente, não foram precisos muitos dias até o rolo principal ficar quase bloqueado com cabelos enrolados nos eixos, que se revelaram difíceis de remover. Um aspeto que deve considerar se vive numa casa com pessoas com cabelo comprido ou animais de estimação de pelos longos.

Veredicto

O Roomba 505 é um robô topo de gama, com navegação inteligente, capacidade de aspiração e lavagem eficazes, e boa autonomia. Mas ainda está a sofrer com as dores de crescimento de uma mudança estrutural importante. A nova app e plataforma precisam de maturação. O potencial está todo lá – só falta estabilidade.

Tome Nota
iRobot Roomba Combo 505 Plus – €799
Site:

Aspiração Bom
Lavagem Bom
Navegação Muito Bom
App Satisfatório

Desempenho: 4
Características: 4,5
Qualidade/preço: 2,5

Global: 3,7

No episódio publicado a 4 de junho de 2025 do podcast “Assim vamos ter de falar de outra maneira” protagonizado por José Diogo Quintela, Miguel Góis e Ricardo Araújo Pereira, dedicado às “Rochas Ígneas Afaníticas”, em vez de falaram delas, falaram sobre refrigerantes (nomeadamente do bom e velho Um Bongo), sobre uma espécie de Tinder medieval, sobre aviões, sobre mitologia clássica, sobre a doação de corpos à ciência e sobre a felicidade dos finlandeses (não necessariamente por esta ordem).

Primeiro, sendo todos esses temas mais interessantes do que as Rochas Ígneas Afaníticas, acho que fizeram muito bem em ignorá-las.

Da minha parte, o que não consigo ignorar, é a referência à felicidade dos finlandeses.

Deixem-me aproveitar o gozo que fizeram ao facto de os finlandeses serem, consecutivamente, o país mais feliz do mundo para falar um pouco dos porquês.

Para JDQ, MG e RAP, como podem os finlandeses ser felizes quando, e parafraseando: é o país que, em janeiro e fevereiro, tem uma temperatura média de -5º; no inverno tem dias que duram menos de 6 horas; no verão, a temperatura máxima deles é 20º; é a nação cuja prato favorito é rena salteada; têm uma das maiores taxas de suicídio do mundo; tudo funciona na Finlândia, mas tem de funcionar, porque não se aguenta doutra maneira; se calhar o que lhes perguntam nestes inquéritos à felicidade é: “o senhor é feliz?” E a resposta é: “para finlandês, sim”; se calhar, fazem a pergunta nos 10 min de verão que têm;

Lá pelo meio, reconhecem “que é uma nação rica, prospera e com uma moral sexual muito relaxada, o que é excelente”.

Finalmente, indagam: quais são os critérios, o que é que significa, o que conta para a felicidade?

De facto, a Finlândia localiza-se numa região do globo com condições climatéricas que parecem muito desfavoráveis para se ser feliz. Depois, também não são reconhecidos internacionalmente por uma gastronomia diversificada e apetitosa (principalmente vendo daqui, por quem foi criado na dieta mediterrânica que, sabemo-lo bem, é das melhores do mundo). E também não são famosos pela sua personalidade aberta e calorosa. Então, como raio se sentem felizes?

Deixem-me começar pelo princípio: nos inquéritos internacionais sobre felicidade, a pergunta tipo é do género: “Tendo tudo em conta, qual é o seu nível de satisfação com a vida atualmente? Responda numa escala entre 0 e 10, em que 0 é ‘nada satisfeito’ e 10 é ‘completamente satisfeito’”. E é a partir da resposta que os inquiridos na amostra dão a esta questão que se constrói a média da felicidade de cada país. Portanto, sim, é uma perceção subjetiva de felicidade, mas é mesmo isso que se quer medir, e não tem critérios nenhuns predefinidos. Ou seja, cada pessoa responde a esta pergunta de acordo com a sua sensação, e com os seus critérios, não cabendo a quem está a conduzir o estudo predefinir se aquele indivíduo tem, ou não tem, isto ou aquilo para se concluir que ele, ou ela, é feliz. O que décadas de investigação já permitiram concluir é que a resposta a esta questão não é aleatória, antes pelo contrário, tem elevado valor informativo, que permite comparações interpessoais, intertemporais e interculturais. Ou seja, a sensação de felicidade é uma coisa (mensurável e universal, assim com a temperatura corporal) os seus determinantes são outra (assim como há muitas razões diferentes para alguém ter febre).

Assim, o que estes estudos fazem (nomeadamente o World Happiness Report) é criar relações estatísticas entre esta perceção e um conjunto de outras variáveis para se perceber o que, em média, faz as pessoas sentirem-se felizes. E, apesar de cada indivíduo poder ter os seus determinantes específicos de felicidade (um pode deliciar-se com arenque – ouvir o podcast citado – enquanto outro precisa de muitas horas de sol) estas relações médias são muito informativas. E o que é que elas nos dizem? Que uma nação, tipicamente, precisa de: rendimento (medido pelo PIB per capita), suporte social, expectativa, à nascença, de vida longa e saudável, liberdade, generosidade e baixa perceção de corrupção. E querem saber: A Finlândia tem tudo isso: está em segundo lugar no índice do suporte social e no da baixa perceção de corrupção, em quarto lugar no índice de liberdade, em décimo quinto no PIB pc, em décimo oitavo na esperança média de vida saudável e só está mal, em quinquagésimo sexto, na generosidade.

Mas, se quiserem atender apenas a indicadores objetivos, também temos: a Finlândia está no décimo segundo lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (que junta rendimento nacional, taxas de escolarização e esperança média de vida) e em primeiro no Sustainable Development Report que avalia o grau de cumprimento de cada nação face aos dezassete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Quanto ao suicídio, se é verdade que o Lesoto é campeão, não é verdade que a Finlândia tenha uma taxa muitíssimo elevada: está em trigésimo segundo, muito atrás da Coreia do Sul (em segundo na lista), e atrás de muitas outras nações desenvolvidas, e com melhor clima, como a Eslovénia, a Bélgica, o Japão, a França, a Croácia, os EUA ou a Estónia. E só três pontos acima da taxa de suicídio portuguesa, por cada cem mil pessoas.

E sim, mais um dado objetivo, as pessoas querem mais ir para lá viver, do que de lá fugir: a Finlândia tem tido taxas de imigração líquidas.

Quanto o sol e à boa comida, não são determinantes para sustentar uma nação feliz (a ciência tem-no demonstrado), apenas bons critérios para escolhermos o nosso destino de férias.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Os números divulgados no final de maio pelo INE mostram que a esperança média de vida dos portugueses à nascença se situou, no triénio 2022 a 2024, em 81,49, sendo a primeira vez desde a pandemia de Covid-19 que se ultrapassou, no nosso país, os 81,22 anos, que se registaram entre 2018 e 2020.