Um recente estudo publicado na revista científica European Heart Journal revelou que o xilitol – um adoçante muito utilizado em produtos como as pastilhas elásticas e as pastas dos dentes – pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas e AVC. Desenvolvida por uma equipa de investigadores do Centro de Diagnóstico e Prevenção Cardiovascular do Instituto de Investigação Médica de Cleveland, nos Estados Unidos, a investigação tinha por objetivo determinar que substâncias e compostos químicos presentes no sangue da amostra analisada representavam maiores riscos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. As conclusões do estudo mostraram que a ingestão deste adoçante, de baixas calorias, pode resultar num aumento até duas vezes superior do risco de AVC e doenças cardíacas, e até, quando ingerido em excesso, culminar na morte do consumidor.

Para o estudo foram analisadas mais de mil amostras de sangue e analisados os efeitos do consumo de xilitol para o seu organismo. “Demos a voluntários saudáveis uma bebida típica com xilitol para ver até que ponto os níveis chegariam e eles aumentaram 1000 vezes. Quando se come açúcar, o nível de glicose pode aumentar 10% ou 20%, mas não aumenta mil vezes”, explicou Stanley Hazen, um dos autores do estudo num comunicado feito pelo Instituto.  

A investigação revelou que o excesso deste adoçante no sangue resulta no aumento da rapidez do processo de coagulação do sangue, o que poderá resultar na formação de coágulos, responsáveis pelos ataques cardíacos e AVC. “Existe um recetor nas nossas plaquetas, que ainda não compreendemos, que reconhece esta molécula e sinaliza para as plaquetas para que sejam mais propensas a coagular. As nossas papilas gustativas não conseguem distinguir as estruturas entre o açúcar e os outros edulcorantes, mas as nossas plaquetas conseguem”, referiu Hazen.

Para além dos efeitos negativos que o xilitol possui para o organismo, os investigadores identificaram também que um outro adoçante – eritritol – que representa semelhantes riscos para o sistema cardiovascular. O mesmo grupo de investigadores já tinha estado envolvido num estudo de natureza semelhante – publicado em 2023 – que associava a utilização de eritritol com estas patologias. Publicada em fevereiro do ano passado, esta investigação científica revelou que o risco de ataque cardíaco e de acidentes vasculares cerebrais duplicava em pessoas com níveis elevados de eritritol no sangue.

O que é o xilitol?

O xilitol, semelhante ao açúcar, é um adoçante de baixas calorias muito utilizado na produção de pastilhas elásticas sem açúcar, pasta de dentes, elixires e xaropes bem como em alimentos que incluem os bolos de pastelaria, molhos – como ketchup –, manteiga de amendoim, pudins e outros.

Este adoçante encontra-se ainda de forma natural em alimentos como a couve-flor, beringela, alface, cogumelos, espinafres, ameixas, framboesas e morangos. Contudo, a quantidade presente nestes alimentos não deverá ser suficiente para provocar qualquer efeito negativo no sistema cardiovascular. “Se fizermos o cálculo, é preciso literalmente uma tonelagem de fruta para ser equivalente a uma bolacha para diabéticos que pode ter nove gramas de xilitol, que é uma quantidade típica do rótulo”, explicou Hazen.

Vendido como um adoçante natural, o xilitol não aumenta, contudo, os níveis de açúcar no sangue, pelo que muitas associações profissionais recomendam a utilização destas substâncias como substituta ao açúcar em pessoas com obesidade, diabetes ou pré-diabetes de forma a controlar os níveis glicémicos. “No entanto, as pessoas com risco de diabetes estão entre as mais vulneráveis a eventos de coagulação. Estamos a visar as pessoas erradas”, referiu Hazen.

Cinquenta anos depois do 25 de Abril, não são muitos os exemplos da entrada dessa data histórica em obras de ficção. Hugo Gonçalves, 47 anos, desenvolveu o seu mais recente romance, Revolução (Companhia das Letras, 480 págs., €19,95) em torno dos últimos anos da ditadura e dos que sucederam à Revolução dos Cravos. Tudo gira em torno de uma família, especialmente de três irmãos (Maria Luísa, Frederico e Pureza) que nos permitem olhar de diferentes ângulos para o período revolucionário. O livro, que nos confronta com o nosso passado político recente ao mesmo tempo que nos mostra como, de algum modo, todas as famílias são iguais, com as suas tensões, contradições e afetos, já vai na terceira edição. O seu autor tem notado que Revolução apela a um público transgeracional e sublinha que nas sessões de apresentação têm aparecido mais jovens do que é habitual.

Nasceu dois anos depois do 25 de Abril. Na escola, recorda-se de ter tido aulas esclarecedoras sobre o assunto?
Entrei para a universidade em 1994, e acho que no 10º ano, ou 11º, ou mesmo 12º, chegámos a falar do 25 de Abril. Lembro-me perfeitamente da minha professora de História falar muito brevemente do 11 de Março e de ter dito algo como “estamos, ainda, demasiado perto para sabermos realmente o que aconteceu nesse dia.” Isso ficou-me. E acho que agora já sabemos melhor o que aconteceu nessas datas.

Pessoalmente, como é que se foi relacionando, ao longo da vida, com o 25 de Abril de 1974?
A minha família não era especialmente politizada. O meu pai era um homem de centro-direita, que votava no PSD. Havia aquele sofisma, que ainda hoje vinga na sociedade portuguesa, de que o 25 de Abril é uma coisa de esquerda. Com o tempo, fui desenvolvendo e descobrindo uma relação emocional com essa data; e pensei muito sobre ela, quase de uma forma psicoterapêutica. Umas das razões para isso tem que ver com gratidão. Tenho noção de que não faria aquilo que faço, e não teria a vida que tive até agora, sem o 25 de Abril. Olho para o meu avô, que esteve emigrado em França, e para o meu pai, que além de ter estado em França foi à Guerra [Colonial], e vejo o gigantesco salto civilizacional entre o Francisco Gonçalves, que nasceu numa aldeia raiana no início do século, e aquilo que me foi disponibilizado… Uma boa parte dessas diferenças deve-se ao 25 de Abril. Não apenas à liberdade, mas à ideia de que a liberdade só podia ser desenvolvida com o progresso, a educação, a saúde. No fundo, estou a falar da construção da democracia. A democracia não veio em modelo de fábrica, embrulhadinha, pronta para ligar à corrente… Sobretudo, depois de 48 anos de ditadura, e com a situação em que estávamos em 1974. Seria ingénuo pensar que poderia haver uma transição sem dores de crescimento, sem exageros, sem as injustiças que se cometeram.

Nota-se que, para a escrita deste seu romance, houve uma grande pesquisa e preparação em relação à História desse período. Descobriu coisas que não sabia e que o surpreenderam? Houve, ainda, lugar para revelações?
Houve, sim. Várias. Eu estava a escrever ficção, e ao colocar-me na pele destas três personagens, irmãos que estão em espetros políticos muito diferentes, com experiências pessoais da revolução muito diferentes, ia pensando e descobrindo uma série de coisas… Como se sentia a mulher de um tipo envolvido nas ações da extrema-direita no 11 de Março, e que tem de fugir para Madrid com ele, apesar de não ter uma posição política bem definida? Como se sente alguém que está prestes a ir para a guerra e que, com o 25 de Abril, descobre que já não tem de ir? Quando fazia estas análises, através das personagens, ia mais fundo do que a mera questão de datas e acontecimentos históricos. Convencionamos que a ditadura acabou no dia 25 de Abril de 1974, porque tem de haver uma data nos livros de História, mas as coisas não acontecem assim. Ela até subsiste, ainda, dentro de algumas pessoas, alguns professores que eu tive, por exemplo, na escola católica em que andei… As coisas não são estanques. Depois do suposto fim do PREC [Processo Revolucionário em Curso], a extrema-direita do ELP [Exército de Libertação de Portugal] matou pessoas, nos anos 80 as FP-25 mataram pessoas…

A democracia tem estes dois elementos: foi preciso coragem para a instituir, mas ela é sempre frágil e vulnerável, não é um destino, um fim, é uma viagem constante

Que aprendizagens foram essas, durante o processo de escrita?
O País estava à procura de um rumo e tanto a extrema-esquerda como a extrema-direita esticaram a corda. Antes de novembro de 1975, nos meses do Verão Quente, havia a “psicose do golpe”, cada extremo achava que o outro estava na iminência de fazer um golpe. E esse foi um período muito mais violento do que nós achamos, porque romantizamos – e bem – o 25 de Abril, dia em que houve só cinco mortes. Mas o período do PREC foi relativamente violento, o que contrasta com a nossa ideia dos “brandos costumes.” Claro que, se nos compararmos com as revoluções do Camboja, da China ou da Rússia, é outra escala… Mas houve porrada, houve mortes, houve uma tentativa, mesmo que pífia e fracassada, do ELP de assassinar o primeiro-ministro, o Pinheiro de Azevedo. As Brigadas Revolucionárias receberam mil metralhadoras do COPCON… No meio disso tudo, acho que a maioria do País percebeu que queria uma democracia parlamentar.

Foi isso que o surpreendeu?
Ia contar uma história muito concreta, relacionada com essa minha ligação emocional ao 25 de Abril, sobre o Salgueiro Maia. Um episódio que se passa naquele momento, que define o rumo da revolução, em que ele se encontra perto do Terreiro do Paço, quando um brigadeiro das tropas do regime dá ordem de fogo duas vezes e dois soldados desobedecem e recusam-se a disparar sobre Salgueiro Maia. A história que sempre ouvi é que ele levava uma ou duas granadas e estava disposto a rebentar-se ali mesmo, recusando-se a ir preso… É um momento decisivo, uma imagem de coragem e bravura. Mas nas minhas pesquisas encontrei uma entrevista que ele deu ao Fernando Assis Pacheco em que ele recorda uma foto muito conhecida do Eduardo Gageiro, tirada segundos depois desse confronto, em que Salgueiro Maia está junto dos seus soldados, um deles fazendo um vê de vitória… Mas ele está circunspecto, e recorda que se vê bem que está a morder o lábio. E porquê? Porque estava na iminência de chorar… Essa manifestação de vulnerabilidade, anos depois, exige tanta coragem como pôr-se, naquela manhã, à frente de um tanque. A verdade pode ser bela, como é neste caso. A democracia tem estes dois elementos: é preciso coragem para a instituir, como foi, mas ela é sempre frágil e vulnerável, exige de nós e das instituições um trabalho diário, não é um destino, um fim, é uma viagem constante. E é por isso que é tão fácil ser atacada e vilipendiada pelos populismos. Há outra história, verídica, que sintetiza isso e que eu até utilizo no livro. Durante o PREC, com esse ar dos tempos de desafiar a autoridade por tudo e por nada, um gajo estacionava mal o carro todos os dias, e fartava-se de levar multas, que não pagava e deitava fora. Até que um dia, o polícia, em vez de lhe deixar uma multa, deixou um papelinho com estas palavras: “Não é assim que construímos a democracia.” E ele nunca mais estacionou mal o carro… Foi um depoimento que li e achei belíssimo. A democracia depende de cada um de nós.

Agora, quase todos os livros têm um marcador da editora. No do seu romance podemos ler uma citação que nos põe a pensar se é uma espécie de leitmotiv, ou moral da história: “Esquerda, direita, revoluções, ditaduras? Tudo passa. As ideologias são como os cortes de cabelo, mudam consoante as modas. Mas há uma coisa que permanece. O caráter. Só o caráter te previne de ser um pulha ou um oportunista em nome de uma ideia”, uma citação da personagem Ricardo Walker, jornalista estrangeiro que cobre o período revolucionário português. Sente que a dicotomia esquerda/direita já não faz assim tanto sentido?
Acredito que o que aconteceu no PREC tem alguns ecos nos tempos de hoje. Mas, para mim, este é, sobretudo, um livro sobre uma família nesse cenário – uma família que é metáfora de um País. Ambos estão em constante mutação. É um mecanismo literário. Mas já percebi que o lado político do livro é uma espécie de incêndio florestal em dia de calor e vento… Tenho ouvido leitores, e as pessoas querem muito falar sobre isso. Têm uma personagem preferida, e muitas vezes leem o livro de acordo com o seu posicionamento político. As ideologias não morrem, é o que nos diz a História e a Filosofia, mas também mudam ao longo do tempo. A questão da “esquerda” e “direita” é algo que não domino totalmente, não estudei Ciência Política. Mas também é verdade que algumas coisas passam de moda… Se recordarmos, por exemplo, os gritos de guerra da época do PREC, muitas coisas parecem-nos exageradas, e daqui a 50 anos acontecerá o mesmo sobre o que dizemos hoje. No meio daquela confusão, acredito que o caráter foi algo que sobreveio.

Sobrepôs-se a outras coisas?
Foi importante para que as coisas tivessem entrado, mais ou menos, nos eixos. Até podes ter ideias um bocado mirabolantes ou estapafúrdias, mas chega um momento em que decides que não vais atrás delas… A personagem da Maria Luísa é um estudo disso. Suspende o seu pensamento crítico e a sua individualidade em função de algo que acha que é uma causa maior. A mortandade da História está cheia de pessoas que acreditaram nisso… Mas, a certa altura, muitas pessoas tiraram o pé do acelerador e pensaram que há coisas mais importantes do que esses sistemas de ideias que as levavam a pintar palavras de ordem em muros e outras coisas do género. Eu acho que o caráter importa. A política é, também, um desafio ético.

Na era da informação, não só estamos muitas vezes desinformados como não percebemos que ‘informação’ não significa ‘conhecimento’ nem, muito menos, ‘sabedoria’

Já no seu livro anterior, Deus, Pátria, Família, se debruçava sobre a nossa História, o século XX português. Estes mergulhos demorados no nosso passado ajudam-no a fazer uma leitura do presente?
Há duas frases feitas que surgem sempre quando falo deste livro. Uma é que quem desconhece a História, arrisca-se a cometer os mesmos erros do passado no presente. E a outra é do Mark Twain, que eu uso no Deus, Pátria e Família: “A história não se repete, mas rima.” Quando escrevi esse romance anterior fui-me deparando com semelhanças entre o que se passou nessa época e o que está a acontecer hoje na Europa. Mas de um modo diferente. O extremismo e nacionalismo não se manifestam hoje da mesma maneira que nos anos 30, mas há semelhanças. Por exemplo, a ascensão de figuras que se apresentam como providenciais e messiânicas, que dizem “só eu é que consigo salvar este país”, que declaram o caos para, depois, se apresentarem como salvadores da pátria. A divisão da sociedade entre “nós” e “eles”, a demonização do outro como justificação para problemas que são muito mais complexos do que isso. Outra coisa: a ideia de que houve um período em que as coisas eram muito melhores, uma espécie de época dourada. Há dois exemplos de movimentos que fazem isso e que não podiam estar mais afastados: Donald Trump, pensando supostamente nos EUA dos anos 50, e o Estado Islâmico, falando do império que chegava ao Al-Andaluz… Mas eu não escrevo os meus livros a pensar nisso. Sei as capacidades que a literatura tem, mas também lhe conheço as limitações. Não escrevo para mudar o mundo. Para isso, vou ser ativista. Escrevo para entender o mundo. Quando se estuda e se lê livros de História, e não só ficção, acho que ficamos menos vulneráveis à manipulação, aos truques dos farsantes, à espuma dos dias.

Surpreendeu-o que, nos 50 anos do 25 de Abril, um partido como o Chega tenha conseguido 50 deputados no Parlamento?
Não, não me surpreendeu. Porque, lá está, a história não se repete mas rima… Fui sentindo que isso era possível, ouvindo as pessoas. Quando se dizia “ah, esses fenómenos não chegam cá”, ou quando se diz “isso agora não vai mais longe, é uma coisa limitada…”, revela-se desconhecimento da natureza humana, da História e do poder desses mecanismos de atração, que são cativantes, sobretudo em períodos de aparente desordem. Uma desordem que pode ser construída, ateada, ampliada… Os portugueses, hoje, vivem pior do que nos tempos da troika? Não sei, mas hoje têm uma possibilidade de manifestar o descontentamento de uma forma diferente. Nessa altura, houve muitas manifestações, fomos para a rua, as pessoas estavam irritadas. Agora, há um partido e, sobretudo, plataformas, nas redes sociais, que são um recetáculo do descontentamento. Na verdade, são mais do que isso: são como um acelerador de partículas, um potenciador. Na era da informação, não só estamos muitas vezes desinformados como não percebemos que “informação” não significa “conhecimento” nem, muito menos, “sabedoria.” Qualquer pessoa, hoje, recebe mais informação num dia do que um tipo do século XVIII recebia durante meses ou anos… Mas refletimos pouco, estamos sempre a embarcar na polémica seguinte, na emoção seguinte.

Sente que há uma sedução maior dos mais jovens por esses discursos populistas e manipuladores?
Não sou muito pessimista em relação à juventude. Da mesma maneira que há muitos jovens a confundir políticos com celebridades e a seguir movimentos mais extremistas no TikTok, também vemos muitos outros a lutar contra a catástrofe climática ou pelo direito à habitação. Quando desci a Avenida [da Liberdade] no 25 de Abril, uma das coisas que me deixou contente foi ver a quantidade de jovens que estava lá. A História é feita da ideia, muitas vezes repetida de geração em geração, de que a juventude está perdida… Alguma estará perdida, outra está apta para dar os próximos passos fundamentais na história de um país, de um continente, de uma civilização. Mas há um elemento novo aqui, com um poder nunca antes visto: a internet e as redes sociais, com os algoritmos que reagem ao nosso viés político. É como se estivéssemos numa gigantesca experiência psicológica, a nível mundial, que só agora está a ser estudada. E isso nunca aconteceu antes, a televisão não era, de todo, a mesma coisa… A minha esperança é que, como aconteceu noutros momentos da História, depois da novidade e do exagero, comece a haver uma certa parcimónia, um passo atrás, e uma regulação, até a nível individual. Mas, se calhar, isto ainda vai piorar antes de melhorar.

Nestes seus dois livros, totalmente ancorados na nossa História, também houve uma preocupação didática?
Zero. Isso é a morte do artista! Enquanto leitor, não suporto livros em que sinto que o autor me está a dar lições de História. Para isso vou ler livros de História.

Palavras-chave:

A Sony tem muitas câmaras de alta qualidade. Umas mais para fotografia, outras mais para vídeo, e praticamente todos os modelos que a marca tem colocado no mercado tornam-se referências no seu segmento. Mas esta é talvez a câmara mais entusiasmante do ponto de vista do consumidor final, pois é um cruzamento quase perfeito de qualidade, características e margem para evoluirmos.


Sony a7C II: Estilo clássico

Mesmo antes de começarmos a captar fotos e vídeos, e já estávamos rendidos à nova Sony. Primeiro por ser supercompacta. Esta é uma câmara que facilmente levamos connosco para todo o lado, seja ao ombro ou numa mochila. Pesa pouco mais de meio quilo (só corpo), o que não nos parece exagerado, sobretudo para os materiais usados. A Sony a7C II tem uma combinação de plástico robusto suave, plástico rugoso na zona do punho (para uma maior aderência) e uma placa metálica na parte superior da câmara. O resultado final, além de um corpo sólido, bem construído, é o de uma câmara cheia de estilo, a fazer lembrar as Leica de antigamente. 

Depois tem os controlos muito completos e bem posicionados. Temos três discos junto ao polegar e indicador (para controlo da velocidade de obturação, abertura do diafragma e controlo do nível de exposição), é muito fácil comutar entre os três modos de captação de imagem (fotografia, vídeo e vídeo em câmara lenta) e temos outros controlos bastante úteis (como um botão dedicado para a gravação e um para um perfil de registo pré-configurado por nós). A este respeito, destaque também para a nova configuração dos menus digital da câmara – as opções são, em grande medida, as mesmas que já conhecíamos das câmaras da Sony, mas agora estão organizadas em painéis visuais que, na nossa opinião, tornam mais fácil encontrar o que queremos configurar.

O pormenor do detalhe

Um dos grandes destaques desta nova câmara é o sensor de imagem usado – um full frame (35 mm) de 33 megapíxeis. Este é o mesmo sensor usado na Sony Alpha IV, um dos modelos de topo da Sony (e que é mais cara). Números à parte, podemos dizer que a qualidade das imagens captadas é excelente. Graças ao número generoso de megapíxeis, conseguimos imagens com muita resolução, o que além de traduzir-se em elementos muito nítidos e que nos dão uma sensação de textura, também permite fazer ‘crop’ às imagens sem que haja uma grande perda de qualidade de imagem. Mas o elemento que para nós é a ‘estrela’ é a precisão de cor – tem um perfil bastante realista, com as cores a mostrarem-se com nuances muito naturais. Os contrastes também são bastante apurados.

Dentro do capítulo da fotografia há depois vários pormenores que vale a pena destacar. Por exemplo, o sistema de focagem desta máquina (e da Sony em geral) é poderosíssimo. Sentimo-lo de diferentes maneiras – pela forma rápida como fixa os pontos de focagem, pelo elevado nível de escolha que nos dá a focagem em modo manual, mas acima de tudo pelos sistemas de apoio à focagem. Estes sistemas reconhecem pessoas, animais, veículos… E é impressionante. No caso das pessoas, o seguimento é feito através do olho e mesmo que o sujeito fotografado esteja a fazer movimentos rápidos, a câmara consegue acompanhar com uma eficácia primorosa.

Depois também ficamos positivamente surpreendidos com o desempenho em baixas condições de luminosidade. Recorremos ao nosso estúdio e mesmo com um foco de luz quase no mínimo, não só a Sony a7C II conseguiu ‘iluminar’ bem o objeto fotografado, como manteve detalhe, cor e deu um registo ‘dramático’ às fotos, com transições suaves das sombras e até dos próprios elementos em foco. 

Pode não parecer, mas quase não havia luz no momento em que captamos esta fotografia no nosso estúdio. A a7 CII não só foi muito boa a ir buscar o brilho, como manteve as cores muito naturais e a focagem superrápida

Por fim, gostamos mesmo muito dos resultados do modo retrato. A câmara usa os aspetos positivos que já sublinhamos e acrescenta um bom trabalho de profundidade de campo, com o desfoque a mostrar-se muito suave, para entregar resultados que pode perfeitamente imprimir e pendurar num quadro lá em casa. 

Um bom exemplo do que esta câmara consegue atingir: além do elevado nível de detalhe (na zona do cabelo e sobrancelhas, p.ex.), gostamos do desfoque progressivo, suave, que dá um aspeto muito natural à imagem

O único grande ‘senão’ desta câmara para alguns utilizadores em termos de fotografia é a velocidade de disparo em modo rajada. ‘Só’ consegue captar dez fotografias por segundo, o que não posiciona esta câmara para os amantes da fotografia de desporto e da vida selvagem.

A filmografia da Sony a7C II

Muito do que dissemos para a área da fotografia é, em igual medida, válido para a área do vídeo. Incluindo nos destaques: elevada nitidez das imagens, com os objetos a mostrarem um recorte muito apurado, e cores fortes, naturais, com boas nuances de tom. O que, no campo do vídeo, impressiona um pouco mais pelo corpo compacto que permite obter estes resultados. Além disso, esta câmara suporta gravações em Ultra HD a 60 fotogramas por segundo ou mais fotogramas (modo câmara lenta) e resoluções mais baixas. 

Apesar de ter um sistema de estabilização interno, e que de facto ajuda a reduzir substancialmente o movimento das filmagens, consideramos que é mais útil em situações de fotografia ou filmagens noturnas (para ajudar a reduzir o ruído) do que propriamente para conseguir filmar tudo à mão sem ajuda de tripés ou estabilizadores dedicados.

Mas esta Sony a7C II vai ainda mais longe, pois além de nos dar uma elevada qualidade de imagem ‘out of the box’, dá também funcionalidades avançadas para aqueles que se querem aventurar mais longe na filmografia. É possível gravar vídeos em perfil cinematográfico (S-Gamut3.Cine) ou mais indicado para pós-produção (S-Log 3). Há inclusive suporte para LUT (perfis que podem ser carregados para a câmara com instruções para mapeamento de cores; imagine os LUT como o equivalente a filtros de fotografia, mas para vídeos). E isto é algo que, não tirando logo partido, valorizamos bastante, pois dá margem de progressão aos utilizadores.

Uma máquina completa

Em termos de conetividade, consideramos que o essencial para uma máquina deste calibre está garantido: entrada para microfone e auscultadores (separadas); entrada USB-C e microHDMI; e entrada para cartões SD (faria sentido incluir uma entrada para CFExpress para quem quisesse melhores velocidades de gravação).

O ecrã articulado e sensível ao toque tem qualidade para a maioria das situações, mas consideramos que o nível de brilho podia ser mais elevado, pois há alguma dificuldade de leitura quando estamos sob luz solar forte. Mas nestes casos, optamos por usar o visor eletrónico que dá uma definição muito boa, ainda que as cores sejam um pouco mais esbatidas do que aquelas que temos mesmo à nossa frente.

Por fim, uma palavra para a autonomia. Mais de 200 fotografias depois e cinco minutos de gravação de vídeo em 4K e perdemos cerca de metade da bateria. O que nos parece uma utilização bastante aceitável, mesmo não sendo uma campeã neste segmento.

O preço, não sendo imediatamente arrebatador, não podemos considerar que seja ‘deslocado da realidade’. Sobretudo pela combinação da qualidade de imagem, em foto e vídeo, com o formato compacto e bastante pragmático desta câmara. A Sony a7C II é uma espécie de tudo-em-um que merece o nosso selo de recomendação.

Tome Nota
Sony a7C II | €2400 (só corpo)
sony.pt

Qual. Imagem Excelente
Vídeo Muito bom
Construção Excelente
Autonomia Muito bom

Características Sensor full frame CMOS Exmor R 33 megapíxeis • Processador Bionz XR • Disparo contínuo até 10 fps • 759 pontos de focagem • ISO máximo: 51.200 • Vídeo: 4K 60/30/25 fps (60 fps com corte), 10-bit; FHD a 120/60/30/25 fps • EVF com 2,36 milhões de pontos • LCD 3” articulado e sensível ao toque • Slot cartões: 1xSD UHS-I/II • microHDMI, USB-C, Entrada microfone, BT 4.2 • 124×71,1×63,4 mm • 514 g  (sem objetiva)

Desempenho: 5
Características: 4,5
Qualidade/preço: 3,5

Global: 4,3

A Lei n.º 55/2021, de 13 de agosto, introduziu mecanismos de controlo da distribuição eletrónica dos processos judiciais, alterando o Código de Processo Civil.

Não obstante o legislador ter estabelecido que as operações de distribuição e registo sejam realizadas por meios eletrónicos veio, de forma inédita, determinar que a distribuição fosse presidida por um juiz, designado pelo presidente do tribunal de comarca e secretariado por um oficial de justiça, com a assistência obrigatória do Ministério Público e, caso seja possível por parte da Ordem dos Advogados, de um advogado designado por esta ordem profissional.

Além desta alteração, de que discordamos pelos motivos que apresentaremos, a Lei estatuiu regras a que o ato de distribuição deveria obedecer, e permitiu que os mandatários judiciais tivessem acesso à ata das operações de distribuição dos processos referentes às partes que patrocinam, podendo, a todo o tempo, requerer uma fotocópia ou certidão. Ficou, ainda, exarado naquele diploma que, nos casos em que haja atribuição de um processo a um juiz, deve ficar explicitada na página informática de acesso público do Ministério da Justiça que houve essa atribuição e os fundamentos legais da mesma.

São de louvar medidas que conferem maior transparência e uniformização ao ato da distribuição, contudo a obrigatoriedade da presença dos magistrados criou algum sobressalto no meio judiciário. Desde 2021 até 11 de maio de 2023, tudo corria bem, porque a Lei, apesar de já em vigor, não havia sido regulamentada por diploma do Governo.

A verdadeira perturbação começou com a entrada em vigor da Portaria n.º 86/2023, de 27 de março, que levou a que, pelas vinte e três comarcas do país, se organizassem “escalas à distribuição”, para garantir a presença física dos magistrados no ato da distribuição.

Na prática, e na maioria dos casos, reúne-se um juiz, que preside à distribuição, um magistrado do Ministério Público e um oficial de justiça que efetua cliques, no sistema informático, para que o programa distribua os processos de forma eletrónica e aleatória. Em resumo, estão os três a olhar para um computador, à espera que este apresente o resultado eletrónico – a dita distribuição dos processos pelos magistrados. Ou seja, a presença do Ministério Público é obrigatória, mas completamente inútil.

E quantas vezes isto acontece por dia? Duas, três, quatro… tantas quantas forem necessárias!

É que, enquanto que as distribuições ordinárias têm hora marcada, as extraordinárias acontecem sempre que entra um expediente urgente. No sistema antigo, a distribuição de processo urgente era executada de forma imediata pelo sistema informático, permitindo ao respetivo oficial de justiça apresentá-lo ao magistrado titular. Mas agora não. O expediente urgente fica a aguardar que se prepare a tal reunião para a operação de distribuição.

Este aumento da burocracia é perverso, levando a quebra no trabalho dos magistrados, a interrupções e adiamentos de diligências, também estas urgentes. Imagine-se o caso de um juiz e de um procurador que estão impedidos num julgamento de arguido preso. Chegado um qualquer expediente urgente, terão de suspender o julgamento para “ir assistir” à sua distribuição.

Atente-se, por exemplo, no caso da Comarca do Porto, em que os magistrados têm de se deslocar a um edifício distinto daquele onde exercem funções. É um dia perdido! Ou três dias, se considerarmos o caso dos juízes do tribunal coletivo escalados de “turno à distribuição” que não poderão marcar diligências nem no dia em que estão de escala, nem nos dias das escalas dos juízes adjuntos.

Mais uma vez, o legislador olvida por completo a realidade dos tribunais, ignorando a extrema carência de oficiais de justiça e de magistrados, em especial, de magistrados do Ministério Público.

Compreendemos e aceitamos a necessidade do legislador em efetivar o princípio da transparência do procedimento de distribuição, que também reputamos de extrema importância, como garantia da imparcialidade na administração da justiça, essencial à confiança no sistema de justiça democrático. Mas convenhamos, a distribuição eletrónica nos termos que vem sendo feita, apenas representa um aumento da burocracia e um enorme dispêndio de meios humanos, que já são tão raros no sistema de justiça.

Na nossa opinião, a presença dos magistrados, em especial do magistrado do Ministério Público, pouco ou nenhum benefício traz à dita efetivação do princípio da transparência do procedimento de distribuição.

Volvido mais de um ano, uniformizados que estão os procedimentos, só podemos concluir que a reunião diária de juízes, procuradores e oficiais de justiça para assistir à distribuição eletrónica é uma perfeita perda de tempo e de meios!

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A União Europeia continua sob ameaça, mas a esmagadora maioria da sua população demonstrou, uma vez mais, que está disposta a resistir aos partidos que querem destruir o projeto unificador e de progresso, responsável pelo maior período de paz jamais registado no chamado velho continente.

Apesar do crescimento dos partidos populistas e de direita radical em alguns países fundadores do projeto europeu, a realidade é que o sentido de voto dos cidadãos dos 27 estados-membros – naquela que é a segunda votação com mais eleitores do planeta – foi claro: os partidos europeístas, do centro-direita e do centro-esquerda, mas também os liberais e os verdes, continuam a ocupar a maioria do novo Parlamento Europeu.

No entanto, também é verdade que, de uma forma ou de outra, a extrema-direita que vocaliza todas as ideias contrárias aos valores europeus teve razões para cantar vitória em alguns dos países mais importantes e populosos do bloco: os partidos que a corporizam foram os mais votados em França, Áustria e Itália, e ficaram em segundo lugar na Alemanha, Holanda e Polónia. Mas não deixa de ser significativo, igualmente, que em muitos outros países esses partidos tenham visto a sua votação diminuir (como aconteceu com o Chega em Portugal), contrariando a ideia de que viria aí uma onda nacionalista a varrer toda a Europa.

Apesar de tudo, a esmagadora maioria dos eleitores continua a votar por uma Europa sem fronteiras, assente na justiça social, na solidariedade entre nações, no respeito pela democracia e pelos direitos humanos. Embora os partidos das principais famílias europeístas (populares, socialistas, liberais e verdes) tenham diminuído a sua força, continuam a ter mais de 60% dos assentos no Parlamento Europeu. E isso, para todos os efeitos, não pode ser menorizado. Tem, aliás, de ser realçado. Até porque exige uma nova e urgente responsabilidade a todos esses partidos, se quiserem continuar a lutar pelo sonho europeu: a de corrigirem os erros que deram força ao populismo, preocuparem-se mais com a coesão e a solidariedade entre populações, aprofundarem os processos democráticos nas instituições europeias e, acima de tudo, criarem os mecanismos necessários para diminuírem as desigualdades e fortalecerem o estado social, que é o “sistema” que melhor distingue a Europa face ao resto do mundo.

Sobra ainda uma outra responsabilidade, mesmo que, atualmente, já não seja muito popular, como se viu nestas eleições: a de continuar a batalha pela transição energética, de forma a assegurar o nosso futuro coletivo, perante a ameaça das alterações climáticas. Pode não garantir votos agora, mas pode ser determinante nos próximos anos – se calhar, até mais cedo do que pensamos.

A sala estava meio vazia, mas André Ventura preferiu olhar para o “copo meio cheio”. O Chega “passa de zero deputados para dois deputados [António Tânger Corrêa e Tiago Moreira de Sá] no Parlamento Europeu”, realçou Ventura numa primeira reação aos resultados oficiais das europeias, já após a meia-noite. “Estamos de parabéns”, afirmou o presidente do Chega, destacando que “nem liberais, nem extrema-esquerda” conseguiram ultrapassar o partido como a terceira força política nacional, como se chegou a julgar ser possível, aquando das primeiras projeções.. “Ninguém nos ultrapassou”, sublinhou.

O resultado do Chega nestas eleições europeias ficou, porém, “aquém das expectativas”, como já tinha admitido o próprio André Ventura, à chegada ao quartel-general do Chega desta noite, no Hotel Marriott, em Lisboa. “O Chega entra em todas as eleições para vencer”, disse, acrescentando que, “enquanto for presidente [do Chega]”, as noites eleitorais só serão positivas “com uma vitória”.

Apesar do (evidente) desânimo, o presidente do Chega considera que “não se pode extrapolar” estes resultados para leituras nacionais, afirmando que “esta foi apenas uma etapa” numa caminhada que, garante, “só terminará com a vitória do Chega nas eleições em Portugal”. Recorde-se que, depois dos 18,07% – e quase 1 milhão e 170 mil votos –, alcançados nas legislativas de 10 de março, o Chega não foi, esta noite, além dos 9,79%, correspondentes a menos de 390 mil votos.

A fechar a sua intervenção, André Ventura esclareceu que o Chega “nunca vai apoiar” António Costa para um cargo no Conselho Europeu, “nem para qualquer outro cargo no mundo”, uma posição que choca com a assumida, esta noite, pelo primeiro-ministro Luís Montenegro. “Vê-se quem continua a dar a mão aos socialistas”, gritou o líder populista.

Tânger Corrêa “puxa dos galões”

Ainda antes das declarações de André Ventura, António Tânger Corrêa dirigiu-se aos presentes, para agradecer o trabalho “de todos” durante a campanha. Embora admitindo que este “não foi um bom dia” para o Chega, o polémico candidato (e agora eurodeputado) decidiu “puxar dos galões”, lembrando a sua carreira como diplomata.

Tânger Corrêa recordou que andou “40 e tal anos” na “senda internacional” a trabalhar por Portugal, local onde disse “nunca ter visto” Luís Montenegro, Marta Temido ou Sebastião Bugalho. Após garantir que não se candidatou “para ter um tacho”, o embaixador reformado afirmou que vai agora para Bruxelas “para trabalhar” e para representar os portugueses “com tudo”.

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No seu discurso de final de noite eleitoral, Luís Montenegro começou por elogiar “o sucesso do voto em mobilidade”, aproveitando para cumprimentar “o governo do PS e o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, por ter iniciado os procedimentos para viabilizar esta operação”.

Seguiu-se a admissão de derrota. “O objetivo da AD é sempre ter pelo menos mais um voto do que as outras forças partidárias. Assumo que não cumprimos esse objetivo, e quero felicitar o PS. Já tive ocasião de falar com o seu secretário-geral e o nosso candidato já falou com a sua cabeça-de-lista.”

Despachadas as más notícias, o presidente da AD rapidamente passou às boas. “Já vencemos quatro eleições. O balanço é francamente positivo, e o resultado de hoje, ainda assim, dá-nos muito alento para prosseguirmos nos próximos anos a caminhada que nos trouxe até aqui. Tivemos mais votos do que há cinco e 10 anos, tivemos uma percentagem superior ao que tínhamos tido e mantivemos a nossa representaçao no PE, com seis deputados do PSD e um do CDS, mesmo numa circunstância política onde à direita foram eleitos quatro deputados. Cada um tirará as ilações que entender. Quero dizer aos portugueses obrigado pela elevada confiança que têm demonstrado. Podem contar com um governo e uma AD a acumprir os seus compromissos todas as semanas.”

Montenegro agradeceu, então, a Sebstião Bugalho, dizendo-se “orgulhoso e reconhecido” pela campanha que encabeçou, e desafiando quem criticou a escolha de um candidato tão novo. “Vamos continuar a apostar em gente nova.”

Já em resposta a uma pergunta do jornalista sobre esta derrota obrigar a um maior esforço na busca por consensos no Parlamento, o primeiro-ministro garantiu que “o governo e a AD estao disponíveis desde a primeira hora para negociar e encontrar consensos com todas as forças políticas”. “Naturalmente aquela com quem temos necessidae de aprofundar mais esse diálogo é o PS. Continuamos com a mesma disponibilidade, mas a mesma convicção: cumprir o nosso programa.”

No final, o líder da AD decidiu acabar com o tabu: vai mesmo apoiar Costa para a presidência do Conselho Europeu. “É expectável que a presidência da Comissão Europeia seja da força política mais representada, o PPE. Se o dr. António Costa for candidato ao Conselho Europeu, a AD fará tudo para que essa candidatura possa ser bem-sucedida.” 

Antes de passar a palavra a Sebastião Bugalho, Montenegro confessou a sua “apreensão com o crescimento da extrema-direita em vários estados membros da UE”, mas cumprimentou “o povo português por continuar a ser um referencial de moderação e dos valores fundadores da UE” – numa óbvia alusão ao mau resultado do Chega.

Foto: Marcos Borga

A intervenção de Bugalho começou por felicitar a sua principal adversária, mas logo realçou a diferença de “0,9%”. “Foi mesmo por poucochinho. Mas, em democracia, ganha-se e perde-se por um voto.”

O resto do discurso serviu para desvalorizar a derrota. “Dissemos que íamos manter a nossa delegação no PE, e cumprimos. Continuaremos com sete, enquanto os nossos adversários perderam eurodeputados [o PS passou de 9 para 8]. Contava ter mais um ponto do que a minha idade e acabei com mais três pontos do que a minha idade. Em comparação com as últimas europeias, tivemos um aumento de mais 20% da votação.”

Na fase das perguntas, o cabeça-de-lista da AD ainda fez mais uma provocação ao PS. “Compreendo que um partido que não ganhava há quatro eleições esteja a festejar.”

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As eleições foram europeias, mas Pedro Nuno Santos não perdeu a oportunidade que a vitória do PS lhe trouxe para fazer uma leitura nacional: “O PS é a primeira força política em Portugal. Derrotou uma coligação de três partidos”, começou por dizer, esta noite, o secretário-geral do PS, realçando que a vitória dos socialistas, em votos e em número de eurodeputados eleitos, “não é irrelevante no plano nacional”. Porém, advertiu o secretário-geral, o PS não pretende provocar “instabilidade política”, mantendo-se “como partido da oposição”.

Para Pedro Nuno Santos, a vitória do PS foi uma resposta à “nacionalização da campanha” que acusou o Governo de ter feito, com anúncios de “planos atrás de planos”. “Não é o Governo que está em causa, mas sim uma forma de fazer política”, disse Pedro Nuno, sublinhando as vitórias do PS nos distritos de Faro, Guarda e Porto, os quais recuperou em relação às últimas eleições legislativas. “Esta vitória é conseguida três meses após as eleições legislativas, com o governo sem o desgaste da governação, que não parou de fazer anúncios e que não cumpriu as notificações da Comissão Nacional de Eleições. É neste quadro que o PS ganha estas eleições”

O secretário-geral do PS, dando os parabéns à cabeça de lista, Marta Temido, sublinhou que a vitória socialista foi a primeira ganha por uma mulher numa eleição nacional. “Foi uma vitória das mulheres”, diria Marta Temido, no discurso de vitório, no qual assinalou a queda da extrema-direita, em Portugal, lamentando que este caminho não tenha tido expressão em vários países da Europa, como na França e Alemanha.

“Estamos mesmo todos de parabéns, porque os portugueses confiaram no projeto de a Europa que defendemos, e esta noite os portugueses voltaram a mostrar que confiam no PS”, disse ainda Marta Temido. “O PS conseguiu mais votos do que nas últimas europeias. Obrigada por darem força à Europa solidária que queremos e defendemos”, referiu.

PS foi o vencedor das eleições europeias deste domingo, com 32,10% dos votos e elegendo 8 eurodeputados, mais um do que a AD, que alcançou 31,12% dos votos.

Confira aqui os resultados

PS – 32,1% –8 mandatos
AD – 31,1% – 7 mandatos
Chega – 9,8% – 2 mandatos
IL – 9,07% – 2 mandatos
BE – 4,25% – 1 mandato
CDU – 4,1% – 1 mandato
L – 3,7% – 0 mandatos
ADN – 1,37 -0 mandatos
PAN – 1,2% – 0 mandatos