Após três semanas de competição, o Campeonato da Europa de futebol entra esta sexta-feira e no sábado na fase em que começam a cair algumas das seleções que, à partida, eram apontadas como principais favoritas à vitória final. Depois de, até ao momento, apenas a Itália (campeã em título e crónica candidata ao título ter ficado pelo caminho), restam em competição cinco equipas que já foram campeãs da Europa. E pelo menos duas delas vão ficar já pelo caminho.

Os caprichos da competição e dos resultados acabou por ditar que, esta sexta-feira, se defrontem quatro campeões europeus. Coincidência, ou não, num jogo vão estar as duas melhores equipas do torneio e, no outro, duas formações que prometiam muito mas que têm mostrado pouca consistência.

No primeiro jogo dos quartos-de-final, Espanha e Alemanha vão disputar aquela que será uma verdadeira final antecipada. Os nossos vizinhos foram, até esta altura, os únicos a vencer todos os jogos e sempre de forma categórica. Cilidraram (3-0) a Croácia na estreia, deram um banho de bola a Itália num jogo em que só 1-0 final foi injusto, venceram a Albânia pela margem mínima só com jogadores suplentes e, nos oitavos-de-final, voltaram a golear (4-1), deixando para trás a mesma Geórgia que vencera Portugal. Do outro lado, a equipa da casa, a Alemanha, não teve um trajeto tão exuberante apenas porque consentiu um empate (1-1) contra a Suíça no último jogo da fase de grupos. De resto, venceu a Escócia por 5-1, bateu a Hungria por 2-0 e repetiu este resultado nos oitavos, frente a Dinamarca. Em resumo, uma das duas melhores equipas do torneio vai ficar pelo caminho amanhã à tarde. A outra pode vir a defrontar Portugal na meia-final. Para isso, é preciso que, no jogo da noite, a Seleção Nacional repita a façanha de 2016, derrotando uma França que, tal como a equipas das quinas, está longe de ter vindo a fazer um bom campeonato. Há esperança, portanto.

Para chegar aos quartos-de-final, França marcou apenas três golos em quatro jogos, sendo que um deles foi de penálti e os outros foram autogolos dos adversários. Mas também não sofreu qualquer golo. Registos que condizem com prestações muito seguras no controlo e domínio do jogo, mas pouco inspiradas na hora de ultrapassar as dificuldades impostas pelas defesas contrárias. Algo que nós, portugueses, temos identificado também na seleção orientada por Roberto Martinez. E não é este o único aspeto em comum com as duas equipas. Tal como no caso de Portugal, também na França as principais figuras têm estado apagas e em sub-rendimento. Se Ronaldo, Bruno Fernandes e Bernardo Silva ainda não explodiram, apesar de jogarem quase sempre, o mesmo tem acontecido com Mbape, Griezmann ou Dembelé. Curiosamente, as duas equipas têm gente de sobra no banco para poder fazer a diferença. Resta saber se os selecionadores vão continuar a apostar apenas nas suas “vacas sagradas” ou ousarão fazer mudanças.

Os outros dois jogos destes quartos-de-final, que se disputam no sábado, juntam dois outsiders a um campeão europeu e um candidato crónico, que busca o seu primeiro título continental. Parece impossível, mas a verdade é que a poderosa Inglaterra nunca venceu um Europeu. Há sempre qualquer coisa que falha e obriga a nação fundadora do futebol a regressar a casa de mãos a abanar. As prestações até ao momento não têm sido famosas, mas o talento de alguns dos seus jogadores, nomeadamente Bellingham, permitiram chegar até esta fase. Agora, pela frente vão ter uma das seleções mais consistentes da competição, a Suíça. Uma equipa sem pergaminhos, mas que chega a esta fase da prova sem derrotas. Mais, empatou com a Alemanha na fase de grupos e afastou a campeão em título, a Itália, com uns esclarecedores 2-0 nos oitavos-de-final. Tem tudo para se afirmar como grande surpresa deste Europeu. O mesmo pode acontecer com a Turquia, equipa que pratica um futebol algo caótico, mas dispõe de inúmeros jogadores jovens e talentosos, capazes de momentos de futebol eletrizante. Sábado se verá se terá argumentos para contrariar a seleção dos Países Baixos, que tem vindo a crescer durante a competição e dispõe de argumentos, nomeadamente do meio-campo para a frente, para repetir a façanha de 1988, quando se sagrou Campeã da Europa, numa competição que decorreu, curiosamente… na Alemanha.

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Faltavam dez minutos para começar o debate das propostas de atribuição de subsídios às forças de segurança e a escadaria em frente à Assembleia da República estava vazia. Nem um sinal da grande concentração a que se assistiu em 2012, quando os policiais se juntaram à porta do Parlamento. No acesso lateral do edifício, por onde entra o público que assiste ao plenário, uma fila aonde estariam menos de 300 pessoas formava-se para entrar.

No hemiciclo, os deputados do Chega impacientavam-se no arranque do debate. Pedro Frazão chegou mesmo a subir às galerias para depois ir fazer declarações aos jornalistas na porta lateral do Parlamento, acompanhado por mais dois deputados da sua bancada. Aos microfones, Frazão criticou a forma como se estava, no seu entender, a dificultar a entrada do público nas galerias.

“Vão lá buscar quem está lá em baixo”, ouvia-se na bancada do Chega

Na Sala das Sessões, André Ventura fazia uma intervenção inicial, ainda com as galerias bastante vazias. O líder do Chega procurou fazer um paralelismo entre a forma como são tratados imigrantes e as condições de trabalho das polícias.

“Se um polícia morre, é mais uma notícia. Se um imigrante morre, é um escândalo nacional”, começou por dizer, antes de afirmar que as vidas dos criminosos são mais valorizadas do que as dos polícias.  “Se um bandido morre, merece quase o hino nacional”, declarou, dizendo querer acabar “com este país ao contrário”.

Depois de acusar o anterior Governo socialista de ter cometido “uma injustiça histórica” contra as forças de segurança ao atribuir um subsídio de risco à PJ que não deu a mais nenhuma polícia, Ventura descreveu as condições em que muitos agentes são obrigados a viver. “Camaratas que eu visitei pessoalmente envergonhariam o país mais pobre da Europa”, notou.

“Os polícias não querem mais um cêntimo, querem dignidade”, disse André Ventura, a concluir a intervenção, num momento em que crescia o nervosismo na sua bancada que via as galerias pouco compostas.

“Vão lá buscar quem está lá em baixo”, começou a ouvir-se na bancada do Chega, num crescendo de apartes que levou o Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, a explicar que os procedimentos de verificação de segurança na entrada do Parlamento são sempre iguais para todos. “Não há nenhuma situação especial em relação à entrada das visitas em relação a um dia normal”, garantiu.

Hugo Soares exaltou-se na crítica ao Chega

Hugo Soares, líder da bancada do PSD, fez mesmo uma exaltada interpelação à mesa precisamente para explicar que esses procedimentos levam muitas vezes “escolas com crianças pequeninas” a ficar numa fila à espera de entrar. “É assim que se faz no Parlamento”.

Pedro Delgado Alves, do PS, também falou para defender que os procedimentos de verificação de segurança feitos à entrada do Parlamento são iguais para todos.

As galerias do Parlamento para o público, que levam cerca entre 400 e 600 pessoas, foram-se compondo ao longo de um debate com intervenções de defesa das forças de segurança por parte de todos os partidos.

“Há uma hora e meia que estão pessoas lá fora. É uma vergonha”, atirava um deputado do Chega, olhando para as galerias, ainda muito longe de estarem cheias, às 16h30.

PSD acusa Ventura de usar polícias para dar a volta a desaire eleitoral

A meio do debate, António Rodrigues, já classificava a convocatória de André Ventura – que chamou os polícias a virem manifestar-se para a porta do Parlamento – como “um fracasso” do Chega, concluindo que o número político que Ventura tentou criar não teve eco nos agentes de segurança nem o respaldo dos sindicatos que os representam.

“Este debate só foi marcado para depois das europeias. Sabem porquê? Porque o desastre foi tão grande, que era preciso animar as hostes”, atirou António Rodrigues.

António Rodrigues foi vocal no ataque ao Chega, quando os outros partidos preferiram reclamar um histórico de defesa dos polícias e o PS, pela voz de Isabel Moreira, preferiu concentrar as críticas na forma como o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que o Governo não daria “nem mais um cêntimo” às forças de segurança além dos 300 euros mensais que estão a ser oferecidos nas negociações com os sindicatos.

Partidos reclamam-se defensores dos polícias e trocam ataques

António Filipe, do PCP (um dos partidos, além do Chega e do PAN que trouxeram propostas ao debate), quis lembrar o histórico dos comunistas na defesa das condições remuneratórias e laborais das polícias, cujo trabalho enalteceu. E vincou que a proposta comunista prevê um aumento de 450 euros até janeiro de 2026 não só para a PSP e GNR, mas também para a Guarda Prisional, a Polícia Marítima e a ASAE.

Inês Sousa Real afirmou que o PAN quer um “subsídio pago a todos os membros das forças de segurança” sem exceção e recordou que na anterior legislatura o seu partido já tinha feito propostas nesse sentido durante a discussão de Orçamentos do Estado. “Não podemos compactuar é que venham aqui fazer números mediáticos à conta das forças de segurança”, disse, já em resposta a um pedido de esclarecimentos da bancada do Chega, que tinha lembrado o apoio do PAN ao Governo PS.

Também alvo de fortes e ruidosos protestos pela bancada do Chega foi o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, quando descreveu as condições precárias de habitação e de vida dos agentes policiais, elogiou o seu trabalhou e deplorou a elevada taxa de suicídio que se verifica entre os seus profissionais e que considerou mesmo ser “uma catástrofe”.

“Salário justo, dignidade, respeito e tempo para viver”, pediu o bloquista para os polícias, sob os apartes do Chega. “Nem parece o BE a falar”, ouviu-se.

De resto, João Almeida, do CDS, fez uma intervenção, para atacar (sem nomear) o Bloco de Esquerda, por estar a defender a polícia, considerando que essa seria uma incongruência. E defendeu, apresentando-se como deputado “da direita institucional” o agravamento de penas para crimes cometidos contra elementos das forças de segurança.

“Queremos que as forças de segurança recebam mais e sejam tratados com maior dignidade”, disse João Almeida.

Uma intervenção que serviu para o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, perguntar “como é que vai votar o CDS”, se como disse Nuno Melo, que defendeu a equiparação de subsídios entre as forças policiais, ou não.

Rui Rocha, da IL, atacou “a tremenda hipocrisia” do PS e a “injustiça que foi feita à socapa” pelo Governo de António Costa ao atribuir um subsídio de risco à PJ e não às outras forças policiais.

Rocha defendeu, contudo, que “aquilo que André Ventura fez é grave”, comparando a convocatória feita pelo Chega “ao pior PCP, o PCP do PREC”, e acusando Ventura de estar a tentar manipular o descontentamento das forças de segurança. Um comportamento que classificou como “irresponsável” e que disse ter constituído uma tentativa de coação e condicionamento dos deputados e deputadas.

Carlo Acutis nasceu em Londres em 1991, tendo-se mudado com a família – Andrea Acutis e Antonia Salzano – para Itália, onde viveu a maior parte da sua vida, entre as cidades de Milão e Assis. Embora os seus pais não fossem católicos praticantes, Acutis cresceu com fé, assistindo sempre à missa e procurando inspirar os seus pais a juntar-se de novo à igreja.

Segundo a mãe, Carlo dedicou a sua vida à religião, tendo começado a frequentar a missa regularmente desde os 7 anos e a doar o seu dinheiro a um sem-abrigo da cidade. Antonia Salzano, em entrevista ao New York Times em 2020, falou da fé inabalável do filho, referindo ainda que era comum este oferecer-se para apoiar amigos cujos pais estavam a divorciar-se, defender colegas com deficiência quando eram vítimas de bullying e levar refeições e sacos-cama aos que dormiam na rua, em Milão.

Desde cedo, Carlo também revelou interesse pela informática. Alguns amigos e familiares recordam-no como uma criança que gostava de jogos de vídeo como Halo, Super Mario e Pokémon. Acutis tocava ainda saxofone, gostava de jogar futebol, adorava animais e fazia pequenos filmes humorísticos com os seus cães.

O jovem era um autodidata, tendo aprendido a programar quando ainda andava na escola primária. O seu gosto pela internet, aliado à fé que possuía, levaram-no a desenvolver um site no qual documentava milagres em todo o mundo, difundindo a doutrina católica no digital.

Diagnosticado com leucemia, Carlo Acutis morreu em 2006, com apenas 15 anos, em Monza, Itália. “Em setembro de 2006, surgiram os primeiros sinais de doença e, após o diagnóstico, uma leucemia fulminante. Com total confiança, entregou a Deus o pouco tempo de vida que lhe restava. Faleceu no dia 12 de outubro de 2006 e foi beatificado no dia 10 de outubro de 2020”, relata o Vatican News. Após a sua morte, o corpo foi trasladado para Assis.

Carlo Acutis é muitas vezes apelidado de “santo da Internet”. “Desde cedo, Carlo demonstrou uma grande habilidade para a informática, dom que utilizou no serviço aos outros e na divulgação de conteúdos de formação cristã, como a exposição sobre os milagres eucarísticos”, escreve o Vatican News, lembrando ainda o jovem millennial que “não se acomodou numa imobilidade confortável”.

Os dois milagres

O primeiro milagre ocorreu em fevereiro de 2020, quando o Papa Francisco reconheceu a cura de uma criança brasileira com malformações no pâncreas. Já em maio deste ano, foi reconhecido um segundo, com uma criança da Costa Rica, com um traumatismo grave. De acordo com o The New York Times, horas depois da visita de Carlo, a jovem demonstrou sinais de uma recuperação milagrosa com melhorias na respiração, na mobilidade e na fala, confirmadas por uma tomografia dias depois.

Segundo o jornal britânico The Guardian, das 912 crianças já canonizadas pelo Papa Francisco, a mais nova nasceu em 1926. Nascido em 1991, Carlo será assim o santo mais novo da Igreja Católica.

Canonização só deverá ocorrer em 2025

São conhecidas as ligações de Carlo Acutis a Portugal, nomeadamente por causa da sua devoção pelas aparições marianas de Fátima e pelos milagres eucarísticos de Santarém. Foi inclusive um dos patronos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), reunião de jovens católicos de todo o mundo que, no verão passado, se realizou em Lisboa.

Em declarações à VISÃO, o cardeal Américo Aguiar, atual bispo de Setúbal e presidente da Fundação JMJ, explica que o beato de origem italiana foi escolhido para patrono da JMJ por ter sido referido pelo Papa num documento sobre jovens. Américo Aguiar salienta também o facto de o exemplo de Acutis ser “importante” e, sobretudo, “provocador”: “O que me cativou em Carlo Acutis foi ele ser um jovem de calças de ganga e que diz aos outros jovens que eles não devem preocupar-se em ser fotocópias dos seus ídolos; devem, isso sim, descobrir que todos somos originais e não fotocópias uns dos outros”.   

A canonização de Carlo Acutis já foi aprovada pelo Papa Francisco. Para 20 de outubro estão marcadas várias canonizações, mas a de Carlo Acutis só deverá ocorrer durante o Jubileu de 2025.  

Céu azul. Os socalcos verdes e castanhos ajudam a pintar a paisagem e, nas videiras, adivinham-se os cachos de uvas que farão a vindima, dentro de poucos meses. Há 200 anos como hoje, o nome de Antónia Adelaide Ferreira ecoa nas margens do Douro. Dona de um espírito empreendedor e de inovação notável, herdou um negócio de vinho e vinhas, depois de se ter tornado viúva muito nova.

O impacto no Douro – vinhos e gentes incluídos – foi notado, contado e recontado. Um legado que, feito de histórias de coragem, empreendedorismo e humanismo, é celebrado todos os anos aquando do aniversário de Dona Antónia – a 4 de julho -, altura em que a Sogrape premeia mulheres que, pelo seu trabalho, envolvimento e impacto nas respectivas áreas de atuação, perpetuam os valores protagonizados pela “Ferreirinha”. A vista para o Douro compõe o ramalhete: estamos no coração da região onde Dona Antónia mudou o rumo das coisas. 

Criados em 1988, de forma a perpetuar o legado de coragem e espírito empreendedor de Antónia Adelaide Ferreira, a “Ferreirinha”, os Prémios Dona Antónia distinguem, anualmente, duas mulheres, reconhecendo-lhes o percurso extraordinário e o impacto no desenvolvimento económico, social e cultural em Portugal. A iniciativa faz parte do Seed the Future, que dá nome ao Programa Global de Sustentabilidade da maior empresa de vinhos portuguesa e que, entre outros objetivos, tem a intenção de impactar 100 mulheres por ano até 2027. Na edição deste ano, a jornalista Cândida Pinto e a investigadora Maria Nunes Pereira foram distinguidas nas categorias de Prémio Consagração de Carreira e Prémio Revelação, respetivamente.

É este tipo de exemplos que queremos multiplicar na nossa sociedade, ainda mais num contexto em que não temos igualdade de género

Raquel seabra, administradora executiva sogrape

“Acredito muito no poder dos role models. Os prémios Dona Antónia têm, obviamente, o efeito de reconhecer estas duas mulheres mas também um efeito multiplicador porque, ao darmos visibilidade ao trabalho destas mulheres, estamos a inspirar muitas outras – ou desejamos que assim seja – a seguirem o exemplo das que premiamos aqui. Ambas são pessoas que fazem das adversidades, oportunidades. Têm resiliência, uma curiosidade muito grande sobre o mundo, e são pessoas que se preocupam com os que mais sofrem na nossa sociedade – seja por doença, no caso da Maria, seja por contexto de guerra, no caso da Cândida. É este tipo de exemplos que queremos multiplicar na nossa sociedade, ainda mais num contexto em que não temos igualdade de género”, sublinha Raquel Seabra, Administradora Executiva da Sogrape. 


Atribuído, ao longo dos últimos anos, a nomes como Maria João Avillez, Catarina Furtado, Isabel Gonçalves Furtado, Teodora Cardoso, Leonor Beleza e Joana Carneiro, entre muitas outras, os Prémios Dona Antónia premeiam mulheres com percursos extraordinários, tanto com carreiras consolidadas – Prémio Consagração de Carreira – como numa fase mais inicial – Prémio Revelação -, perpetuando o legado de Dona Antónia, através dos seus valores e do seu impacto nas respectivas áreas e regiões de atuação. 

“Estamos a falar de uma personagem feminina, que viveu há 200 anos numa zona muito agreste, em que eu imagino que a dominância masculina era total. Não vinha de uma família carenciada – tinha aí um bom suporte. De qualquer modo, não era suposto que uma pessoa com as características da Dona Antónia – do berço e da sua vida até casar – tivesse o comportamento que teve. Acho que é uma figura muito inspiradora”, começa por dizer Cândida Pinto, vencedora do Prémio Dona Antónia Consagração de Carreira. 


Cândida Pinto, vencedora do Prémio Consagração de Carreira


Criado no final dos anos 80, a Sogrape começou por atribuí-lo a apenas uma mulher por ano, tendo estendido a distinção a duas nas edições mais recentes. “Estes valores da valorização da mulher, do empoderamento, têm hoje um enquadramento diferente no trabalho que fazemos na Sogrape porque temos um programa formal de sustentabilidade que tem precisamente como objetivo a promoção de uma sociedade mais inclusiva.”, acrescenta Raquel Seabra. 

Para Maria Nunes Pereira, os últimos anos trouxeram “muito progresso” e abertura de espírito nas diferentes áreas da sociedade. “Dona Antónia foi única na sua época; hoje vivemos tempos em que há várias Donas Antónias, exemplos a seguir, e onde esta capacidade de liderança no feminino, em diferentes áreas, sejam sociais, políticas, científicas, são, sem dúvida, óbvias”, assinala a vencedora do Prémio Dona Antónia Revelação. Ainda assim, admite, há um caminho longo pela frente. “Se olharmos para os cargos de topo, ainda há bastante trabalho a fazer. É nossa responsabilidade coletiva, sem dúvida, darmos o exemplo e exigirmos que as coisas continuem a mudar e que haja esse progresso. Não ter medo de fazer ouvir a nossa voz, e isso não é falar mais alto: é ser curioso, ter presença e audácia, querer saber como as coisas funcionam, tentar ter um assento na mesa para realmente haver mudança.”  


Maria Nunes Pereira, vencedora do Prémio Revelação


Com uma história distinta da vivida por Dona Antónia no Douro, Cândida Pinto confessa reconhecer-se nalgumas características da duriense. “O meu percurso é muito diferente do dela. Eventualmente, eu tenho um bocadinho das coisas que ela teve para se cumprir nestas terras difíceis: determinação, um olhar global para todos – a sociedade, a parte empresarial e para quem está em situação mais vulnerável. Acho que é um pouco o que me tem guiado na vida: tentar ter um olhar global para as várias componentes de qualquer sociedade. Manter um olho nas áreas dominantes, sem nunca esquecer as áreas dominadas e as dificuldades que essas áreas humanas muitas vezes têm”, sublinha.

Refletir no trabalho que Dona Antónia fez e pensar no contexto em que ela viveu é, sem dúvida, uma inspiração

Maria Nunes Pereira, vencedora Prémio Revelação

Surpreendida com a atribuição do prémio, Cândida Pinto prepara-se para recomeçar: muda-se agora para os Estados Unidos da América, onde viverá nos próximos dois anos. “A primeira questão é ter paixão por aquilo que se faz. Ter curiosidade, querer saber porque funciona assim e não de outra maneira, ter esse ímpeto de ir até aos sítios. Hoje, a maior parte da informação chega-nos pelo ecrã, é bidimensional, e é-nos dada em pequenas porções. Não tem nada a ver com ir aos sítios. Eu gosto de testemunhar diretamente os acontecimentos, por mais complexos e difíceis que eles sejam”, sublinha. 

“Refletir no trabalho que Dona Antónia fez e pensar no contexto em que ela viveu é, sem dúvida, uma inspiração para não nos esquecermos que não é só o imediato, o agora, que interessa. Pensar no impacto das pequenas coisas a longo prazo é muito importante.”, afirma Maria Nunes Pereira. 

Um erro, numa mulher, é um erro; num homem é uma pequena falha

Cândida pinto, vencedora prémio consagração de carreira

E se, há 200 anos, “Ferreirinha” teve os seus desafios, Cândida Pinto assegura que alguns se mantêm, mesmo que nada se mantenha igual. “Os desafios estão sempre presentes porque as coisas estão em permanente mudança: tenho já 30 anos de profissão e de experiência, as pessoas podem pensar que são favas contadas, mas não são: eu parto para qualquer sítio com as mesmas borboletas no estômago da primeira vez, porque os cenários são diferentes, a tecnologia muda tudo, o relacionamento entre as pessoas é distinto… Acho que a Dona Antónia continua a ser absolutamente inspiradora. Continuo a achar que é importante porque não podemos pensar que as mulheres, seja no mundo ocidental ou não, estão em igualdade com os homens. As mulheres continuam a ter de provar mais, têm de trabalhar mais: um erro, numa mulher, é um erro; num homem é uma pequena falha. Portanto, esta é uma missão que não está terminada”, sublinha a jornalista.  

Saiba mais sobre os Prémios Dona Antónia e conheça todas as vencedoras desde a primeira edição.

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“Sonhos e Ilusões” é o tema do terceiro Serralves em Luz que ilumina uma boa parte dos 18 hectares do Parque de Serralves, com luzes, LED, néons, uma multiplicidade de cores e, este ano, vários sons e uma maior interatividade com o visitante. 

Num percurso de quase três quilómetros – o limite é a Mata, não abrangendo a zona da Quinta – há 25 instalações pensadas com o propósito de nos fazer sonhar. Nuno Maya volta a ser o diretor criativo desta exposição (em 2021, foi considerada pelo jornal britânico The Times como uma das dez melhores da Europa) e, diz, que “o tema é sempre o ponto de partida para depois imaginar o que fazer para transformar o Parque a nível visual através de experiências interativas, onde o visitante seja observador e participante”. E são muitas as instalações, a grande maioria criadas de propósito para este pulmão verde e histórico do Porto.

Este ano, e além do tema central, há duas instalações festivas: uma alusiva aos 35 anos da Fundação de Serralves (nas paredes do Museu de Serralves exibem-se seis poemas audiovisuais a partir do arquivo fotográfico, cada um com 35 segundos) e outra que celebra os 50 anos do 25 de Abril (no Campo de Ténis) que contou com a participação de 50 crianças da Escola Básica das Condominhas, no Porto, convidadas a criarem 50 cravos luminosos que são projetados de forma imersiva.

Não havendo um percurso obrigatório, sugere-se que se inicie pelo Bosque das Faias (logo a seguir à Colher de Jardineiro de Claes Oldenburg & Coosje Van Bruggen) percorrendo a Bridge of Light (Ponte de Luz), onde à medida que o visitante caminha, vão sendo accionadas luzes de várias cores de um lado e do outro. “Não é uma passadeira vermelha, é uma passadeira colorida”, afirma Nuno Maya.

Logo a seguir, a atenção vira-se para os galhos de uma grande faia, onde a artista audiovisual britânica Kathy Hinde pendurou a obra Chirp & Drift: uma série de instrumentos, feitos a partir de acordeões reciclados, que se iluminam e reproduzem sons em código Morse como se fossem os pássaros do Parque de Serralves (gaio, pega, carriça, chapim, pica-pau…).

Nuno Maya é, de novo, o diretor criativo de Serralves em Luz

Esta “viagem sensorial e interativa”, como descreve Nuno Maya, continua pelo Parterre Lateral onde 200 barras acendem luzes ao ritmo da música como se fosse um jardim vertical. “É uma instalação imersiva. As pessoas podem entrar nestes corredores e neste sonho digital”, aponta o criativo. Prossegue-se para a Alameda dos Liquidâmbares com os seus troncos iluminados “com uma paleta de cores quentes, como se fossemos um sonhador onírico e entrássemos num conto de fadas”, descreve.

Para o Parterre Central, Nuno Maya, que é também responsável pelo atelier OCUBO, conta ter-se inspirado nos tempos em que no interior da Casa de Serralves “se ouviriam os pianos a tocar”. Escutam-se muitos sons, entre notas músicas, água a correr e o canto de animais. O passeio segue pelo passadiço de madeira Treetop Walk, todo ele iluminado num percurso de ilusão junto à copa das árvores.

Seguindo para a Casa Manoel de Oliveira, o visitante pode interagir com as mãos na Dynamic Light Stripes, uma instalação site-specific de luz interativa, premiada no Design Skill Awards 2023, que vai mudando a cor e a música de acordo com o toque da palma da mão.

Mais adiante, é no lago que se encontra uma das experiências mais impactantes: Solid Fluids. “É uma peça âncora. A água é projetada a alta pressão, criando vários elementos geométricos”, explica Nuno Maya, também responsável pela sonoridade desta obra que convida a ficar ali em pura contemplação.

Uma hora e meia é a duração estimada para esta viagem sensorial mas, já se sabe, tudo depende do tempo que cada espectador queira embrenhar-se nesta experiência imersiva que permanece até novembro.

Serralves em Luz > Parque de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 4 jul-3 nov, ter-dom 21h30 (até 28 jul), 21h (30 jul-1 set), 20h30 (3 ago-29 set), 20h (1 out-3 nov) > €14, €12 (4-11 anos, estudantes e maiores de 65 anos), €11 (bilhete família: dois adultos + mínimo 1 criança) grátis (menores de 3 anos > serralves.pt

O português João Luís Chaves Natário, que participava como voluntário na linha da frente da guerra na Ucrânia, terá morrido em combate. A notícia tem vindo a ser avançada por canais russos da rede social Telegram, que divulgam e acompanham a participação de estrangeiros pró-Ucrânia naquele conflito.

João Natário (conhecido como Rico Chaves)/Foto Facebook

A mesma informação está a ser avançada pela Rádio Brigantia, sediada em Bragança. Vários familiares e amigos do português também têm lamentado o alegado falecimento nas redes sociais. Não há, porém, confirmação oficial deste óbito.

De acordo com informações da Rádio Brigantia, João Natário, conhecido como Rico Chaves, era natural de Macedo de Cavaleiros, onde chegou a ser bombeiro voluntário (entre 2003 e 2007). Os pais terão emigrado para França. Em 2018, o português ter-se-á juntado à Legião Estrangeira Francesa. E, em 2022, com a invasão russa da Ucrânia (em larga escala), terá viajado para aquele país onde, desde então, estava colocado na linha da frente.

Na sua página de Facebook, João Natário dizia estar integrado no batalhão Karpatskaya Sich, uma força terrestre associada à extrema-direita, que funcionou entre 2014 e 2016, no âmbito da Guerra do Donbas, e que foi reativada em 2022, passando a fazer parte das forças armadas ucranianas. O fundador e comandante Oleh Kutsyn também morreu em combate, logo em junho desse ano.

Notícia atualizada às 16h00, com a divulgação do nome João Luís Chaves Natário, como a verdadeira identidade do português conhecido como Rico Chaves, que terá morrido em combate na Ucrânia.

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Uma explosão na empresa Omnidea – que está a utilizar o antigo edifício da YDreams – localizada na Faculdade de Ciências e Tecnologia, no campus da Universidade Nova de Lisboa, na Caparica, fez um morto e dois feridos, um deles em estado grave.

O ferido grave já foi transportado para o Hospital Garcia da Orta. Até ao momento, sabe-se que a vítima mortal terá cerca de 25 anos. O alerta foi dado às autoridades pelas 12h45

Inicialmente foi avançado que a empresa afetada era a YDreams, mas esta terá deixado de funcionar no recinto. Atualmente está em funções no local a empresa de tecnologia aeroespacial portuguesa, que é totalmente independente da universidade.

“Fomos informados de que quatro funcionários estiveram envolvidos neste incidente. Lamentavelmente, um deles faleceu”, afirmou José Paulo Santos, diretor do conselho científico da FCT, em declarações. A universidade já garantiu que a segurança dos estudantes e trabalhadores não está em causa.

Notícia atualizada às 20h20 do dia 04/07/2024

Comecemos pelo Partido dos Monstros Chalupas. O seu líder, Grande Uivo da Esperança, dificilmente será um dos 650 deputados que irá sentar-se nos bancos verdes na Casa dos Comuns (a câmara baixa do Parlamento). A mesma sorte terá o Conde Cara de Caixote do Lixo. No entanto, isso não os impede de terem imensa piada e fazerem propostas alucinadas, como a nacionalização da cantora Adele, proibir que os croissants custem mais de uma libra ou que os antigos primeiros-ministros (aqueles que estejam vivos, e há oito) sejam obrigados a cumprir o serviço militar obrigatório. O sentido de humor e a excentridade fazem parte integrante dos britânicos e ninguém pode levar a mal que, entre os 392 partidos registados haja uma diversificada oferta ideológica e de entretenimento para todos os eleitores. Com um pormenor adicional: em campanha eleitoral, e esta durou apenas seis semanas, cada candidato e cada movimento afirma o que lhe apetece porque também não é verosímil que alguma vez entre em vigor, no Reino de Carlos III, a legislação que o principal partido nacionalista de Gales, o Plaid Cymry, gostaria de ver aprovada: criminalizar os políticos que mentem ou fazem falsas promessas. A intenção seria credibilizar o debate político e melhorar a relação entre governantes e governados; sucede que esta iniciativa está condenada ao fracasso e não existe em parte alguma do mundo. Portanto, não é de estranhar que os dirigentes e os militantes do Partido Conservador afirmem que Londres está prestes a ser a “capital planetária da imigração clandestina” e que o Labour continue sem explicar como vai construir 12 mil novas prisões, renacionalizar os caminhos de ferro contratar 6500 novos professores, resolver definitivamente as reinvindicações dos médicos em início de carreira, erguer 1,5 milhões de casas de baixo custo, ou fazer com que a sexta maior economia do mundo cresça a um ritmo de 2,5% ao ano até ao final da legislatura. 

Assim sendo, como é que alguém pouco conhecido, com uma taxa de popularidade de 30% e com quase metade da população (49%) a considerar que ele não é de fiar – os dados são da consultora YouGov – consegue ser primeiro-ministro? Como é que um indivíduo discreto, tímido, sem pinga de carisma e descrito há cinco anos pela Economist como um “chato” [“dull”], se prepara para conquistar uma maioria histórica para o Partido Trabalhista e impor uma derrota humilhante ao Partido Conservador, a formação criada há quase dois séculos por Robert Peel e que já foi também comandada por Benjamin Disraeli, Winston Churchill ou Margaret Thatcher? 

Conde Cara de Caixote do Lixo (Count Binface) Foto: Getty

Antes das respostas relacionadas com o escrutínio desta quinta-feira, 4 de julho, vamos às origens da misteriosa e polémica personalidade, filho de um operário e de uma enfermeira. Nascido há 61 anos num bairro modesto do sul de Londres, os pais, ambos militantes do Partido Trabalhista, chamaram-lhe Keir Starmer, para homenagearem um dos fundadores do Labour (James Keir Hardie). Apesar de ser muito bom aluno e ter um excelente ouvido para a música (aprendeu a tocar violino, flauta e piano), para desgosto dos progenitores, o pequeno Keir tinha uma paixão incontrolável pelo desporto rei. O seu sonho era jogar na equipa do Arsenal. Até que um dia, quase no final da adolescência, percebeu que o seu futuro não estava no futebol. Primeiro elemento da família a ingressar na universidade, fez toda a educação em escolas públicas e, após se formar em Direito, em Leeds, ganhou mais uma bolsa para continuar a estudar em Oxford.

Especula-se que a personagem de Mark Darcy, do filme, Diário de Bridget Jones, (interpretada por Colin Firth) é inspirada em Keir Stermer

Em 1987, o jovem doutor Starmer inicia uma brilhante carreira como jurista, envolve-se nas grandes causas sociais contra a revolução neoliberal de Thatcher, especializa-se em direitos humanos e assume – por norma, pro bono – a defesa de vários condenados à pena de morte, nos países da Commonwealth. A sua reputação chega ao conhecimento de uma jornalista, Helen Fielding, que decide lançar-se nas lides literárias. Quando ela publica o Diário de Bridget Jones, depois adotado ao cinema e protagonizado por Renée Zellweger, especulou-se que a personagem de Mark Darcy (interpretada por Colin Firth) era inspirada em Keir Stermer. O advogado da vida real era solteiro e as suas proezas nas salas de audiência já eram relatadas nos tablóides, mas nunca ninguém confirmou que fosse ele o desajeitado galã a inspirar um dos maiores êxitos hollywoodescos do início do século. Keir deixara para trás as simpatias trotskistas e era um leal funcionário de sua Majestade Isabel II. Uma biografia não autorizada, The Starmer Project – A Journey to the Right (O Projeto Starmer – Uma Viagem para a Direita), da autoria de Oliver Eagleton, acusa-o de ser uma figura ambiciosa e ambivalente, que foi igualmente capaz de representar agentes acusados de violência policial, soldados envolvidos em crimes na Irlanda do Norte e espiões do MI5 que sequestraram indivíduos suspeitos de terrorismo com o propósito de colocar estes últimos nas masmorras de Guantánamo. A verdade é que os bons ofícios do causídico nascido em Southwark, junto ao Tamisa, lhe permitiram chegar ao topo do Crown Prosecution Service (o equivalente a Procurador Geral da Coroa), cargo que desempenhou entre 2008 e 2013, sendo logo a seguir recompensado com o título de cavaleiro da “honorabilíssima Ordem do Banho”, pelo então príncipe de Gales (atual rei Carlos III), razão pela qual pode e deve ser tratado como Sir. Aliás, é curioso como a generalidade da imprensa britânica, do Times à Economist, passando pelo Sun e pelo Financial, o trata com toda a deferência e, como manda a tradição mediática anglosaxónica britânica, aconselhou os eleitores a voltarem nele – quanto mais não seja por ser um mal menor. 

O resultado está à vista. Resultado. Salvo qualquer surpresa ou cataclismo de última hora, o novo primeiro-ministro vai chamar-se Keir Starmer, o Labour deve duplicar o número de deputados e obter cerca de 420 lugares (bastam 326 para a maioria absoluta), enquanto os conservadores se habilitam ao pior desaire eleitoral das últimas décadas.

Ou seja, amanhã, sexta-feira, por volta da hora do chá, já depois de ter ido ao Palácio de Buckingham e estar devidamente instalado com a mulher e os dois filhos menores no número 10 de Downing Street, deve ter a sua equipa ministerial definida e cumprir o seu ritual de desligar das tarefas oficias, para se dedicar por inteiro à família.  

Durante a campanha, entre outros mimos, os tories acusaram-no de querer ser um chefe de Governo a tempo parcial e, à moda de Trump, puseram-lhe o cognome de Sir Sleepy (Senhor Soneca, numa tradução livre e eufemística). 

Muito provavelmente um sinal de desespero do partido que governou ininterruptamente desde 2010 e cujo balanço está longe de ser famoso. “Os sucessivos governos conservadores fracassaram naquele que deve ser o objetivo de qualquer administração – deixar o país em melhor estado do que aquele em que o encontraram”, escreveu o Daily Telegrah. A sorte dos tories é de tal forma previsível que o chefe de campanha do partido e vários dirigentes apostaram quantias mais ou menos avultadas na própria derrota, dando origem a uma investigação judicial que envolve até um dos guarda-costas do Rishi Sunak. Como uma desventura nunca vem só, Sunak pode ficar na história como o único primeiro-ministro em funções a perder o seu círculo eleitoral e não conseguir sentar-se no Parlamento. 

As estatísticas podem ser cruéis: 7,6 milhões de doentes nas listas de espera do NHS; 4,5 milhões de crianças na pobreza; 2,5 milhões de pessoas que dependem de três mil bancos alimentares para não passarem fome; recuo de 4% do PIB devido ao Brexit; salários estagnados e inferiores aos que se praticavam há década e meia; os impostos mais elevados desde o fim da Segunda Guerra Mundial e um rendimento anual dos contribuintes que é, em média, 12 mil euros mais baixo do que acontece em França ou na Alemanha. Keir Starmer assevera que não aumentará a carga fiscal das famílias, que vai investir na saúde, na educação, na segurança e nas infraestruturas, e que os seus exemplos são Clement Atlee (primeiro-ministro entre 1945-1951) e Harold Wilson (1964-1970 e 1974-1976), dois dos melhores governantes na história do Reino. O mais provável é que não tenha sequer direito aos costumeiros 100 dias de estado de graça.

LISBOA

1. Cinema na Esplanada

Filme Only Angels Have Wings. Foto: Coleção da Cinemateca Portuguesa

Na Cinemateca, as projeções da nova temporada do Cinema na Esplanada, algumas em 35 mm, acontecem em julho e agosto e há 100 lugares para ocupar, com a possibilidade de se poder jantar. São cerca de 30 filmes, da Hollywood dos anos 30 até à produção cinematográfica das últimas décadas. Nesta sexta, 5, antecipa-se o DocLisboa’24 com ¿Cómo Ves?, de Paul Leduc, e no sábado, 6, passam Rosemary’s Baby, de Roman Polanski. Entre os destaques, está Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, de João Salaviza e Renée Nader Messora (23 jul) ou a célebre colaboração entre Cuba e URSS, Soy Cuba, de Kalatozov (26 jul). Cinemateca Portuguesa > R. Barata Salgueiro, 39 > T. 21 359 6200 > até 31 jul, seg-sáb 21h45 (ago, 21h30) > €3,20 (com o jantar, mínimo de consumo €12, oferta de bilhete, reservas em 39degraus.pt)

2. Cine Society no hotel Ritz

Foto: D.R.

É com o clássico Boneca de Luxo, de Blake Edwards e com Audrey Hepburn, que se iniciam na sexta, 12, as sessões de cinema ao ar livre no terraço do hotel Ritz. Entre julho e agosto, há mais três filmes para ver a partir das 21h – The Grand Budapest Hotel (19 jul), La La Land: Melodia de Amor (26 jul) e Meia-Noite em Paris (2 ago) –, fruto da parceria com a Cine Society. Desde 2017 que Chris Wood e Phil Ilic repetem, todos os verões, estas experiências cinematográficas imersivas no exterior, com os espectadores munidos de auscultadores, evitando distrações, assim como o ruído para quem não participa. Até outubro, a Cine Society exibe filmes no Carmo Rooftop e, novidade desta edição, na Doca da Marinha. Mas voltemos ao Ritz, onde haverá um menu exclusivo, com smash burgers, baos de camarão, hambúrgueres vegetarianos e pipocas, para acompanhar os filmes. O Ritz Pool Bar oferece uma bebida de boas-vindas, entre as 18h e o início da sessão. Ritz Four Seasons Hotel Lisboa > R. Castilho, 77 > jul-ago, sex 21h > €13,90 (com auscultadores, sem comida)

3. CineConchas

Foto: José Frade/EGEAC

Um dos primeiros ciclos de cinema ao ar livre a aparecer na cidade está de regresso ao lugar de sempre, a Quinta das Conchas, no Lumiar, parque de 24 hectares que desde 2008 lhe serve de sala. Organizado pelo Centro Social da Musgueira em parceria com a EGEAC, tem sessões gratuitas para toda a família. Este ano, acontecem três vezes por semana (qui-sáb), até 13 de julho. Nesta quinta, 4, exibe-se Eu, Capitão, do realizador italiano Matteo Garrone, uma história de dois primos senegaleses que resolvem deixar a família em Dacar e tentar a sorte na Europa; na sexta, 5, é a vez de Anatomia de uma Queda, um drama familiar realizado por Justine Triet, e no sábado, 6, Profissão: Perigo, de David Leitch. Na próxima semana, cartaz inclui Vidas Passadas, de Celine Song (11 jul, qui); Duna: Parte Dois, de Denis Villeneuve (12 jul, sex) e o filme de animação Trolls 3 – Todos Juntos! (13 jul, sáb). Jardim da Quinta das Conchas, Al. das Linhas de Torres > até 13 jul, qui-sáb 21h45 > grátis

4. Black Cat Cinema

Foto: Josefa Searle

Dizermos que a novidade de 2024 da Black Cat Cinema são as atuações musicais antes de cada sessão é reforçar o espírito de diversão e convívio deste ciclo de cinema, em que também se come e bebe, e que se distingue pelos lugares onde acontece. Nos meses de julho e setembro, passa pelo Palácio do Grilo, onde serão exibidos seis filmes – a primeira sessão, neste domingo, 7, terá Pobres Criaturas com Emma Stone. Nos dias 28 e 29, ocupa os claustros da Igreja da Graça, com Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos e o clássico Férias em Roma, de William Wiler, e marca encontro no terraço do IDB Rooftop para ver West Side Story, no dia 16, e Romeu e Julieta, de Baz Luhrmann, a 10 de setembro. Igreja da Graça > Lg. da Graça > Palácio do Grilo > Cç. do Duque de Lafões, 1 > IDB Rooftop > Pç. José Queirós, 1 > jul e set, 19h > €13,15 (não inclui comida)

5. Gaivotas no Pátio

Foto: Marcos Borga

Nos meses de verão, no Polo Cultural das Gaivotas assiste-se à projeção de filmes inseridos no programa Gaivotas no Pátio, que inclui outras atividades como concertos, espetáculos de dança e visitas guiadas. Este ano, o ciclo de cinema, com sessões no pátio e intervenções dos convidados e público, acontece até 4 de setembro com a curadoria dos Filhos de Lumière e sob o tema O que é a Liberdade? O Corpo, o Sentimento de Si. O primeiro filme a exibir, na quarta, 10, é Like Someone in Love, de Abbas Kiarostami, seguindo-se, a 17, Verdes Anos, a primeira longa-metragem realizada por Paulo Rocha, obra fundamental do Cinema Novo português. Até ao final do ciclo, passam pelo polo cultural Pierrot Le Fou, de Jean-Luc Godard (24 jul), Stendalí , de Cecília Mangini; Uma Rapariga Imaterial, de André Godinho (31 jul); Amor Fati, da realizadora Cláudia Varejão (7 ago); Un Jour, Pina a Demandé, de Chantal Akerman (14 ago); Aos Nossos Amores, de Maurice Pialat (21); O Medo Come a Alma, de Rainer W. Fassbinder (28 ago), e Vitalina Varela, de Pedro Costa (4 set). Polo Cultural das Gaivotas > R. das Gaivotas, 8, Lisboa > T. 21 817 2600 > até 4 set, qua 21h30 > grátis

6. Cinema ao Ar Livre

No bairro dos Anjos, há cinema ao ar livre todas as quartas, à noite no hotel Upon Angels. No pátio, em ambiente intimista, exibem-se películas de vários géneros. Até ao final deste mês vão ser exibidos Sexo e a Cidade II (10), The Idea of You (17), Padrinho…mas Pouco (24) e Homecoming (A film by Beyoncé) (31). Upon Angels > R. dos Anjos, 10, Lisboa > T. 210 732 230 > €14 (inclui um copo de vinho e um pacote de pipocas)

7. Benfica ao Luar

Nos jardins do Palácio Baldaya, as sessões de cinema também estão de regresso. Nesta edição de Benfica ao Luar conte-se com quatro noites de filmes, de quinta a domingo, entre os dias 25 e 28 de julho. O ciclo começa com Os Inseparáveis (25), depois vem Oppenheimer (26), A Sala dos Professores (27) e encerra com Pobre Criaturas (28). A entrada é gratuita e as sessões têm início às 22 horas. Palácio Baldaya > Estr. de Benfica, 701 > T. 21 269 6799 > 25-28 jul, qui-dom 22h > grátis

8. Alvalad’Arte

O Fantasma da Liberdade, de Luis Buñuel Foto: D.R.

Começamos por dizer que é um festival de música e cinema ao ar livre, onde também há foodtrucks e a possibilidade de fazer um piquenique. Organizado pela Junta de Freguesia de Alvalade, em parceria com o Museu de Lisboa – Palácio Pimenta e o Alvalade Cineclube, o Alvalad’Arte acontece todos os sábados do mês de julho. A sala ao livre são os jardins do Palácio Pimenta, no Campo Grande, onde neste sábado, 6, a partir das 21h30, se vai assistir ao filme O Fantasma da Liberdade, de Luis Buñuel. Seguem-se Lobo e Cão, de Cláudia Varejão (13), O Trabalho Liberta e 25 de Abril, de Edgar Pêra (20) e por fim, No Intenso Agora, de João Moreira Salles. Museu de Lisboa – Palácio Pimenta > Campo Grande > 6, 13, 20, 27 jul, sáb 21h30 > grátis

9. Cine Alfama

No bairro de Alfama, o cinema chega em formato de festival. Durante uma semana, entre os dias 22 e 27 de julho, o Cine Alfama traz mais de cinco dezenas de filmes para ver, entre as Escadinhas de São Miguel e o Museu do Fado. Trata-se de cinema independente selecionado pelo júri a partir de uma Open Call e há obras de vários géneros, provenientes de países europeus, mas também do Japão e Estados Unidos. O festival abre na segunda, dia 22, às 21h, com Judgment in Hungary e a presença da realizadora Ezster Hajdu e do convidado, Rogério Roque Amaro (Pluriversidade Comunitária), numa sessão que terá lugar nas escadinhas de São Miguel. Lg. de São Miguel e Museu do Fado > Lg. Chafariz de Dentro, 1 > 22-27 jul, 21h > grátis

PORTO E NORTE

10. Cinema na Vinha, Casa do Vinho Verde

Foto: DR

Não é fácil encontrar uma sala de cinema com a belíssima vista que os jardins da Casa do Vinho Verde nos proporciona. Vale a pena chegar antes de as sessões começarem – quartas e quintas, as portas abrem às 20h45 –, para se sentar nas espreguiçadeiras (uma novidade deste ano) ou na relva, e ficar a olhar o anoitecer sobre as águas do rio Douro. Promovido pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, o ciclo Cinema na Vinha (que se estende a várias quintas daquela região vinhateira, ver em baixo) inclui provas de vinho de diferentes perfis e um sorvete feito com as castas Alvarinho, Vinhão, Avesso e Loureiro, uma criação do chefe António Vieira. 

O programa deste ano, dedicado ao tema “50 Anos de Liberdade” e com a curadoria de Paulo Cunha e Tiago Fernandes, estende-se até 1 de agosto com filmes que atravessam várias geografias, desde o Japão à Alemanha, ou até mesmo à aldeia minhota de Lanheses. Tome nota das sessões: O Meu Belo Sol Interior, de Claire Denis (4 jul); Retrato da Rapariga em Chamas, de Céline Sciamma (10 jul); Querido Diário, de Nanni Moretti (11 jul); The Florida Projects, de Sean Baker (17 jul); Chucking Express, de Wong Kar-Way (18 jul); O Movimento das Coisas, de Manuela Serra (24 jul); A Sala de Professores, de IIker Çatak (25 jul); O Mal Não Está Aqui, de Ryûsuke Hamaguchi, e, a fechar, Do Fundo do Coração, de Francis Ford Coppola (1 ago). Casa do Vinho Verde > R. da Restauração, 318, Porto > T. 22 607 7300 > até 1 ago, qua-qui 21h30 > €10 > inscrição prévia em vinhoverde.pt

11. Oásis, na Praça da Batalha

Em julho, o Cinema Batalha organiza um dos primeiros ciclos de cinema ao ar livre da cidade deste verão. Em plena Praça da Batalha, o ciclo Oásis propõe seis sessões gratuitas com obras norte-americanas de culto, desde 1955 a 1983: Do Fundo do Coração, de Francis Ford Coppola (12 jul); A Sombra do Caçador, de Charles Laughton (13 jul); Um Dia de Cão, de Sidney Lumet (17 jul); Depois do Anoitecer, de Kathryn Bigelow (18 jul); Direito por Linhas Tortas, de Sidney Poitier (19 jul) e, finalmente, Negócio Arriscado, de Paul Brickman (20 jul). Ao mesmo tempo, no interior do Batalha Centro de Cinema ficará exposta Uma Noite Americana, uma exposição da autoria de quatro artistas da América do Norte que através de “movimentos deambulatórios noturnos” exploram “contextos culturais, paisagísticos e psíquicos particulares. Pç. da Batalha, Porto > 12-20 jul, 21h30 > grátis 

12. Noites do Pátio na Universidade do Porto

Em julho, o pátio do Polo Central da Universidade do Porto (na Reitoria) volta a abrir-se a várias atividades ao ar livre e o cinema (às 21h30) é uma delas. Integrado no II Ciclo de Cinema Peruano exibem-se quatro longas-metragens do cinema atual do Peru: Las Mejores Famílias, de Javier Fuentes León (5 jul); Margarita, ese dulce caos, de Frank Pérez-Garland (12 jul); Peso Gallo, de Hans Matos Camac (19 jul); e Deliciosa Fruta Seca (26 jul), de Ana Caridad Sánchez. Já em parceria com o Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela (CineEco) são exibidos The Last Transhumance, de Dragos Lumpan (10 jul); O Grito da Raposa na Noite Fria, de Rui Pedro Lamy (17 jul); e Passagem dos Elefantes, de João e Miguel Manso (24 jul). Polo Central da Universidade do Porto (entrada pela Cordoaria) > jul, 21h30 > grátis  

13. Cinema Paraíso, em Vila Nova de Famalicão

Foto: DR

O anfiteatro natural do Parque da Devesa volta a receber o ciclo de cinema ao ar livre, que se repete há 25 anos. Até 21 de agosto, às 22 horas, são exibidos filmes para todos os públicos, numa parceria entre o Cineclube de Joane, a Casa das Artes e a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, tanto neste jardim como em algumas freguesias. Depois do arranque com Dias Perfeitos, de Wim Wenders (3 jul), o Parque da Devesa recebe a versão portuguesa de Patos! (10 jul), Os Excluídos (17 jul), Wonka (14 ago) e Reino Animal (21 ago). Na freguesia de Outiz, no adro da igreja de Gemunde, exibe-se Milagre em Milão (14 jul), e em Avidos, no parque de merendas, o filme O Rapaz e a Garça (21 jul).  Parque da Devesa e freguesias de Vila Nova de Famalicão > jul-ago, 22h > grátis  

14. Cinema nas quintas da Região dos Vinhos Verdes

Em julho e agosto, o ciclo Cinema na Vinha estende-se a 11 produtores de Vinho Verde. No meio das vinhas ou nas adegas, as sessões de cinema serão um bom pretexto para provar os vinhos e conhecer as quintas desde Cabeceiras de Basto a Melgaço, Monção e Ponte de Lima. A primeira sessão acontece neste sábado, 6, na Quinta de Santa Cristina, em Celorico de Basto, com o filme O Último Autocarro, de Gilles MacKinnon, que será tambem exibido na Adega de Ponte de Lima (26 jul), e na Quinta da Aveleda (27 jul). O Meu Burro, o Meu Amante e Eu, de Caroline Vignal, pode ser visto na Quinta dos Encados, em Guimarães (12 jul), enquanto que O Nosso Último Verão na Escócia, de Andy Hamilton e Guy Jenkin, será exibido na Quintas de Melgaço (13 jul), na Adega Edmund do Val, em São Julião, Valença do Minho (19 jul), na Quinta da Raza, em Celorico de Basto (20 jul) e no Monverde Wine Experience Hotel, em Amarante (3 ago). Do programa, constam ainda Há Festa na Aldeia, de Jacques Tati, na Casa da Tojeira, em Cabeceiras de Basto (2 ago) e na Quinta das Arcas, em Sobrado (9 ago). O filme Liberdade, de Clara Roquet, encerra o ciclo na Quinta de Lourosa, em Lousada (10 ago). Várias quintas > jul-ago, sex-sáb > €10 > inscrição prévia em vinhoverde.pt