Investigadores da Universidade Estatal da Pensilvânia, nos Estados Unidos, desenvolveram uma ferramenta personalizada para analisar basebands (os processadores usados pelos telefones para se conectarem à rede de telecomunicações) integrados em smartphones de diferentes marcas e descobriram um conjunto de vulnerabilidades que podem colocar em causa a privacidade dos utilizadores.

As vulnerabilidades foram encontradas em componentes fabricados pela Samsung, MediaTek e Qualcomm, usados em smartphones Google, Oppo, OnePlus, Motorola e Samsung. Os investigadores disponibilizam a sua ferramenta no GitHub para que outros especialistas também possam detetar mais falhas nas redes 5G.

Para perceber como as vulnerabilidades podem ser exploradas por hackers, os peritos conseguiram ‘enganar’ os smartphones ao ligarem-se a uma torre de telecomunicações falsa e, a partir daí, simularam ataques. “O ataque é completamente silencioso”, conta o investigador Kai Tu ao Tech Crunch.

Ao explorarem as vulnerabilidades os hackers conseguem, por exemplo, passar-se por um dos contactos e enviar uma mensagem de phishing de aspeto credível, direcionando as vítimas para páginas maliciosas para roubar as suas credenciais de acesso a serviços.

De acordo com a equipa, a maior parte dos fabricantes, incluindo a Samsung e a Google, que foram notificados acerca deste problema já corrigiram as falhas. Até agora, 12 vulnerabilidades foram detetadas e corrigidas.

Com um total de nove modalidades desportivas, os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896, na cidade de Atenas, abriram as portas à maior competição desportiva do mundo. Com modalidades como o atletismo, ciclismo, natação, ginástica ou a esgrima, as olimpíadas foram crescendo, ao longo das edições, incorporando cada vez mais desportos. Desde o skate – introduzido nos Jogos de Tóquio em 2020 – à estreia do breaking – também conhecido como break dance – na edição atual dos Jogos Olímpicos, as olimpíadas contam com um total de 32 desportos. Mas outros deixaram de fazer parte. É o caso do tiro aos pombos, mergulho à distância ou corridas de barcos com motor, modalidades que, apesar de não terem permanecido como parte das competição, integram a sua história.

Escalada de corda (1896-1932)

Integrada nas provas de ginástica, a escalada de corda fez parte de sete edições dos Jogos Olímpicos, desde o seu início, em 1896, e até 1932, nos Jogos de Los Angeles. Com uma premissa simples, o objetivo da prova passava por alcançar o topo da corda o mais rápido possível. Nas olimpíadas de 1904, realizadas em St. Louis – as primeiras onde foram entregues medalhas – o ginasta George Eyser, naturalizado nos Estados Unidos, tornou-se o primeiro campeão olímpico a conquistar três medalhas de ouro – incluindo uma na escalada de corda – com uma perna protética. 

Jogo da corda (1900-1920)

O tradicional jogo da corda também já fez parte dos Jogos Olímpicos. Com duas equipas – de oito elementos cada – colocadas em cada extremidade de uma corda, o objetivo deste jogo de força passa por puxar – ou arrastar – os adversários de forma a que cruzem uma linha central colocada a meio do campo. Com uma estreia na segunda edição dos Jogos, em Paris em 1900, o jogo da corda durou cinco edições, tendo sido cortada da competição em 1920 – após as olimpíadas realizadas na Antuérpia, na Bélgica – depois do Comité Olímpico Internacional ter realizado uma série de mudanças ao programa olímpico, de forma a cortar o número de desportos e de participantes.

Tiro ao Pombo (1900)

Com a sua estreia – e final – nos Jogos de Paris de 1900, neste evento olímpico ganhava quem matasse – literalmente – o maior número de aves possível. Estima-se que durante o evento tenham morrido cerca de 300 pombos, com a Bélgica – pelas mãos de Leon de Lunden – a conquistar a medalha de ouro. Nas edições seguintes, a organização dos Jogos decidiu deixar de utilizar alvos vivos na competição, o que se verificou com uma nova modalidade, o Tiro ao veado, introduzida em 1908, em que o objetivo seria acertar em figuras de veados, em movimento, feitas em cartão.

Croquet (1900)

Geralmente confundido com o críquete – um dos desportos mais populares do mundo – o croquet envolve bater em bolas de madeira ou plástico com um pequeno taco de forma a que estas atravessem arcos – também designados de “wickets” – colocados estrategicamente num campo de jogo. À semelhança de outras modalidades, como o tiro ao pombo, o croquet contou apenas com uma edição, em 1900, na cidade de Paris, tendo sido descrito por um relatório dos Jogos Olímpicos como um desporto “sem quaisquer pretensões atléticas”.

Natação com obstáculos (1900)

Os Jogos Olímpicos de Paris de 1900 acolheram ainda várias provas aquáticas, incluindo uma corrida de natação com obstáculos. Disputadas no rio Sena – à semelhança das olímpiadas atuais – a prova consistia em nadar por cima e por baixo de uma série de obstáculos dispostos no percurso aquático. Abandonada após uma edição devido à falta de espectadores, o grande vencedor da prova foi o Reino Unido (com as medalhas de ouro e bronze) e a Áustria (com a prata).

Mergulho à distância (1904)

Outra modalidade abandonada pela falta de interesse dos espetadores foi o “mergulho à distância”, que teve lugar em 1904, nos Jogos de St. Louis, nos Estados Unidos. O objetivo desta modalidade era chegar o mais longe possível, debaixo de água, após um mergulho. Depois de saltar, o atleta devia permanecer debaixo de água, imóvel e na posição horizontar, de barriga para baixo. A distância era medida quando o atleta tirasse a cabeça da água ou decorridos 60 segundos. Tendo durado apenas uma edição, o vencedor da prova, em que só participaram norte-americanos, foi William Dickey. O desporto foi depois retirado das olimpíadas por “não ser considerado, por muitos, suficientemente atlético”, segundo o site oficial dos Jogos Olímpicos.

Duelo de pistolas (1908)

Contrariamente às restantes modalidades presentes neste artigo, o duelo de pistolas foi um evento desportivo que teve lugar durante os Jogos Olímpicos intercalares não oficiais, que se realizaram em 1906, em Atenas. Protegidos com o uso de vestuário específico, máscara e óculos de proteção, os concorrentes deste evento deviam disparar um sobre o outro com balas de cera a uma distância entre os 10 e os 20 metros. Apesar de não ter sido considerado um desporto olímpico não oficial foram entregues medalhas, com a França a conquistar o ouro.

Corrida de barcos a motor (1908)

“De todos os muitos eventos organizados pela Associação Olímpica Britanica, estes foram os mais infelizes no que diz respeito ao tempo”, pode ler-se no Relatório Oficial da competição sobre a prova olímcipa de corrida com barcos a motor, realizada uma única vez, em 1908, nos Jogos de Londres. Inicialmente prevista para julho, devido a problemas meteorológicos, a prova teve de ser adiada para agosto. “A forte agitação marítima tornou a regata um empreendimento de algum risco considerável e roubou-lhe todo o seu prazer, exceto para os entusiastas mais convictos”, continuou o relatório.

Natação sincronizada …a solo (1984-1992)

O solo de natação sincronizada foi uma modalidade, mais recente, introduzida nos Jogos de Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1984. A sincronização dos movimentos, defendem os seus participantes, seria com a própria música. Com apenas três edições – em Seul, em 1988, e em Barcelona, em 1992 -, a competição acabou por dar lugar ao formato atual, desempenhada a pares ou grupos. Nas três edições em que existiu, as medalhas foram atribuídas apenas a atletas dos Estados Unidos, Canadá e Japão, as únicas nações com distinções na modalidade.

Ballet em ski (1988-1992)

Já disputada nos desportos de inverno, o Ballet em Skis – também designado por Acroski – nunca chegou a ser considerada uma verdadeira disciplina olímpica, com a distribuição de medalhas. Popular nas últimas décadas do século XX, o Ballet em skis, fez parte dos Jogos de 1988, no Canadá, e dos Jogos de Albertville de 1992, em França, através de demonstrações da modalidade. Para esta modalidade, os atletas deveriam executar uma coreografia em skis, com cerca de dois minutos, ao som de música.

O que torna um desporto numa competição olímpica?

Conhecido pela sigla COI, o Comité Olímpico Internacional é o organismo responsável pela organização dos Jogos Olímpicos desde 1896. É também o órgão que define os desportos de permanecem, são adicionados ou excluídos das olimpíadas a cada edição. Mas há uma lista de critérios que devem ser cumpridos para que um desporto seja considerado uma modalidade parte dos Jogos Olímpicos. Aspetos como o alcance global, regras bem definidas e estabelecidas, considerações éticas, impacto ambiental e igualdade de género são considerados para que um desporto seja designado enquanto Olímpico.

Leia também

+ De diplomas a medalhas, que prémios recebem os atletas premiados dos Jogos Olímpicos?

+ Como correr mais rápido deixou de ser só mérito do atleta

+ Cinco dos momentos mais divertidos, insólitos e efusivos do lado B dos Jogos Olímpicos

Palavras-chave:

A Microsoft terá assinado um contrato com a Samsung Display para o fornecimento de “centenas de milhares” de ecrãs micro-OLED que se destinam a equipar o aparelho que está a ser desenvolvido para rivalizar com o Vision Pro da Apple. A informação, partilhada por publicações na rede social X e originalmente avançada pelo website sul-coreano The Elec, junta-se aos rumores de que a Microsoft quer criar um aparelho de realidade mista focado no entretenimento e consumo de media.

A Microsoft não está sozinha nesta corrida, com a Sony, Samsung, Meta e Google a estarem também a trabalhar em aparelhos semelhantes, em parceria com fabricantes como a LG ou a Qualcomm, noticia o website Digital Trends. Recorde-se que a empresa de Redmond já teve um percursor neste caminho, o HoloLens, mas, nesta fase, o destino do HoloLens 3, a iteração mais recente, ainda é incerto.

Segundo a imprensa sul-coreana, que cita fontes da indústria, o aparelho de realidade mista da Microsoft pode chegar ao mercado em 2026, antes da Sony e Google (que ainda não revelaram datas de lançamento) e da própria Meta (que espera chegar em 2027).

Este tipo de aparelhos ainda não ‘enche as medidas’ dos críticos e dos utilizadores, mas está aberto o caminho para uma nova geração de headsets que seja capaz de cumprir as expetativas.

A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA) tem um plano de contingência para fazer regressar os dois astronautas da nave espacial Boeing Starliner que estão retidos na Estação Espacial Internacional (ISS) desde 5 de junho.

Se entretanto a Boeing não conseguir fazer regressar os astronautas a bordo da Starliner, em segurança, o regresso acontecerá em fevereiro do próximo ano numa missão de transporte que ficará a cargo da SpaceX (rival da Boeing no setor aeroespacial).

Segundo a publicação The Verge, o regresso dos astronautas Barry Wilmore e Sunita Williams a bordo da Starliner ainda é a solução preferida dos responsáveis da NASA, mas o recurso à SpaceX é agora oficialmente apresentado como um ‘plano B’. Caso os astronautas acabem por regressar a bordo da aeronave da SpaceX, a Boeing depois terá de reconfigurar a Starliner para que possa voltar à Terra, mas sem pessoas a bordo.

Ainda segundo a agência Reuters, numa reunião que decorreu nesta semana com os responsáveis da NASA para esta missão, não houve um consenso entre os participantes de que o regresso a bordo da Boeing Starliner seja seguro. “Ouvimos muitas pessoas que tinham preocupações e a decisão não foi clara”, sublinhou Ken Bowersox, líder de operações espaciais da NASA.

A Boeing Starliner está acoplada à Estação Espacial Internacional desde 5 de junho, depois de uma missão de lançamento aparentemente bem sucedida. O plano original era os astronautas ficarem apenas oito dias no Espaço – prazo que já foi largamente ultrapassado. Segundo as informações que têm sido partilhadas, a Starliner terá ficado com problemas no sistema de propulsores, além de terem sido registadas fugas de hélio.

No início deste mês, a própria Boeing registou, nos seus relatórios de contas, um prejuízo de 125 milhões de dólares (cerca de 115 milhões de euros ao câmbio atual) diretamente relacionado com os resultados aquém do esperados da missão Starliner.

Derek Drummond foi o primeiro a sentir “todo o peso da lei”. O Governo britânico tinha prometido que os envolvidos nos motins, alimentados a fake news, que se seguiram ao ataque à faca numa aula de dança na cidade costeira de Southport, no noroeste de Inglaterra, perto de Liverpool (que resultou na morte de três crianças, incluindo uma lusodescendente) seriam rapidamente julgados e que receberiam “todo o peso da lei”. Ontem saiu a primeira sentença: três anos de prisão para o homem de 58 anos que admitiu ter participado nos desacatos e agredido um polícia. O mesmo tribunal, de Liverpool, decidiu ainda penas de prisão para Declan Geiran, de 29 anos, e Liam Riley, de 40, embora mais curtas: 30 e 20 meses respetivamente. Já com mais de 400 pessoas detidas, novas sentenças serão conhecidas hoje e nos próximos dias.

ataque foi levado a cabo por um jovem de 17 anos, nascido no País de Gales e de ascendência ruandesamas não foi isso que tinha corrido, e continuou a correr e a alimentar o ódio na Internet e nas ruas, cortesia da extrema-direita (mesmo depois de as autoridades revelarem a sua identidade para tentar acalmar os ânimos): que se tratava de um imigrante ilegal de origem muçulmana, que teria chegado ao Reino Unido de barco, em 2023, como refugiado.

Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas interrompeu as audições até setembro, depois de uma reta final atribulada. Afinal, o que já se sabe e o que falta saber sobre como as duas crianças receberam, em Portugal, um dos tratamentos mais caros do mundo? Vejamos ponto por ponto.

O estranho caso dos emails-fantasma

Um momento tenso entre Maria João Ruela e André Ventura. A assessora do Presidente da República para os Assuntos Sociais não conseguia precisar como Marcelo Rebelo de Sousa lhe tinha pedido para intervir no caso das duas gémeas. O líder do Chega insistia na existência de um email que não estava entre a documentação enviada por Belém à CPI e que Ruela admitia poder ter-se perdido nestes cinco anos, que se passaram sobre o caso. “Se não está aí [o email] é porque me foi transmitido por outra via”, exasperava-se a assessora perante a insistência de Ventura, que queria saber como tinha tomado conhecimento do pedido do filho do Presidente.

Ainda a audição a Maria João Ruela decorria e já chegava à CPI um ofício da Presidência, no qual se explicava que o referido email não existia em Belém. “Verificado o dossier, constata-se que, efetivamente, um tal email não existe nem nos nossos dossiers, nem nos dossiers enviados à PGR e à CPI”, dizia o chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, nesse texto, concluindo que, se não estava nos arquivos, nunca tinha existido. “Tal só pode significar que o mail de Sua Excelência o Presidente da República terá sido enviado em papel por mim à Doutora Maria João Ruela.”

Quase uma semana depois, Belém enviava mais dois emails à CPI. Segundo as notícias da RTP e do Correio da Manhã, o email no qual Frutuoso de Melo lhe pedia para intervir, reencaminhando o que lhe havia chegado do Presidente (assim como outro relacionado com o caso), foi encontrado por Maria João Ruela, no dia a seguir à sua audição, na sua caixa de correio e reencaminhado pela Presidência para a CPI.

Uma revelação inesperada

A última semana de trabalhos na CPI ficou marcada por uma revelação inesperada. O deputado do PSD, António Rodrigues, teve acesso a documentação relacionada com o processo, que os pais das gémeas moveram à seguradora que cobria as filhas para a obrigar a pagar o muito dispendioso tratamento que à data estava disponível no Brasil para a atrofia muscular espinhal. Rodrigues assegurou-se de que a informação não estava protegida por nenhum sigilo e entregou-a depois à CPI. A entrega evitou que a comissão avançasse com uma queixa-crime por desobediência qualificada contra a mãe das meninas, Daniela Martins, que se recusava a informar o Parlamento sobre a identidade da seguradora. Com essa informação na mão, os deputados entenderam que não havia necessidade de fazer queixa da mãe.

Um mistério chamado Juliana

A confirmação de que as crianças eram seguradas pela AMIL pode ser essencial para se perceber o caso. Isto porque o facto de as gémeas terem sido tratadas em Portugal no SNS levou a seguradora a poupar milhões com o tratamento disponível no Brasil e que obrigava a uma toma anual, durante toda a vida, com um custo de €300 mil por criança por ano.

Comissão de Inquérito foi constituída por iniciativa do Chega, e André Ventura tudo tem feito para “entalar” Marcelo

À data, a AMIL fazia parte do mesmo grupo do que o Hospital dos Lusíadas, onde as crianças chegaram a ter consulta marcada com a Dra. Teresa Moreno, a médica que viria a segui-las no Hospital de Santa Maria. A consulta foi, contudo, desmarcada pouco antes de os pais terem assegurado que as filhas seriam atendidas no Santa Maria.

Ora, a AMIL tem no Brasil uma parceria com a corretora MDS, na qual, segundo o jornal Eco (que cita fonte oficial do grupo), a companheira de Nuno Rebelo de Sousa será agente. Na página de LinkedIn de Juliana Vilela Drumond, essa informação não aparece, mas o certo é que Juliana está em CC em todas as comunicações feitas por Nuno Rebelo de Sousa sobre o caso, com um Gmail em que o seu nome aparece ligado à palavra “seguros”. Isso mesmo notou o deputado do PSD António Rodrigues, que apresentou um requerimento para ouvir Juliana, aprovado por unanimidade.

Peça-chave para o puzzle

Carla Silva, a antiga secretária do então secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, é outra das peças-chave do puzzle que é este caso. Carla tinha trabalhado, durante anos, no Hospital de Santa Maria, antes de ir para a Secretaria de Estado da Saúde, e foi ela quem marcou a consulta das gémeas naquele hospital, violando a lei ao fazê-lo, uma vez que as crianças deveriam ter sido, antes, referenciadas num centro de cuidados de saúde primários.

Lacerda Sales negou sempre ter dado ordem a Carla Silva para marcar a consulta, e o depoimento da antiga secretária pode ser fundamental. Carla pediu à CPI para ser ouvida à porta fechada. A comissão terá uma reunião de mesa e coordenadores, no dia 13, para decidir se aceita o pedido feito ao abrigo do Artigo 15º, nº 1, alíneas a) e b) do Regime Jurídico dos Inquéritos Parlamentares, que permite audições à porta fechada “por uma questão de privacidade ou de matérias mais delicadas”. Mas terá sempre de ser validado pela CPI.

Marcelo mantém suspense

Nunca um Presidente da República foi ouvido numa Comissão Parlamentar de Inquérito. Mais: à luz da lei, só o Supremo Tribunal de Justiça pode decidir em casos que envolvam esta figura do Estado. Marcelo começa por lembrar isso mesmo na resposta que enviou à CPI sobre o pedido de audição, que pode ser por escrito (uma prerrogativa de que gozam também os primeiros-ministros atuais e antigos e os presidentes da Assembleia da República em funções ou não). Feita a ressalva, Marcelo deixa a porta aberta a prestar esclarecimentos, mas só após concluídas todas as outras audições. “No caso vertente, sendo público que um número elevado de cidadãos irá ainda ser ouvido, o Presidente da República, que já se pronunciou publicamente sobre a temática em apreço, reserva a sua decisão quanto a nova pronúncia, para momento posterior a todos os testemunhos, por forma a ponderar se existe matéria que o justifique”, escreveu Rebelo de Sousa.

Audições em agenda

António Costa responderá por escrito à CPI. Os deputados têm até ao dia 6 de setembro para elaborar um questionário, que pode conter até 90 perguntas e ao qual Costa terá de responder num prazo de dez dias a contar da receção. Não se conhece nenhuma relação direta entre o então primeiro-ministro e este caso, a não ser o facto de o pedido, feito pela Presidência, ter sido encaminhado por mail (com outros cinco) para o seu chefe de gabinete, que o reencaminhou para o Ministério da Saúde.

O depoimento da antiga secretária de Lacerda Sales, que marcou, aparentemente de forma irregular, a consulta, pode ser fundamental para se esclarecer alguns contornos do caso

Já Augusto Santos Silva, que à data era ministro dos Negócios Estrangeiros, terá de responder sobre se houve alguma irregularidade na forma célere com que foi atribuída a nacionalidade portuguesa às gémeas nascidas no Brasil, o que era essencial para terem direito a serem seguidas no SNS. Até agora, todos os depoimentos têm sido no sentido de se assegurar que os procedimentos foram os normais (mais céleres quando estão em causa bebés filhos de pais portugueses). Ao contrário de Costa, Santos Silva decidiu depor presencialmente e não por escrito. Aos microfones da Renascença, disse ter “curiosidade” sobre as perguntas que lhe serão feitas

Marta Temido, então ministra da Saúde, será ouvida na CPI, no dia 27 de setembro. Paulo Jorge Nascimento, ex-cônsul de Portugal em São Paulo e atual embaixador de Portugal na República Popular da China, vai depor no dia 13 de setembro, por videoconferência.

O suspeito silêncio do filho

“Pelas razões referidas, não respondo.” A frase foi repetida à exaustão a cada pergunta dos deputados a Nuno Rebelo de Sousa, que tinha começado a audição a invocar o “conselho profissional” dado pelos advogados. Constituído arguido no caso, o filho do Presidente tem o direito ao silêncio para não se incriminar. “Sem respostas, todas as hipóteses estão em cima da mesa, desde o altruísmo mais desapegado ao lobismo com contrapartidas”, atirou Joana Mortágua, deputada do BE.

João Paulo Rebelo, do PS, também ficou sem resposta, quando perguntou, de forma muito direta, se Nuno tinha recebido ou se esperava receber algum tipo de contrapartida pela intervenção no caso. “Adensa esta teoria de que o Dr. Nuno Rebelo de Sousa é um lobista”, advertiu-o o deputado socialista, já depois de António Rodrigues, do PSD, ter ironizado sobre a “história de ficção” de um verdadeiro “Robin dos Bosques da Solidariedade”, uma narrativa que considerou ser insustentável face ao “muro de silêncio” em torno do caso.

A omissão deliberada de Belém

O caso das gémeas chegou ao conhecimento de Marcelo Rebelo de Sousa via email do filho para o seu endereço pessoal. Foi essa mensagem que Marcelo resolveu encaminhar para o chefe da Casa Civil, que, por sua vez, o passou à assessora dos Assuntos Sociais de Belém, para que averiguasse o que se poderia fazer para ajudar as crianças.

Depois de a Presidência ter recolhido informações sobre o caso e depois de Nuno Rebelo de Sousa ter insistido em ter uma resposta, Fernando Frutuoso de Melo acabaria por reencaminhar, por email, todo o processo clínico das crianças para o chefe de gabinete do primeiro-ministro. “Para evitar a habitual interpretação errónea, em particular qualquer tratamento diferenciado, dado o parentesco do peticionário com o Presidente da República, decidi deliberadamente omitir a identificação de quem tinha feito chegar tal solicitação por email à Presidência da República”, disse Frutuoso de Melo, na sua audição na CPI.

Palavras-chave:

Ainda estamos a digerir os aromas do magnífico jardim, pensado de raiz para alimentar o Austa, e já temos um cocktail com endro nas mãos. Enquanto saboreamos esta frescura no copo, Emma conta-nos tudo sobre este bom fruto saído da pandemia. Ela e David Campus deixaram Londres, durante a Covid-19, e também os empregos, na moda e em marketing, respetivamente – hoje são a gerente e o sommelier. Os pais de Emma já cá viviam há 20 anos e tinham um terreno livre, mesmo ao lado da sua loja de decoração, a Dunas Living, em Almancil, no Algarve.

O espaço exterior do Austa foi criado de raiz para nos envolver num misto de aromas. Da horta, saem muitos produtos para a ementa

Daí à abertura das portas do Austa, no final do verão passado, foi um ver se te avias, a afinar o conceito de “comida honesta, com ingredientes sazonais e produtores locais”, tal como anunciam na porta de vidro, em inglês. No entretanto, fizeram um périplo por produtores nacionais, à procura daqueles que se ajustavam ao que eles gostariam que fosse o seu restaurante.

A sustentabilidade é, afinal, a ideia-base, em que o luxo não se vê, mas que se sente a cada garfada e especialmente na descontração do ambiente. Aqui tudo tem uma história, do vinho ao azeite, passando pela manteiga, feita a partir do leite de vacas de São Brás de Alportel. David Barata é o chefe que largou de vez o fine dining, para se sintonizar com o discurso do casal de ingleses. Depois de vários anos em Estrelas Michelin, é dele a carta deste restaurante, desde o pequeno-almoço ao jantar. “Queria fazer uma cozinha mais direta e descontraída, nunca abdicando da qualidade do produto, da proximidade e da microssazonalidade”, clarifica, no final de uma refeição em que tudo correu sem um único reparo.

Estes camarõezinhos fritos são um excelente snack, que sabem ainda melhor quando mergulhados na maionese de ervas do jardim
Lula de Quarteira, cortada em tiras muito fininhas, como se fosse massa de arroz. Engana os olhos, mas não o paladar!

Destacamos os pequeninos camarões-cristal, de Vila Real de Santo António, que, depois de fritos, mergulham de cabeça numa maionese de ervas do jardim, assim como a lula de Quarteira, cortada em tirinhas, a imitar massa de arroz. Embora este truque culinário engane bem os olhos, não consegue fazer o mesmo ao palato: a frescura do sabor a mar prova que se trata de um cefalópode. A ementa continua, sempre assim, com a denominação de origem, como o porco Feito no Zambujal ou a curgete (e a sua flor), colhida na horta lá de fora, zona em que também existe uma esplanada para as invejáveis noites quentes algarvias. Um luxo bem camuflado, a que só alguns têm acesso.

Chefe David Barata, o responsável pela alquimia que subjaz a todos os pratos do Austa

Austa > R. Cristóvão Pires Norte, Almancil > T. 96 589 6278 > ter-sáb 9h30-17h 19h-21h30