Temos o país em chamas. Não há bombeiros que cheguem, meios aéreos poderosos, e prevenção que nos acuda. Há abnegação e coragem dos bombeiros, das forças da GNR e particularmente dos populares que estão sempre na linha da frente. Um país que arde, sem capacidade de controlo, não é um país, é uma coisa ardida. Todos os anos, cedo ou tarde, vem esta desgraça de destruição, de vidas perdidas e feridas e de paisagens negras de fumo e cinzas.

Isto não pode ser o nosso triste fado, o desígnio nacional. Dupliquem o número de bombeiros, de equipamentos de combate, de aviões, de helicópteros, e de tudo o que faz falta nestas situações dramáticas. Num lapso de tempo, assistimos a uma infindável tragédia na Madeira, à morte no Douro de cinco jovens da GNR e agora a estas desgraças indescritíveis.

O primeiro-ministro está diretamente a acompanhar todas as operações, e isso pode ter um significado positivo: ficará com a imagem correta do que falta para se fazer frente a dezenas de incêndios num só dia, e estará habilitado a tomar todas as medidas necessárias. Para agora, e para o futuro.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A GNR informou, em comunicado, que a vítima mortal do incêndio em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, é um homem, de 28 anos, de nacionalidade brasileira.

O corpo foi encontrado carbonizado, por volta das 15h30, na zona florestal do Sobreiro. O homem seria funcionário de uma empresa que se dedica à exploração florestal e terá ido, juntamente com outros trabalhadores, recuperar alguma maquinaria que se encontrava numa zona afetada pelo incêndio.

A Polícia Judiciária foi chamada ao local para assumir a investigação da ocorrência.

Duas pessoas morreram nos incêndios de Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, avançou a Lusa. Fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil disse à agência de notícias que uma pessoa ficou carbonizada no fogo de Sever do Vouga e outra sofreu um ataque cardíaco no incêndio de Albergaria-a-Velha. Não há, para já, informações sobre a identidade destas vítimas mortais.

A região de Aveiro está hoje completamente rodeada de chamas. O incêndio de grandes dimensões em Albergaria-a-Velha já atingiu, pelo menos, 20 casas e deixou várias pessoas desalojadas. Há ainda a registar danos em automóveis, dois armazéns e um escritório. Ao início da tarde, o presidente da  Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, António Loureiro, tinha confirmado, em declarações aos jornalistas, que havia quatro feridos. Neste momento, há também povoações em risco no concelho de Sever do Vouga.

Os incêndios no distrito de Aveiro obrigaram a cortes em quatro autoestradas (A1, A25, A29 e A17) e várias outras estradas nacionais e vias secundárias. A circulação ferroviária também tinha sido interrompida esta manhã, na Linha do Norte, mas, entretanto, já foi reaberta.

O Plano Distrital de Emergência de Proteção Civil de Aveiro foi ativado às 08h45, na sequência da “grave situação” provocada pelos incêndios florestais nos municípios de Albergaria-a-Velha, Águeda, Sever do Vouga e Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro; estes municípios já tinham ativado os seus Planos Municipais de Emergência de Proteção Civil.

A Proteção Civil recomenda à população que siga as orientações das autoridades e que evite a permanência em locais próximos das zonas afetadas pelos incêndios, fazendo apenas as “deslocações essenciais”. A situação é tão complicada que a Câmara Municipal de Aveiro apelou à população para que reduza o consumo de água “ao mínimo indispensável”.

Segundo o site da Proteção Civil, às 16h30, havia cinco fogos de grandes dimensões no distrito de Aveiro, sendo o que envolve mais meios o de Oliveira de Azeméis, com 616 operacionais, apoiados por 205 viaturas e sete meios aéreos.

As chamas continuam a não dar tréguas em Soutelo, Albergaria-a-Velha (PAULO NOVAIS/LUSA)

Um bombeiro morreu em Oliveira de Azeméis

Durante a última madrugada, um bombeiro que combatia o incêndio em Oliveira de Azeméis morreu, vítima de uma paragem cardiorrespiratória.  O operacional, que fazia parte da corporação de bombeiros de São Mamede de Infesta, estava a fazer uma pausa para a refeição quando se sentiu mal. O homem de 60 anos ainda foi assistido no local por uma equipa do INEM, mas acabaria por morrer. 

O Ministério da Administração Interna já emitiu um comunicado a lamentar esta morte. “Neste momento de grande consternação e luto, o Ministério da Administração Interna quer endereçar sentidas palavras de solidariedade e os mais sinceros pêsames à família, aos amigos, ao Corpo de Bombeiros Voluntários de São Mamede de Infesta e a todos os bombeiros e agentes da proteção civil que combatem neste preciso momento e sempre, os incêndios em Portugal”, lê-se na nota.

Há ainda o registo de cinco bombeiros feridos, quatro deles no incêndio em Oliveira de Azeméis. Um destes bombeiros encontra-se em “estado grave”, mas não está em risco de vida. Um outro bombeiro ficou ferido no fogo que lavra no município de Águeda.

Montenegro cancela agenda de terça-feira. Von der Leyen “ao lado de Portugal”

O primeiro-ministro anulou a agenda prevista para amanhã para acompanhar o evoluir dos incêndios. Luís Montenegro tem estado a supervisionar a coordenação do combate aos incêndios e tem também mantido contactos com líderes da União Europeia e de parceiros europeus para garantir o apoio internacional necessário ao abrigo do Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Ao abrigo deste mecanismo, França, Espanha, Itália e Grécia vão enviar oito meios aéreos para ajudar neste combate.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu, na rede social X (ex-Twitter), que “a UE está ao lado de Portugal na luta contra os grandes incêndios florestais”. Luís Montenegro agradeceu o apoio, numa mensagem publicada naquela plataforma.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) vai realizar, às 20h00, um novo ponto de situação, que será feito pelo comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes. O alerta máximo por causa dos incêndios vai vigorar até ao final de terça-feira.

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Estamos habituados, nos últimos anos, sobretudo em solo europeu, a ouvir que as novas eleições norte-americanas são as mais preponderantes deste século. Isto deve-se, não só, à conjuntura geopolítica mundial, marcada pela tensão e confrontos (políticos, económicos, tecnológicos, culturais) em várias regiões, envolvendo direta ou indiretamente super-potências, mas também, consequência desta conjuntura, pelas posições dos candidatos à Casa Branca – nomeadamente, as suas visões sobre a presença dos EUA no mundo e à relação que têm com os seus parceiros, principalmente a União Europeia.

Com as eleições de 2024 dos Estados Unidos aí à porta, cresce a preocupação em torno de um dos maiores receios da democracia liberal (norte-americana e não só, diga-se): a integridade do sistema eleitoral e a possível manipulação por forças externas e internas. O conceito de “hacking democracy” — interferência tecnológica e de informação que busca influenciar resultados eleitorais e minar a confiança pública —, presente nos compêndios de “guerra híbrida”, “guerra cibernética” ou “guerra cognitiva, tornou-se um dos maiores desafios à estabilidade democrática das últimas décadas.

A contextualização de um fenómeno (quase) impossível de parar

O termo “hacking democracy” transcende a ideia tradicional de violação de sistemas computacionais. O conceito ganhou relevância global em 2016, quando a intelligence norte-americana concluiu que a Rússia, sob ordens diretas do Kremlin, interveio ativamente nas eleições presidenciais. O uso de hackers, “trolls”, bots automatizados e campanhas coordenadas de desinformação tornaram-se estratégias eficazes para polarizar a sociedade americana, enfraquecer instituições democráticas e favorecer determinados candidatos.

Indo à raiz das interferências digitais em contextos eleitorais, recordemo-nos do paradigmático caso da Estónia, nas eleições de 2007. Este é um exemplo crucial para entender-se os dias de hoje.

Resumidamente, esta operação contra a Estónia visou tanto as suas infraestruturas governamentais quanto privadas. Ocorreu no meio de graves tensões políticas com a Rússia, relacionadas à remoção de uma estátua soviética em Tallinn. Para enquadrar o leitor, durante várias semanas, sites do governo, dos bancos, de órgãos de comunicação e até de partidos políticos foram alvo de ataques DDoS. A intenção era desestabilizar e paralisar a infraestrutura digital da Estónia. Ou seja, não só o ataque afetou serviços essenciais, incluindo sistemas bancários e de telecomunicações (as operações financeiras foram interrompidas, causando grandes transtornos à economia e à vida dos cidadãos), o site do governo ficou offline – dificultando o acesso a informações oficiais -, mas também portais de notícias e meios de comunicação social foram atacados, afetando a capacidade dos média de informar o público, aumentando o pânico, a confusão e intensificando a disrupção.

“Hackear” sistemas não é assim tão difícil

A segurança da infraestrutura de votação tornou-se uma preocupação crucial devido ao potencial de ataques cibernéticos para perturbar o processo eleitoral. Este tipo de operação pode visar diversos componentes da infraestrutura eleitoral, desde sistemas de inscrição em listas eleitorais até máquinas de votação e sistemas de informação administrativos.

Países que adotam máquinas de votação eletrónica enfrentam desafios adicionais, exigindo a implementação de políticas de segurança específicas. Testes conduzidos em países como Estónia, Suíça e França identificaram vulnerabilidades críticas, ressaltando a necessidade de medidas de proteção mais robustas.

Os ataques cibernéticos à infraestrutura de votação podem ter várias motivações. Podem ser usados para adiar a votação, ou para atrasar a eleição de um partido desfavorecido. Além disso, podem ser direcionados para apagar votos, minando a confiança dos eleitores nas instituições e representantes; mas também para alterar a contagem de votos.

Na Ucrânia, durante as eleições presidenciais de maio de 2014, ocorreram ataques num contexto marcado por graves tensões políticas e militares (recorde-se, a anexação da Crimeia).

A infraestrutura eleitoral ucraniana tornou-se um alvo principal para ataques cibernéticos vários dias antes das eleições, quando o sistema eleitoral central da Ucrânia foi comprometido, resultando na exclusão de arquivos críticos essenciais para a contagem de votos. Essa intrusão cibernética tornou o sistema de contagem de votos inoperável. Embora o sistema tenha sido restaurado usando backups, os resultados das eleições foram atrasados por duas horas.

Antes das eleições, “CyberBerkut”, um grupo hacktivista – alegadamente operado pelos serviços de inteligência russos GRU -, divulgou prints como prova do sucesso da operação. Além disso, houve tentativas de manipular o resultado das eleições através da instalação de um malware destinado a falsificar a totalidade dos votos computadorizados.

Outras técnicas, em várias geografias (… todas elas geopoliticamente importantes)

Mas há outras operações igualmente comuns e eficazes. “Hack and Leak”, por exemplo, envolvem um planeamento de uma intrusão cibernética de longo prazo, visando sistemas de informação de um partido político ou a um candidato a uma eleição. Em 2016, durante a eleição presidencial dos EUA, cerca de 19 000 emails internos do Comité Nacional Democrata foram comprometidos e expostos por uma operação cibernética, segundo o que dizem, de origem russa, conduzida pelos grupos APT28 e APT29, operados pelos serviços de inteligência russos (GRU e SVR).

A mesma técnica – uma identidade falsa a reivindicar a operação – foi posteriormente usada em 2017 para a operação “MacronLeaks”. Mais de 20.000 emails internos relacionados com a campanha de Macron foram expostos, durante as eleições presidenciais francesas desse ano, dois dias antes da votação final. Novamente, várias investigações atribuíram a ação à intelligence russa, GRU.

Em fevereiro de 2024, as eleições em Taiwan foram amplamente visadas por operações de ciber-influência, algumas delas ativas desde 2018. Uma pesquisa sobre as eleições locais de 2018 concluiu que a desinformação influenciou a perceção de cerca 50% dos eleitores taiwaneses sobre notícias e as suas escolhas de voto. Notavelmente, eleitores politicamente não afiliados, mais suscetíveis às informações falsas, tenderam a apoiar candidatos alinhados com o Kuomintang, favorável à China.

Voltando ao Tio Sam

As eleições presidenciais de 2016 dos EUA marcaram (ou intensificaram) o início de uma nova era de preocupação com a interferência estrangeira. A CIA e o FBI confirmaram que hackers russos atacaram sistemas de registo de eleitores em pelo menos 39 Estados e tiveram acesso a software utilizado para gerir os processos de votação. Embora não haja evidência de que houve alteração de votos, o simples acesso aos sistemas colocou em xeque a integridade do processo eleitoral.

Além dos ataques cibernéticos, a interferência russa incluiu uma extensa campanha de desinformação nas redes sociais. Perfis falsos, operados por trolls russos, disseminaram mensagens polarizadoras e manipulativas. Essas mensagens reforçavam teorias da conspiração e ampliavam tensões sociais pré-existentes, como questões raciais, imigração e a questão das armas.

Quatro anos mais tarde, o mesmo. Apesar de não haver indicações de que atores estrangeiros tenham tentado alterar qualquer aspecto técnico do processo de votação nas eleições dos EUA em 2020, o relatório do Diretor de Inteligência Nacional avalia que a China, a Rússia e o Irão conduziram campanhas de desinformação e ciber-influência contra as eleições. As operações russas tinham como objetivo “denegrir a candidatura do Presidente Biden e do Partido Democrata, apoiar o ex-Presidente Trump, minar a confiança do público no processo eleitoral e agravar as divisões socio-políticas”. O Irão utilizou técnicas semelhantes, mas com um objetivo diferente: minar as perspetivas de reeleição de Trump, embora sem promover diretamente os seus rivais.

Além disso, durante estas eleições, observou-se uma crescente interferência de atores domésticos, utilizando as mesmas técnicas de disseminação de desinformação, adotadas por países estrangeiros. A proliferação de fake news, exacerbada pelo uso de redes sociais, levou a um aumento sem precedentes na desconfiança do público em relação à segurança e legitimidade das eleições.

Perante isto, não sabemos o que pode aí vir

É certo que a administração Biden teve especial atenção às vulnerabilidades cibernéticas dos EUA, com o refinamento da segurança cibernética eleitoral, a melhoria na cooperação federal-estadual, o reforço da resiliência das infraestrutura crítica e o aumento da consciencialização pública e política, perante ataques e desinformação estrangeira.

No entanto, continuam a haver grandes vulnerabilidades no sitema eleitoral norte-americano. A fragmentação do mesmo coloca em sérios riscos às eleições deste ano, num contexto, por si só, bastante complexo. O sistema eleitoral dos EUA é altamente descentralizado, com cada Estado sendo responsável pelas suas próprias regras, tecnologia e infraestrutura de votação. Apesar dos investimentos, os sistemas continuam antiquados e desatualizados, com padrões de segurança desiguais entre os Estados, aumentando as suas vulnerabilidades. Além disso, a fragmentação dificulta uma resposta nacional coesa às ameaças.

O uso de ransomware (extorsão por meio de sequestro de dados digitais) é também uma ameaça crescente. Em 2020, autoridades federais e estaduais enfrentaram um aumento significativo no número de tentativas de ataques cibernéticos contra sistemas eleitorais, um problema que certamente continuará a ser uma preocupação em 2024.

A disseminação de desinformação por meio de redes sociais continua a ser uma ferramenta poderosa para minar a confiança pública nas eleições. A manipulação de algoritmos para aumentar a visibilidade de mensagens polarizadoras e a criação de contas falsas continuam também a ser desafios significativos.

Nesse sentido, os Estados Unidos enfrentam riscos contínuos e possivelmente exacerbados nas eleições de 2024. A erosão da confiança pública nos processos democráticos, resultado da desinformação e das alegações infundadas de fraude, torna o eleitorado mais suscetível à manipulação. A possibilidade de que atores estrangeiros — e internos — aproveitem essas divisões para influenciar os resultados eleitorais ou provocar caos é significativa.

A combinação de tecnologias vulneráveis, uma infraestrutura eleitoral fragmentada e a proliferação de fake news criam um terreno fértil para a disrupção. Além disso, a crescente tensão política e securitária no país e fora dele, cria um ambiente propício para que atores malignos prosperem.

A democracia está mesmo sob ataque.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave:

Portugal está sob alerta máximo por causa dos incêndios. Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga e Oliveira de Azeméis são algumas localidades mais afetadas pelas chamas que deflagraram este domingo. Segundo os últimos dados da proteção civil, 70 pessoas já foram retiradas das suas habitações, nas regiões Norte e Centro, em resultado dos incêndios rurais. As chamas obrigaram ainda a cortes de trânsito nas autoestradas A25, A1, A29, A17 e A32 e no Itinerário Complementar (IC) 2, e provocaram condicionamentos ferroviários.

Portugal deve receber ainda hoje dois aviões espanhóis para reforço do combate às chamas no seguimento de um pedido feito à União Europeia. Estão previstos também mais dois meios aéreos franceses.

Devido ao agravamento do perigo de incêndios rurais, o Governo decretou, este domingo, Situação de Alerta para todo o território do continente até às 23:59 de terça-feira . 

O trabalho desenvolvido pelos investigadores debruça-se sobre “armazenamento de energia sem massa”, com vista à criação de um sistema que é simultaneamente uma bateria, mas também parte da estrutura de um equipamento, No futuro, a descoberta pode abrir, por exemplo, caminho a smartphones com a espessura de cartões de crédito, com baterias que são também parte do chassis do telefone. Mas há mais áreas com potencial de uso desta criação, como a da mobilidade elétrica.

A equipa descobriu como criar uma bateria a partir de compósito de fibra de carbono, duro como alumínio e que pode ser usado para o corpo de um veículo elétrico e funcionar como a sua bateria.

Os cientistas sugerem que podem ser criados veículos com um peso significativamente menor. Em alternativa, esta bateria pode ser emparelhada com uma bateria convencional e ajudar a aumentar a autonomia. Citado pelo website BGR, Leif Asp, que lidera a equipa, afirma que “fizemos as contas para carros elétricos que mostram que podem andar mais 70% do que atualmente se tivessem baterias estruturais competitivas”.

O grupo está a trabalhar nesta solução há vários anos, tendo já mostrado em 2018 que a fibra de carbono pode armazenar energia. Desde então, o foco tem passado por aumentar a dureza do material e a densidade da energia, chegando em 2021 aos 24 Wh por quilo, e aumentado para os 30 Wh por quilo agora em 2024.

Já no que respeita a smarphones, Leif Asp detalha que “é possível imaginar que o desenvolvimento de um telefone do tamanho de um cartão de crédito, ou um portátil que pese metade do que pesam hoje em dia, estejam mais próximos”. “Pode ser também que os componentes eletrónicos de carros e aviões possam ser alimentados por baterias estruturais. Vai exigir grandes investimentos para se conseguir cumprir as necessidades desafiantes da indústria dos transportes, mas é também onde a tecnologia pode fazer a maior diferença”, realça.

De acordo com a equipa, para pôr a bateria a funcionar, o trabalho passou por conseguir transformar a fibra de carbono em elétrodos positivos e negativos, eliminando a necessidade de utilizar cobre e alumínio e removendo os metais que poderiam entrar em conflito, como cobalto ou manganês, do elétrodo.

Os investigadores, que publicaram as suas conclusões num estudo da revista científica Advanced Materials, criaram uma startup chamada Sinonus que ambiciona explorar comercialmente esta descoberta.

Nem imprescindível a uma alimentação saudável nem inimigo da ciência de bem comer. A riqueza nutricional do leite de vaca – e seus mais ilustres derivados, iogurte e queijo – não o eleva a um pedestal sobranceiro, mas parece igualmente exagerado receá-lo como fonte nociva ao organismo. Esta ideia ganhou lastro nos últimos anos, o que poderá ter afetado a reputação dos laticínios. Por outro lado, se os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que o consumo de leite em Portugal caiu para níveis nunca vistos desde que há registos (1983), a gula dos portugueses por queijo anda nos píncaros.

Sem esquecer que a intolerância à lactose é sempre um fator a ter em atenção nestas contas, assim como a alergia à proteína do leite, embora esta com muito menor expressão na população (ver caixas), são de considerar outras possíveis causas para a queda acentuada da popularidade do leite: crescimento das dietas vegetariana e vegana, preocupações ambientais associadas à pecuária, simplesmente não se apreciar o sabor…

Exceção Entre os derivados do leite, a manteiga tem um estatuto nutricional bem abaixo dos pares, uma vez que praticamente se resume a gordura saturada

Dispensemos as especulações sobre a tendência do mercado, para nos determos nas virtudes e nos defeitos deste alimento e nas consequências do seu consumo na saúde humana, à luz da ciência da nutrição. Segundo Liliana Sousa, bastonária da Ordem dos Nutricionistas, trata-se de um “alimento completo”, desde logo “rico em proteína de alto valor biológico”, por ter na sua composição “aminoácidos essenciais, aqueles que o organismo não consegue produzir”, mas dos quais precisa para funcionar em pleno, obtendo-os através da alimentação. Também fornece hidratos de carbono (sobretudo, lactose), gordura (a maioria saturada), vitaminas A, D e B12 e ainda “micronutrientes em quantidades importantes”, como o cálcio e o fósforo, dois minerais relevantes na pujança de ossos e dentes.

Apesar de o cálcio se encontrar noutros alimentos, como os produtos hortícolas de folha escura (couves e espinafres, por exemplo), Maria João Gregório destaca a particularidade de este mineral surgir “mais biodisponível” no leite, no iogurte e no queijo. Significa isto, esclarece a diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, que “é mais facilmente absorvido pelo organismo” quando ingerido através de produtos lácteos, “os grandes fornecedores de cálcio” do corpo humano. Para uma ideia mais aproximada, a Associação Portuguesa de Nutrição equipara o cálcio absorvido numa porção de leite (um copo de 250 ml) ao de duas chávenas e meia de brócolos, ao de sete chávenas de feijão-vermelho ou ao de 170 g de amêndoas torradas. Só este último exemplo representa mais de metade da dose diária recomendada de calorias, mas isso é outra conversa.

Os substitutos

Em linha com as orientações que vigoram nos países ocidentais, a Roda dos Alimentos, guia alimentar português, recomenda duas porções de laticínios por dia para a generalidade da população e três porções diárias para crianças e adolescentes, pelo facto de enfrentarem “fases de maior crescimento e desenvolvimento”, nota Maria João Gregório. Também em consonância com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), deve apostar-se em produtos com o menor teor de gordura, considerando ainda o “sério problema da obesidade enquanto doença crónica em Portugal, que atinge mais de 20% da população adulta”.

Além da já referida dose de leite, uma porção pode traduzir-se num iogurte líquido ou num e meio sólido (200 g), em duas fatias de queijo fino (40 g), em 50 g de queijo fresco ou em 100 g de requeijão. “A regra básica da alimentação saudável é variar entre os diferentes alimentos de cada grupo alimentar, diariamente e semanalmente”, acrescenta a responsável.

Alergia que pode assustar

Reação descontrolada do sistema imunitário contra proteínas do leite de vaca é rara, mas ataca mais bebés e crianças

Tosse, rinite, erupção cutânea, comichão nos olhos, dor abdominal, náuseas, diarreia e vómitos são sinais de alerta, no caso de surgirem pouco tempo depois de ingestão ou contacto com leite de vaca. Refluxo, obstipação, anemia, inflamação nos pulmões ou nos intestinos são outras reações a vigiar, se aparecerem horas ou dias mais tarde. Estes são os principais sintomas a ter em conta quando estamos perante uma alergia à proteína do leite de vaca.

Ocorre, sobretudo, durante a infância e, como em qualquer outra alergia, é sempre imprevisível a resposta descontrolada do sistema imunitário a uma presença estranha no organismo. Nos casos mais graves, a falta de ar ou a zona do rosto inchada pode ser o prenúncio do chamado choque anafilático. É importante recorrer a uma urgência para iniciar tratamento o mais depressa possível.

Trata-se de uma alergia a uma ou várias proteínas do leite da vaca e em nada se relaciona com a intolerância à lactose. Muitas vezes, é por temerem uma situação deste género que os médicos pediatras, ao menor sinal suspeito, mandam parar o consumo de leite.

“É uma reação exagerada que envolve o sistema imunológico, semelhante a outras reações alérgicas e muitíssimo mais rara do que a intolerância à lactose”, explica o nutricionista Nuno Borges.

Por norma, o problema resolve-se com a introdução de fórmulas especiais infantis na dieta do bebé ou da criança.

Não é imperioso incluir os laticínios. Pesam 18% na Roda dos Alimentos, mas existem alternativas e é assim mesmo, no plural, que precisam de ser conjugadas. A nível proteico, Liliana Sousa destaca o ovo como equivalente (nomeadamente, a clara), a gordura e os hidratos de carbono abundam, e para suprir as vitaminas e os minerais recorre-se à fruta e aos vegetais. Só não vale apelidar as bebidas vegetais – que chegaram a ser designadas de leite mas já não o são – como substitutas do dito cujo, no seu todo. “Algumas são tão ricas em açúcares que se equiparam a um refrigerante, além de serem muito pobres em proteína”, sentencia a bastonária dos nutricionistas. Há de amêndoa, de aveia, de arroz, e a de soja fortificada com cálcio talvez seja a mais semelhante ao leite em valor nutricional.

“Não é por acaso que o leite se mantém em todos os guias alimentares, pelo menos nos ocidentais”, alvitra Nuno Borges, professor na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, da Universidade do Porto. A tirada, a propósito de comparações com as bebidas vegetais, lança-o na problemática dos eventuais riscos dos laticínios para a saúde, já associados a doença cardiovascular e a certos cancros.

“A única exceção, que demonstrou um ligeiro aumento de risco, é no cancro da próstata, relacionado com consumos lácteos acima das porções recomendadas. Em geral, as pessoas que respeitam as quantidades indicadas melhoram o seu perfil de saúde cardiovascular, da diabetes e de alguns tumores, sobretudo o cancro do colorretal”, salienta o nutricionista.

Estimativas da International Farm Comparison Network, organização sediada na cidade alemã de Kiel que estuda o mercado global dos laticínios, avançam que este mercado conta atualmente com sete mil milhões de consumidores. O mesmo é dizer que apenas mil milhões dos habitantes do planeta não fazem parte da equação. No relatório anual de 2023, referente ao ano anterior, a empresa voltou a registar um crescimento global, ainda que ligeiro (abaixo de 1%) na produção e no consumo de leite, tendência que se mantém há mais de duas décadas – muito à custa da Índia, principal produtor mundial.

Os adeptos do queijo

Um entusiasmo que não contagia a população neste extremo da Europa. Os 82,7 quilos de leite per capita consumidos em Portugal em 2012 passaram a 64,5 quilos per capita em 2022, o último ano com dados consolidados. Nunca a fasquia tinha descido tão baixo desde que há estes registos (o pico, em 1999, chegou aos 91,2 quilos per capita). Por contraste absoluto, 2022 foi o ano em que o consumo de queijo atingiu novos valores máximos: 14,6 quilos per capita. Faz sentido duvidar se a preocupação com a saúde terá alguma coisa a ver com tamanha quebra na ingestão de leite.

Em anos recentes, estudos longitudinais (os que acompanham os participantes ao longo de vários anos) têm sugerido a hipótese de a gordura saturada do leite de vaca não ser tão prejudicial como o mesmo tipo de gordura encontrada noutras fontes alimentares. Investigadores norte-americanos estão a proceder a uma meta-análise, que agrega as conclusões de vários estudos, para recolherem novas pistas. Por enquanto, não existem evidências capazes de gerar consenso na comunidade científica. Especialistas da Universidade de Harvard, por exemplo, contestam esta corrente de pensamento.

Alinhadas Vacas leiteiras aguardam pela recolha mecanizada do alimento branco, numa sala de ordenha. As preocupações com o ambiente e com o bem-estar animal contribuem para a perda de popularidade do leite

Nuno Borges acredita que há indicadores a apontarem para uma espécie de versão mais benevolente da gordura do leite. “As grandes revisões de estudos não confirmam aqueles receios de que o queijo, por ser um alimento gordo, aumente o tal risco cardiovascular, portanto, no que toca aos níveis de colesterol, à aterosclerose e aos enfartes, o que não deixa de ser estranho e, ao mesmo tempo, curioso”, reflete.

Diz mais: “Se é verdade indiscutível que as carnes vermelhas, os chouriços e as carnes processadas em geral, e até alguns óleos alimentares ricos em gorduras saturadas, como os de palma e os de coco, parecem estar associados a maior doença cardiovascular, sendo o mesmo válido para algumas formas de comer a gordura do leite, nomeadamente a manteiga e muito provavelmente as natas, já não está demonstrado que o consumo de leite gordo esteja associado a essa doença. É como o queijo. Quer isto dizer que o alimento onde está a gordura não é irrelevante, por isso entendo que a generalização dos efeitos da gordura saturada de outros alimentos para a do leite, que já vem desde os anos 1950, não é correta nos dias de hoje.”

As oscilações da Ciência

Colega de Nuno Borges na Faculdade de Ciência da Nutrição e Alimentação, Maria João Gregório reconhece que “a evidência científica sugere que a associação entre o consumo de ácidos gordos saturados e o risco cardiovascular depende essencialmente da sua fonte alimentar”, o que a induz a distinguir as consequências da gordura da manteiga da do leite de vaca, do iogurte e do queijo. Porém, em virtude de ser responsável por orientações a transmitir à população, quando pesa na balança “a revisão sistemática com meta-análise mais recente”, assume que o consumo de leite com teor de gordura mais elevado indica “um aumento do risco de mortalidade por todas as causas, por doença cardiovascular e por cancro”. Daí o guia alimentar nacional continuar a dar primazia às versões magras dos laticínios, tal como a OMS.

A chave do equilíbrio, perante o que hoje se conhece, passa por aconselhar o consumo de produtos lácteos de forma moderada, sem deixar de avaliar o melhor plano caso a caso. É o que Nuno Borges preconiza na sua prática clínica, na qual admite sugerir uma ou outra porção de leite de vaca gordo, se o utente precisar de mais energia, por exemplo, com o intuito de aumentar a massa muscular, e se apresentar “dificuldade em atingir o número de calorias necessário para esse efeito”. Da mesma forma, optará pelo leite magro se o objetivo do utente for perder peso.

Vegetais As bebidas alternativas ficam longe do leite na sua composição nutricional. A de soja será a que mais se aproxima, segundo os nutricionistas ouvidos pela VISÃO

Apesar do referido anteriormente sobre os cuidados a ter com o teor de gordura dos laticínios, Maria João Gregório alega que qualquer novo estudo em matéria de alimentação deve ser enquadrado “no contexto de toda a evidência já produzida sobre o tema”, o que a leva a garantir que “o consumo de laticínios, nas quantidades recomendadas, apresenta benefícios para a prevenção de alguns tipos de cancro, da diabetes tipo 2, de doença cardiovascular e ainda de hipertensão, síndrome metabólica, obesidade e osteoporose”.

Liliana Sousa, por sua vez, sublinha que entre os consumidores e os não consumidores “deve imperar a razoabilidade”. A bastonária acredita que o tempo dos fundamentalismos ficou para trás e que o leite gordo poderá mesmo voltar a desempenhar um papel importante, assim como “já foi um superalimento em períodos de fome mais difíceis da História”, por exemplo, na recuperação de certas doenças ou na resposta a carências nutricionais em franjas mais idosas da população. Porque se é incontestável que grande parte dos portugueses ingere quantidades de proteína a mais, não é menos verdade que o último Inquérito Alimentar Nacional, realizado em 2015-2016, identificou um consumo proteico abaixo do ideal em cidadãos mais velhos.

A grande intolerância

Dois terços da população no mundo e um terço em Portugal vivem com incapacidade

Estima-se que dois terços da população mundial sofram de intolerância à lactose, o que, na prática, se traduz por uma incapacidade total ou parcial do organismo para processar este que é o principal açúcar do leite e dos seus derivados.

Os sintomas mais comuns da condição estão diretamente relacionados com o mau funcionamento do aparelho digestivo e refletem-se em dores abdominais, gases, náusea e diarreia (não confundir com a alergia à proteína do leite). A gravidade dos mesmos depende da quantidade de lactose ingerida e do respetivo grau de intolerância de cada pessoa.

Em Portugal, cálculos da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia indicam que um terço da população não tolera a lactose, não beneficiando de uma alteração genética que os nossos antepassados foram adquirindo e transmitindo de geração em geração, e que permite ao organismo produzir a enzima lactase na idade adulta, o “antídoto” para digerir sem complicações a lactose.

Este pode ser um motivo para se deixar de consumir laticínios, mas hoje existem no mercado vários leites sem lactose que resolvem facilmente o problema, sem perda de qualquer nutriente além da própria lactose.

Na China, praticamente toda a população tem intolerância à lactose, enquanto nos países do Norte da Europa quase toda a gente ganhou a mutação genética que viabiliza a produção da enzima lactase.

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Numa publicação na rede social X, Dong Nguyen, o criador do original Flappy Bird, afirma que não tem nada a ver com a nova versão do jogo que está a ser promovida agora pela Flappy Bird Foundation. Esta é a primeira mensagem de Nguyen na sua conta da X desde 2017 e, além de clarificar que não está relacionado com o novo jogo, não vendeu nada e que não é um ‘apoiante’ de criptomoedas. Esta é a resposta à alegação da fundação que alega que “adquiriu os direitos à Gametech Holdings, LLC”.

Há cerca de dez anos, Nguyen retirou o jogo das lojas de aplicações por considerá-lo demasiado viciante, apesar de estar a faturar cerca de 50 mil dólares por dia em anúncios in-app. Agora, volvida uma década, departamento responsável por patentes nos EUA determinou em janeiro que Nguyen já não tinha direito à marca comercial do jogo.

No anúncio da nova versão do jogo, a Flappy Bird Foundation não afirma que Nguyen tenha estado envolvido no desenvolvimento do titulo, mas aposta em grande na nostalgia para o promover. O trailer do jogo, por exemplo, recorda a popularidade da versão original, mas também o seu desaparecimento abrupto, anunciando que “Em 2024, o Flappy Bird vai voar novamente”, avança o website The Verge.

No que respeita à visão partilhada sobre criptomoedas, acredita-se que Nguyen se esteja a referir a uma parte do website do novo jogo que indicaria que tal componente faria parte do título, como avançado por Varun Biniwale, investigador na área da cibersegurança.

O investigador descobriu algumas versões ‘escondidas’ do website da nova versão de Flappy Bird. Uma delas, indicava que Flappy Bird vai “voar mais alto que nunca em Solana à medida que entra na web 3.0”. A página em questão foi removida entretanto, sendo, no entanto, preservada através da Wayback Machine)

Para já, ainda não há data oficial para o lançamento do novo jogo, que estará disponível para para iOS e Android.

De acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, às 12h mais de 3100 operacionais combatiam 26 incêndios – entre fogos em curso, resolução e conclusão – em Portugal continental, com o auxílio de 980 meios terrestres e 30 meios aéreos. Vários municípios de todos os distritos de Portugal continental apresentam um perigo muito elevado e elevado de incêndio.

Cabeceiras de Basto

O incêndio no concelho de Cabeceiras de Basto, distrito de Braga, já consumiu uma casa e “está a ameaçar” outras habitações, estando a aldeia de Cambeses, indicou a Proteção Civil. “A situação é muito grave, sobretudo na freguesia de Riodouro. As chamas já consumiram uma casa e estão outras em risco e ameaçadas pelas chamas. Neste momento, está a ser protegida a aldeia de Cambeses”, explicou pelas 11h30 à agência Lusa o comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Ave.

Aveiro

De acordo com o ‘site’ da ANEPC, àquela hora estavam a ser combatidos três incêndios rurais na região de Aveiro: um que deflagrou esta manhã em Albergaria-a-Velha; outro que teve início em Sever do Vouga no domingo; e um fogo que deflagrou na tarde de domingo em Oliveira de Azeméis.

Em Albergaria-a-Velha, o incêndio que começou no domingo no concelho vizinho de Sever do Vouga chegou esta manhã a habitações localizadas na Cruzinha e na Vila das Laranjeiras. Segundo o presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha, há várias casas atingidas.

Os incêndios que lavram no distrito de Aveiro estão a motivar cortes nas autoestradas A1, A25 e A29, estando a Guarda Nacional Republicana a apelar para que os automobilistas não circulem nas zonas dos fogos.

Castelo Branco

No distrito de Castelo Branco, continuava ativo às 11:000 o fogo que deflagrou no domingo em Louriçal do Campo e que mobilizava 265 operacionais, com o apoio de 83 veículos e sete meios aéreos.

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O candidato republicano às eleições presidenciais norte-americanas estava a praticar golfe, este domingo, num dos seus clubes, o Trump International Golf Club, em West Palm Beach, no estado da Florida, quando os agentes dos Serviços Secretos que o acompanhavam ouviram disparos e avistaram um cano de espingarda tipo AK47 a sair de uma vedação do recinto e abriram fogo sobre um homem que se encontrava nos arbustos. O incidente ocorreu pelas 14 horas locais (18h em Lisboa), não havendo registo de feridos.

Em comunicado, o republicano, de 78 anos, garantiu que se encontra “seguro e bem” e que nada o fará desistir da corrida eleitoral, apelando ao voto republicano a 5 de novembro. “Houve tiros na minha vizinhança, mas antes que os rumores comecem a ficar fora de controlo, queria que ouvissem isto primeiro: EU ESTOU SEGURO E BEM!”, garantiu num email enviado aos seus apoiantes e citado pela agência Associated Press. O ex-presidente referiu ainda que a “sua determinação [de voltar à Casa Branca] é ainda mais forte depois de outra tentativa de assassínio”.

Segundo o FBI, o episódio está a ser investigado como uma aparente “tentativa de assassínio”. O suspeito – identificado como Ryan Wesley Routh – fugiu de imediato do local num veículo todo-o-terreno, e acabou por ser detido mais tarde num condado vizinho pelas forças policiais locais. A arma de fogo foi recuperada no local do incidente bem como duas mochilas com azulejos de cerâmica para aumentar o colete à prova de bala e uma GoPro onde o suspeito estava posicionado. “Todo este cenário indica um nível muito elevado de planeamento prévio”, disse à CNN Andrew McCabe, antigo diretor-adjunto do FBI.

Trump encontrava-se a passar o fim de semana na Florida após o encerramento de um comício sexta-feira à noite, em Las Vegas, Nevada, e de uma angariação de fundos no estado do Utah. É frequente jogar golfe no Trump International Golf Club West Palm Beach, um dos três campos que o empresário possui no estado.

Em julho, enquanto discursava num comício no estado da Pensilvânia, Trump foi atingido de raspão na orelha por um projétil. Desde então que o candidato republicano tem uma segurança reforçada.

Quem é Ryan Wesley Routh, o homem detido pela tentativa de assinato?

Ryan Wesley Routh, 58 anos, é um cidadão norte-americano que viveu durante a maior parte da sua vida no estado da Carolina do Norte antes de se mudar, em 2018, para Kaaawa, no Havai. O suspeito e o filho, segundo a Agência AP, geriam uma empresa de construção de barracões.

Routh era um utilizador frequente das redes sociais onde partilhava várias informações sobre a guerra na Ucrânia e geria um site que procurava angariar fundos e recrutar voluntários para se juntarem à luta contra a invasão russa. Apesar das suas publicações indicarem que já foi um republicano, nos últimos anos, Routh manifestou o seu apoio publicamente ao Presidente Joe Biden e à Vice-Presidente Kamala Harris, existindo até registados de doações que fez à campanha democrata. “Embora tenha sido minha escolha em 2016, eu e o mundo esperávamos que o presidente Trump fosse diferente e melhor do que o candidato, mas todos nós ficámos muito desapontados e parece que está a piorar e a deteriorar-se”, escreveu. “Ficarei feliz quando se for embora”

Numa publicação feita em abril referiu que a campanha de Biden deveria ser “chamada algo como KADAF. Manter a América democrática e livre. Trump deveria chamar-se MASA … make Americans slaves again master (tornar os americanos novamente escravos). A democracia está em votação e não podemos perder”, escreveu.

Após o primeiro ataque a Trump, na Pensilvánia, o suspeito incentivou Harris e Biden a visitarem os feridos no hospital. “Tu e o Biden deviam visitar as pessoas feridas no hospital durante o comício de Trump e assistir ao funeral do bombeiro assassinado. Trump nunca fará nada por eles”, escreveu num post.

Segundo os registos policiais, enquanto vivia na Carolina do Norte, Routh teve vários problemas com a polícia, sendo condenado em 2002 por posse de uma arma de destruição maciça.

A resposta democrata

Face à nova tentativa de assassinato de Trump, o ainda Presidente Joe Biden manifestou-se “aliviado” pelo opositor republicano estar em segurança e deu ordens para reforçar a sua proteção. Através de uma nota divulgada pela Casa Branca, Biden pediu à sua administração que garanta que os Serviços Secretos “têm todos os recursos, capacidades e medidas de proteção necessárias para garantir a segurança contínua” de Trump. “Um suspeito está sob custódia e elogio o trabalho do Serviço Secreto e dos seus parceiros responsáveis pela aplicação da lei pela sua vigilância e esforços para manter o ex-presidente e aqueles que o rodeiam em segurança. Estou aliviado por o ex-presidente estar ileso”, referiu o Presidente. “Como já disse muitas vezes, não há lugar para a violência política ou para qualquer tipo de violência no nosso país”, acrescentou.

Também Kamala Harris, opositora de Trump pela liderança da Casa Branca, já se pronunciou sobre o incidente condenando a violência e dizendo estar “profundamente perturbada” com o episódio. “Fui informada da ocorrência de tiros perto do antigo Presidente Trump e da sua propriedade na Florida e estou feliz por ele estar são e salvo. A violência não tem lugar na América”, escreveu a ainda vice-presidente na rede social X.