Se olharmos apenas para a folha de despesas de material (BOM, de bill of materials) conclui-se que o Google Pixel 9 Pro custa muito menos dinheiro a produzir do que o novo iPhone de topo da Apple. O relatório com as estimativas, citado pela publicação GSM Arena, não foi confirmado oficialmente por nenhuma das marcas, mas mostra que o Pixel 9 Pro totaliza 406 dólares (cerca de 375 euros ao câmbio atual) em componentes, enquanto a Apple paga 568 dólares (cerca de 528 euros) pelo material do iPhone 16 Pro.

Mesmo dentro dos padrões da própria Google, o modelo 9 Pro é 11% mais barato do que o Pixel 8 Pro lançado no ano passado, mas a verdade é que o sucessor daquele é na verdade o modelo Pixel 9 Pro XL. O Pixel 9 Pro surge no mercado com um tamanho mais pequeno, um ecrã mais reduzido e uma bateria com menor capacidade, lembra o GSM Arena.

Por seu lado, o iPhone 16 Pro tem um preço 6% acima do que tinha o antecessor: estima-se que só o chipset custe 135 dólares, o ecrã perto de 110 dólares e os componentes de câmara 91 dólares. Na Google, o chipset custa 80 dólares, o ecrã 75 dólares e a câmara chega aos 61 dólares.

Apesar das diferenças nos custos de produção, ambos os equipamentos têm o mesmo preço de referência no mercado norte-americano – 999 dólares. Já em Portugal, o Pixel 9 Pro está disponível a partir de 1119 euros e o iPhone 16 Pro está disponível a partir de 1249 euros.

É possível agradar a gregos e a troianos? O velho ditado diz-nos que não. Mas quando se trata de encontrar um televisor capaz de agradar tanto a fãs de cinema e séries, como a entusiastas de desportos e de videojogos, a missão torna-se um pouco mais fácil. Com uma qualidade de imagem convincente, o TCL 65C855 QD-Mini LED mostra a sua versatilidade. Nem tudo é perfeito, porém, esta é uma proposta que pode ser apelativa para quem procura uma televisão com dimensões generosas.

TCL 65C855 QD-Mini LED: Ecrã generoso, design ‘slim’

Apesar das dimensões generosas do ecrã de 65 polegadas, este modelo conta com um design ‘slim’. Já o design da base não é o mais inspirado, mas oferece uma boa estabilidade, suportando o peso do televisor de modo eficaz. A moldura em torno do ecrã é reduzida, o que contribui para uma maior sensação de imersão no conteúdo.

Este modelo deixa uma boa impressão quanto à qualidade de imagem, em particular, no que respeita à reprodução de conteúdos a 4K. As imagens são nítidas, com boa riqueza de pormenores e fluidez visual. O TCL 65C855 QD-Mini LED tem vários perfis de imagem pré-configurados e, no predefinido Standard, as cores são agradavelmente vibrantes. É certo que não estamos na liga dos OLED, mas o nível de contraste é satisfatório, assim como a profundidade dos tons mais escuros.

TCL 65C855 QD-Mini LED

Se no perfil Standard as cores já saltam à vista, no modo Dinâmico os tons tornam-se ainda mais vibrantes. Já no perfil Cinema, as imagens ganham tonalidades um pouco mais quentes, além de contrastes mais acentuados. Entre os perfis disponíveis contam-se ainda uma opção para Desporto, que ajuda a dar um pouco mais de dimensão às partidas em diferentes modalidades, e um perfil de Melhoramento HDR, que otimiza os contrastes e o nível de detalhe.

Embora a marca afirme que o ecrã está preparado para fazer face a condições de iluminação mais complexas, verificámos que este modelo tem dificuldade em lidar com reflexos, algo que se nota, sobretudo, em conteúdos com tons mais escuros. Aumentar o nível de brilho ajuda, em parte, a mitigar o problema, mas nem sempre se afirma como uma solução eficaz.

Com uma taxa de atualização de 144 Hz, a TCL pisca o olho aos gamers, mas este não é o único ‘mimo’ incluído para os entusiastas de videojogos. A par do suporte à tecnologia AMD FreeSync Premium Pro, para tornar a experiência ainda mais fluida, este modelo conta com um modo de gaming dedicado e muito completo, incluindo uma barra com uma variedade de opções de personalização, além da possibilidade de ver métricas de jogo em tempo real.

TCL 65C855 QD-Mini LED

Aqui destacam-se três perfis de imagem exclusivos, entre um modo Original, outro para jogos FPS e ainda outro para RPGs. É também possível aproveitar uma funcionalidade de melhoramento de sombras, assim como ativar o modo de alta velocidade de fotogramas e até usar uma espécie de ajudante de mira, numa opção concebida para os jogadores que não têm a melhor das pontarias.

Som e conectividade

O TCL 65C855 QD-Mini LED está equipado com um sistema de altifalantes que oferece uma boa potência a nível de volume. Porém, em volumes muito elevados, sentimos distorção nas frequências mais graves. A inclusão de perfis para diferentes tipos de conteúdo traz mais dimensão à experiência sonora, colmatando a falta de profundidade que sentimos no modo Standard.

Como sucede nos perfis de imagem, cada um destes modos pode ser personalizado. Aqui destacamos perfis como “Cinema”, que carrega nos graves para nos dar mais dramatismo e que se torna ainda melhor quando a virtualização de som surround está ativada; “Limpar voz”, que isola e dá destaque às vozes de maneira convincente; e “Desporto”, cuja ênfase no efeito de som surround nas vozes resulta muito bem para acompanhar, por exemplo, jogos de futebol.

No que respeita à conectividade, quase todas as bases estão cobertas com uma variedade de ligações, incluindo duas entradas HDMI 2.1 que suportam conteúdos a 144 Hz e 120 Hz. Em destaque está também o suporte aos sistemas AirPlay da Apple e Chromecast da Google.

A propósito da tecnológica de Mountain View, este modelo tem o Google TV como sistema operativo, permitindo o acesso a múltiplas aplicações de streaming, além de uma experiência de navegação fluida, respondendo sem atrasos às interações através do comando.

A TCL apostou numa abordagem minimalista para o comando, centrando-se no acesso às funcionalidades básicas de navegação e controlo, dando ainda destaque a quatro serviços em específico (Netflix; Prime Video; YouTube; e TCL Channel), se bem que a posição dos botões de volume na lateral seja uma escolha que nos deixa um pouco confusos.

Tome Nota
TCL 65C855 QD-Mini LED – €1299
tcl.com/pt/pt

Imagem Muito bom
Brilho Bom
Som Bom
Conectividade Muito Bom

Características Ecrã LCD Mini LED/QLED 65”, 3840×2160; 144 Hz VRR; 3300 nits ○ AiPQ Pro ○ HDR 10+; HDR10+ Adaptive; Dolby Vision IQ ○ Som: 2x 10W + 2x 10 W + 2x 10 W (DTS-HD+DTS Virtual X) ○ Wi-Fi 6; BT 5.2; 2x HDMI 2.1; 2x HDMI 2.0 ○ Google TV ○ Chromecast; AirPlay ○ 2178 x 41 x 1250 mm ○ 22,3 kg (sem base)

Desempenho: 3,5
Características: 4
Qualidade/preço: 3,5

Global: 3,7

A saúde íntima da mulher é de uma enorme importância, e por isso exige especial atenção. Um dos aspetos essenciais para o bem-estar vaginal é manter o equilíbrio da sua flora, um ecossistema complexo formado por bactérias e micro-organismos presentes na vagina. Uma dessas bactérias, ditas boas, são os lactobacilos que têm um papel fundamental na manutenção e equilíbrio do pH vaginal.

Uma flora microbiana em equilíbrio protege contra infeções, regulando o pH e impedindo a reprodução de organismos que podem produzir doenças. Distúrbios neste ambiente conduzem geralmente a quadros infeciosos específicos, podendo manifestarem-se através de sintomas muito desconfortáveis.

Infeções vaginais: desequilíbrio da flora vaginal

A vaginose bacteriana e a candidíase são infeções vaginais comuns, que afetam um número considerável de mulheres.

A vaginose bacteriana resulta de interligações complexas entre várias espécies de bactérias, sendo depois alteradas pelo hospedeiro. Ocorre quando os lactobacilos são substituídos por bactérias anaeróbias, e é normalmente assintomática. Quando surgem sintomas, manifestam-se por corrimento com mau odor, ardor vulvar e desconforto urinário, o que impacta significativamente na qualidade de vida da mulher.

A candidíase vaginal resulta de um fungo, estando normalmente na sua origem a Candida albicans. Os principais sintomas localizam-se na vulva, mas o tratamento é feito também a nível vaginal. Episódios graves e ou recorrentes podem interferir na vida sexual da mulher, conduzir a baixa autoestima, e no limite a depressão.

Causas: como ocorre a destabilização da flora vaginal?

© Freepik

O desequilíbrio da flora vaginal pode ser desencadeado por vários fatores, como:

Alterações hormonais: durante o ciclo menstrual, a gravidez e a menopausa podem ocorrer flutuações hormonais que conduzam a alterações do pH vaginal, aumentando a vulnerabilidade e a propensão a infeções.

Antibiótico: necessários no tratamento de algumas doenças, podem destruir as bactérias benéficas da flora vaginal, criando um ambiente favorável para o crescimento de organismos patogénicos.

Estilo de vida e stresse: o stresse, os hábitos alimentares e o uso de produtos de higiene íntima agressivos podem alterar a floral vaginal, conduzindo a infeções.

O contributo dos dispositivos médicos no equilíbrio da flora vaginal

Manter boas práticas associadas ao uso de aliados seguros e eficazes, com uma abordagem cientifica, é uma garantia de resultados na prevenção das infeções. O Baciginal Rapid Plus + e o Baciginal Oral 5 funcionam nesse sentido, oferecendo uma solução completa e combinada para a saúde íntima da mulher, provendo o equilíbrio da flora vaginal e prevenindo as infeções recorrentes.


Indicado no tratamento, prevenção e profilaxia das infeções uro-vaginais bacterianas e fúngicas, o Baciginal Rapid Plus + atua diretamente no restabelecimento do equilíbrio microbiano da flora vaginal, criando o ambiente fisiológico favorável à prevenção de infeções. Com uma ação protetora, suavizante e rápida, este produto de utilização vaginal acalma os sintomas desconfortáveis da vaginite e vaginose não especificas, como o ardor, mau odor e descargas anormais, oferecendo um alivio e uma recuperação segura. Previne ainda as recorrências. É útil em caso de:

  • Toma prolongada de antibióticos;
  • Alterações hormonais;
  • Infeções recorrentes que carecem de uma bordagem continua para o ressurgimento de sintomas.

O Baciginal Oral 5, em cápsulas, é um suplemento alimentar que completa o tratamento local do Baciginal Rapid Plus +. Fortalece o sistema imunitário e contribuiu para o equilíbrio microbiano da flora vaginal a partir do interior, sendo formulado com 5 estirpes especificas de lactobacilos e bifidobactérias. É composto por ácido fólico, basilar para a divisão celular e manutenção da saúde das mucosas, e vitamina D, essencial para o normal funcionamento do sistema imunitário, auxiliando o corpo a combater as infeções mais eficazmente. É indicado na:

  • Prevenção continua de infeções: reforça o sistema imunitário e a flora vaginal, evitando recorrências;
  • Recuperação após tratamentos: promove a regeneração da flora vaginal, depois do uso de antibióticos ou períodos de stresse.

Atenção às estatísticas!

  • A prevalência da vaginose bacteriana (VB) é de 5 a 15% nas mulheres de raça caucasiana, 45 a 55% nas africanas e americanas, e 20 a 30% nas asiáticas.
  • As mulheres que fazem sexo com mulheres têm um risco aumentado de VB e partilham os mesmos tipos de lactobacilos.
  • Cerca de 75% das mulheres terão pelo menos um episódio de candidíase na sua vida, e 40 a 50% terão dois ou mais.

Fonte: Sociedade Portuguesa de Ginecologia


Como prevenir os desequilíbrios da flora vaginal?

  • Ter uma boa higiene geral;
  • Usar sabonetes e outros produtos de higiene suaves;
  • Optar por roupa íntima de materiais naturais;
  • Tomar antibióticos apenas quando necessário;
  • Manter uma dieta diversificada rica em probióticos e evitar o stresse;
  • Consultar regularmente o médico ginecologista.

CONTEÚDO PATROCINADO POR CANTABRIA LABS

Palavras-chave:

Não foi a América que foi a votos nesta semana. Foram duas Américas. Ganhou, por uma margem muito significativa, a pior.

Nas que conhecemos como democracias bem desenvolvidas (ia escrever “sólidas”, mas comecei a duvidar se existirão mesmo “democracias sólidas”) Donlad Trump, muito provavelmente, nem chegaria a candidatar-se. E poderia nem ser por uma questão das leis e regulamentos eleitorais. Que partido ia apostar num candidato condenado por um crime de falsificação de documentos(num caso de encobrimento duma relação com uma atriz porno) e com vários processos pendentes, incluindo um de instigação de um violento motim a que todo o mundo assistiu, incrédulo? Quem ia arriscar apoiar num candidato conhecido por várias fraudes fiscais ao longo da vida? Em alguém permanentemente confrontado com provadas mentiras, manipulações e falsidades? Pois.

Depois da esmagadora vitória nas eleições do passado dia 5 de novembro, Donald Trump, esse Donald Trump, é, muito provavelmente, o homem mais poderoso do mundo. Há várias coisas muito preocupantes nesse facto.

Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler

Estava escrito nas estrelas. Era apenas uma questão de tempo até que o excelente trabalho que Rúben Amorim vinha a desenvolver desde 2019 no Sporting acabasse com a saída do treinador para abraçar um projeto de maiores dimensões num dos principais campeonatos da Europa. Pela preferência que nunca escondeu pelo futebol inglês, percebia-se que a Premier League era o destino de eleição do português. O que poucos estariam à espera, incluindo, provavelmente, o próprio, é que aos 39 anos de idade lhe fosse oferecido o seu lugar de sonho, a hipótese de treinar o Manchester United. Não haverá, no mundo do futebol, muitos cargos tão apetecíveis para qualquer treinador como o posto que já foi de Sir Alex Ferguson. Talvez só mesmo Real Madrid, FC Barcelona, Liverpool ou Bayern de Munique representem, pelo historial e poderio futebolístico e financeiro, um apelo semelhante para qualquer profissional deste desporto. Foi, por isso, perfeitamente natural que Rúben Amorim não tenha pensado duas vezes, quando a oportunidade lhe bateu à porta, mesmo que, para isso, tivesse que deixar por cumprir a promessa que fez, em maio deste ano, em pleno Marquês de Pombal, de tudo fazer para conduzir o Sporting à conquista do bicampeonato.

Amorim crê na sua capacidade de triunfar em Manchester e acredita: “Tão cedo, não volto a Portugal” 

No seu tom habitualmente cordial e bem-disposto, foi o próprio técnico do Sporting quem fez questão de explicar, na última sexta-feira, 1, as razões que o levaram a aceitar o desafio. Recordando que já recusara, num passado recente, a hipótese de rumar a outros clubes que lhe ofereciam melhores ordenados e estavam dispostos a pagar a sua cláusula de rescisão, garantiu que, depois do Sporting, “era só este o clube que queria”. Terá ainda tentado ir para Manchester apenas no final da época. “Foi-me dito que era agora ou nunca. Se eu não tivesse aceitado, poderia ter-me arrependido”, explicou tranquilamente, antes de confessar que o ingresso no United lhe vai permitir fazer um trabalho semelhante àquele que teve oportunidade de desenvolver no Sporting. Há 5 anos, quando deixou a meio um trajeto que estava a ser de enorme sucesso no Sporting de Braga foi porque percebeu a oportunidade que seria, para si, poder reerguer um clube que passava por um período de instabilidade e não vencia o campeonato há oito anos. Agora, deixa para trás a hipótese de cumprir o sonho de os sportinguistas voltarem a festejar um bicampeonato, para ter nas mãos a oportunidade de reerguer um colosso europeu adormecido, que não festeja um título de campeão de Inglaterra desde a época 2012/13.

É para ficar

Com a decisão de Rúben Amorim tomada e os 11 milhões de euros (mais um do que a cláusula de rescisão acordada com o técnico) garantidos pelo Manchester United, ao Sporting restou apenas o impulso negocial (com base na necessidade do treinador dar um pré-aviso antes de abandonar o posto), para assegurar os seus serviços por mais uma semana e meia, tempo suficiente para que fosse ainda Amorim a orientar a equipa leonina nos importantes jogos da última terça-feira, 5, contra o Manchester City, a contar para a Liga dos Campeões, e o do próximo domingo, 10, na deslocação ao estádio do Sporting de Braga, a contar para a Liga.

Segunda-feira, 11, será, pois, o primeiro dia do resto da vida de Rúben Amorim. Um período durante o qual o técnico português tentará cumprir aquele que acredita ser o seu fabuloso destino. Está, aliás, tão convencido da sua capacidade de ter sucesso, que, na mesma conferência de imprensa após a goleada ao Estrela da Amadora, recusou falar sobre a hipótese de voltar a treinar o Sporting ou qualquer outro clube nacional. “Estou convencido de que, tão cedo, não volto a Portugal.”

Entre a elite

Quando aterrar nas ilhas britânicas para assumir o lugar à frente dos Red Devils, Rúben Amorim vai juntar-se a Marco Silva e Nuno Espírito Santo, naquele que passa a ser, com três técnicos, o terceiro contingente nacional mais representado entre os treinadores da Premier League. À frente de Portugal ficam a estar apenas a Espanha, com cinco, e a Inglaterra, com quatro.

Ao mesmo tempo, o ainda treinador do Sporting vai tornar-se o sexto português a orientar uma equipa do principal escalão do futebol inglês. Um território cuja exploração foi iniciada há duas décadas por José Mourinho. Aquele que, desde o primeiro dia que chegou a Stamford Bridge, se autoapelidou de Special One é, aliás, o único que conseguiu, até hoje, conquistar títulos em Inglaterra, sobretudo ao serviço do Chelsea, mas também no Manchester United, onde, além do mais, recebeu Rúben como estagiário. Será, pois, com a mesma ambição do seu mentor que, aos 39 anos (menos dois do que Mourinho tinha quando chegou pela primeira vez ao Chelsea), Amorim assume a tarefa de pegar num clube que, nos últimos anos, tem sido aquilo a que se chama um cemitério de treinadores.

Rúben explica que “era só este o clube que queria”. Preferia ir apenas no final da época, mas tinha de ser agora. “Se eu não tivesse aceitado, poderia ter-me arrependido”

A seu favor tem, como aconteceu quando chegou ao Sporting, a convicção generalizada entre dirigentes e adeptos de que a situação da equipa dificilmente poderá ser pior do aquela que se vive atualmente. Com dez jornadas disputadas, os Red Devils ocupam apenas o 13º lugar da classificação geral, com 12 pontos (menos 13 do que o líder Liverpool), fruto de míseras três vitórias e outros tantos empates. Tendo da parte do clube a garantia de que terá tempo e espaço para tomar as suas decisões e moldar a equipa à sua maneira, ainda por cima podendo contar com o poderio financeiro de um dos maiores clubes do mundo, Rúben Amorim tem diante de si as condições para confirmar que, também ele, é especial. Tem, aliás, tudo a ganhar e muito pouco a perder. O que ainda resta para o final da temporada pode ser suficiente para assegurar a presença do Manchester United na próxima edição da Liga dos Campeões. Um objetivo que está, para já, a seis pontos de distância e também pode ser alcançado através da conquista da Liga Europa. Garantido, pelo menos, este objetivo, o português terá seguramente espaço de manobra para, na próxima temporada, começar a construir uma equipa totalmente à sua imagem, capaz de voltar a disputar os lugares cimeiros do futebol inglês e internacional.

Os seis que desbravaram o caminho

Antes de Amorim, já outros treinadores portugueses chegaram ao topo do futebol inglês. Dois ainda lá estão. Mas só um foi, até agora, “especial”

José Mourinho
Foi o primeiro treinador português a chegar à Premier League. Depois de duas épocas extraordinárias ao serviço do FC Porto, durante as quais foi bicampeão nacional, venceu uma Taça de Portugal, uma Taça UEFA e conseguiu o feito de ganhar a Liga dos Campeões, Mourinho, com apenas 41 anos, foi o eleito pelo multimilionário russo Roman Abramovich para colocar, de uma vez, o Chelsea entre os melhores clubes de Inglaterra e do mundo. Com o técnico português ao comando, os azuis de Londres foram bicampeões entre 2004 e 2006, entraram na alta-roda do futebol europeu e permitiram a Mourinho dar o salto para as passagens gloriosas no Inter de Milão e Real Madrid. Depois disso, o português regressou para mais três temporadas e um título de campeão ao serviço do Chelsea. Seguiram-se, depois, entre 2016 e 2019, três temporadas ao serviço do Manchester United, durante as quais os Red Devils conquistaram o último título europeu do seu historial, a Liga Europa. Depois disso, a passagem pelo Tottenham não correu bem. Ao todo, José Mourinho orientou 548 jogos em todas as competições ao serviço de equipas inglesas, nos quais somou 332 vitórias. Em termos de títulos, foi campeão da Premier League em três ocasiões conquistou uma Taça de Inglaterra, quatro Taças da Liga e uma Liga Europa.

Marco Silva
Foi o segundo técnico português a chegar ao futebol inglês. Depois de uma estreia brilhante ao serviço do Estoril Praia, que, em três épocas, foi de campeão da Segunda Liga a 4º classificado da Primeira Liga, seguiu-se uma passagem pelo Sporting, ao serviço de quem venceu a Taça de Portugal. Em 2015, com apenas 38 anos, assinou pelo Olympiacos, que conduziu até à conquista de uma Superliga da Grécia, onde já lhe chamavam o New Special One. Foi com essa fama que chegou, em 2017, a Inglaterra para orientar o Hull City. Seguiram-se passagens pelo Watford, Everton e, desde 2021, o Fulham. Atualmente, é nono classificado.

Nuno Espírito Santo
Chegou à Premier League em 2018, depois de, na época anterior, ter comandado o extraordinário regresso do histórico Wolverhampton ao primeiro escalão do futebol inglês. Nas três épocas seguintes, naquela que era considerada a equipa mais portuguesa de Inglaterra, Nuno Espírito Santo conseguiu qualificar o clube para as competições europeias. O seu trabalho foi tão elogiado que chegou a receber o título de Doutor Honoris Causa do Desporto pela Universidade daquela cidade das Midlands e despertou a cobiça do gigante Tottenham. A passagem pelo clube de Londres não correu bem. Nuno foi despedido ao fim de apenas 17 jogos. Em 2023, depois de uma passagem pelo Al-Ittihad Jeddah da Arábia Saudita, voltou à Premier League, à frente de outro histórico do futebol britânico, o Nottingham Forest, que conseguiu manter no primeiro escalão, onde atualmente ocupa um surpreendente 3º lugar.

André Villas-Boas
Chegou em 2011 ao Chelsea, onde lhe chamavam o Special Two. Porque tinha feito parte de várias equipas técnicas de Mourinho e por, à semelhança deste, ter chegado a Stamford Bridge depois de uma época gloriosa ao serviço do FC Porto, na qual foi campeão, venceu taça e supertaça e ainda conquistou a Liga Europa, todos acharam que estava ali o sucessor do Special One. Pois, o que aconteceu foi que Villas-Boas acabou por sair ao fim de apenas 18 vitórias em 40 jogos. O mesmo aconteceu, depois, no Tottenham, clube que representou durante época e meia, com alguns bons resultados, mas sem títulos.

Bruno Lage
O atual treinador do Benfica ingressou no Wolverhampton após a saída de Nuno Espírito Santo. Na primeira temporada conseguiu levar a equipa a conquistar um honroso 10º lugar, mas na seguinte os resultados não apareceram e Lage acabou por ser despedido ao fim de apenas 9 jogos.

Carlos Carvalhal
Durante duas épocas e meia (entre 2015 a 2017), o atual técnico do Sporting de Braga realizou um bom trabalho à frente do Sheffield Wednesday. Com Bruno Lage como adjunto, a dupla portuguesa esteve muito perto de levar a equipa para a Premier League. Acabaram por nunca o conseguir, mas o seu esforço levou-os ao País de Gales, onde, no final da época 2017/2018, o Swansea lutava para não descer de divisão. Carvalhal haveria de cumprir apenas 18 jogos como treinador na Premier League, somando 5 vitórias, outros tantos empates e 8 derrotas, não evitando, assim, a descida de divisão e o posterior regresso a Portugal, para orientar o Rio Ave.

Duas vezes entre os mais caros do mundo

Não é comum, embora cada vez mais frequente, os treinadores terem cláusulas de rescisão nos seus contratos, embora com valores bem mais baixos do que aqueles que são pagos por jogadores. Curioso é que, entre o Top 10 mundial, constam três nomes portugueses. De José Mourinho, claro, André Villas-Boas e de Rúben Amorim, sendo que este último aparece duas vezes…

1
2021
Julian Nagelsmann
Leipzig
Bayern Munique
€25M

2
2021
Graham Potter
Brighton
Chelsea
€25M

3
2010
José Mourinho
Inter
Real Madrid
€16M

4
2011
André Villas-Boas
FC Porto
Chelsea
€15M

5
2024
Vicent Kompany
Burnley
Bayern Munique
€12M

6
2024
Rúben Amorim
Sporting
Manchester United
€11M

7
2019
Brendan Rodgers
Celtic
Leicester
€10,4M

8
2020
Rúben Amorim
Braga
Sporting
€10M

9
2022
Christophe Galtier
Nice
Paris Saint-Germain
€10M

10
2024
Enzo Maresca
Leicester
Chelsea
€10M

Palavras-chave:

É terça-feira, dia 5 de novembro. Levantei-me e dirigi-me à assembleia de voto, sita na minha secretária. Votei na Kamala Harris. Fossem umas eleições normais e podia recitar a costumeira ladainha: “Não o fiz particularmente entusiasmado, mas pronto vota-se no menos mau.” Depois acrescentaria que, ah e tal, é como todas as decisões que tomamos (as minhas, pronto): ficamos sempre com a sensação de que podia ser melhor.

Não, este meu voto imaginário não podia ser outro, nem podia ser melhor, porque sou um democrata. Esta minha decisão é uma inútil mas profunda profissão de fé no mais extraordinário sistema político que o Homem já inventou. No que lhe concedeu mais direitos, liberdade, condições de vida, segurança, paz. É verdade que não excita. Não promete grandezas e conquistas, não estabelece desígnios extraordinários, não nos garante qualquer glória, não nos assegura que há uma terra prometida ou que somos seres especiais apenas porque nascemos num certo lugar. É só um sistema que reconhece que o homem pode ser livre sem que tenha de condicionar a vida de todos os outros e que pressupõe para essa liberdade um conjunto de direitos políticos, sociais e económicos.

Talvez a Kamala tenha mesmo ganhado e com ela todos os democratas do mundo. Escrever isto arrepia. Tanto nas eleições em que o meu voto contou como nas que votei imaginariamente, para mostrar a mim e aos outros as minhas convicções, nunca estava em causa a democracia, mas apenas (e como soa agora este “apenas”) visões ou opções dentro do mesmo quadro. Trabalhistas ou conservadores, sociais-democratas ou democratas-cristãos, democratas ou republicanos etc., etc.

Desta vez, e na democracia de que em larga medida todas as outras democracias dependem, cerca de metade das pessoas não está interessada em viver democraticamente. É assim, não há outra forma de ver as coisas.

Claro que se pode sempre infantilizar as pessoas e achar que quem vota em Trump não sabe o que está a fazer. Recuso-me a passar atestados de estupidez e ignorância. Quer os que votam mesmo quer os que, como eu, votam de forma imaginária sabem que Donald Trump opôs-se a que Joe Biden tomasse posse, não respeitando os resultados eleitorais, não fazendo uma transição pacífica de poder, e organizando um golpe de Estado. Trump promete também instituir uma ditadura no primeiro dia, anuncia uma governação sem limites que não sejam os da sua vontade, jura cuspir nos mais básicos direitos humanos e sociais e desrespeita a Constituição norte-americana.

Quem vota nisto obviamente não é um defensor da democracia.

Noto contudo, numa altura particularmente alarmante para as democracias no mundo – as consequências para elas de uma vitória trumpista serão devastadoras –, um otimismo especialmente irritante e mesmo criminoso. O que diz que as instituições norte-americanas são tão fortes que aguentam um Presidente que as quer destruir. É só não conhecer a História. Construir uma instituição exige muito tempo e muito esforço, mas destruí-la é rápido – o caso do Supremo Tribunal Americano é exemplar. Somos bichos com uma capacidade de destruição única na História do mundo.

Recentemente, Teresa de Sousa, no Público, citava William Kristol, um comentador e político republicano: “O mesmo culto do líder ou do homem-forte, a aceitação da crueldade e da intolerância, a demagogia e as teorias da conspiração, a utilização da nostalgia do passado como arma, a adoção generalizada da mentira e da propaganda.” Tudo isto, típico dos movimentos fascistas europeus do século passado, está escarrapachado no fenómeno Trump.

Deixemos de lado nomes de doutrinas que podem ser estranhos aos votantes. As coisas são o que são, o nome, como dizia o outro, pouco importa.

Mas não é só na América, as pessoas estão a desistir da democracia, tantas que o caminho parece ser irreversível. Aliás, é a própria democracia que a está a levar ao seu fim. Não pelas suas imperfeições, não pelo seu caráter pouco excitante, não porque não tenha dado a gente suficiente o inimaginável há poucas dezenas de anos, não porque se imagina o futuro dos nossos filhos pior do que o nosso, mas porque as pessoas neste sistema podem transitar para outro apenas com o seu voto. Na prossecução normal da democracia é inevitável que o outro lado conquiste o poder. Só que desta vez não são outros democratas, mas sim quem a vai enterrar no caixote do lixo da História.

Até em Portugal o caminho parece inexorável. Quando vejo pessoas no PSD e no PS a aplaudir medidas antidemocratas ou a fazer discursos típicos da extrema-direita, é fácil perceber onde vamos parar. Que exagero, julgo ver o seu sobrolho a franzir. Pois é. Os Estados Unidos da América levaram muito tempo a chegar até este extremo. Nós, em meia dúzia de anos, juntámos mais de um milhão de portugueses que não querem viver em democracia e agora contam com a simpática contribuição dos partidos que a construíram.

Espero que o estimado leitor esteja neste momento a celebrar a vitória de Kamala Harris, mas receio que seja como aquela história do homem que está a cair dum arranha-céus e ao passar o 50º andar diz que por enquanto está tudo bem.

OUTROS ARTIGOS DESTE AUTOR

+ Não há nenhum polo na extrema-direita

+ O culpado disto tudo

+ Um PS frentista está condenado à irrelevância

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave: