O relógio bate quase as cinco e meia da tarde. Em Paris, a primavera decidiu chegar um dia mais cedo e, nas margens do Sena, dezenas de grupos de todas as idades brindam aos raios de sol que tocam a superfície das águas, multiplicando-se em reflexos brilhantes.

Luísa, Manuel, Francisco e Gabriel caminham através da margem direita do rio a passo apressado. Dentro de meia hora, na L’Atlas Galerie des Mondes inaugura-se Lisboa Não Sejas Francesa, exposição coletiva da qual os quatro fazem parte, pensada para promover o intercâmbio artístico entre Lisboa e Paris e o diálogo intercultural.

A galeria localiza-se no bairro La Felicité, ironia que faz sorrir ao observarmos o entusiasmo com que os artistas caminham e conversam. Francisco pisa a capital francesa pela primeira vez na vida, Gabriel recorda as férias de família passadas neste local e Manuel, que chegou um dia antes dos outros, conta a Luísa que o espaço da galeria é espetacular.

Estão felizes. Não só porque estão prestes a mostrar o seu trabalho em Paris, numa exposição patente até 17 de maio, mas também porque a mostra foi especificamente pensada para dar a conhecer artistas portugueses ou residentes em Portugal ao público francês.

Em Paris pela mão de Ben Gonthier, dono da galeria que os representa em Lisboa, a Foco, os quatro sublinham a forma rara como este se bate constantemente por novas oportunidades para os “seus” artistas, como se de família se tratasse.

Uma exposição, 13 artistas

Poucos minutos antes das seis, chegamos à L’Atlas. Nas janelas de vidro, o famoso refrão de Amália Rodrigues acolhe-nos num reconfortante português. O título faz-nos sorrir, até porque Ben é francês. Porém, “além de se ter mudado há 11 anos para Lisboa e ter aprendido perfeitamente português, criou esta galeria através da qual nos tem dado tantas oportunidades”, sublinha Luísa.

“É uma pessoa especial”, corrobora Manuel. De facto, Ben poderia ter escolhido trazer apenas um ou dois artistas, mas quis dar oportunidade aos 13 que representa, assumindo, para isso, também o papel de comissário da exposição. “Queria que houvesse uma identidade forte, um fio condutor e uma história a contar, em vez de uma simples justaposição de obras”, explica.

Através dos trabalhos de Luísa Salvador, Márcio Vilela, Clara Imbert, Gabriel Ribeiro, Manon Harrois, Francisco Trêpa, Nádia Duvall, Mia Dudek, Maria Appleton, Manuel Tainha, Hugo Cantegrel, Pauline Guerrier e Rodolfo Quintas, artistas portugueses ou a viver e a trabalhar em Portugal, Lisboa Não Sejas Francesa apresenta uma narrativa ligada a Lisboa e ao nosso país, com reflexões sobre a sua geologia e luz, a relação da cidade com o mar, a noção de domesticidade e a inovação digital.

À entrada, encontramos logo a obra de Luísa, O luto das pedras, uma espécie de enorme pergaminho preenchido de cima abaixo com o próprio título, desenhado numa caligrafia sulcada através de camadas de acrílico e pastel de óleo.

Refere-se a uma instalação, apresentada nos Açores, composta por peças de cerâmica a imitar fósseis, as quais, passados três dias, haviam desaparecido do local onde se encontravam expostas.

Apresentada há pouco mais de um mês em Retomar o Passo, exposição individual da artista, na Foco, a obra faz parte de “um tríptico de pergaminhos que perpetua obras que desapareceram”.

Two Holes (esqª) e Vegetal Heat (dirª), de Francisco Trêpa, e Woman with big mouth resurfacing from the depths of the ocean, de Nádia Duvall (ao centro)

A sala começa a encher-se com os primeiros convidados. Gabriel explica a alguns deles que os quatro cianótipos nos quais criou um delicado jogo entre luz e bagos de uva em várias fazes de deterioração, são um prelúdio da exposição que apresentará brevemente.

Já Francisco encontra um casal de colecionadores de Lisboa, que o abraçam efusivamente. Mostra-lhes uma das suas criaturas de cera e cerâmica, seres híbridos que não pertencem exclusivamente ao mundo real nem ao mundo onírico e que, no último ano, lhe valeram o Sovereign Portuguese Art Prize e um lugar entre os finalistas da 15ª edição do Prémio Novos Artistas Fundação EDP.

Recordar Lisboa em Paris

A energia é vibrante. Há portugueses que vieram de propósito de Lisboa, outros que moram em Paris e aproveitam a ocasião para rever amigos e conhecidos. O mesmo acontece com os franceses. Quem “perdeu” para Lisboa os amigos artistas vem agora vê-los expor na cidade natal, pela mão de uma galeria lisboeta.

O público, composto por, além de amigos e conhecidos, jovens estudantes de arte, antigos secretários de estado da Cultura, diplomatas, galeristas, colecionadores, programadores culturais e artistas, circula entre os dois andares da galeria e o pátio onde se brinda com minis e vinho da região de Lisboa especialmente vindo do O Pif, um bar localizado nos Anjos, em Lisboa.

Lisboa Não Sejas Francesa, L’Atlas Galerie des Mondes, Paris

No primeiro andar, Teresa, uma jovem de 19 anos que acabou a Escola Artística António Arroio há um e chegou a Paris há meio, para estudar moda, aponta para uma boia de cerâmica montada sobre rodas e afirma: “Esta obra já a vi em Portugal, naquela galeria do teu amigo”.

A obra é Every man for himself, de Hugo Cantegrel, e a “galeria do amigo” é o espaço Ostra, na Ajuda, um local onde artistas e curadores de vários países podem expor e dialogar sobre arte, do também artista Bartolomeu Santos, talvez a personificação mais perfeita da expressão Lisboa Não Sejas Francesa.

Every man for himself, de Hugo Cantegrel

Em dias de inauguração, para as quais os convites são sempre escritos à mão, Bartolomeu tem um alguidar de plástico cheio de gelo à porta da galeria com vinho e cervejas, copos de papel e um sistema “bem desenrascado” para nos servirmos de água, encaixado entre as barras de segurança das janelas da cave ocupada pela galeria.

Contar a quem nos ouve que uma inauguração como as da Ostra é algo que aquece a alma a um português é trazer para dentro da L’Altlas mais uma face de Lisboa. Da mesma forma que o é quando refiro que Hugo é também o dono da Mono, um espaço cultural na Penha de França que tem a varanda com a melhor vista da cidade.

“Quando forem a Lisboa passem por lá”, ouço-me dizer, enquanto penso que estou a fazer um convite para um lugar que, não sendo meu, nesta noite é mais meu do que de quem nunca bebeu um copo naquela varanda cor de ocre, com a Graça a desdobrar-se toda aos nossos pés até ao rio.

Matéria e ideias

Junto da obra de Hugo, encontram-se duas telas de Manuel Tainha. Desde a última vez que o JL escreveu sobre uma exposição do artista, Abalo, na Galeria Plato, em Évora, realizada precisamente há um ano, Manuel alterou levemente a forma como aborda a matéria.

Nessa altura, trabalhando com químicos e com a reação destes sobre o tecido, o processo de criação passava mais por subtrair do que por adicionar, tendo feito agora exatamente o oposto.

O caráter irreplicável, quase sagrado, de um momento fugaz, mas intenso, bem como “a tentativa constante de congelar processos intermédios” e “agarrar a ideia da memória, revivê-la”, ainda estão lá, porém, agora, materializam-se na adição de camadas de tinta e pigmento de cobre.

A poucos metros de distância, também a instalação têxtil suspensa de Maria Appleton joga com a sobreposição de camadas, ainda que, neste caso, sejam de tecido, linhas, luz e fotografia.

“A obra faz parte de um grupo de trabalho que se chama unperceptibles, corpos difíceis de visualizar e de difícil compreensão, tal como a informação que circula de forma descontrolada em relação às experiências do agora, situações que são físicas”, explica a artista.

Abrir-se ao mundo

À medida que a noite avança, as minis acabam e o horário de fecho da galeria se aproxima, é tempo de rumar de novo às margens do Sena. Sentados em bancos corridos e abençoados com uma temperatura primaveril, os que decidiram ficar conversam um pouco sobre tudo.

Os artistas e Ben brindam ao sucesso da inauguração. Fala-se da possibilidade de voltarem para conversas e conferências, de quem se mostrou interessado no trabalho de quem, fala-se de Lisboa debaixo de um temporal e das mensagens que de lá chegam.

O grupo de artistas que Ben Gonthier levou a Paris é um retrato de Lisboa atualizado a 2025. São aqueles que vivem e criam na cidade. Os que são de cá e os que de cá querem muito ser

É que, dos 13 artistas, mesmo os que não são portugueses parecem sê-lo. Trocaram a sua cidade natal por Lisboa de forma verdadeira. Com a ousadia de mergulhar, para o bem e para o mal, no tecido social e cultural da capital. Sofrem as suas dores e comentam-nas com o mesmo fervor de quem nasceu alfacinha.

Do corte de jacarandás para dar lugar a um parque de estacionamento ao terror infundido que se tenta associar a zonas da cidade onde muitos têm estúdios e ateliers.

As amizades procuraram-nas entre portugueses, resistem à tentação de sair apenas com grupos de expats e de usarem o inglês como língua preferencial de comunicação.

“Olha lá”, “pois”, “portanto”, “na boa”, não são expressões que se aprendam num dicionário. Vão-se ganhando à mesa de restaurantes, de cigarro na mão à porta de galerias e museus em dias de inauguração, em residências artísticas, numa ida à praia ou num daqueles dias que todos tentamos evitar na loja do cidadão.

O grupo de artistas que Ben Gonthier trouxe a Paris é um retrato de Lisboa atualizado a 2025. São aqueles que vivem e criam na cidade. Os que são de cá e os que de cá querem muito ser.

Avançam ainda para o bar restaurante Le Connectable, antes de rumar a casa, a dois passos do Centro Pompidou.

As poucas horas que os separam da aurora são ocupadas a trocar opiniões sobre o sistema artístico português, a imaginar um país com políticas culturais mais interessantes, a tecer elogios rasgados a Ana Jotta, cuja exposição individual se inaugura no dia seguinte também em Paris, e à verdade com que esta trabalha a matéria e se relaciona com o mundo.

LISBOA NÃO SEJAS FRANCESA. Sê portuguesa dentro e fora de Portugal, ruma a Paris e mostra-te. Numa galeria, nas margens do Sena, numa conversa tida, às cinco e meia da manhã, entre portugueses, franceses, italianos e brasileiros.

LISBOA NÃO SEJAS FRANCESA. Podem parecer poucos, mas há estrangeiros que ainda te querem portuguesa, com os teus, sons, cheiros, ritmos, “manias” e, sobretudo, com as tuas gentes.

Aquelas gentes que, como partilha Luísa, consideram-te testemunha do que vivem e sentem diariamente, palco de histórias e detalhes que as fazem “escrever, pensar, e cristalizar todos esses momentos”.

LISBOA NÃO SEJAS FRANCESA., tu és portuguesa. Só que agora… já não és só para nós.

“Procuro algo em mim que ainda não sei. Quieta, muito quieta. Não vá esse algo falhar o alvo”. Assim escrevia Olga Roriz a 12 de agosto de 2024. A reflexão é uma das centenas das quais, ao longo de um ano e seis residências artísticas, a coreógrafa e bailarina reuniu no enorme desdobrável que estende, agora, no chão da sala de ensaios da companhia que fundou há 30 anos.

Defronte a si tem o mapa que a ajudou a chegar a O Salvado, solo que apresentará a 9 de julho no Teatro São Luiz, 12 anos após o seu último, A Sagração da Primavera.

Antes disso, porém, festejará 30 anos da Companhia Olga Roriz (COR), fazendo subir ao palco do CCB, a 11 e 12 de abril, A Hora em Que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros, espetáculo a partir de Peter Handke que recria um dia na vida da praça de uma cidade, no qual reunirá 32 dos bailarinos que passaram pela COR desde a sua criação.

A Hora em Que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros: a 11 e 12 de abril, no palco do CCB vão estar 32 dos bailarinos que passaram pela COR desde a sua criação FOTO: Jorge Gomes

Visivelmente emocionada com aquilo que define como “algo único que não se repetirá nunca mais na vida”, Olga Roriz falou com o JL sobre o espetáculo, as memórias dos últimos 30 anos e o novo solo, um dos espetáculos mais aguardados do ano.

Porque é que escolheu esta obra para celebrar os 30 anos da COR?

Olga Roriz: Porque é uma obra que precisa de um elenco muito grande e eu gostava de ter todos os bailarinos que passaram por esta companhia e tê-los juntos. Pensei, “ai é a hora em que não sabíamos nada uns dos outros? Ora vamos lá saber onde é que vocês andam”. Não consegui juntar todos, obviamente, porque são muitos, porque alguns já não estão a trabalhar ou vivem noutros países, mas reuni 32. O espetáculo vai ser uma coisa única. São pessoas muito importantes do panorama cultural que, de repente, vão-se juntar aqui e isto não vai acontecer nunca mais na vida. Há pessoas, como o Francisco Rosseau, que vêm da Gulbenkian, pessoas do teatro, como o Miguel Moreira, pessoas que entretanto fizeram carreira e destacaram-se noutras áreas artísticas, como a Sónia Aragão, enquanto atriz, ou a Adriana Queiroz, enquanto cantora.

Foi fácil convencê-los?

Sim, mas estavam preocupados, porque que não dançavam ou não iam para o palco há muito tempo. Expliquei-lhes que esta peça foi pensada para a comunidade, para pessoas que nunca dançaram nem foram ao palco, e que nós, inclusive, íamos poder fazer coisas diferentes e muito mais interessantes porque somos bailarinos e, de qualquer maneira, temos essa capacidade.

“O espetáculo vai ser uma coisa única. São pessoas muito importantes do panorama cultural que, de repente, vão-se juntar aqui e isto não vai acontecer nunca mais na vida”

Já começaram a ensaiar?

Começamos dia 5 de abril. O primeiro dia de ensaios vai ser muito interessante. Não vai haver ensaio, vai ser tudo a pôr a conversa em dia até eu dizer: “meninos, acabou, vamos ensaiar”. Em relação à peça original não vai dar para inventar muito, nem se pode, agora a capacidade que aqueles bailarinos têm, depois de estar no palco, de poder desenhar melhores personagens, vai ser muito bonito. E juntar todos vai ser muito emocionante.

Sobretudo, porque a própria peça fala de encontros e desencontros.

É realmente uma peça que nos faz pensar. Sobre o que é uma cidade, o que são estes não encontros, quando nos cruzamos todo o tempo com dezenas de pessoas, mas cada vez sabemos menos uns dos outros.

A COR tem desenvolvido projetos de inclusão social que parecem tentar reverter esta tendência.

Sim. Estamos a trabalhar desde cerca de 2017 no estabelecimento prisional do Linhó. Já fizemos um espetáculo também com eles, que fiz eu, e apresentámos-nos na Gulbenkian. Foi um sucesso. É um trabalho duro no sentido em que se apanha com muita coisa, mas depois é a liberdade para eles. Quando estão connosco, sentem-se livres, completamente libertos. De repente, têm uma relação com eles próprios, com o seu próprio corpo, com os outros reclusos, com as próprias famílias. A dança dá-lhes um poder que não tem a ver só com a liberdade, é um poder de pensamento de reestruturação interna muito grande.

Este é um dos muitos projetos que tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos 30 anos. Recorda-se ainda como é que tudo começou?

De uma maneira que não é exatamente aquilo que as pessoas pensam. Quando comecei a fazer solos para a Gulbenkian, a partir de 1988, percebi que estava a criar um método de trabalho, de criação e construção de espetáculos que não conseguia fazer ali, numa companhia de repertório. Depois, em 1992, o diretor administrativo da Companhia de Dança de Lisboa convidou-me para ser diretora da companhia e eu aceitei. Pensei “ótimo, aqui está um sítio onde vou começar com os meus bailarinos, os bailarinos que me vão escolher, o que para mim era importante, e onde vou começar a desenhar e a construir um método de trabalho meu”. No fundo, ainda hoje poderia ser a diretora da Companhia de Dança de Lisboa, não precisava ter a minha companhia.

Porque é que acabou por criar a sua?

Dei-me muito mal com o administrador da Companhia de Dança de Lisboa, demiti-me ao fim de um ano e, comigo, todos os bailarinos. A vida tinha de continuar, não queria voltar para a Gulbenkian, portanto, a única hipótese era formar um grupo. A maior parte dos bailarinos que se tinham demitido ficaram comigo. Não foi fácil. Houve ali um ano de interregno e em abril de 1995 foi fundada oficialmente a COR. Não foi nenhum grito do Ipiranga, nem surgiu porque eu quisesse muito uma companhia. Foi mais pela necessidade de continuar.

Nessa altura, quais os princípios que achou importante implementar na recém criada companhia?

O mais importante era pôr em prática esse método que eu queria, perceber como é que conseguiria criar de outra forma. Porque, no fundo, são as minhas criações, é a minha dança que fala por mim, não é? Eu não estava completamente contente, não sobre o que estava a falar, mas sobre a forma como estava a falar. Queria ir mais longe, mais fundo, queria descobrir. Sempre descobrir, descobrir.

Acrescentar outras disciplinas à dança talvez?

Isso acho que sempre. É preciso não esquecer que, dos oito aos 18 anos, a minha formação foi dentro do Teatro São Carlos, a ver todas as temporadas de ópera e dança. Fui muito influenciada por música clássica, música contemporânea, dança clássica, dança contemporânea, teatro, cinema, porque a minha mãe gostava imenso de cinema. Portanto, eu estava cheia de ressonâncias de fora e muito ativa criativamente. E desde pequenina que queria ser coreógrafa.

“Perguntei à minha mãe quem é que fazia a dança dos bailarinos. Era tão pequenina que nem conseguia dizer a palavra. Disse só: quero ser isso.”

Ah, mais do que bailarina?…

Sim. Perguntei mesmo à minha mãe quem é que fazia a dança dos bailarinos. Ela respondeu que eram os coreógrafos e eu, como era tão pequenina que nem conseguia dizer a palavra, respondi só que queria ser isso. Apesar de gostar muito de dançar, havia uma parte criativa em mim muito forte. No início de toda a carreira da COR o objetivo era fazer mais e melhor e ter os meus bailarinos.

E depois?

Depois, ao longo do tempo, também com este espaço [Palácio Pancas Palha], começam a surgir outras ideias, que têm a ver com a formação, as residências artísticas, o apoio a novos artistas, novos coreógrafos e toda a parte de inclusão social. A parte pedagógica também é muito importante, porque é um estilo, um modo de estar. Uma das coisas mais importantes neste curso é tirar o síndrome do estudantezinho, fazer com que os alunos se sintam mais profissionais, mais criadores, mais pessoas, mais abrangentes, terem este lado do grupo como comunidade. Mas também poderem pensar se é mesmo isto que querem, se gostavam mais de escrever sobre dança, ou se gostavam mais de ser bailarinos, ou coreógrafos, ou seja o que for.

Há algum momento, ou momentos, dos últimos 30 anos que guarde com especial carinho ou saudade?

A minha vida está dividida em espetáculos, digressões e viagens. Tanto em Portugal como fora, os momentos de criação são sempre muito especiais. Quando estamos a criar com os bailarinos parece que estamos mais sensíveis, com um olhar mais desperto, com os ouvidos mais aguçados, tudo está um bocadinho mais à flor da pele. Mas tive um momento da minha vida que foi muito especial.

Qual?

No centenário da Callas, o Rui Esteves, na altura programador das Artes de Palco da RTP, convidou-me para fazer quatro solos com árias de Bellini. Quando pus a Callas e comecei a dançar, penso: “não, eu vou estragar tudo se coreografar isto. Não vou marcar nada. Vou improvisar. Pronto”. Passado um ano vamos para o estúdio da Tobis, tudo pronto, e pedem-me para mostrar a primeira cena. Quando disse que não tinha nada eles iam morrendo. Depois de lhes dizer que só precisava de saber até onde podia ir, onde é que havia luz e onde é que não havia, lá concordaram. E então foi mágico. Quem vir a gravações não vai acreditar que eu estive a improvisar, porque aquilo parece que foi estudado ao milímetro. Foi espetacular.

Os solos têm sido momentos marcantes na sua carreira. O que quer explorar em O Salvado?

O texto. Como é que um bailarino pode dizer um texto, porque é que o texto aparece num espetáculo, etc. Eu própria nunca o fiz, porque os meus solos nunca tiveram texto. Agora, com 70 anos, é que quero fazer isto tudo, é maravilhoso.

“Quando estamos a criar com os bailarinos parece que estamos mais sensíveis, com um olhar mais desperto, com os ouvidos mais aguçados, tudo está um bocadinho mais à flor da pele”

É mais difícil coreografar-se num solo do que coreografar outros bailarinos?

O processo é exatamente o mesmo só que aqui divido-me muito. Não estou sempre em observação. Parte muito também da ajuda, tanto das pessoas que me estão a assistir como do que eu vejo nos vídeos que faço do processo. Nem sempre foi assim, mas, neste momento sinto muito a dualidade da bailarina e intérprete, por um lado, e da coreógrafa que fica à espera que a bailarina consiga fazer aquilo que a coreógrafa está a propor, mas que partiu da bailarina.

Porque é que acha que sente mais essa dualidade agora?

Talvez por causa de uma maturidade… Não quero sublinhar demasiado a idade, mas acho que, sem forçar, ela vai estar à partida dentro do espetáculo. Não deixo de ser uma mulher de 70 anos que é uma bailaria que se está a apresentar a solo, uma coisa física.

O que decidiu sobre o espetáculo durante o período de residência?

A coisa mais importante que ficou, por exemplo, da primeira residência foi a certeza de que quero dar cabo da quarta parede e abordar o público, olhá-lo, falar com ele, quero que me conheça como eu sou, aquilo que não sabe que eu sou. Também percebi que quero fazer o espetáculo com humor, poder gozar comigo própria, tentar construir um solo onde a dádiva vai ser um bocadinho esta de estar aqui de uma forma como nunca estive.

Os textos são seus?

Quem estava para escrever os textos era a Maria Quintans, que morreu quando eu estava na terceira residência. Mas ela já me tinha dito que devia ser eu a escrever. Aliás, tenho uma gravação dela, que não sei ainda se vou usar ou não, onde diz, “os teus textos são lindos, não precisas nada de mim. Estão lindíssimos, são fortíssimos”.

E vai ter textos da Maria de outra altura?

Não. Acabámos por perceber, ainda estava ela viva, que não fazia muito sentido. Isto é um espetáculo tão íntimo…

Sobre memórias?

Não é sobre as minhas memórias, mas é sobre mim, sobre eu estar aqui e a reflexão de mim noutras pessoas.

Ao longo dos 45 anos de publicação regular do Jornal de Letras, muito destacadas figuras, sobretudo de Portugal e do Brasil, de Presidentes da República a outros protagonistas da vida pública, a grandes escritores e artistas, escreveram ou disseram o que pensavam sobre o nosso jornal. Aqui ficam as suas opiniões, em muitos casos apenas excertos, mas fielmente reproduzidos

Referência e inestimável acervo

ANÍBAL CAVACO SILVA – Presidente da República (e ex primeiro-ministro)

O JL constitui uma referência no panorama das publicações culturais portuguesas, representando a sua coleção um acervo de inestimável importância para a reconstituição da nossa vida intelectual nas últimas décadas. Tem-se destacado ainda por difundir iniciativas novas, contribuindo para a consolidação de projetos originais, de ideias que doutro modo não teriam a visibilidade que merecem, para a projeção de personalidades, obras e eventos, em Portugal, nos países lusófonos, nas comunidades portuguesas da diáspora.

Só temos que fazer votos para que o JL continue a conquistar o interesse dos leitores e se mantenha fiel aos princípios editoriais que o nortearam desde o primeiro número. Ao longo deste tempo, destaco dois aspetos: a preocupação constante com a língua portuguesa e a atenção dada aos problemas da Educação.

Traço de união entre todos os que falam português

JORGE SAMPAIO – Presidente da República de Portugal

Todos conhecemos as dificuldades que um projeto como este tem de enfrentar. O JL tem alcançado ultrapassar os obstáculos, fazendo mesmo deles outras tantas ocasiões para se renovar e atualizar. Esta proeza deve-se, em primeiro lugar, às equipas que o têm concebido e realizado desde a sua fundação, à frente das quais tem estado sempre José Carlos Vasconcelos, grande militante das causas culturais e cívicas.

Tenho a honra de ser seu velho amigo e, por isso, sei bem que a sua determinada dedicação àquilo em que acredita e por que se bate opera verdadeiros milagres, logrando realizar o que parecia difícil ou mesmo impossível. Tem sido este o caso.

O JL tem constituído também um valioso traço de união entre todos os que falam português: povos, comunidades dispersas pelo Mundo e pessoas que estudam a nossa língua e a nossa cultura. 0 lugar que desempenha no panorama do nosso jornalismo é ímpar e deve ser valorizado, neste tempo de afirmação das identidades culturais, em que queremos fazer da lusofonia uma realidade mais dinâmica e mobilizadora.

Um lugar único e importantíssimo

António Guterres – Primeiro-ministro de Portugal e presidente da Internacional Socialista (atual secretário-geral da ONU)

O JL ocupa um lugar único e importan-tíssimo, não apenas no amplo e diversi-ficado mercado da imprensa portuguesa, mas, sobretudo, de forma singular e qualificada, entre os seus pares de vocação essencialmente cultural.

Desde há 20 anos que o JL nos mostra os caminhos das artes e das ideias, nos desvenda a magia da escrita e a alma dos escritores, nos instiga o gosto pelo saber e pelo conhecimento, nos abre um mundo de muitos mundos feito.

Considero, ainda, como uma das mais destacadas linhas da política editorial do JL, a preocupação — sempre presente, sempre viva — da defesa e promoção da língua e da cultura portuguesas, nas suas mais diversas formas de expressão. Em minha opinião, é notável a aliança forma/conteúdo deste jornal, o que torna a sua leitura um prazer, o lhe confere uma personalidade invulgarmente apelativa.

Uma importante forma de cultura

ANTÓNIO FEIJÓ – Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian

Um “Jornal de Letras, Artes e Ideias” é, hoje, em si mesmo, na amplitude do que cobre, um projeto virtuoso. As condições de existência de um mundo, que muitos de nós conhecemos, em que letras, artes e ideias eram objeto de atenção assídua para um conjunto significativo de pessoas, alteraram-se drasticamente.

As publicações que se ocupavam dessas questões eram – no Estado Novo, por exemplo – bem mais escassas do que tudo aquilo que, ostensivamente delas tratando em formato digital ou impresso, hoje existe.

Essas publicações avultavam, todavia, no interior dessa escassez, para os leitores que as disputavam, como algo de precioso e raro. Um texto como o obituário de António Sérgio escrito por Mário de Sacramento, publicado no Diário de Lisboa, por exemplo, foi objeto de atenção cuidada para muitos leitores.

O JL é, hoje, umas das poucas publicações que sobrevivem desse mundo em que uma questão intelectual era vista como uma questão se não decisiva, pelo menos altamente relevante, para uma vida coletiva que se pretendia civilizada e livre.

Nos seus 45 anos de existência, o Jornal de Letras constituiu-se como um importante arquivo de muito que, no seu triplo âmbito, se fez nos países de expressão portuguesa. Só podemos, por isso, vivamente saudá-lo, bem como ao seu diretor e a todos os que o fazem, por esse trabalho de manter viva uma importante forma de cultura.

Projeto único 

EMÍLIO RUI VILAR – Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian

Uma notável ação em prol da cultura, das letras e das artes portuguesas. As páginas do JL revelaram personalidades e acontecimentos, acolheram crítica e reflexão e contribuíram para o enriquecimento da nossa identidade cultural.

Tem sido um precioso estímulo para todos os que o leem em Portugal, mas também nos muitos lugares do Mundo onde se fala português. Como leitor assíduo, não posso deixar de desejar que continuemos a ter motivos para o celebrar no futuro, enquanto publicação indispensável, projeto único de referência.

Caso único

MÁRIO SOARES – Presidente da Fundação com o seu nome, anterior primeiro-ministro e  Presidente da República

O aniversário do Jornal de Letras é um acontecimento: faz 20 anos! Num jornal de letras, artes e ideias – e em Portugal. Único. Acrescente-se- lhe a qualidade, o pluralismo efetivo, a variedade temática.

Felicito assim, calorosamente, o meu velho amigo seu ilustre diretor e toda a sua equipe.

Que contem ainda muitos e bons anos de fecundo trabalho em prol das letras, das artes e, sobretudo (lembrando Antero) as ideias.

Um combate de todos nós

ISABEL SOARES – Presidente da Fundação Mário Soares – Maria Barroso

O JL, Jornal de Letras, Artes e Ideias, faz agora 45 anos de existência. Surgiu por iniciativa, vontade e determinação de José Carlos de Vasconcelos, que chefiava um pequeno grupo de entusiastas, que tinham como missão divulgar e defender a cultura e a língua portuguesa. E o JL foi, desde essa altura, um espaço de liberdade, aberto a todas as correntes e sensibilidades, que ajudou a construir pontes entre o Brasil e Portugal, e também, e sobretudo, com todos os países lusófonos.

Recordo que era sempre com grande curiosidade que esperava pelo JL e as suas novidades, opiniões e críticas, sobre literatura, artes plásticas, teatro, cinema, educação, que normalmente suscitavam discussões acaloradas, e como muitas vezes elas ajudaram a moldar, e até a modificar, a minha visão. E seguramente, isso também se passou com muitos outras pessoas ao longo destes 45 anos.

Quinzenal, semanal, depois passou de novo a quinzenal, o JL agora está a lutar pela sua sobrevivência, no meio da concorrência feroz e desigual das redes sociais e das plataformas digitais, onde as notícias aparecem “digeridas e formatadas” impedindo o pensamento e a reflexão.

Vivemos hoje tempos inquietantes. Assistimos, quase sem reação, ao genocídio em Gaza, e à proibição de palavras e confiscação de livros num país que sempre nos habituámos a respeitar como livre e democrático.

O combate pela sobrevivência do JL é, cada vez mais, um combate urgente e necessário, um combate de todos nós.

Mário Soares, cujo centenário festejamos agora, dizia que “a cultura é o sal da democracia”, e que “a negação da liberdade foi sempre acompanhada da negação da cultura e dos que para ela trabalharam”. A sua vida foi um combate permanente pela liberdade e pela democracia, antes e depois do 25 de Abril.

Num discurso que proferiu na Academia Brasileira de Letras, em 2 de abril de 1987, disse: “foi o amor à cultura, foi a relação constante e visceral que a ela sempre me ligou, que fez que a minha vida política se tivesse sempre entrelaçado com a minha constante paixão pela liberdade”.

Não há futuro sem memória do passado.

“A sério que existe um jornal assim?”

PILAR DEL RIO – Presidenta da Fundação José Saramago

  “A sério que existe um jornal assim em Portugal?”, dizem-me as minhas amigas espanholas quando lhes ofereço exemplares do JL. Uma publicação só de cultura em tempos em que se reduzem as páginas de cultura e eliminam os seus suplementos? Menos mal que nos queda Portugal”, repetem uma e outra vez essas leitoras e esses leitores que valorizam a cultura como um direito humano e a informação cultural como caminho imprescindível para não nos empobrecermos socialmente.

Sim, menos mal que nos resta Portugal, repito. E também menos mal que em Portugal existe o Jornal de Letras.

O JL não pode acabar, por mais que nos digam que o que manda são as razões económicas. Pois não: a economia deve garantir-nos casa e sustento, mas para que haja vida nas casas e que o sustento seja emocionalmente nutritivo é importante continuar a saber que há homens e mulheres que criam, que escrevem, que pintam, que fazem teatro, que compõem e interpretam música, e que somos um país pequeno com uma inesgotável força cultural que nos define no mundo e nos alegra quando a sentimos.

Não, o JL não pode acabar, seria um fracasso de Portugal e das suas instituições, da sociedade civil, de todos. Um fracasso a que não nos podemos permitir!

Um jornal de referência

SALVATO TELES DE MENEZES – Presidente da Fundação D. Luís I, Cascais

A primeira nota que jugo ser necessário dar é que basta escrever ou dizer estas duas letras, JL, para que qualquer pessoa minimamente culta, minimamente interessada em qualquer tipo de manifestação artística, saiba que nos estamos a referir a um jornal de referência que todos nós lemos com grande satisfação intelectual: de facto, qual dos mais importante eventos culturais e artísticos, qual dos mais notáveis escritores e artistas plásticos, bem como qual dos mais interessantes pensadores e ensaístas, não escreveu ou figurou nas páginas do jornal?

Creio que será muito difícil encontrar alguma ausência significativa, sendo desde já de louvar o carácter absolutamente imparcial da linha editorial, que sempre soube acolher as mais diversificadas manifestações e os mais diversificados autores (em sentido lato), tratados com o rigor e a elegância indispensáveis ao exercício da crítica séria.

Recordo, com particular saudade, os números dedicados a Eduardo Lourenço, José Cardoso Pires e Carlos de Oliveira, por exemplo, para demonstrar esse cuidado e atenção, com textos muitas vezes acompanhados por ilustrações de João Abel Manta, que nos deixavam estupefactos pela qualidade e capacidade de transmitir traços fisionómicos e psicológicos que conhecíamos do convívio pessoal (caso dos segundos) ou de o ler (caso do primeiro).

E, naturalmente, não posso deixar de assinalar os inúmeros convites que o diretor, José Carlos de Vasconcelos, me tem endereçado, permitindo-me desenvolver, a meu bel-prazer, algumas elucubrações sobre temas de áreas do saber a que gosto de me dedicar.

Notável contribuição à Cultura e à Língua  

JOSÉ MANUEL DURÃO BARROSO – Presidente da Comissão Europeia (ex primeiro-ministro de Portugal)

O JL tem dado uma notável contribui-ção à vida cultural do País e nomeada-mente ao espaço da Língua Portuguesa.

Como cidadão empenhado na construção de uma sociedade de mulheres e homens cultos que respeita os valores e os princípios da tolerância, da valorização da diferença, da liberdade e da democracia, não posso deixar de dar o meu testemunho público de reconhecimento ao JL  pelo contributo valioso que tem dado na promoção do acesso ao conhecimento e à cultura dos cidadãos, através das obras e das palavras que vem difundindo nas suas páginas nestes 1000 números.

Aqui nos temos encontrado

LÍDIA JORGE – Escritora, membro do Conselho de Estado, Prémios Literatura de Guadalajara e Médicis

O JL foi criado num tempo em que em Portu-gal a política tinha tomado todos os quadrantes da expressão, além dela não sobejava nada. Os livros saíam sem uma única notícia.

Era a política que se revoltava contra o tempo em que não era discutida, em que havia uma guerra portuguesa em várias frentes.

Acabou-se. O JL é contemporâneo e desenrola-se ao longo do nosso espaço histórico de paz e liberdade. Alimentou-as. Aqui nos temos encontrado, pela escrita, os elementos famosos e não famosos da nossa pequena tribo.

Da memória ao futuro

ANA PAULA LABORINHO – Diretora em Portugal da OEI, Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, Ciência e Cultura

Quando o Jornal de Letras, Artes e Ideias surgiu, em 1981, eu ainda não tinha terminado a licenciatura em Filologia Românica. Nesse tempo, em que saboreávamos a novidade das artes em liberdade, cada número do JL era uma descoberta que cruzava autores e artistas de várias gerações. Muitos emergiam do silêncio de décadas, outros surgiam. O JL chegava e tínhamos leitura que não se esgotava até ao número seguinte. Guardávamos indefinidamente os vários números.

Estive quase 14 anos em Macau e, durante os primeiros anos, os jornais portugueses não chegavam a esse fim do mundo. Até que, no final dos anos 80, abriu a Livraria Portuguesa, que se mantém até hoje. Os jornais desembarcavam com mais de uma semana de atraso, mas era uma alegria. O JL regressou e o seu sabor na distância ainda foi mais intenso.  Através dele, íamos acompanhando autores, livros, exposições, artistas, congressos, festivais e reflexões, não apenas dos que estavam em Portugal, mas também dos que viviam e trabalhavam no estrangeiro, muitos como professores em prestigiadas universidades. O JL atravessava fronteiras.

Anos mais tarde, assumi responsabilidades no Instituto Camões, com uma rede de língua e cultura portuguesas que se estendia a quase 80 países. Em cada um desses países, o JL desempenhava um papel fundamental para o conhecimento da literatura, das artes e do pensamento do Portugal contemporâneo. O JL incluía também um encarte com as atividades do Instituto Camões, o que muito contribuía para consolidar a nossa rede externa. Recordo as queixas que nos chegavam quando o JL se atrasava ou se extraviava algum número. O JL era um material didático essencial e, sobretudo, era o fio de Ariadne que ligava a Portugal. Recordo que encontrava o JL em destaque sempre que visitava as bibliotecas do Instituto Camões ou as bibliotecas das universidades estrangeiras.

O JL é um património raro e insubstituível. Quando há alguns meses tropecei em notícias sobre o futuro do JL, escrevi alarmada ao José Carlos Vasconcelos que, ao longos destes quase 45 anos, nos entregou quinzenalmente e sem falhas um jornal tão especial que o podemos reler desde o primeiro número sem sinais de envelhecimento. Obrigada, José Carlos, e longa vida ao JL.

Essencial para o português no mundo 

SIMONETTA LUZ AFONSO – Presidente do Instituto Camões

Para os nossos leitores, os professores que ensinam português língua estrangeira, literatura e cultura portuguesa no Mundo, o JL é um instrumento pedagógico indispensável, não só pela atualidade da informação que veicula, como pela qualidade da sua escrita. A consulta do JL, desde o primeiro número, é essencial para aqueles que se dedicam à investigação sobre a Cultura portuguesa do século XX, por isso queremos que faça parte da Biblioteca Virtual Camões.

Construção da lusofonia 

MANUEL VEIGA – Ministro da Cultura de Cabo-Verde

Ousadia, entusi-asmo, dedicação, compe-tência e tenacidade. Sendo o JL um espaço da construção e de partilha cultural da lusofonia, a CPLP só tem a ganhar se investir mais e melhor nessa tribuna cultural e literária. Como intelectual caboverdiano, tem sido para mim fonte não só de informações sobre a cultura e a literatura no espaço da língua portuguesa, mas também arquivo de referência.

De leitura obrigatória 

LAURO MOREIRA – Embaixador do Brasil junto da CPLP

Sempre o senti profundamente compro-metido com a causa da Lusofonia, a cultura de nossos povos, a preservação dos valores que tratamos todos de consolidar. O JL é um padrão de referência para todos os veículos devotados à causa cultural. Liderado por José Carlos de Vasconcelos, amigo fraterno do Brasil tornou-se há anos leitura obrigatória, também em meu país, de todos quantos se interessam pela cultura em língua portuguesa.

Uma verdadeira instituição

DIOGO FREITAS DO AMARAL – Fundador e líder do CDS, foi presidenteda Assembleia Geral da ONU e vice primeiro-ministro

O JL é uma verdadeira instituição, um espaço único de informação cultural escrita, um balão de oxigénio para todos quantos pretendem respirar o ar vivificador da Cultura, e só encontram à sua volta bolhas rarefeitas de política, economia e sociologia. O JL merece bem o apoio constante que o seu público fiel lhe tem concedido. Oxalá o mecenato faça o resto. Uma prestigiada instituição como esta não pode morrer. Longa vida ao JL!

CPLP, marco de afirmação

DOMINGOS SIMÕES PEREIRA – Secretário executivo da CPLP

O JL assumiu e desenvolveu, durante os 30 anos da sua existência, a melhor forma de dar expressão a um manancial inestimável de produções literárias, de artes e ideias, ultrapas-sando regimes e circuns-tâncias. A CPLP regozija-se com este marco de indiscutível afirmação e proeza, rendendo-lhe a sua homenagem

Motivo de orgulho 

JOÃO UBALDO RIBEIRO – Escritor brasileiro, Prémio Camões

O JL é um marco de referência, um verdadeiro baluarte de nossas letras, cuja resistência não pode deixar de ser motivo de orgulho para todos os que se interessam pela cultura  de língua portuguesa. Sem a menor possibilidade de contestação, a publicação literária mais importante e significativa dos países de língua portuguesa. É o meu jornal de cultura, sempre será. É o nosso jornal de cultura, sempre será.

Património Histórico da CPLP 

PEPETELA – Escritor angolano, Prémio Camões

Atrever-me-ia a sugerir que da mesma maneira que uma obra do génio humano, considerada marcante de uma época ou de uma cultura, é classificada como Património Histórico, o que obriga à sua preservação, o JL deveria ser como tal considerado pela CPLP, pois, muito antes dessa Comunidade, já ele cumpria a missão de aproximar pela cultura os nossos povos.

Dou-lhe as boas vindas

NÉLIDA PIÑON – Primeira mulher a presidir a uma Academia (a Brasileira de Letras).  Prémios Princesa das Astúrias e Juan Rulfo

Ele me chega a casa todas as quinzenas. Dou-lhe as boas-vindas ansiosa pelas novidades que enriquecem o meu coração brasileiro. Este homem sonha, fomenta ideias e projetos, todos ao serviço da intensa defesa da comunidade dos países de língua portuguesa. É com este temperamento moral, cívico, cultural, que ele e sua equipe mantêm o JL vivo, impetuoso, vigilante, para o bem de todos nós.

O agasalho da Língua Portuguesa

AGUSTINA BESSA LUÍS – Prémio Camões

O JL foi, durante muitos anos já, o nosso passaporte no estran-geiro, o nosso ponto de conversação com o mundo. Encontrei-o em Paris e em Toronto. Saía eu da missa da Madeleine, recebendo os flocos de neve nos ombros e a Língua Portuguesa esperava-me como um agasalho.

O primeiro instrumento

Jorge Couto – Diretor da Biblioteca Nacional e ex presidente do Instituto Camões

O JL rapidamente se tornou o primeiro instrumento de divulgação da nossa cultura e da sua produção, estimulando sempre o debate de ideias e figuras de relevo do panorama cultural português e lusófono.

Voz e gesto lusófonos

MARCOS VINICIUS VILAÇA – Presidente da Academia Brasileira de Letras

Além de voz, é gesto da gente lusófona. Singular no seu modo de ser plural. Sempre identifico no JL a oportunidade da colheita, a um só tempo de esperanças e de realizações da comunidade de expressão portuguesa.

Uma estratégia da língua portuguesa

MANUEL ALEGRE – Prémio Camões, foi vice-presidente da Assembleia da República

O JL é sozinho uma estratégia da língua portuguesa. Ele, sim, ele é na prática a verdadeira CPLP.  Cada número do JL é um ato de cultura, de resistência e de amor à língua portuguesa”.

Sem rival  

FRANCISCO LUCAS PIRES – Vice-presidente do Parlamento Europeu, foi ministro da Cultura

Para mim, o JL tem sido um breviário. Para o País é um jornal único que não tem rival, embora não monopolize nada. Neste sentido, é mesmo já uma pequena ‘instituição’.

Continuar 

HELENA VAZ DA SILVA – Presidente do Centro Nacional de Cultura

Não passo sem o JL. A cultura portuguesa também não. O grande espaço lusófono decerto que também não. Uns começam, outros acabam. Ele continua.

Uma parte da minha vida passou pelo JL. Devo-lhe bastante.  Passados estes anos, vejo como foram fundadores esses anos. Ah, sim – mudei bastante, mudámos muito. Mas, se existia uma base do chamado «jornalismo cultural», eu aprendi-a no jornal desse tempo, onde procurávamos dar uma notícia e antecipar uma crítica, sem que uma coisa sacrificasse a outra. É isto uma velharia? É-o certamente, hoje em dia. Em parte, graças ao JL, que tornou isso normal. Muitos dos que passaram pelas suas páginas foram depois continuar a mudar o jornalismo cultural noutros lugares – mas eu acho que a gratidão nos protege da arrogância e do esquecimento. E estarei sempre grato ao JL.

Devo-lhe bastante 

FRANCISCO JOSÉ VIEGAS – Escritor, editor, diretor da revista Ler, ex secretário de Estado da Cultura

Continuidade, qualidade, abertura 

MANUEL MARIA CARRILHO – Ministro da Cultura, e depois embaixador na Unesco

O JL tornou-se uma publicação única e central no âmbito da cultura portuguesa. O segredo do sucesso deve-se a três atributos muito precisos: continuidade, qualidade e abertura. O JL cedo encontrou um caminho próprio entre o academis-mo e a vulgari-zação, abrindo uma tripla via de informa-ção, de di vulgação e de análise, via sempre marcada pela exigência de qualidade. O risco que frequentemente se corre neste tipo de publicações é o do chamado efeito de “capela”, ou seja, de parcialidade e de clausura em torno de um pequeno grupo de pessoas e de um restrito conjunto de ideias, num processo de obsolescência que, a prazo, condena qualquer projecto cultural. E o JL soube evitá-lo.

Com um número recorde de candidaturas, incluindo 15 portugueses, a segunda edição do Cascais Ópera decorre até 4 de maio. Para já, entre 23 a 30 de abril, começam as ‘eliminatórias’, com os 40 concorrentes selecionados, no Centro Cultural de Cascais.

A grande final de 4 de maio será no Grande Auditório da Gulbenkian. O JL falou com o seu diretor, Adriano Jordão, sobre um festival em crescimento.

Quais são as principais diferenças em relação ao ano passado?

São várias. Este ano recebemos um recorde de 340 candidaturas, de 49 países. Só da Coreia do Sul, foram 66 candidatos, da China, 44. Por outro lado, nota-se que a presença portuguesa é grande, com 15 candidatos, tantos quanto os dos Estados Unidos. E já sabemos que haverá portugueses a passar à fase presencial, em que só ficam pouco mais de 40 candidatos. É muito importante ver que Portugal está muito presente e ao mais alto nível da competição.

E o júri?

É extraordinário. O ano passado nós tínhamos o diretor da Ópera de Viena, este ano temos o diretor do Festival de Glyndebourne , que é talvez o mais importante festival de ópera do mundo. Temos um fantástico presidente de júri, que é o Sergei Leiferkus, obviamente uma peça essencial para o sucesso. Ganhámos maior projeção internacional, tornámo-nos membros de uma rede muito importante Ópera Latino-América e fomos convidados ao Festival Amazonas de Música, em Manaus.

E estruturalmente há alguma mudança?

As finais decorrem na Gulbenkian, porque o São Carlos, que é o nosso espaço natural, como o único teatro de ópera do país, está em obras. A alternativa da Fundação Gulbenkian é sintomática da relevância que esta iniciativa tomou. Além disso teremos um concerto com 12 semifinalistas, no palácio da Citadela, em Cascais.

Parece ser um festival em pleno crescimento. A que isso se deve?

Em primeiro lugar, Cascais tem um peso muito grande a nível internacional, é uma marca muito importante. Por outro lado, os jovens vão a concurso, não só para ganhar, mas também para serem conhecidos, terem oportunidades. Apresentam-se para pessoas que podem ser decisivas nas suas carreiras. Além disso, houve imensa solidariedade entre os jovens, e isso tocou-me muito. Lembro-me que na minha adolescência, quando eu era concorrente, os ambientes dos concursos eram demasiado competitivos. Aqui não vejo isso.

O que é que um festival destes pode fazer pela música portuguesa?

Dou-lhe um exemplo. A Teresa Rebordão não foi premiada no ano passado, mas acabou por ganhar mais do que isso. Foi escolhida pelo diretor da Ópera de Viena, que fazia parte do júri, para integrar o estúdio da Ópera em Viena. Também aconteceu algo parecido com o  Cláudio Anjos, que nem sequer chegou à final, mas foi selecionado para o elenco de uma peça que esteve no São Carlos.

Então, sendo assim, com este crescimento todo, qual será o maior desafio desta edição do Cascais Ópera?

Tentar manter-nos ao mesmo nível. Tudo afigura que sim. Temos um fantástico presidente de júri, que é o Serguém Leifertkus, obviamente uma peça essencial para o sucesso. Por exemplo, a carreira extraordinária do Leifertkus e pelos contactos internacionais é o que ele nos abre.

Palavras-chave:

Gosto de Marques Mendes. Foi um dos melhores ministros de Cavaco Silva e está agora empenhado em ser Presidente da República. Ótimo. Faz bem. Teve um ligeiro sobressalto com as eleições legislativas de 18 de maio, e isso faz sombra às candidaturas presidenciais.

Apesar disso, Marques Mendes não deixa de trabalhar, de estar no terreno, de fazer tudo o que está ao seu alcance para que não se esqueçam dele. É um candidato forte, mas sabe que tem contra si dois fatores que não controla: Gouveia e Melo está a ganhar força com a sua discrição, mantendo-se afastado da luta política e, se posso adivinhar, anunciará a sua candidatura logo a seguir às legislativas. O segundo factor deriva da instabilidade externa, com impacto interno, poderá levar os eleitores a afastarem-se significativamente dessa disputa.

Colocando as presidenciais em terceiro plano, Marques Mendes não deveria impulsionar ou sequer tentar juntar o PSD e o PS numa grande coligação de vontades na casa comum do centro — que existe como terreno de disputa do eleitorado, mas não é um bloco político coeso.

O centro é mais uma estratégia retórica do que uma posição ideológica clara. Ainda assim, é fundamental na formação de governos, podendo sustentá-los ou levá-los à queda, sobretudo quando nenhum partido tem maioria absoluta. Esta bandeira e aposta de LMM pode levar muitos eleitores – que querem inequivocamente uma clarificação – a mudar de caminho. E não é uma boa ideia nesta fase de pré-campanha para o Parlamento.

A reforma do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA visa cortar até 10 mil postos de trabalho, segundo os meios de comunicação norte-americanos, e os funcionários começaram esta terça-feira a receber as notificações de despedimento.

Os avisos de despedimento surgiram poucos dias depois de o Presidente Donald Trump ter decidido retirar aos trabalhadores os direitos de negociação coletiva no Departamento de Saúde e noutras agências governamentais.

No Instituto Nacional de Saúde – classificada como a principal agência médica e de saúde do mundo – os despedimentos ocorreram quando o seu novo diretor, Jay Bhattacharya, iniciava o seu primeiro dia de trabalho.

O secretário da Saúde, Robert F. Kennedy Jr., anunciou na semana passada um plano para reformular o departamento, que, através das suas agências, é responsável por monitorizar as tendências de saúde e os surtos de doenças, conduzir e financiar a investigação médica e monitorizar a segurança alimentar e dos medicamentos, bem como gerir programas de seguro de saúde para quase metade do país.

O plano foi desenhado para consolidar as agências que supervisionam milhares de milhões de dólares para serviços de tratamento de dependências e centros de saúde comunitários num novo gabinete chamado “Governo para uma América Saudável”.

Espera-se que os despedimentos reduzam o Departamento de Saúde para 62.000 postos de trabalho, eliminando quase um quarto do seu pessoal: 10.000 postos de trabalho através de despedimentos e outros 10.000 trabalhadores que aceitaram ofertas de reforma antecipada e de despedimento voluntário.

Na agência que controla a qualidade alimentar e os medicamentos (FDA), dezenas de funcionários envolvidos nos processos de regulamentação de medicamentos e de produtos relacionados com o tabaco receberam notificações, incluindo todo o gabinete responsável pela elaboração de novas regulamentações para os cigarros eletrónicos e outros produtos do tabaco.

Além dos despedimentos nas agências federais de saúde, estão a começar a acontecer cortes nos departamentos de saúde estaduais e locais, como resultado de uma decisão do Governo, na semana passada, de retirar mais de 11 mil milhões de dólares (cerca de 10 mil milhões de euros) em fundos relacionados com a Covid-19.

Por vezes, ponho-me a pensar. Imagino que serei velho, e que daqueles que me viram crescer não resta ninguém. Os prédios não serão os mesmos, os vizinhos, igual. A rua que atravessava, diariamente, sem já nenhuma das famosas pastelarias. A velhinha da casa em frente tossindo o império pela noite fora. Gatos, a quantidade de gatos que a cidade fez. E isto tudo para quê? Quem foi que decidiu, lá nos escritórios dos céus, que determinadas coisas procederiam deste modo e não de outro? É por ordem divina que os homens fumam cigarros às janelas dos domingos, em tronco nu, fitando as decisões de vida que não tomaram? Que todos trabalhamos até às olheiras apenas para chegarmos, exaustos do naufrágio moral, ao próximo mês? Que tudo isto seja, ao mesmo tempo, espetacular e sem sentido algum? Que quem amei – e amei com tal ternura – me tenha desaparecido por entre o sono, o sonho, a noite de Luar em que acordo, suado, perguntando-me pela voz que nunca mais ouvi; e pelas insónias passadas em corredores, para onde partiram, e porquê, e quanto tempo faz, e qual a razão, e quando me ensinaram que quanto mais apertamos as folhas da saudade mais elas se desfazem por entre as mãos, mais elas estalam e contorcem-se e caem para um poço a que somente de quando em quando podemos visitar, mas de novo o Progresso e a Democracia a encherem os nossos sonhos de narrativa e futuro e marcha, e é assim, e bora nessa, e tudo conforme previsto na Portaria 80/12 de 2021, e o que interessa é continuar, agora olhar para trás para quê!, que amanhã esperam-nos no trabalho, e no fim do mês descontam-nos a vida e comem-nos parte da solidão, e somos deixados assim, e somos deixados aqui, num quarto às escuras, e somos o cidadão exemplar, o fruto maduro da nespereira, o poema tributável, a razão das coisas se moverem, mas de novo a calma, e as ideias todas da realidade a desvanecerem na digestão do jantar, e a noite, trazendo os seus bichos e as suas mágoas e revelando-nos de novo um “eu”, mais verdadeiro, cada vez mais esquecido e magoado, a personagem das lágrimas secas junto às pálpebras – que em romeno se diz ploape – perguntando há quanto tempo não se encontravam nas escadas, e na verdade as escadas não existem mas sim uma má comunicação entre ti e ti, adiada pelos infinitos minutos e séculos de afazeres que te tomam o tempo todo sem margem para uma braçada, uma respiração.

E, posto isto, deparas-te agora com esta pessoa que te fita do outro lado do espelho e com quem trocas um hesitante “Olá. Há quanto tempo?” E há demasiado, porque nos sugaram, a todos nós, a possibilidade da loucura e da poesia. É mais fácil memorizarmos o número de contribuinte do que um verso de Camões. Mas a pessoa do outro lado mantém-se hirta, magoada, exigindo um pedido de desculpas que já não sabes dar, porque o lirismo há muito voou da tua casa. Tornaste-te nisto: o corpo adiado, o logo se vê, o esquecimento. Apalpando o rosto que a vida fez, encontras apenas as geometrias do silêncio, palavras sobrepostas de modo a que se percam quando sussurramos.

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Palavras-chave:

Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), no ano passado, jovens entre os 12 e os 16 anos produziram e venderam conteúdos íntimos na internet.

O documento, apresentado esta segunda-feira, revela ainda que crianças com idades entre os 10 e os 13 anos foram identificadas como sendo responsáveis pela criação de grupos de WhatsApp, destinados à partilha e venda destes conteúdos bem como de ponografia de adultos e violência extrema – incluindo contra crianças. De acordo com o documento, os casos descobertos foram enviados para os tribunais de famílias e menores, uma vez que a partilha de conteúdos intímos é crime.

As autoridades identificaram ainda uma predominancia de distribuição de pornografia através das redes sociais, incluindo o Instagram, Facebook, Telegram e Google Drive.

De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), aprovado esta segunda-feira pelo Conselho Superior de Segurança Interna, foram registadas 1 727 recusas de entrada em Portugal em 2024. Os cidadãos brasileiros foram os que mais viram a sua entrada no País impedida, com cerca de 1 470 – 85% – de recusas de entrada pelos serviços de controlo de fronteiras aéreas.

O RASI indica ainda que ocorreram 274 recusas de entrada a cidadãos angolanos, 108 a cidadãos do Reino Unido, 83 da Índia, 72 da Guiné-Bissau, 70 de Timor-Leste e 68 do Senegal. A falta de justificação para entrarem no país (768) e a ausência de visto adequado ou visto caducado (352) são os principais motivos para estas recusas.

O documento refere também que existiu um aumento do número de voos controlados (+5,5%) bem como de controlo de passageiros (24.613.497) – uma subida de 7,9% face ao ano anterior.

Também se verificou uma subida de 3,1% no controlo das fronteiras marítimas, tendo sido controladas 47 331 embarcações.

A nova versão do Windows 11 disponível no Windows Insider (programa de acesso antecipado a novas funcionalidades) tem uma pré-visualização de uma “interface de utilizador mais fluida para reinícios inesperados”, conta a Microsoft, deixando antecipar que se prepara para colocar um fim ao reinado do infame ‘ecrã azul da morte’.

“Estamos a mostrar uma nova interface de utilização, mais fluida para os reinícios inesperados que se alinha melhor com os princípios de design do Windows 11 e suporta o nosso objetivo de permitir aos utilizadores voltarem a ser produtivos o mais rápido possível. Simplificámos a experiência ao mesmo tempo que preservamos a informação técnica no ecrã”, escreve a Microsoft.

Os utilizadores Windows Insiders vão passar a ver um ecrã verde já nos canais Beta, Dev e Canary para o Windows 11 versão 24H2 ou superior, noticia a PC Gamer.

Há rumores de que a Microsoft preparou um ‘ecrã preto da morte’ para substituir o ecrã azul. O Windows Latest chega a publicar capturas de ecrã com esta nova cor, mas não revela quais as fontes, nem a informação foi confirmada oficialmente pela Microsoft.