Visão
A Canopy Aerospace assinou um contrato de 2,8 milhões de dólares (cerca de 2,5 milhões de euros ao câmbio atual) com a Força Aérea dos EUA para desenvolver a próxima geração de sistemas de proteção termal para mísseis hipersónicos e sistemas de reentrada. Uma das principais características destes novos sistemas é que o aparelho é levado a ‘transpirar’, replicando um mecanismo de arrefecimento dos seres humanos e algo essencial no segmento militar, visto que estes mísseis podem ultrapassar a velocidade Mach 5 (1715 m/s ou 6174 km/h) e a temperatura chega a atingir os três mil graus centígrados.
Para operar nas condições extremas a que os mísseis hipersónicos estão sujeitos, a indústria recorre a sistemas de proteção termal feitos de cerâmica ou com estruturas compostas semelhantes. A abordagem da Canopy, para manter um bom desempenho e velocidade, sem que a temperatura conduza a degradação, passa por usar manufatura aditiva avançada de cerâmica e na qual o arrefecimento por transpiração melhora a resiliência termal. Isto leva a que os sistemas possam operar a velocidades mais elevadas e realizar manobras mais agressivas, noticia o Interesting Engineering. A transpiração do míssil não passa do expelir de um fluido altamente pressurizado a partir da sua ponta e que rapidamente evapora, criando uma camada protetora isoladora.
O conceito já foi alvo de estudos profundos e é visto também como um fator que ajuda na verdadeira reutilização de objetos retornados de órbita e de trajetórias balísticas.
Outra perspetiva que este investimento vai ajudar a desenvolver passa pelo desenvolvimento de um sistema de monitorização de fibra ótica em elevada temperatura. Atualmente, o voo hipersónico e as reentradas criam uma camada de plasma em torno do veículo que acaba por prejudicar o funcionamento dos sensores tradicionais e dificultar os protocolos de comunicação. Com o Smart TPS, pretende-se criar um design para os sistemas futuros, com sensores integrados no sistema de proteção termal e tornando as plataformas mais sensíveis ao ambiente circundante com maior precisão.
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Alguns contribuintes estão a receber um email em nome da Autoridade Tributária e Aduaneira, convidando-os a aceder a “informações complementares relativas às suas obrigações fiscais”. A mensagem fraudulenta pede ao destinatário que “verifique os detalhes abaixo e tome as medidas necessárias o mais rapidamente possível”. Para isso – aceder a “mais informações e regularizar a situação”, é preciso seguir um link, o que não deve fazer “em caso algum”, avisam as Finanças.
“A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) tem conhecimento de que alguns contribuintes estão a receber mensagens de correio eletrónico supostamente provenientes da AT nas quais é pedido que se carregue num link”, lê-se no aviso publicado no Portal das Finanças, que resume que estas mensagens fraudulentas devem ser ignoradas.
O Fugaku Next vai ser o supercomputador mais rápido do mundo quando estiver pronto em 2030. O compromisso do MEXT (Ministério da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia do Japão) é investir mais de 750 milhões de dólares (cerca de 675 milhões de euros ao câmbio atual) para criar um supercomputador mil vezes mais rápido do que os atuais e que será o primeiro a atingir um desempenho na escala dos zetaFLOPS (1 seguido de 21 zeros de cálculos por segundo). Os supercomputadores da atualidade têm desempenhos na ordem dos exaFLOPS (1 seguido de 18 zeros).
A concretizar-se este desafio, o Japão estará na dianteira para resolver alguns dos desafios mais complexos na Inteligência Artificial e na investigação científica, como salienta a agência Nikkei: “A decisão de construir uma máquina superpoderosa foi tomada para acompanhar o desenvolvimento de pesquisas científicas usando Inteligência Artificial”.
O nome da nova máquina ainda não é oficial, mas o supercomputador deve seguir a senda do Fugaku, que foi o supercomputador mais rápido do mundo até 2022 (0,44 exaFLOPS), quando foi destronado pelo americano Frontier (1,2 exaFLOPS). O Fugaku Next vai ser desenvolvido pela RIKEN e pela Fujitsu, tal como o original.
Nesta fase, ainda não se conhecem os pormenores técnicos da máquina, mas sabe-se que a eficiência energética é um dos maiores desafios a superar: um estudo de 2023 mostrou que construir uma máquina destas, com a tecnologia atual, exigiria energia ao nível da que é produzida por 21 centrais nucleares.
Financeiramente, o MEXT assume o compromisso de investir 29 milhões de dólares na iniciativa durante o primeiro ano e aumentar o investimento até um total de 761 milhões até 2030.
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O novo modelo de Inteligência Artificial (IA) da OpenAI consegue raciocinar e resolver problemas mais complexos do que o GPT-4o, elevando a fasquia daquilo que os assistentes digitais, que têm por base a tecnologia de grandes modelos de linguagem (LLM), conseguem fazer.
“Semelhante à forma como um ser humano pensa durante algum tempo antes de responder a uma pergunta difícil, o o1 utiliza uma cadeia de raciocínio ao tentar resolver um problema. Através da aprendizagem por reforço [reinforcement learning], o o1 aprende a aperfeiçoar a sua cadeia de raciocínio e a refinar as estratégias que utiliza. Aprende a reconhecer e corrigir os seus erros. Aprende a decompor passos complexos em passos mais simples. Aprende a tentar uma abordagem diferente quando a atual não está a funcionar”, explica a OpenAI sobre o novo modelo, numa publicação feita no site oficial da startup.
De acordo com a empresa, o modelo o1 conseguiu um desempenho semelhante ao de alunos de doutoramento a lidar com tarefas complexas, mostrando ser capaz de seguir um processo de raciocínio refinado e replicar a forma como os alunos pensavam. A performance em campos como a Física, Química ou Biologia foi considerada excelente e o sistema promete também melhorias significativas em questões relacionadas com matemática e programação.
Os investigadores treinaram o modelo para reconhecer quando está errado e melhorar as suas respostas depois, dando-lhe uma vantagem no que toca a tarefas analíticas. Esta forma de pensar é equivalente a uma abordagem de múltiplos passos a um determinado problema, num processo deliberativo diferente do que é seguido pelos modelos antecessores.
No entanto, o OpenAI o1 não consegue, por exemplo, navegar na web, carregar ficheiros ou processar imagens como o GPT-4o, mas porque esse não é o fim para o qual deve ser usado. Outra limitação é que não tem o suporte de interfaces de programação (API) para várias funcionalidades, como uso de ferramentas, chamar funções, fazer streaming ou ter um sistema de mensagens personalizados. Como refere o Tom’s Guide, o o1 é incomparável no raciocínio, mas para já não é um substituto à altura do GPT-4o no que toca a usabilidade no mundo real.
Nesta fase, o o1 está disponível para os utilizadores dos ChatGPT Plus e Team e a OpenAI disponibiliza ainda um o1 mini, para quem está mais focado em obter respostas rápidas do modelo para Matemática e Ciência, ou seja, destinado a alunos e profissionais destes setores. Na próxima semana, o modelo chega aos utilizadores Enterprise e Education.
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As obras da casa avançam e o jardim parece agora um cenário de guerra. Entulho, pilhas de tijolos, um monte de areia, outro de brita, vigas de ferro, vigotas, arames retorcidos, tubos enrolados como jiboias, uma pilha de tábuas com os espinhos de pregos ferrugentos. Assustada, a natureza retrai-se sob um véu de poeira. Rego o que fui plantando durante meses. A frescura de uma alegria breve e colorida cheira a terra húmida. O sol conspira com a empreitada e a árvore de Judas está morta. A gaura branca e a pequena cameleira cor-de-rosa dificilmente sobreviverão, Não estás farta de obras?, perguntam-me os meus amigos, quando recorrentemente as nossas conversas resvalam para escolhas de azulejos, mosaicos, cores de tinta, puxadores, torneiras, sanitários. Têm razão, gastei vários anos da minha vida à espera que terminassem as obras das casas em que fui vivendo, Não posso acreditar que te vais mudar outra vez para uma casa a precisar de obras, dizem-me incrédulos, como se estivessem perante uma masoquista ou viciada. É difícil explicar-me. Gosto que as janelas por onde espreito o mundo me mostrem os olhos dos outros que aqui estiveram, quero escutar os passos antigos que ensinaram a ranger as tábuas que piso, aproveito o balanço que mãos e anos deram à madeira das portadas. Ouso tentar devolver beleza ou vida. Com a imprevisibilidade e desprendimento de quem planta, que plantar não é planear. Colho limões do limoeiro. O fruto é um acaso repetido, caroço cuspido do passado. Repouso no contínuo do tempo. O que é novo inquieta-me.
Um coração foi talhado numa prateleira da despensa e há uma pequena santa de barro esquecida no nicho do quarto. Invento amores, razões, fés. A casa acolher-me-á tanto mais quanto lhe conhecer as entranhas e as costuras com que o seu corpo se vai fazendo, E o martírio das obras?, insistem alguns amigos.
*
Todos os membros da minha família paterna tinham o nome de pedreiro. Quando falávamos deles, quando falamos deles, dizemos a tia pedreira, o avô pedreiro, o Zé pedreiro. Isto porque o meu tio-avô José era um dos pedreiros mais ricos da região. Morreu uns bons anos antes de eu nascer, mas sempre tive a sensação de ter assistido ao momento da sua morte, tantas foram as vezes que o meu pai o contou, Estávamos a almoçar e ele caiu para o meu ombro depois de ter dito, Tenho aqui uma dor, foram as suas últimas palavras, a tentar acordar o coração com um murro, um homem daquela envergadura, forte como um touro, um homem com uma visão das coisas fora do comum, Tenho aqui uma dor e a cabeça dele tombou no meu ombro, contava, estupefacto, o meu pai, cujo nome completo era igual ao do tio morto nos seus braços.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o tio Zé pedreiro havia enriquecido com negócios de volfrâmio mais ou menos obscuros. Finda a guerra e o filão do volfrâmio, o tio Zé regressou às obras, ofício que, segundo se dizia, lhe estava no sangue. Arrastou, assim, a família por Trás-os-Montes afora, acrescentando novas construções às outras que os seus antepassados já haviam erguido. Quando íamos à terra onde ela e eu nascemos, a minha mãe apontava,
Aquele cemitério foi feito pelo teu tio pedreiro.
O teu pai andou mais do que um ano à jeira a abrir esta estrada.
Já éramos casados quando eles acabaram aquela escola.
Foi o teu pai quem fez a estátua do adro da igreja.
Se o meu avô materno não tivesse encomendado a feitura de um poço ao meu pai, possivelmente a minha mãe e o meu pai nunca se teriam cruzado. O meu pai a escavar a terra, fundo, bem fundo, a travá-la depois com pedras dispostas em circunferências empilhadas que confinavam a água já incapaz de se esconder, e a minha mãe a trazer-lhe dia após dia o almoço que estava incluído na jorna. Sob o sol inclemente do meio-dia, apaixonaram-se à primeira vista. O meu pai a pretexto de querer cortar um naco de pão perguntou, A menina tem uma faca?
*
Quando regressei de Angola, em 1975, dormi uma noite na casa do tio Zé pedreiro, que pertencia então à sua viúva, a tia rica. O edifício ocupava o centro da aldeia e eu só tinha visto um casarão daqueles em filmes. O tio Zé pedreiro não fora o seu primeiro habitante, mas construíra a ala direita e fizera subir os portões de ferro com trabalhos de tal pompa que ainda hoje espantam quem lá passa. A chaminé da cozinha gigante ia de parede a parede e o chão era da pedra mais lisa que conheci. Ficou decidido que a minha mãe e a minha irmã partilhariam a cama de dossel do quarto de hóspedes e que eu dormiria no quarto contíguo, chamado o quarto das crianças. A minha avó materna, a avó Marquinhas, receosa de que a tia rica nos quisesse a viver com ela, fosse por ciúmes ou por julgar que faria de nós suas criadas, contou-me que o tio Zé pedreiro fora tão usurário nos seus negócios que todas as noites o casarão era visitado pelos fantasmas daqueles que explorara e que vinham reclamar o que era seu. A avó Marquinhas garantia, aliás, que haviam sido os fantasmas quem ateara um incêndio, cuja origem ninguém conseguira justificar, e que destruíra a parte da casa que permanecia em ruínas. Eram eles que ensandeciam também as criadas que invariavelmente iam parar ao hospício. Por isso, a avó Marquinhas deu-me uma pagela que nos protegeria de todos os males e que eu deveria pôr debaixo do colchão. Fiz tudo como me disse, mas mesmo assim quase não preguei olho. Só adormeci quando a luz da madrugada começou a entrar pelas frinchas das portadas, diluindo o negrume espesso do quarto. Acordei sobressaltada com a minha mãe a apressar-me para irmos embora, fugindo sabe Deus do quê.
Poucos anos depois, a tia rica morreu e os fantasmas assenhoraram-se do casarão, aparentemente imunes à pagela que deixei esquecida debaixo do colchão. Assim acabou uma linhagem de pedreiros. Ou talvez não.
*
Quando casámos, o Luís e eu tínhamos apenas o ordenado dele de assistente universitário, que não era garantia bastante para que os bancos nos emprestassem dinheiro para comprarmos uma casa nova. Chegava, no entanto, para financiarem-nos a compra de uma casa velha e parte das suas obras. Ingénuos, como só os amantes inexperientes podem ser, contratámos um empreiteiro que estava a recuperar um apartamento perto do nosso. O senhor Adérito, que viera de uma aldeia do Norte e arrendara um quarto de pensão com ganas de se estabelecer na grande cidade, tratou do grosso da obra. O resto – afagar, betumar e encerar o chão, decapar e envernizar madeiras, pintar paredes – fizemo-lo nós. Enquanto o Luís ia dar aulas, eu adiantava esses trabalhos. Foi então que dei conta de que um fantasma começou a seguir-me. Ele e eu enredámo-nos. Era o homem do Campo de sangue que escrevi com a casa dos Anjos já pronta.
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Vou cingir-me aos factos, mas aviso desde já que o tema principal da VISÃO DO DIA de hoje é uma descida aos infernos. Gisèle Pelicot tem 71 anos e, desde que se reformou, vive em Mazan, perto de Avignon, no Sul de França. Foi drogada e violada durante dez anos pelo marido, Dominique, o qual, através de um site sobre sexo, contrava outros homens para a violarem também. A expressão que usei em cima – descida aos infernos – foi a expressão usada pela filha do casal quando soube de tudo.
Há duas semanas que o caso está a chocar a França. O julgamento começou no princípio de setembro e está previsto durar até dezembro. No banco dos réus, além de Dominique, até agora considerado um companheiro, um pai e um avô extremoso, estão sentados mais 50 homens. Gisèle tem recebido manifestações de apoio de inúmeras pessoas, de associações feministas a anónimos cibernautas, que generosamente até iniciaram operações de crowdfunding. Os advogados já fizeram saber que Gisèle dispensa esse tipo de iniciativas. Num comunicado divulgado através da Imprensa, agradeceram o apoio e explicaram que Gisèle deseja manter “a dignidade e a serenidade” do debate. Também apelaram à moderação nas redes sociais.
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O rosto não lhe trai a emoção. Parece atordoada. Quase sem expressão, atrás dos óculos escuros redondos. Mas desta vez está acordada. Desta vez, Gisèle Pélicot toma as rédeas do seu corpo e da sua vida. Quer que a vergonha mude de lado e, por isso, dá a cara. Dá-a de pleno direito e consciência. E através desse gesto deixa de ser a boneca de trapos que o marido, Dominique Pélicot, ofereceu durante anos a desconhecidos que a violaram, drogada, inconsciente, incapaz de se defender.
Gisèle não se esconde atrás de iniciais ou nomes fictícios, não foge às câmaras. São os homens que abusaram dela que tapam o rosto, enquanto passam pelos jornalistas. Foi o marido que, antes de começar o julgamento, confessou à psicóloga que o examinou a inquietação pela imagem com que ficariam dele. A vergonha, em certo sentido, começou a mudar de lado.
Gisèle mostra-se e confronta-nos. Olha de frente para homens que agora balbuciam justificações perante o juiz. Tentam dar a ideia de que talvez a relação com o marido não fosse convencional e obrigam-na a garantir que não, nunca fez swing, não nunca fingiu estar a dormir.
Gisèle quer deixar de ser a vítima, mas a forma como se desenrola o julgamento mostra bem como o jogo está inquinado. A dúvida que paira sobre ela ensombra-nos a todas. Gisèle não é só uma mulher que o marido entendeu oferecer a desconhecidos em fóruns na internet, é um símbolo de uma guerra surda declarada às mulheres e aos seus corpos, por uma cultura que as despersonaliza, as mercantiliza e a desqualifica.
Dominique encontrou os 80 homens que violaram Gisèle em fóruns da internet. Por cada dez homens que abordou, apenas três recusaram a oferta. Sim, porque Dominique sentia-se legitimado a oferecer a “sua” mulher. Era assim que a via. Como uma propriedade de que podia dispor.
Atentemos, porém, nos que disseram que não. Os que recusaram a possibilidade de abusar de Gisèle calaram-se. Não denunciaram Dominique. Talvez tenham recusado mais por medo do que por convicção. Certamente a oferta não os repugnou o suficiente para a denunciarem.
“Os homens não são todos iguais”, reagirão, prontamente, alguns. Não é isso que está em questão. Nunca esteve. O problema é a cultura em que estamos imersos. A mesma que nos faz perceber desde muito novas que não devemos andar por sítios escuros sozinhas, que devemos preocupar-nos com o tamanho das nossas saias, que é melhor a andar com as chaves entre os dedos, preventivamente, não vá ser preciso defender-nos.
Nunca estamos seguras. Não somos senhoras dos nossos direitos. Os nossos corpos são permanentemente avaliados, comentados, observados. Somos presas, ensinadas a fugir a predadores. Somos julgadas, ensinadas a justificarmo-nos. Somos silenciadas, ensinadas a calar-nos. Somos controladas, ensinadas a submetermo-nos.
O nosso corpo, o nosso tempo, os nossos gestos. O pronome é possessivo, mas a verdade é que temos de lutar continuamente por eles. Nada nos é dado. Tudo nos é questionado.
Até para sermos vítimas temos de escolher a maneira certa. A que não ofenda, a que não choque, a que não provoque. O ideal é sermos invisíveis, mas mostrando sempre o melhor sorriso. O ideal é desviarmos o olhar, mas olhando sempre pelos que nos rodeiam. O ideal é conseguirmos ter tudo, mas abdicando do que for preciso.
Gisèle está a mostrar-nos um caminho. Está a ensinar-nos que é o criminoso aquele que tem de se esconder. Fá-lo com um esforço indizível, que talvez não chegue sequer para fazer-nos avançar mais do que uns centímetros nesta longa caminhada. Mas vamos continuar a andar. Por muito que nos travem, não vamos parar.