A probabilidade de a próxima pandemia ter origem em explorações que criam animais destinados à venda de peles é grande. Se não forem tomadas medidas de biossegurança mais rigorosas, elas podem vir a ser uma ponte entre os vírus que circulam na vida selvagem e as pessoas.

O alerta surge na sequência de um dos maiores estudos de sempre sobre os agentes patogénicos que circulam nesse tipo de quintas na China, cujos resultados foram agora publicados na revista Nature.

Mais de uma centena de vírus, um quarto deles novos e com “alto risco” de serem transmitidos de uma espécie para outra, incluindo humanos, foram detetados em martas, raposas, ratos-almiscarados e cães-mapache (Nyctereutes procyonoides, parecidos com guaxinins). Entre eles, os investigadores encontraram ainda um coronavírus relacionado com determinados vírus que até agora só tinham sido identificados em morcegos.

A investigação, que envolveu cientistas de universidades da China, da Bélgica, da Austrália e dos Estados Unidos, entre 2021 e 2024, centrou-se apenas em explorações chinesas, mas as suas conclusões fizeram tocar campainhas um pouco por todo o mundo – a começar pela Europa, onde se concentra grande parte desta indústria.

Em 2016, as quintas europeias que então se dedicavam às martas produziram 39,05 milhões de peles, enquanto as chinesas se ficaram pelos 26,16 milhões. Não se estranha, por isso, que, no início da pandemia de Covid-19, o SARS-CoV-2 se tenha propagado através das explorações de martas na Europa.

Os criadores apressaram-se, então, a implementar medidas de prevenção e de vigilância mais apertadas. Ainda assim, a notícia do abate de milhares de animais fofinhos, nomeadamente na Dinamarca, chocou muito boa gente.

Para os investigadores que estudam os mecanismos através dos quais os vírus saltam as fronteiras das espécies, essa notícia teve sabor a comida requentada.

Anos antes da pandemia que começou na China no final de 2019 e, pouco depois, pôs o resto do mundo de máscara e sobreaviso, já as explorações de martas tinham registado surtos do vírus da gripe aviária H5N1.

“NOVOS” HOSPEDEIROS

“É assim que as pandemias acontecem”, sabe de cor o britânico Eddie Holmes, de 59 anos. Imaginamo-lo a dizer isto com o sorriso que vemos em quase todas as suas as fotografias disponíveis na internet, um bom truque para levar o mundo a ouvi-lo com mais empatia e atenção.

Não é a primeira vez que o biólogo evolutivo especializado no aparecimento de doenças infecciosas, docente na Universidade de Sydney, na Austrália, participa em estudos como este. No ano passado, fez parte de uma equipa que relatou a ligação entre cães-mapache vendidos no mercado de Wuhan, na China, e o SARS-CoV-2 (ver caixa).

Os investigadores há muito que suspeitavam de que os animais criados para a produção de peles são um reservatório de vírus que podem passar para as pessoas. Mas nunca fora realizado um estudo tão abrangente.

Desta vez, Holmes e os colegas recolheram amostras de tecido pulmonar e intestinal de 461 animais, mortos entre 2021 e 2024. Todos tinham estado doentes, com grande probabilidade de terem morrido de uma doença infecciosa.

Desses animais, 164 pertenciam a quatro espécies criadas exclusivamente para a produção de peles: marta-americana (Neogale vison), raposa-vermelha (Vulpes vulpes), raposa-do-ártico (Vulpes lagopus) e cão-mapache. A maioria provinha de explorações intensivas do Nordeste da China.

Os restantes eram animais de criação e animais selvagens utilizados para a produção de peles, bem como para a alimentação e a medicina tradicional, do Leste do país, e incluíam porquinhos-da-índia, veados e coelhos.

Ao sequenciar o ARN e o ADN dessas amostras de tecido, a equipa conseguiu identificar 125 vírus, incluindo vários da gripe e coronavírus. Entre eles, 36 nunca tinham sido vistos antes e muitos foram encontrados em espécies que não se sabia serem hospedeiras, explica-se na Nature. “Por exemplo, o vírus da encefalite japonesa foi encontrado em porquinhos-da-índia e o norovírus em martas.”

DESAFIAR A SORTE?

Os investigadores encontraram ainda um vírus H6N2 da gripe aviária num rato-almiscarado (Ondatra zibethicus), tendo sido a primeira vez que esse subtipo foi identificado em mamíferos. “E, mais notavelmente, encontraram numa marta um coronavírus do tipo HKU5, relacionado com vírus que até agora só tinham sido identificados em morcegos – prova de que estas explorações podem funcionar como uma autoestrada para os vírus que se escondem nos animais selvagens chegarem às pessoas”, conclui-se na mesma revista.

Essa prova de que “passou dos morcegos para as martas de criação deve servir de alarme”, sublinhou Holmes, na apresentação do estudo. Isto quando, apesar do “enorme número de vítimas da Covid-19”, o mundo ainda não faz o suficiente para evitar futuras pandemias, considerou.

“Cada um destes vírus que descobrimos é apenas mais um lançamento de dados”, notou, então, o mesmo virologista. “O nosso número voltará a aumentar.”

Um possível travão a uma aparente inevitabilidade passará por se implementarem medidas como a redução da sobrelotação das explorações, quarentenas para os animais, melhor limpeza das jaulas e eliminação de resíduos mais eficiente, sugerem os investigadores. Ou – escrevemos nós – pelo fim do comércio das peles.

O caçador de vírus

Quem é o britânico que garante que a Covid-19 não veio de um laboratório

Enquanto crescia no Oeste de Inglaterra, Edward Holmes teve um professor de Biologia que pendurou um poster de um orangotango na parede da sala, em que se lia “Não sou teu primo”, e disse aos alunos para não lerem o lixo sobre evolução que vinha no manual. Foi o suficiente para o então miúdo de 14 anos ficar ansioso por mergulhar no tema, contou recentemente o The New York Times.

Na universidade, Eddie começou por estudar a evolução dos macacos e dos seres humanos, dedicando-se depois aos vírus. Esteve em Edimburgo, Oxford e na Pensilvânia, até aterrar em Sydney, para ficar perto da Ásia, onde temia que o comércio de animais selvagens pudesse desencadear uma nova pandemia. “Ele vai para onde há fogo”, disse ao mesmo jornal Andrew Read, também biólogo evolutivo, que trabalhou com ele na Pensilvânia.

E foi mesmo. Em 2014, numa visita ao mercado de Wuhan, na China, fotografou cães-mapache, porque eles tinham sido suspeitos de propagar o SARS-CoV de 2002. No último dia de 2019, lembrou-se dessas fotografias quando soube de uma nova pneumonia em Wuhan. Pensou “cães-mapache” e terá acertado em cheio, mas nem ele, que os colegas apelidam de “caçador de vírus”, pode ultrapassar o facto de todos os animais terem desaparecido daquele mercado chinês, logo em janeiro de 2020.

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Não para de nos surpreender o ecletismo militante do realizador e produtor Rodrigo Areias, que eleva a um extremo a ideia de nunca fazer o mesmo filme. A Pedra Sonha Dar Flor, a sua nova longa, que chega agora às salas, pensada e realizada a partir da literatura de Raul Brandão, dificilmente poderia estar mais distante de O Pior Homem de Londres, o mais britânico dos filmes portugueses, estreado também neste ano, com produção de Paulo Branco.

Raul Brandão é uma paixão antiga e quase obsessiva de Rodrigo Areias, para a qual contribui uma afetividade geográfica: a sua cidade, Guimarães, foi onde o escritor viveu grande parte da vida adulta. Assim, a obra de Brandão já fora abordada, de forma mais ou menos clara, por Areias, mas nunca havia feito uma adaptação como esta. A Pedra Sonha Dar Flor parte essencialmente de A Morte do Palhaço, um dos mais desconcertantes livros do escritor português, mas acaba por tocar em muitas outras obras.

Foto: DR

A temática é pesada. É um filme sobre a morte, a violência, a religião, espelhando o olhar por vezes irónico, outras vezes cru, do escritor sobre a existência. Sustenta-se numa definição clara de fotografia e enquadramento (mais um trabalho notável de Jorge Quintela), servindo-se do esplendor da ria de Aveiro, para criar um ambiente simultaneamente soturno, gótico e idílico.

O filme não obedece a uma narrativa linear, mas apesar disso tem a capacidade de nos cativar, pela qualidade do texto, a cadência da ação, o deslumbre da estética e a expressividade dos atores. É um filme mais formalista, com enquadramentos simétricos e um rigor fotográfico a darem espaço para um autor clássico, profundamente atual e universal. A Pedra Sonha Dar Flor é tão fiel a Raul Brandão quanto um filme pode ser a um escritor.

A tudo isto ainda se acrescenta uma banda sonora, de Dada Garbeck (nome artístico de Rui Souza), que tem sido apresentada ao vivo em sessões um pouco por todo o País.

A Pedra Sonha Dar Flor > de Rodrigo Areias, com João Pedro Vaz, Gustavo Sumpta, Nuno Preto, Miguel Moreira, Paula Só > 141 min

O Bloco de Esquerda apresentou uma queixa no Ministério Público contra elementos da associação de extrema-direita Habeas Corpus por vandalismo e destruição de dezenas de cartazes do partido com o slogan “Palestina Viva!”. O BE contabilizou, nas últimas semanas, 50 cartazes destruídos em 20 concelhos do País, naquilo que considera ser uma ação “evidentemente concertada”, “generalizada” e “inédita”.

Um dos alvos desta queixa é Djalme Santos, um dos mais destacados membros da Habeas Corpus, associação que é liderada pelo ex-juiz Rui Fonseca e Castro, e que se tem feito notar com invasões a eventos associados a movimentos LGBT+ – como aconteceu, em maio, em Cabeceiras de Basto –, que acusam de estarem a “promover a homossexualidade, a degeneração e a desconstrução da família”. Recentemente, num vídeo publicado pelo próprio nas redes sociais (ver abaixo), Djalme Santos tinha-se filmado a insultar o Bloco de Esquerda e a rasgar o cartaz em defesa do povo da Palestina, anunciando que “começa hoje a limpeza e essa limpeza vai-se dar em todo o território nacional”. No final do vídeo, o extremista dirige-se diretamente ao líder da bancada parlamentar do BE, Fabian Figueiredo.

O mesmo Djalme Santos tinha anunciado que a Habeas Corpus vai marcar presença na Marcha de Orgulho LGBT+, que se realiza este sábado, em Castelo Branco. Na sequência deste anúncio, 67 organizações e quase 500 pessoas assinaram carta que alerta para o perigo do grupo de extrema-direita e pede uma ação do Governo. “As notícias que alertam para os atos perigosos desta associação vão-se acumulando na imprensa sem que sejam tomadas as devidas ações contra esta organização para fazer cessar a violência”, lê-se na carta.

A associação de extrema-direita liderada por Rui Fonseca e Castro – candidato do Ergue-te nas últimas eleições Europeias – tem também vindo a publicar mensalmente, nas redes sociais, uma lista de pessoas que apelida de “Terroristas LGBTQIA+”. Recentemente, a Habeas Corpus disponibilizou aos seus seguidores uma minuta jurídica com o objetivo de impedir que “as pessoas do movimento político LGBTQIA+” possam contactar com os seus filhos.

O Bloco de Esquerda tem vindo a exigir ao Governo o desmantelamento da Habeas Corpus. Ontem, foi a vez de os deputados do PS enviarem uma pergunta ao executivo de Luís Montenegro com o objetivo de lançar um debate sobre as ações de grupos como a Habeas Corpus, considerando ser “insustentável” viver com estas “ações persecutórias e de incitamento ao ódio”.

Rui Fonseca e Castro: o ex-juiz que lidera a Habeas Corpus

Rui Fonseca e Castro, 50 anos, tornou-se uma figura popular junto dos movimentos negacionistas da Covid-19, a partir de outubro de 2020, por contestar as versões oficiais sobre a pandemia e a sua gestão pelo Governo português, o que lhe valeu a alcunha de “juiz negacionista”. Suspenso pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) na sequência das suas declarações, seria expulso da magistratura no final do processo.

Foto Álvaro Isidoro/Arquivo

O também advogado (inscrito em Portugal e no Brasil) está ainda acusado pelo Ministério Público (MP) por crimes de ofensa contra a honra de Ferro Rodrigues e de calúnia por difamação do ex-diretor da PSP, Magina da Silva. Rui Fonseca e Castro vai ainda a tribunal pela discussão com agentes da PSP, ocorrida à entrada do CSM, que ocorreu antes de ser ouvido em audiência por aquele órgão, no âmbito do processo que levaria à confirmação da sua demissão. É ainda acusado por ofensas à PSP e à ASAE.

O ex-juiz – demitido da magistratura no dia 7 de outubro de 2021 – vive, hoje, em Ponte de Lima (Viana do Castelo), e lidera a associação Habeas Corpus, seguida por todo o tipo de extremistas, incluindo mercenários, neonazis e cadastrados, alguns com treino paramilitar, formação em artes marciais e acesso a armas ilegais, como contou a VISÃO, num artigo de investigação, publicado em fevereiro de 2023, da autoria do jornalista Miguel Carvalho.

Nas últimas Europeias, Rui Fonseca e Castro foi cabeça de lista do partido Ergue-te. Durante a campanha para as eleições, chegou a marcar presença à porta da sede do Bloco de Esquerda, com megafone na mão. A comitiva do Ergue-te chegou mesmo a agredir violentamente um homem na ocasião, o que motivou uma queixa do BE.

Ainda no passado sábado, 7, a Habeas Corpus reuniu cerca de meia centena de pessoas para assinalar o 2.º aniversário da associação, numa sardinhada que teve lugar em Peniche.

Espreitando pelas janelas do piso térreo do Hotel Corpo Santo, na Rua do Arsenal, consegue ver-se um troço da Cerca Fernandina, construída entre 1373 e 1375 junto ao rio. São 32 metros de muralha em excelente estado de conservação e, ainda, o que sobra da chamada Torre de João Bretão, um corsário contratado por D. João II para proteger a costa lisboeta. Ao longo de décadas, a reabilitação urbana tem desenterrado tesouros e são alguns desses achados que poderão ser visitados, de forma gratuita, no fim de semana de 14 e 15 de setembro, durante a Open House Arqueologia. 

O Museu de Lisboa – Teatro Romano volta a organizar esta terceira edição, que abre as portas a 44 sítios, entre Belém e o Beato. Uma viagem no tempo, desde a pré-história até quase à contemporaneidade, por locais como casas particulares, parques de estacionamento, lojas, hotéis, monumentos e museus que apresentam vestígios de outros tempos. 

Arqueólogos e especialistas ajudarão os curiosos a interpretar este património. Exemplos? Uma fábrica de transformação de pescado da época romana, no hotel Palácio do Governador; o troço de muralha de D. Dinis e vestígios do Palácio Real, no Museu do Dinheiro; a antiga Fábrica de Moagem da Manutenção Militar; uma estela funerária escrita em fenício, no hotel Aurea Museum; as Termas dos Cássios, os principais banhos públicos de Felicitas Iulia Olisipo, na Rua das Pedras Negras; ou estruturas portuárias dos sécs. XVIII e XIX, no parque de estacionamento do Campo das Cebolas. 

A entrada nas reservas e no laboratório de conservação do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática também está no programa, assim como o Museu Nacional de Arqueologia, que atualmente se encontra encerrado para obras, mas acolhe os interessados em conhecer a ala do Mosteiro dos Jerónimos onde se instalou em 1903 para mostrar a evolução do monumento, do século XVI até ao século XX. 

As visitas, sujeitas a marcação prévia, são limitadas e costumam esgotar-se. O mesmo acontece com as visitas às Galerias Romanas da Rua da Prata, nunca é demais lembrar. Entre os dias 19 e 22 de setembro, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, haverá oportunidade de descer por um alçapão a esta estrutura descoberta no subsolo da Baixa lisboeta em 1771, na sequência do Terramoto de 1755.

Open House Arqueologia > 14-15 set, sáb-dom 10h-18h30 > grátis > programa em museudelisboa.pt, marcações através do email openhousearqueologia@museudelisboa.pt 

O Exército Australiano, através do Grupo de Vigilância da Força Regional (RFSG) do Regimento de Pilbara, está a testar um novo sistema robótico não tripulado, o Ground Uncrewed System (GUS). Este robô de vigilância está equipado com câmaras e sensores que permitem fornecer vigilância contínua durante mais de 30 dias, utilizando apenas energia da bateria. Quando a bateria está prestes a esgotar-se, um gerador interno a combustível líquido recarrega-a, prolongando ainda mais a autonomia.

O brigadeiro James Davis, diretor-geral do departamento Future Land Warfare, afirmou que o exército australiano está empenhado em desenvolver capacidades que aproveitem as tecnologias novas e emergentes. “Colocar este equipamento nas mãos dos utilizadores finais, como o RFSG, permite-nos aprender diretamente com a sua utilização”, podemos ler no site do departamento da defesa australiana.

Veja abaixo mais imagens:

O GUS foi desenvolvido numa fase inicial por investigadores da Federation University, instituição de ensino em Victoria, com o propósito de ajudar os guardas florestais a protegerem os parques nacionais de África. Contudo, em 2022, a universidade revelou que, com o interesse do exército australiano, o foco passou da proteção da vida selvagem para uma utilização de caráter militar.

O 13.º Regimento de Engenheiros do Exército já testou o GUS em diversas situações. O robô tem a capacidade de detetar objetos em movimento e transmitir a informação para um operador remoto. Este robô poderá desempenhar um papel crucial em sinalizar soldados de condições ambientais adversas e na expansão das áreas de vigilância.

“Trabalhar com a indústria nacional desbloqueia novas ideias e fortalece a base industrial da Austrália. O Projeto GUS demonstra o que pode ser alcançado localmente”, acrescentou James Davis.

Segundo um estudo realizado pela consultora global de gestão organizacional Korn Ferry, estima-se, em Portugal, um aumento salarial na ordem dos 4,12% para o ano de 2025 – um abrandamento de 0,47% face às previsões do ano passado. “De acordo com os resultados do maior estudo salarial realizado em Portugal pela Korn Ferry (NYSE:KFY), o aumento salarial estimado para 2025 é de 4,12% no salário base”, pode ler-se num comunicado da Korn Ferry a que a VISÃO teve acesso. No estudo participaram 138 empresas de diversos setores, incluindo Turismo, Bens de Consumo e Energia.

Um abrandamento que, segundo os responsáveis por estes dados agora divulgados, reflete o impacto da inflação e evolução dos preços praticados nos últimos anos. “Face aos resultados obtidos em 2024, o mercado parece demonstrar algum ajuste e adaptação, depois de um período de grande instabilidade inflacionária. Ainda assim, as empresas continuam a implementar medidas para mitigar o efeito de perda de competitividade e do poder de compra dos colaboradores e 43% afirmam que mais de 50% do incremento previsto considera a inflação”, explicou Duarte Silveira, Head of Digital da Korn Ferry Portugal.

Mas nem todos os setores mostraram os mesmos resultados. Algumas áras de atividade como Tecnologias de Informação, Farmacêuticos, Transportes e Serviços avançam com aumentos salariais mais significativos. Estima-se que, em 2025, nas empresas de Tecnologias de informação, por exemplo, existam reforços remuneratórios na ordem dos 6,7%. No entanto, a consultora sublinha ainda que “é o setor da Saúde que este ano apresenta a maior projeção de aumento (7,80%) para 2025”, lê-se.

“Analisando por grupo funcional, em Portugal são novamente as funções de base (administrativos/operativos) aquelas que têm um maior aumento estimado para a grande maioria dos setores em 2025, destacando-se o setor de tecnologias de informação com um aumento de 6,75% nestas funções”, destacam.

Já na distribuição e retalho, a previsão para o próximo ano não chega aos 3% (2,93%). No turismo e no setor químico, as remunerações deverão crescer 3% e, no setor da banca e seguros, espera-se um reforço remuneratório de 3,33%.

É também no setor de Tecnologia de informação que se voltam a destacar as funções executivas, com o maior aumento (6,70%) face aos restantes grupos. “Este resultado justifica-se não só pelas políticas de retenção e sucessão que estão a dominar este setor devido à escassez de talento, como pela procura de executivos que consigam navegar um setor que se encontra em rápida transformação, com a complexidade associada de promover a adoção de tecnologias emergentes nos clientes que servem”, justifica a Korn Ferry.

Aumentos estimados consoante a função

Os responsáveis pelo estudo salientam ainda que os aumentos salariais apresentados são uma média do que se prevê atribuir em 2025. “Naturalmente que, por mérito, por desempenho, pela dificuldade em reter ou atrair profissionais, entre outros fatores, os valores distinguirão diferentes profissionais e colaboradores presentes em diferentes famílias funcionais, e não tanto a tipologia de função exercida”, lê-se na nota.

Para além disso, observa-se um crescimento percentual de 15% (em 2024) para 17% (em 2025), no número de organizações que diferenciam os aumentos atribuídos por famílias funcionais.

Já noutras organizações, o aumento pode atingir entre os 8 e 10% em 2025.

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