Visão
As Forças de Defesa de Israel (IDF na sigla em inglês) tinham anunciado que o Irão tinha lançado cerca de 180 mísseis contra o território israelita, em retaliação pelos assassínios do líder do movimento islamita palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, do chefe do grupo xiita libanês Hezbollah, Hasan Nasrallah, e de um general iraniano. O Irão já confirmou o lançamento de 200 mísseis, de acordo com a televisão estatal do país.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse na terça-feira à noite que o Irão “cometeu um erro grave” ao atacar o seu país e que “pagará o preço”. “O regime iraniano não compreende a nossa determinação em nos defender e responsabilizar os nossos inimigos”, avisou o governante, num discurso em vídeo. “Há pessoas em Teerão que não compreendem isto. Vão compreender. Vamos cingir-nos ao que estabelecemos: quem quer que nos ataque, nós atacamos”, garantiu Netanyahu.
Também o embaixador israelita no Conselho de Segurança da ONU, Danny Danon, garantiu que “o Irão vai sentir as consequências dos seus atos e vai ser doloroso”.
Continuamos a encarar a sociedade como se nada tivesse mudado nos últimos cem anos. Esquecemos que aqueles que agora nascem terão uma vida adulta muito diferente da nossa. Desde logo, exercerão novas profissões. Em 2016, o Relatório do Fórum Económico Mundial antecipava que 65% das crianças que entravam nas escolas iriam trabalhar em funções que ainda não existiam.
A incerteza e as mudanças profundas que surgirão em vidas humanas mais longas e diversificadas aconselham a procurar novas soluções culturais, sociais, políticas e económicas diferentes das tradicionais, uma vez que estas estão a revelar-se inadequadas à realidade emergente.
Por exemplo, as propostas sociais mais correntes para os idosos são centros de dia, lares de terceira idade e apoio domiciliário. Mas são propostas que foram desenhadas para uma população analfabeta ou com baixa literacia e cultura, problemas de mobilidade e saúde mais acentuados. Sucede que a população portuguesa está em transformação. Por exemplo, hoje já estão a chegar à idade da reforma inúmeras pessoas com níveis de formação mais elevados, inclusivamente académicos, que necessitam de outras respostas.
As universidades e academias seniores ainda são olhadas como sendo respostas de elite e não têm os apoios do estado que deveriam ter, a fim de desenvolverem um trabalho muito mais profundo e alargado a todo o território. Falo do que sei. Em 2003, fundei com outras pessoas uma universidade sénior de que fui reitor durante cerca de dez anos, e bem sei as dificuldades que tivemos para colocar o projeto de pé, sem apoios oficiais do governo ou autarquias nem de privados. Apesar disso, veio a ser considerada uma das melhores do País e tornou-se uma instituição muitíssimo significativa para idosos, tantos na condição de alunos como na de professores ou de ambos.
A maioria dos lares de idosos não passam dum depósito de velhos doentes, sem estímulos nem programas, onde os utentes morrem um pouco todos os dias na sua inatividade, absortos, a olhar distraidamente para um televisor, a maioria deles esquecidos pela própria família e desligados da comunidade humana em que se integram.
Porque não investir em apartamentos residenciais em zona urbana, enquadrados em bairros com vida comunitária, dispondo de serviços essenciais (p. e. apoio médico, de enfermagem, cabeleireiro, limpeza), onde os utentes possam fazer ou encomendar as suas compras e cozinhar, mantendo alguma privacidade, mas nunca estando completamente sozinhos de dia nem de noite?
Por que não articular os lares residenciais com jardins-de-infância, de forma a permitir uma ligação intergeracional, que é sempre rica tanto para as crianças como para os idosos?
Porque não utilizar alguns mais velhos quando necessário, dando-lhes uma pequena formação, para irem às escolas, a convite destas contar estórias de vida às crianças e adolescentes?
Porque não organizar, potenciar oficialmente e estimular de forma ativa a oferta de quartos a estudantes deslocados na casa de idosos sozinhos, em troca de pequenos serviços de apoio?
Porque não reorganizar o mercado de trabalho de modo a que os indivíduos com idade de reforma possam continuar a trabalhar durante um período, agora em regime de tempo parcial, de acordo com o seu desejo e o interesse das empresas? Certamente todos concordamos com Camus “Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela.”
Porque se faz uma separação tão categórica entre a chamada vida ativa e a reforma? Por que não se compreende que tal separação é cada vez menos inteligente, tanto devido à progressiva longevidade como ao facto de atirar para o canto os que dispõem de mais competências e experiência profissional? E que, por essa razão, se estão a dar verdadeiros tiros no pé em temos de economia, em know-how e produtividade, para não falar nos problemas de saúde pública desencadeados por tal corte brusco, dadas as profundas implicações emocionais e mentais que desencadeia com tanta frequência? Como dizia George Sand “Cada um tem a idade do seu coração, da sua experiência e da sua fé.”
A rigidez mental de quem traça as políticas sociais nos gabinetes é de tal ordem que qualquer projeto social inovador que não se enquadre nas valências já existentes é imediatamente desconsiderado, em regra. Porquê? É que dá trabalho pensar, organizar e sobretudo lutar por uma mudança substantiva do paradigma que inspira as respostas sociais já existentes e tradicionalmente aplicadas à população idosa. Abrir novos caminhos dá trabalho e inovar implica sempre um risco que a velha “mentalidade de funcionário público” tem dificuldade em assumir.
Ou seja, somos bem menos inteligentes do que os povos primitivos ao atirarmos borda fora o nosso ouro geracional.
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A CSMA (China Manned Space Agency) apresentou um novo fato espacial, desenvolvido ao longo de quatro anos. Segundo o canal chinês CCTV, este fato destina-se a proteger os astronautas na missão de exploração à Lua, marcada para 2030, durante os seus ‘passeios’ no exterior.
O fato irá ajudar os astronautas a suportar as temperaturas lunares (que podem ir dos 130 graus centígrados negativos aos 120 graus positivos). Os astronautas vão estar protegidos também das radiações solares e das poeiras encontradas à superfície da Lua, ao mesmo tempo que pode andar, trepar, conduzir e realizar as experiências científicas desejadas. Para assegurar a flexibilidade, o fato conta com luvas e joelheiras que permitem articular os movimentos e segurar objetos.
Na cabeça, há uma consola que assegura as comunicações de vídeo e áudio e uma viseira panorâmica anti-brilho e anti-reflexo. As barras a vermelho na parte superior evocam um equilíbrio entre força e graciosidade, ao mesmo tempo que as que estão na parte inferior representam as chamas que se veem aquando dos lançamentos dos foguetões.
Está a decorrer uma campanha em que o público é convidado a sugerir o melhor nome para os fatos.
A missão de exploração da Lua está prevista para o final desta década e consiste em dois foguetões Long March 10 que irão transportar três astronautas. A nave Mengzhou e a sonda Lanye vão ser colocadas em órbita da Lua e assegurar a descida até à superfície. O objetivo da missão é enviar dois astronautas durante várias horas para a superfície para recolher amostras e realizar experiências, regressando depois à Terra.
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A Razer Freyja foi concebida com a tecnologia Razer Sensa HD Haptics (um sistema de vibração que pode ser personalizado) e permite estender o feedback dos jogos também para a parte sensorial, além dos impactos visual e auditivo. Com esta almofada, o jogador pode sentir todos os detalhes do jogo, como a adrenalina do rugido de um carro de corrida ou a tensão silenciosa de uma missão furtiva.
A Razer colaborou com os estúdios de jogos para integrar o feedback háptico personalizado diretamente nos jogos e criar uma experiência imersiva. Os jogadores podem tirar partido de uma biblioteca cada vez maior de conteúdos na plataforma Razer Sensa HD Haptics e garantir sessões de jogo mais realistas.
A almofada tem seis motores hápticos de alta definição, dispostos de forma a proporcionar feedback mais preciso e multidirecional, com motores estrategicamente posicionados para simular interações com detalhes vívidos e melhorar a consciência espacial, explica o comunicado de imprensa da tecnológica.
A apresentação decorreu durante a RazerCon 24, com a marca a explicar que há uma combinação harmoniosa entre a almofada e o headset Razer Kraken V 4 Pro, que também inclui a Razer Sensa HD, aumentando os pontos de contacto de seis para oito e criando um ecossistema háptico abrangente, da cabeça à parte inferior do corpo.
A Freyja pode ser usada também para ver filmes e música de forma diferente, e a Razer lembra que a conectividade Razer HyperSpeed Wireless no PC e a conectividade Bluetooth para Android através da Razer Nexus permitem criar configurações para diferentes experiências de entretenimento.
A almofada traz uma fita ajustável e um sistema de desengate rápido, para proteger contra potenciais danos causados por puxões acidentais e garantindo a longevidade do dispositivo e dos seus cabos.
A Freyja já está disponível para encomenda a partir da loja online ou de revendedores selecionados, com um preço recomendado de 299,99 euros.
O primeiro centro de dados quântico da Europa está a funcionar na Alemanha e foi criado pela IBM. Na estreia, estiveram o chanceler Olaf Scholz, representantes do governo europeu e de várias empresas globais sediadas na Europa. O centro vai usar um sistema baseado no IBM Quantum Heron (que disponibiliza 133 qubits para processamento de dados) que oferece taxas de erro reduzidas, um rendimento 16 vezes superior e uma velocidade 25 vezes maior do que os sistemas IBM Quantum de 2022.
Esta expansão da ‘frota’ de sistemas quânticos vai permitir a mais clientes juntarem-se ao Crédit Mutuel, à Bosch, à E.ON, ao Grupo Volkswagen e à Ikerbasque que já usam sistemas IBM para avançar na descoberta de algoritmos quânticos, explica a tecnológica em comunicado de imprensa.
Este primeiro centro de dados quântico na Europa já tem dois novos sistemas à escala utilitária baseados no IBM Quantum Eagle (que disponibiliza 133 qubits para processamento de dados) e incorporará em breve um sistema adicional IBM Quantum Heron, que conferem capacidades para efetuar cálculos que ultrapassam as capacidades de simulação de força bruta dos computadores clássicos. Quando for instalado, este será o terceiro sistema Heron instalado em toda a linha quântica global da IBM, que pode ser acedida por mais de 250 empresas, universidades, instituições de investigação e organizações de todo o mundo.
Além de políticos e empresários, estiveram presentes representantes de instituições de ensino e de investigação como a Universidade do País Basco e a Associação Fraunhofer-Gesellschaft, que estão entre as mais de 80 instituições europeias que fazem parte da IBM Quantum Network e que contam com estes recursos para explorar algoritmos e aplicações de computação quântica que podem ajudar a resolver alguns dos desafios mais complexos da sua área de atividade.
O calendário tem destas ironias: hoje é o Dia Internacional da Não Violência, que se comemora na data do aniversário de Mahatma Gandhi. Embora não haja certezas, é-lhe atribuída a autoria da célebre frase “Olho por olho e o mundo acabará cego”, que tão bem se aplica no momento que vivemos.
Sabemos que o xadrez é complexo e construído como um jogo de sombras, mas já não estamos a falar de Israel contra um ou outro grupo de terroristas. Depois dos ataques no Líbano (com tropas israelitas no terreno), é agora a vez de um Estado, o Irão, atacar diretamente outro Estado, Israel, sem sequer utilizar os chamados proxis (grupos com ligação a Estados mas que assumem diretamente a autoria dos ataques).
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A E7 Pro é um modelo que se destaca no mais recente alinhamento de televisores da Hisense. Se a maioria apela aos fãs de futebol, o desporto-rei na Europa, ou aos entusiastas de filmes e séries, este televisor foi concebido para chamar a atenção dos gamers e chega com um conjunto de trunfos para transformar a sala de estar num espaço dedicado aos videojogos.

Ainda antes de chegarmos ao desempenho no gaming, comecemos pela imagem. A Hisense aposta num painel QLED que até nos dá uma qualidade de imagem convincente. Este modelo suporta a reprodução de conteúdos a 4K e, aqui, conseguimos uma boa nitidez e fluidez nas imagens, incluindo em cenas mais dinâmicas nos filmes e séries. Em conteúdos de menores resoluções já vemos o sistema de upscalling a trabalhar, com as imagens a ganharem um efeito mais suavizado que, por vezes, se torna demasiado artificial e pouco apelativo.
Clique nas imagens para ver a Hisense E7 Pro 55
A E7 Pro dispõe de vários perfis de imagem pré-configurados e que prometem adaptar-se a uma variedade de conteúdos – do cinema ao desporto – além de um modo dedicado aos jogos. No modo “Padrão”, o resultado não é totalmente desagradável à vista, mas os consumidores mais exigentes vão notar que as cores poderiam ser mais vibrantes e que há uma falta de profundidade nos pretos que, em muitos casos, ganham tonalidades acinzentadas. Por outro lado, o modo “Dinâmico” dá-nos cores mais vibrantes, mais contraste e um pouco mais de profundidade nos tons escuros, sendo este o perfil que mais se destacou pela positiva durante os nossos testes.
Segundo a marca, o brilho do painel é capaz de chegar aos 450 nits – um valor que não é impressionante. Na maioria das situações é simplesmente satisfatório e, em certos casos, acaba por impactar negativamente o desempenho. Ainda nos pontos menos positivos, o painel tem também alguma dificuldade no controlo de reflexos, sobretudo em ambientes com muita luz.
Centrando a nossa atenção no desempenho durante os videojogos destacamos o suporte a uma taxa de atualização variável (VRR) de 144 Hz que, combinado com uma baixa latência, dá mais suavidade e fluidez à jogabilidade. Outro dos trunfos da E7 Pro é um menu de jogo que nos dá várias opções de controlo mais personalizado, seja da luminosidade, dos destaques escuros ou da proporção, permitindo também ver métricas em tempo real como a contagem dos fotogramas por segundo (FPS) ou disponibilizando atalhos para os modos HDR e VRR.

Durante as nossas experiências com o modo de jogo obtivemos um desempenho maioritariamente positivo, com uma boa resolução e com os títulos que experimentámos a correrem sem ‘solavancos’. Tendo em conta as características deste modelo no que respeita à reprodução de cor, jogos com tons mais arrojados e com muitos elementos visualmente apelativos, ou dinâmicos – como Asphalt Legends Unite – acabaram por ter melhores resultados. Por contraste, títulos particularmente sombrios, como Senua’s Saga: Hellblade II, beneficiariam de uma maior profundidade dos tons mais escuros.
Som e software
Ficámos surpreendidos pela potência do volume que este televisor é capaz de atingir. O som tem capacidade para encher rapidamente a sala e para nos colocar no centro da ação, um efeito para o qual contribui o suporte à tecnologia Dolby Atmos.
A par da boa reprodução das frequências médias e agudas, as mais graves também ganham destaque. Este modelo chega com um subwoofer integrado, o que traz mais riqueza a estas frequências. Note-se, no entanto, que não temos a mesma ‘pujança’ que encontraríamos com um sistema de som mais apetrechado. Apesar disso, consegue convencer na experiência sonora.

A conetividade destaca-se pela positiva com uma variedade de ligações físicas disponíveis. No software, o sistema operativo VidaaOS da Hisense dá-nos uma experiência de navegação fluida pelos diversos menus, respondendo rapidamente às interações através do comando e com as aplicações a abrirem sem atrasos. A propósito de aplicações, o sistema disponibiliza várias propostas, algumas já instaladas por predefinição.
Porém, a oferta tem espaço para melhorar, sobretudo quando a comparamos com a de outras marcas. No streaming, há aplicações de ‘peso’ que ainda não figuram na lista, veja-se, por exemplo, o caso do Spotify. Note-se que, quando testámos este modelo, a Max (anteriormente conhecida como HBO Max) não estava disponível, no entanto, a Hisense anunciou recentemente que a aplicação de streaming de séries e filmes passou a fazer parte do catálogo em Portugal graças a uma nova parceria. Apesar de encontrarmos propostas de canais internacionais, a oferta a nível das apps de canais portugueses não é forte. O suporte ao Chromecast da Google também não está disponível neste modelo, limitando-se ao sistema AirPlay da Apple.
Tome Nota
Hisense E7 Pro 55 – €699,98
hisense.pt
Imagem Bom
Brilho Satisfatório
Som Bom
Conectividade Muito Bom
Características Ecrã QLED 55”, 3840×2160 p, 120 Hz / 144 Hz (VRR), 450 nits máx. • Processador MT9618 • HDR10+, HLG, Dolby Vision IQ • Zonas de iluminação: 32 • Som: 2×10 + 20 W (Dolby Atmos) • Wi-Fi, BT 5.0 • 1x USB-A 2.0, 1x USB-A 3.0, 4x HDMI 2.1 (VRR, ALLM), RJ45 • Software: VidaaOS U7.6 • 123,2 × 27,4 × 76,7 cm • 13,7kg
Desempenho: 3,5
Características: 3,5
Qualidade/preço: 4
Global: 3,7
Palavras-chave:
Consumir “menos e melhor” tem sido uma das premissas da A Line desde que nasceu em 2016 na indústria têxtil, em Paços de Ferreira, pelas mãos dos empresários Hélder Gonçalves e Alexandra Carneiro. Oito anos volvidos, a abertura da primeira loja em maio no Quarteirão das Artes, no Porto, não foi a única novidade. Há dias, a marca portuguesa anunciava a entrada do designer Diogo Miranda – que, em 2023, encerrou a sua marca e atelier em nome próprio, em Felgueiras – como diretor criativo. “A A Line entra numa nova era, com um reposicionamento estratégico que reflete a nossa ambição e evolução”, afirmava Hélder Gonçalves, em comunicado.
“O maior desafio enquanto diretor criativo é criar um equilíbrio. A A Line é uma marca de pronto a vestir e a ideia é trazer algum requinte e sofisticação, com um look despretensioso e cool. Ao mesmo tempo, ser uma plataforma para dar a conhecer novos artistas, escritores, pintores…”, afirma Diogo Miranda à VISÃO, sem esconder o entusiasmo pelo projeto. Ainda não é dele a coleção outono/inverno que está a chegar à loja (casacos compridos, camisas e vestidos de cetim, jaquetas …), mas a da próxima primavera/verão “já será 100% Diogo Miranda”.
“Viajei nos arquivos da marca trazendo do passado o que achava que podia ser contemporâneo. A nova coleção [será apresentada em outubro] está muito composta por camisas, vestidos-camisa e os slip dresses (vestidos de tecidos leves e fluidos). É para uma mulher citadina, em que a roupa não é a prioridade, mas é a forma que ela tem de se expressar”, descreve o designer de moda.
Mas haverá outras novidades: “Uma linha de homem, uma vez por ano” e acessórios como velas, bonés e cintos. A loja do Porto quer funcionar, sublinha, “como a Casa A Line”. “Tenho muitos projetos. Quero levar a marca para o mundo”, admite. Arrojo e criatividade não lhe faltam.
A Line Clothing > R. Miguel Bombarda, 519, Porto > T. 22 976 6079 > seg-dom 10h-19h > À venda loja online alineclothing.com; e The Feeting Room (Lisboa e Porto)
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1. Desertar
Mathias Enard

Abre-se a primeira página e somos violentamente atirados para a lama na cumeeira de montanhas transformadas pelas chuvas em “garrafões furados por balas”, onde o sono é acompanhado por “aranhas vermelhas, escorpiões minúsculos, escolopendras de dentes afiados como os remorsos” e pelos fedores das “botarras” a libertarem os dedos como “vermes gordos e maculados a deslizar para fora de um cepo escuro”. Um lugar onde “o sono vem de surpresa como a bala de um atirador emboscado.” É preciso atravessar a experiência imersiva do primeiro capítulo de Desertar para chegar a outras paisagens emocionais no livro de Mathias Enard, autor de Zona (2008) e Fala-lhes de Batalhas, de Reis e de Elefantes (2010): a leitura sobre o soldado a fugir aos tropeções em que é impossível ignorar os ecos da guerra em território ucraniano. Mas há igualmente um coração nesta narrativa, algo fragmentária mas lírica, dividida entre diferentes tempos históricos e histórias de vida: a do desertor, algures num Mediterrâneo cheio de lutos, e a das memórias de uma historiadora de 70 anos, que evoca o amor e tragédia vividos pelos pais, o matemático Paul Heudeber, da Alemanha de Leste, sobrevivente de Buchenwald, merecedor de um colóquio de homenagem póstumo a… 11 de setembro de 2001, e a corajosa Maja Scharnhorst do lado ocidental. Por entre teoremas e fantasmas, há uma procura de “outros nomes para a esperança.” Sílvia Souto Cunha. Dom Quixote, 232 págs., €18,80
2. Viagem a Pé
Josep Pla

Começa-se a leitura e percebe-se que este é um bom momento para pegar no livro: “Todos os anos, quando começam a ceder os rigores estivais e surgem as temperaturas agradáveis de setembro, permito-meuma curta evasão de oito ou dez dias e faço uma pequena viagem a pé.” Josep Pla publicou estas crónicas das suas caminhadas pela zona rural da Catalunha, de aldeia em aldeia, falando com os “pagesos” (camponeses), em 1949. Ainda se sente a sombra negra da Guerra Civil, mas o autor – jornalista e escritor – também revela que um novo tempo se anuncia. O que se propõe oferecer ao leitor é, afinal, muito simples: “Descrever a nossa terra como é – como eu vejo que é –, tentando sempre tornar-me o menos aborrecido possível.” Pedro Dias de Almeida. Tinta-da-China, 200 págs., €19,90
3. Como Amar uma Filha
Hila Blum

É possível uma mãe amar demasiado uma filha? Deve dosear-se a entrega? Como reagir quando os filhos começam a fugir ao controlo? As complexas questões da maternidade são levantadas à medida que esta história de ficção altamente intrigante decorre. A ação arranca na Holanda, quando Yoella, a mãe, assiste através da janela, na rua, sem revelar a sua presença, a uma cena doméstica da filha, Leah, com as respetivas filhas. Leah abandonou a família há vários anos, sem deixar rasto, e esta ficção é uma tentativa de perceber o porquê. O tom da escritora israelita é, às vezes, autopunitivo, outras apenas o das lembranças; tem laivos de diário e muita carga emocional. Somos culpados pelos atos dos nossos filhos? Uma leitura tensa, impossível de largar. M.C.B. Quetzal, 272 págs., €18,80
4. O Outro Vale
Scott Alexander Howard

Este é um livro que navega nos mares da fantasia e da distopia, de uma forma habilidosa, assente na acarinhada e sedutora ideia de viajar no tempo. Odile Ozanne é uma rapariga de 16 anos, habitante de um vale de língua francófona, candidata a trabalhar no Conselho, entidade que determina algo muito importante nesta comunidade: quem pode viajar para o vale leste, 20 anos à frente no tempo; quem pode viajar para o vale oeste, 20 anos atrás no tempo. As autorizações são muito exclusivas. Quando confrontada com um vislumbre do futuro, põe em marcha uma série de decisões, com sentimentos à mistura, que mexem com a ética do sistema e a vontade (necessidade?) de infringir regras em nome pessoal, sem cair em grandes clichés, mas sempre com a certeza de que as ações do passado têm influência direta no futuro. É o romance de estreia do canadiano, doutorado em Filosofia, Scott Alexander Howard. M.C.B. Casa das Letras, 392 págs., €18,90
5. A Orgia de Praga
Philip Roth

Muito mudou na tolerância do mundo aos desvarios e fantasias dos homens brancos, intelectuais, medianamente poderosos. E essa consciência atravessa a leitura destas histórias cirúrgicas, confessionais, voyeuristas, com casos amorosos e ideologias magoadas. Neste livrinho económico encerra-se a produção narrativa dedicada a Nathan Zuckerman, alter ego de Roth dissecado em O Escritor Fantasma, Zuckerman Libertado e A Lição de Anatomia. O formato escolhido reforça um sentido de finitude de ideais, ou da ingénua salvação pela literatura. Os capítulos organizam-se como entradas dos cadernos em que o protagonista regista a relação com a libertária e “teatral” Olga e as estratégias de resistência e duplicidade dos artistas e intelectuais oprimidos, no decurso de uma viagem a Praga sob a ocupação soviética na década de 1970. Zuckerman vai em busca de um manuscrito inédito de um escritor iídiche martirizado, e encontra a distopia funcionária. S.S.C. D. Quixote, 128 págs., €14,90
6. O Bebedor de Vinho de Palma
Amos Tutuola

Mais uma obra inédita em português trazida pela coleção A Vida Privada dos Livros, da Tinta-da-China, coordenada por Alberto Manguel. Este é um clássico das literaturas africanas, publicado em 1952, e um quebra-cabeças para os tradutores. O seu autor, o nigeriano Amos Tutuola, escreveu-o no seu inglês rudimentar, com erros e até palavras inexistentes. O que era embaraçoso para a elite culta nigeriana foi visto como uma qualidade extraordinária por intelectuais como T. S. Eliot (responsável pela sua edição em Inglaterra e pela revelação deste universo onírico e assente na tradição oral iorubá ao mundo). A tradutora desta edição, Raquel Mouta, assina uma nota prévia em que assume que “recriou os erros e idiossincrasias do original.” Avança-se por estas páginas acompanhando as viagens do “bebedor de vinho de palma” do título como numa espécie de Aventuras de João Sem Medo em versão iorubá. P.D.A. Tinta-da-China, 120 págs., €17,90
7. A Guardiã
Yael van der Wouden

Chega às livrarias portuguesas poucos dias depois de se saber que integra a short list do Booker Prize de 2024, além de somar uma lista de elogios da imprensa estrangeira a destacar o brilhantismo desta estreia literária e a tensão dramática do texto. Tudo verdade. Esta é a história de duas mulheres, postas em coabitação quase contra a sua vontade (Isabel, a dona da casa, e Eva, namorada do seu irmão), e de como cresce entre elas uma relação inesperada e sensual, que as leva a pôr tudo em perspetiva. Esse “tudo” é muito, e oscila entre a vida harmoniosa numa casa de campo de família, nos Países Baixos, em 1961, e o lado obsessivo da guardiã dessa mesma casa, Isabel, a figura central deste romance, uma mulher compulsiva, metida para si, que ambiciona manter intacta a vida nesse lar, pontuado por heranças e lembranças do pós-guerra. Na primeira cena, Isabel encontra um caco de uma peça de loiça do serviço “bom” da mãe, que aparentemente lhe escapou ao inventário feito com regularidade, tal é o medo de roubos, e a partir desse achado a vida que conhecia começa a ruir aos poucos, enquanto se descobrem também os segredos da própria casa e da família que para lá se mudou, de forma a reconstruir a vida após a invasão nazi. É o livro de estreia de Yael van der Wouden, 37 anos, nascida em Telavive e professora de Escrita Criativa e Literatura Comparada nos Países Baixos, já com tradução para várias línguas. Mariana Correia de Barros. Asa, 304 págs., €17,90