O Tinder mudou-se para o carrinho do supermercado

Nunca os criativos de publicidade poderiam imaginar o impacto positivo que um vídeo publicado no Tik Tok em agosto teria sobre a cadeia de supermercados espanhola que está a invadir Portugal. Segundo essa publicação de Vivy Lin, uma cara bem conhecida da televisão do país vizinho, tudo se passava no Mercadona, onde existiriam códigos para engatar, entre as sete e as oito da noite, “hora do lobo” para se arranjar companhia. Um deles seria ter um ananás de pernas para o ar no carrinho, no corredor dos vinhos. As mensagens subliminares continuavam pelos chocolates ou doces, quando se deseja algo mais casual. Se existirem legumes, então o caso tornar-se-ia mais sério. O assunto, entretanto, morreu, como seria expectável. No entanto recomenda-se mais atenção na hora das compras lá para casa.
A ceia que se tornou amarga para os católicos

Assim que se deu o tiro de partida para os Jogos Olímpicos, em Paris, com a sempre muito esperada cerimónia de abertura, estalou a polémica. A ponto de o diretor artístico ter de vir a público negar que a cena apresentada tenha sido inspirada no quadro de Leonardo da Vinci, A Última Ceia, e até os organizadores se sentiram na obrigação de se desculpar por… nada. Afinal, explicaram, a ideia por detrás da encenação daquela cerimónia transmitida para todo o mundo era realçar a tolerância e a inclusão, remetendo para uma “grande festa pagã relacionada com os deuses do Olimpo”, já que os Jogos, recorde-se, têm origem na Grécia Antiga. Os católicos não ligaram à História e sentiram-se atingidos na sua religiosidade.
Narcos ao vivo no Equador
Na América Latina, o ano começou com cenas que pareciam retiradas da série Narcos. No Equador, o Presidente viu-se obrigado a declarar estado de emergência depois de uma onda de motins prisionais, assaltos e homicídios. Ao mesmo tempo, ordenou às forças armadas do país que se envolvessem no combate às 22 organizações de narcotraficantes, com mais de 200 mil operacionais infiltrados em todas as instituições. Durante estes desacatos, que duraram uma semana, um canal de televisão foi invadido, um narcotraficante fugiu da prisão e pelo menos dez pessoas morreram nas ruas.
No dia em que os policias não foram a jogo

No calendário da 1ª Liga, o jogo Famalicão-Sporting, no dia 3 de fevereiro parecia ser só mais um sábado futebolístico. Equipas no estádio, adeptos prontos para entrar. Mas ninguém pisou o relvado. A partida, a contar para a 20.ª jornada da Liga, foi adiada por causa do protesto das forças policiais, que exigiam o pagamento do subsídio de missão idêntico ao dos inspetores da Polícia Judiciária. Para, alegadamente, poderem faltar, dez elementos designados para o jogo apresentou baixa médica. A história repetiu-se nos encontros Leixões-Nacional e Feirense-Académico de Viseu, a contar para a 2ª Liga.
O logo que foi logo retirado

Ainda no tempo de António Costa, foi pedido a Eduardo Aires que redesenhasse o logotipo de Portugal, coisa que, sendo um dos mais conceituados designers portugueses, fez com maestria, adaptando a imagem à contemporaneidade. Só que tal nunca passou de uma boa intenção. Assim que chegou ao poder, o executivo de Montenegro mandou retirar esse novo símbolo, que acabava com as quinas, as torres e a esfera armilar. Passados dois meses sobre a polémica, ironicamente, o trabalho de Eduardo Aires ganhou um prémio do Clube de Criativos de Portugal, sendo considerado o melhor projeto de branding feito em Portugal em 2023, e ficou apurado para um concurso europeu.
O difícil parto da presidência da Assembleia
Que o Governo da AD ia estar suspenso por ténues pinças, percebeu-se logo na noite das eleições, a 10 de março, na sequência da maioria relativa conseguida pela coligação. Não se esperava é que isso fosse tão evidente, logo no primeiro ato oficial, que consistiu na eleição do presidente da Assembleia da República, a segunda figura mais importante do Estado. Foram precisas quatro votações e muita diplomacia para que o candidato proposto pelo PSD, José Pedro Aguiar-Branco, reunisse o consenso mínimo para ser eleito. Isso só foi possível depois de o PS e o PSD acordarem uma presidência rotativa: Aguiar-Branco lidera primeira metade da legislatura, os últimos dois anos ficarão a cargo de um socialista.
A prisão exemplar de Combs

Desde setembro que o rapper Sean “Diddy” Combs (antes conhecido como Puff Daddy), um dos produtores e artistas de hip-hop mais influentes das últimas três décadas, continua detido numa prisão sobrelotada em Nova Iorque, enquanto aguarda julgamento por tráfico sexual e extorsão. A acusação refere-o como cabecilha de uma “rede criminosa” que levou a cabo, entre outros crimes, “tráfico sexual, trabalho forçado, rapto, fogo posto, suborno e obstrução à justiça”. A data para o julgamento já foi entretanto estipulada: 5 de maio de 2025. Até lá, o músico de 54 anos continuará atrás das grades, até por que foi agora acusado de andar a pressionar testemunhas, a partir da prisão.
Puigdemont, tanto aparece como desaparece

Se houve aparição meteórica este ano, ela foi a de Carles Puigdemont, a 8 de agosto, pelas 9 da manhã. O catalão, antigo presidente da Catalunha, fugido às autoridades há quase sete anos, subiu a um palco no Arco do Triunfo, em Barcelona, e fez um discurso, no preciso momento em que o novo presidente do governo daquela região autónoma, o socialista Salvador Illa, estava a ser investido no parlamento. Logo de seguida, Puigdemont, 61 anos, desapareceu no meio da multidão. De imediato, foi acionada uma forte operação policial para o deter, mas o líder separatista já estava de novo em fuga, desta vez na bagageira de um carro.
Os agricultores também se manifestam

O ano mal tinha começado e os agricultores dos Países Baixos revoltaram-se, provocando estilhaços por França, Alemanha, Polónia e Roménia. Por cá, também se bloquearam estradas e fronteiras, pondo em evidência a importância destes trabalhadores na nossa sobrevivência. Essas iniciativas de protesto incluíram igualmente marchas lentas e manifestações, que visaram chamar a atenção para uma série de reivindicações, mas de uma forma global puseram o foco nos baixos rendimentos do setor e na ausência de preços justos para a produção agrícola.
Quando a “moda” de esfaquear colegas chegou às nossas escolas
Quando deixamos os nossos filhos à porta da escola, nunca pensamos na possibilidade de eles serem esfaqueados pelo colega do lado. Pelo menos até setembro, quando ficámos atordoados com a notícia de que essa “moda” americana teria chegado ao nosso sistema de ensino. Até ver, tratou-se de um episódio isolado, mas a verdade é que seis alunos de uma escola da Azambuja foram vítimas de um ataque de outra criança de 12 anos, matriculado no 7.º ano, embora só um deles tenha precisado de cuidados hospitalares. Já o atacante, filho de uma professora, foi mandado internar num centro educativo pelo Tribunal de Família e Menores de Vila Franca de Xira, acreditando as autoridades ter-se deixado “influenciar pelo ideário nazi”. A escola viria a receber a visita de Fernando Alexandre, ministro da Educação.
Escaparam-nos por cordas e escadas de alumínio

Em setembro, a fuga de cinco reclusos, dois portugueses, um georgiano, um argentino e um britânico, de uma prisão de alta segurança em Portugal garantiu mais alguns minutos nas notícias do que os 15 previstos para se ser famoso. E agora, volta-se ao tema sempre que mais um é apanhado (já foram três). Os fugitivos estavam condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais. Aqui se lembra a história de uma fuga muito bem preparada, com todos os pormenores pensados ao mínimo detalhe e com apoio do exterior, tal como nos habituámos a ver nos filmes. Os cinco homens usaram uma escada de alumínio para descer os altos muros da prisão e aproveitaram uma falha do sistema de videovigilância. Elementar, meus caros.
Matar, por uma boa causa?

O seu nome era totalmente desconhecido até ao dia 4 de dezembro. Agora, está nas parangonas de todo o mundo: Luigi Mangione, de 26 anos, foi detido cinco dias depois e formalmente acusado da morte de Brian Thompson, diretor executivo da United Healthcare, que alegadamente baleou à porta de um hotel em Manhattan no tal dia em que estava destinado a sair do anonimato. Além de ser jovem e bonito, um díptico que costuma favorecer o apoio a causas, o facto de o crime ter sido perpetrado contra um magnata dos seguros de saúde, uma área bastante sensível nos EUA, tem granjeado muitas palavras de empatia nas redes sociais.





















