De quantos compositores se ouve apenas o começo de uma música e de imediato sabemos de que filme se trata? De pouquíssimos, mas de John Williams seguramente. Tubarão, Super-Homem, Indiana Jones, Star Wars, E.T. ‒ O Extraterreste, Parque Jurássico, só para mencionar os mais trauteáveis da história recente do cinema.  

Experimente-se ver o Tubarão sem o trecho de duas simples notas. Não tem o mesmo impacto no espectador. Para John Williams é uma aventura náutica, um filme de piratas que dá um nó no estômago. Em Star Wars, George Lucas queria que cada personagem tivesse o seu próprio tema e considera que “o som é metade do filme”. Curioso que a abertura, a marcha com metais, foi a última coisa que Williams escreveu durante o processo. Foi depois do sucesso de Star Wars que o compositor começou a ser regente convidado à frente das maiores orquestras do mundo. Algo que o pianista de jazz, nascido em Nova Iorque numa família ligada à música, nunca almejou.  

Em Encontros Imediatos de 3.º Grau como é possível que cinco notas criem tanta expectativa, em E.T. o violino e a harpa humanizam o extraterrestre, em Parque Jurássico, John Williams enaltece os dinossauros com a mesma admiração de uma criança, e, n’A Lista de Schindler, honra a história do Holocausto por meio da música.  

Nos filmes, a música é tão importante como a sua ausência, veja-se a sequência inicial d’O Resgate do Soldado Ryan, aquando da invasão da Normandia, sem qualquer melodia, uma decisão de Williams e Spielberg.  

John Williams, hoje com 92 anos e cinco Oscars por bandas sonoras, já subiu 45 vezes ao palco do Hollywood Bowl com um anfiteatro repleto de milhares de pessoas ao rubro, com sabres de luz em riste, como se de um concerto rock se tratasse. Ovação para quem a música é como respirar.  

A Música de John Williams > Estreou 1 nov, sex > 105 min > Disney+

Após o encontro, por via remota, com o docente da Universidade de Stanford, nos EUA, vem à ideia o trecho da canção de José Mário Branco “o que eu andei pra aqui chegar”. Isto porque o investigador defende que nos tornamos aquilo que somos por conta de uma multiplicidade de fatores que não controlamos, da herança genética e hormonal às interações com o ambiente, passando pela história de vida. Ao longo da entrevista, Robert M. Sapolsky expôs ideias provocadoras e controversas sobre responsabilidade, liberdade e justiça, lembrando o que a Ciência tem feito por nós, humanos, que define como máquinas biológicas dotadas de intenção.

Nascido em Brooklyn, Nova Iorque, numa família de judeus ortodoxos, há 67 anos, e a viver em São Francisco, o autor de Determinado – Uma Ciência da Vida sem Livre-Arbítrio (Temas e Debates, 520 págs., €24,90), best-seller do The New York Times, confessa que o seu mais recente livro lhe levou cerca de cinco anos a escrever e desabafa, com uma nota de ceticismo: “Depois deste, acho que não vou escrever mais nada.” Na obra apresenta inúmeros estudos, com humor à mistura, desafiando-nos a questionar o que tomamos por certo, como as noções de bom e de mau, de certo e de errado, apelando ainda à nossa capacidade para julgar menos e pôr de lado alguns mitos que persistem na sociedade.

O que é o livre-arbítrio e porque entende que ele não passa de uma ilusão?
A melhor forma de compreender isto é observar o que a maioria das pessoas faz quando julga exercer a sua liberdade de escolha. A cada momento, forma uma intenção e age em conformidade. Pode ser tomar um café ou um chá, alvejar alguém ou não o fazer. Está consciente disso e das possíveis consequências e admite que poderia decidir outra coisa. O sistema jurídico assenta nisso: quem comete um crime sabia o que estava a fazer, tinha alternativas; então é culpado, pois agiu livremente. Do ponto de vista da neurobiologia, o que conta é perceber o que levou a pessoa a ter aquela intenção e não outra e que a torna quem é. Tudo o que somos resulta da nossa história biológica e das interações com o ambiente, duas variáveis que dependem da sorte, sobre a qual não temos qualquer controlo.

Concluiu, na adolescência, que não escapamos ao nosso destino. O que esteve na base dessa descoberta? 
Cresci num ambiente religioso. Aos 14 anos, para mim, não fazia sentido ser responsabilizado e castigado por Deus, o criador do Universo que controlava tudo. Uma noite, acordei e pensei: “Deus não existe.” Assim sendo, também não havia livre-arbítrio nem um propósito e o Universo era um lugar grande, vazio e diferente. Continuo a pensar assim.

Como o filósofo Camus, que falava do absurdo da existência?
[Risos.] Mas não estamos condenados a ser livres. Somos máquinas biológicas determinadas por leis e circunstâncias naturais. Os acontecimentos da vida alteram a regulação genética nos próximos cinco minutos ou nos próximos 50 anos. Não se trata de mudar a Natureza ou a sequência do ADN, mas de ver uma característica epigenética transmitida entre gerações. Assim, a criança cuja mãe teve depressão na gravidez terá mais propensão para deprimir na idade adulta e a dieta que tiver no início da vida vai moldar o apetite e a forma como o corpo armazena calorias no resto da sua vida, bem como o funcionamento cerebral.

Ainda assim, porque não somos donos das nossas escolhas?
Os estudos em ratinhos mostram que o perfil das novas gerações tanto pode dever-se ao efeito epigenético que altera a regulação do ADN da descendência como ao comportamento da mãe face aos filhos. Se a cria tiver sorte, a mãe vai dedicar tempo a cuidar dela e a dar-lhe mimo e, desse modo, alterar a regulação dos seus genes. As condições favoráveis ao crescimento do bebé levam a que, em adulto, lide melhor com o stresse e tenha níveis mais baixos de hormonas associadas a ele (adrenalina, cortisol, etc.). Ao tornar-se uma mãe cuidadora e potenciar o aparecimento de novos adultos cuidadores, essa característica será transmitida pela via comportamental e não genética.

Se essa característica for um traço de personalidade, ou um trauma, as pessoas tendem a replicá-los?
Começa a perceber-se que, tal como a experiência pode causar alterações epigenéticas nos genes, a experiência subsequente também pode revertê-las. Caso não se faça nada, podem perpetuar-se vida fora e passar às gerações seguintes. Nos casos de depressão, ansiedade ou abuso de substâncias, por exemplo, aumenta a probabilidade de, na vida adulta, vir a sofrer destes problemas. O trauma precoce altera os mecanismos cerebrais do processamento da recompensa, aumentando a tendência para a adição e outros efeitos. Se a criança tiver sorte e puder ter acesso a um apoio social ou a uma boa estrutura familiar, não é certo que desenvolva perturbações do humor mais tarde. Ou seja, a maioria destas alterações pode reverter-se. Há esperança.

Como se sabe quando é que essa reversão pode acontecer?
Quanto mais tempo se esperar para intervir, mais complicado será reverter uma alteração epigenética no sistema. Não se deve esperar que uma pessoa faça 30 anos para tentar compreender o seu trauma de infância. Se crescer em ambientes onde há pobreza e a tentativa de reverter os efeitos psicológicos for feita aos 5 anos, é preferível.

Pode explicar como se integram o determinismo e a imprevisibilidade do Universo?
Há alguma confusão sobre isso. De um ponto de vista intuitivo, as duas dimensões estão ligadas. Se não conseguimos prever o que vai acontecer, somos levados a crer que podia ter acontecido de outra forma e, nessa medida, não foi determinado. Porém, é preciso perceber como é que alguém vai tornar-se a pessoa que é, com uma dada intenção. Se pudesse recuar ao minuto seguinte ao Big Bang e ver onde estava cada átomo no Universo, seria capaz de prever se a pessoa tomava chá ou café e o que se seguiria. Mas a resposta não é previsível por conta da aleatoriedade, a base do Universo. O futuro não está determinado devido a eventos caóticos não lineares. Não é possível prever com precisão o que vai acontecer, pela imprevisibilidade incorporada no sistema. Também não se pode afirmar que aconteceu sem motivo. Só quando acontece é que se consegue ver, mas não surge por magia.

Quais as vantagens e desvantagens de conceber a vida sem liberdade de escolha?
Na realidade, não há desvantagens, mas, a existir alguma, ocorre-me o “ai, meu Deus, as pessoas vão andar à solta, perder o controlo e cometer crimes”. Contudo, há muita literatura científica a confirmar que, religiosas ou não, as pessoas não enlouquecem. O lema “se Deus não existe, tudo é permitido”, citado por uma das personagens do romance de Dostoiévski [Os Irmãos Karamázov], não se aplica e a sociedade não se desmorona.

Porém, não deixa de haver crimes. Quem os comete merece castigo?
Há pessoas violentas que causam danos, mas não podemos culpá-las. Imagine um carro com travões avariados: se continuar a circular, pode causar acidentes e mortes. Imagina-se a dar um sermão ao veículo por estar sem travões? Ou a bater no tejadilho com um martelo, castigando-o pela sua perigosidade? Não. A solução é conter o carro e proteger a sociedade de indivíduos perigosos, como do carro sem travões: se descobrir o que pode ser feito para torná-lo seguro, não faz sentido restringir o carro. Ou o indivíduo. 

Nesse caso, qual é o papel da Justiça?
O sistema de justiça criminal não faz sentido. É preciso medidas contentoras para proteger as pessoas, bem como estudos que permitam descobrir uma solução segura e explicar porque é que algumas pessoas crescem violentas ou os seus pais são abusadores. Isto implica acabar com noções medievais brutais e primitivas de que aquela pessoa merece a paga por algo que fez.

Na lógica do olho por olho, dente por dente. É isso que quer dizer?
Exatamente. Se pensarmos em pessoas perigosas, parece difícil conceber a ideia de que não têm livre-arbítrio, mas tal acontece numa base diária. Veja o caso de um piloto de avião que é contratado por uma companhia e se dá conta de que tem uma alergia respiratória: na primavera, precisa de tomar um anti-histamínico para secar os seios nasais, mas que o deixa sonolento. Sem ter controlo sobre o seu sistema imunitário ou a resposta alérgica, a regra é não voar nessas condições. Está fora de questão pensar que pecou ou deve ser punido!

Se não temos liberdade de escolha plena, não há lugar para evoluir nem solução para os males do mundo?
Quando eu era criança, Portugal tinha um regime fascista. Lembro-me também de, nessa altura, existirem supremacistas brancos com suásticas tatuadas que agora são ex-supremacistas brancos. Portanto, não podemos afirmar: “Ah, como não existe livre-arbítrio, não vale a pena tentar nada para mudar, será o que for.” Mudamos, não porque escolhemos, mas porque algo no ambiente nos faz mudar. A forma como isso se manifesta depende de quem nos tornámos e remonta ao tempo em que éramos óvulos fecundados.

Como encara os atributos e as preferências pessoais? E a meritocracia, já agora?
É o outro lado da moeda. No caso da meritocracia, a questão é mais subtil. Quem se esforça e se torna, por exemplo, um bom neurocirurgião, fê-lo por ter um córtex pré-frontal que lhe permitiu a autodisciplina para passar uma década a estudar, renunciando a distrações. Tal como a culpa e o castigo, o elogio e a recompensa não fazem sentido. Quando me interpelam sobre a questão do merecimento ou da recompensa numa palestra na universidade, costumo dizer que se estão ali sentados, são pessoas com sorte, têm de estar gratos por terem tomado uma refeição, não serem mendigos nem acumularem empregos, e por lhes darem condições para desenvolverem competências intelectuais.

Como imagina uma sociedade pautada por aquilo que defende?
Devemos à Ciência moderna o facto de sabermos que uma criança com dislexia confunde as letras do alfabeto porque a cablagem do seu córtex é diferente e não porque é preguiçosa, burra ou desmotivada. Ou que pessoas obesas que querem perder peso e fazem dieta mas depois comem chocolate, não é por culpa delas, mas pelo seu funcionamento cerebral, entre outros fatores. Ninguém merece ser tratado melhor ou pior por coisas que não controla. Há dois ou três séculos, as maleitas do corpo e da mente eram atribuídas à alma ou à obra de Satanás, mas hoje não é assim. Penso isto desde jovem, embora continue a ser um desafio intelectual gigante.

É curioso dizer isso na América, onde se proclama o livre-arbítrio. Como lida com a sua existência, abdicando dessa noção?
Não sei [Pausa]. É difícil responder. Talvez deva interrogar-me sobre o propósito da vida ou onde fica essa caverna existencial em que se pode cair. Ou tentar encontrar uma saída para o sofrimento e a dor. Quando dou por mim a detestar Donald Trump – também podia ser Putin, Bolsonaro ou Netanyahu –, paro e penso: “Espera um segundo e talvez compreendas como é que ele se tornou um ser humano assim.” Mas basta ouvi-lo falar sobre os imigrantes ou algo do género para voltar a odiá-lo e ter de passar pelo processo outra vez. Reconheço que nem sempre ajo de acordo com aquilo que defendo, mas faço o que posso. São precisos séculos para mudar mentalidades.

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Isto não é uma previsão, muito menos um palpite, nem sequer uma aposta. No entanto, ponderando tudo o que não é explicado nas televisões, com mais de 40% do eleitorado já tendo votado e assumindo que dos 244 milhões de eleitores poderá haver uma taxa de participação de 67%, como em 2020 — ou seja, 165 milhões — então já existe um presidente americano eleito para os próximos quatro anos, mas ainda não sabemos quem será.

Pouco mudou nos últimos dez dias, com milhares de sondagens que só confundem, e sempre com a impressão de que tudo está empatado na votação nacional e nos estados que decidem o Colégio Eleitoral. Contudo, há um alerta que vem dos melhores modelos matemáticos, agora com o auxílio da IA: a vitória para a Casa Branca pode estar bem distante de um suposto empate.

Ao dia de hoje, em que já não há eleitores indecisos, Donald Trump seria o 47.º presidente dos Estados Unidos, com 312 dos 538 membros do Colégio Eleitoral. Nos estados que influenciam o resultado final, Arizona, Nevada, Geórgia e Carolina do Norte inclinam-se para a coluna dos republicanos e resta saber o que acontecerá no Wisconsin e na Pensilvânia, sendo que este último também está a pender para Trump.

Cheira a Trump na Europa, e não é agradável. Se os europeus pudessem escolher, já teriam colocado Kamala Harris na Casa Branca. O ex-presidente, que pode vir a ser o presidente eleito, está consciente disto e não perderá a oportunidade de se vingar, no melhor do seu estilo. Só não incomodará a nova líder do Partido Conservador britânico, Kemi Badenoch, que quer ser uma Thatcher desta geração, orgulhosa de pertencer à nova direita conservadora britânica.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Há momentos únicos na vida das pessoas, que, em predestinação, se nos dirigem sem que os chamássemos. E ainda bem que assim sucede. Este aconteceu-me no passado dia 2 do corrente mês de novembro, ao serão, na Livraria Lar Doce Livro, propriedade do escritor Joel Neto, localizada na Rua de São João, em Angra do Heroísmo. Surpreendentemente, o Joel trouxe-nos nessa noite à Lar Doce Livro Mia Couto, o escritor moçambicano Prémio Camões, em 2013, esse “monstro” da literatura contemporânea, extremamente traduzido e não menos premiado. Mia Couto lançava A Cegueira do Rio, romance em boa hora publicado pela Caminho, da Leya.
A ambiência dos saraus da Lar Doce Livro faz-me lembrar um pouco as velhas e saudosas reuniões familiares, cheias de calor humano, em convívios de todo agradáveis de gente que, no caso presente, se reúne, como ímanes, em torno do ideário superior da boa literatura. E o espaço, confortavelmente decorado, com bebidas e refeições e livros, muitos livros, também com música ao vivo, chama e chama e chama e enche e enche e enche … Um sucesso.

A ambiência dos saraus da Lar Doce Livro faz-me lembrar um pouco as velhas e saudosas reuniões familiares, cheias de calor humano, em convívios de todo agradáveis de gente que, no caso presente, se reúne, como ímanes, em torno do ideário superior da boa literatura

Joel Neto, escritor português, igualmente muito publicado, um brilhante entrevistador, fez uma entrevista a Mia Couto de meter inveja a qualquer jornalista, tocando um pouco em tudo, desde o romance, agora lançado, à situação política conturbada que se vive em Moçambique, terra natal de Mia Couto, manifestamente ignorada pela Europa e demais mundo ocidental; à nova colonização; até sobre as eleições americanas prestes a prenderem (ou a desprenderem) os nossos dias e o nosso destino presente e futuro de cidadãos viventes num mundo infelizmente cada vez mais dividido. E o entrevistado, uma inteligência fulgurante, respondeu com a sapiência de um mestre, com a humildade de um homem comum e com a verdade nua e crua, doa a quem doer, arrancando palmas, muitas palmas. Mia Couto foi definitivamente adotado. Via-se gente com seis livros do escritor nas mãos a dirigir-se-lhe para que ele os assinasse. Uma loucura. A livraria abarrotava de gente, o que vem comprovar o sucesso da iniciativa.

Outra surpresa do Joel, a presença no evento, entre outras entidades, do bisneto de Gugunhana, o histórico Gugunhana, o líder tribal detido por Mousinho de Albuquerque e injustamente encarcerado no Forte de São João Batista, em Angra. O bisneto do famoso régulo africano lá estava em presença física, curiosamente a escassos mil metros da prisão do seu bisavô, ratificando o pensamento de Mia Couto sobre a história de uma África magoada. Falei com os dois. Pedi a Mia Couto que aconselhasse um romanceador iniciado. “Os personagens são o escritor, João. Há pois que os escrever sempre com verdade”, respondeu-me sabiamente. Tão simples a resposta e tão clara e evidente.
Obrigado, Joel, e parabéns por este salto de gigante, nos Açores, em tão poucos meses, na promoção em qualidade da literatura, em particular, e da cultura, em geral. É preciso coragem, ademais quando se está tão longe, como estamos, da grande metrópole dos eventos, que brilhantemente equiparas.
Um orgulho para todos nós. Não é para qualquer um.

Do outro lado do rio Túria, que separa a cidade de Valência das localidades mais afetadas pelas trágicas cheias de 29 e 30 de outubro, Paiporta será a mais devastada de todas e a que registará, provavelmente, o maior número vítimas mortais, quando se fizer o balanço final – para já, há 214 confirmadas, mas teme-se que venham a aumentar consideravelmente, tendo em conta a quantidade de garagens ainda submersas, incluindo em centros comerciais.

Cinco dias depois de a tempestade DANA ter provocado o caos nas ruas, uma comitiva encabeçada pela rei Felipe VI e a rainha Letízia, com a presença do primeiro-ministro Pedro Sánchez e do líder regional Carlos Mazón – dupla que tem concentrado as críticas das pessoas afetadas -, organizou uma visita à região, e a população local não calou a revolta.

Entre insultos vários e gritos de “assassinos”, as autoridades políticas sentiram na pele a indignação dos moradores, que lhes atiraram pedras e lama, enquanto reclamavam pela demora não apenas dos avisos a alertar para a gravidade da situação mas também da chegada da ajuda, após a chuva diluviana e o transbordar de um rio que está quase sempre seco nesta zona da foz.

Nem a guarda civil nem a polícia conseguiram controlar a reação irada dos locais, que se queixam de terem sido abandonados num cenário apocálitico, com carros e cadáveres a “navegarem” à sua frente. O rei foi o último a ser retirado da zona, de automóvel, depois de ter estado à conversa com algumas pessoas e de ter tentado acalmar os ânimos, o que se revelaria impossível. Os chapéus de chuva abertos em seu redor estavam longe de garantir proteção dos objetos que iam sendo lançados, apesar de Pedro Sánchez ter sido o alvo prioritário, segundo relata o jornal El País. “As pessoas a morrer e agora é que vens”, “fora, fora, fora” e “pede ajuda agora” foram lamentos ouvidos em Paiporta.

Nos primeiros dias, os trabalhos de limpeza e resgate ficaram apenas a cargo das populações, o que gerou uma vaga de solidariedade, com milhares de voluntários, vindos de Valência, a cruzarem a pé uma ponte sobre o Túria para socorreram os vizinhos, levando-lhes água e outros bens essenciais, além de pás e outras ferramentas. No sábado, aglomeram-se mais de 15 mil junto à Cidade das Artes e das Ciências, na margem do rio do lado de Valência, de onde partiram 2.500 para as localidades afetadas, já sob orientação das autoridades regionais.

Este domingo, porém, os acessos a essas localidades foram vedados aos voluntários, para facilitar os trabalhos de remoção dos destroços e o resgate das pessoas ainda desaparecidas – serão centenas mas não existem estimativas oficiais – pelas equipas especializadas que, finalmente, já se encontram no terreno. Neste sábado, 2, Pedro Sánchez anunciou que iria enviar mais cinco mil militares para a região, a somar a outros dois mil, e aumentar significativamente o contingente policial e da guarda civil, também para combater os roubos e pilhagens.

A partir da tarde deste domingo, a meteorologia promete dificultar estes trabalhos, com previsão de muita chuva, não só hoje mas também nos próximos dias, em várias regiões da costa leste de Espanha.

Carlos Silva e Sancho Ramalho sagraram-se vencedores do Eco Rally de Lisboa 2024, a sexta etapa do Campeonato Portugal de Novas Energias – PRIO, que decorreu no passado sábado na região da grande Lisboa. A dupla, ao volante de um BMW i3, demonstrou grande perícia e consistência ao longo dos 195 km do percurso, que atravessou Lisboa, Vila Franca de Xira, Mafra, Sintra e Cascais.

Emilien Le Borgne e Alexandre Stricher, em Dacia Spring 65, conquistaram o segundo lugar na geral, enquanto Nuno Serrano e Alexandre Berardo, em Kia EV6, completaram o pódio.

A elevadíssima competitividade deste campeonato ficou uma vez mais evidenciadas pelos números: apenas 9 segundos separaram o quinto do primeiro.

Na vertente de Eficiência Energética, Emilien Le Borgne e Alexandre Stricher foram os mais eficientes na gestão da energia do seu Dacia Spring 65. Carlos Silva e Sancho Ramalho garantiram o segundo lugar, seguidos de Pedro Morais e Silvia Coutinho, em Hyundai Ioniq 5.

A Power Stage, um troço cronometrado que atribui pontos adicionais, foi vencida por Filipe Maia e Tiago Caio, em Polestar 2.

Sancho Ramalho, navegador da equipa vencedora, destacou da “tarde excecional, marcada por sucessivas recuperações até atingirmos o primeiro lugar”, o que aconteceu ao ‘cair do pano’, na última especial de classificação em Sintra. Carlos Silva, piloto vencedor, expressou a sua satisfação por vencer em Lisboa, especialmente por ter passado pela sua terra natal, Mafra, e por reforçar a competitividade no campeonato.

A dupla Carlos Silva e Sancho Ramalho é a única que conta com duas vitórias na edição de 2024 do Campeonato de Portugal de Novas Energias – PRIO. Após a prova de Lisboa, a classificação do campeonato ficou ainda mais ‘renhida’, deixando todas as decisões para a sétima e última prova, no Alentejo.

Os dois carros da equipa da PRIO – Exame Informática – Peugeot, com os números 7 e 8, na partida do Eco Rally Lisboa 2024, junto ao Padrão dos Descobrimentos.

Equipa PRIO – Exame Informática – Peugeot no top 10

A equipa PRIO – Exame Informática – Peugeot marcou presença no Eco Rally de Lisboa com duas duplas: Ivo Miguel Tavares e João Paulo Martinho, ao volante de um Peugeot e-208, alcançaram a sexta posição na classificação geral, enquanto Sérgio Magno e Ana Joaquim, em Peugeot e-3008, conquistaram a 10ª posição. Recorde-se que a dupla Magno/Joaquim vinha de uma vitória no EcoRally Madeira, a prova anterior do campeonato.

O Campeonato Portugal de Novas Energias – PRIO, promovido pela MyTime e sob a égide da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), termina nos dias 16 e 17 de novembro com o Eco Rally Alentejo Central. Este campeonato único em Portugal promove a mobilidade elétrica e demonstra o potencial dos veículos elétricos no desporto automóvel.

O reagrupamento em Mafra após o final da primeira secção do Eco Rally Lisboa 2024

Bem-vindo à nova série do podcast Tech Flow, que será inteiramente dedicada à cibersegurança. Ao longo de cinco episódios, exploramos a segurança informática de forma descomplicada – dos conceitos gerais que definem esta área, às novas tecnologias que estão a transformar a forma como utilizadores, empresas e organizações devem abordar a segurança digital. Este é um podcast que tem como objetivo sensibilizar os utilizadores e os decisores – porque no fim de contas, todos usamos tecnologia – para a importância da cibersegurança no dia-a-dia.

Veja o segundo episódio do Tech Flow: Fraude do CEO, phishing e ransomware. Conheça (e proteja-se contra) os ataques informáticos mais comuns

O que é, afinal, isto da cibersegurança? E que análise pode ser feita à maturidade de Portugal nesta área? Quais são as ameaças para utilizadores e empresas? Como é que as organizações podem e devem preparar-se para um mundo digital com cada vez mais perigos? É a aposta na cibersegurança um fator de competitividade?

As respostas a estas e outras perguntas são dadas por Lino Santos, coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), e Bruno Gonçalves, diretor da unidade de cibersegurança da Warpcom. Pode ver o primeiro episódio do Tech Flow na versão vídeo no início deste artigo ou ouvir aqui a versão em áudio:

Tech Flow, episódio 1 

Veja ou reveja os outros episódios já publicados do podcast Tech Flow:

A nova série do podcast Tech Flow, dedicada à cibersegurança, é feita pela Exame Informática em parceria com a Warpcom.