Visão
Volodymyr Zelensky não se cansa de assegurar que a guerra na Ucrânia terminará em 2025. Não demonstra dúvidas nem hesitações, o que só pode ser explicado por três possibilidades:
- Ceder o território conquistado à Rússia, perder a Crimeia para sempre, renegar tudo o que afirmou e esquecer os milhares de mortos e feridos neste conflito. Esta não será, certamente, a via que Kiev pretende seguir.
- A segunda hipótese é acreditar que Putin está à beira de um colapso interno, algo que já foi mais evidente e quase se concretizou. No final de 2022 e início de 2023, o Kremlin estava sem rumo, tal era a dimensão da derrota e da tragédia militar em que se envolveu. Contudo, ao aproximarmo-nos de 2025, o presidente russo conseguiu assegurar alguns apoios importantes, tanto em armamento como em homens. Putin conseguiu globalizar um conflito que tem o potencial para se transformar numa guerra mundial.
- Zelensky tem um trunfo na manga, que não é Trump. Esse trunfo só pode ser de natureza militar, colocando a Ucrânia numa posição de força para negociar. Por outras palavras, Kiev pode estar a recriar armas nucleares, sem grandes dificuldades no que diz respeito ao conhecimento ou à experiência, e com materiais físseis ao seu alcance. Este alerta já foi dado por Kiev, não há muito tempo, e coincide com o esforço interno de militarização da sua indústria pesada, com apoio externo.
Para além desta terceira hipótese, haverá outra que permita terminar a guerra instantaneamente? O receio que se está a instalar nos aliados da NATO na Europa de Leste não é uma fantasia. Nunca como agora se discutiu e se tornou tão banal a possibilidade do uso de armas nucleares.
Três anos é tempo suficiente para os ucranianos construírem as suas próprias armas nucleares. É importante não esquecer que eles possuem toda a infraestrutura que remonta aos anos 90, quando a URSS desapareceu. As ogivas nucleares foram devolvidas à Rússia – presume-se que todas, embora ninguém possa garantir –, mas os mísseis balísticos e os silos de lançamento equipados permaneceram na Ucrânia, na confusão que marcou o colapso da União Soviética.
O trunfo de Zelensky é poderoso, capaz de acabar com a guerra em 2025, mas só ele, e um punhado de fiéis, poderá decifrar o enigma.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves deslocou-se, esta segunda-feira, ao bairro do Zambujal, na Amadora, para se encontrar com os familiares de Odair Moniz.
“A iniciar a sua missão a Portugal”, o Presidente da República, José Maria Neves, deslocou-se ao Zambujal “para se inteirar da situação da família enlutada (a viúva Mónica Moniz, os dois filhos rapazes de 20 e três anos de idade, e a irmã de Mónica, Sílvia Silva) e expressar, de viva voz, o seu profundo pesar e apoio neste momento difícil”, lê-se num comunicado da Presidência de Cabo Verde, divulgado nas redes sociais.
A nota refere que “a visita foi marcada por um ambiente de respeito e empatia, refletindo o compromisso do Chefe de Estado [de Cabo Verde] em estar presente e solidário com os cidadãos cabo-verdianos, especialmente em momentos de dor e perda”.
O encontro, no interior da casa da família Moniz, não teve registos fotográficos. Presente estiveram também a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Cabo Verde, Miryan Vieira, e ainda o embaixador cabo-verdiano em Portugal, Eurico Correia Monteiro.
Recorde-se que Odair Moniz, 43 anos, morreu na madrugada do dia 21 de outubro, na sequência de uma intervenção da PSP, no bairro da Cova da Moura, na Amadora. A polícia garante que Odair Moniz não respeitou um sinal de paragem, o que deu início a uma perseguição. Na primeira notícia sobre o caso, no site da CNN, contava-se que Odair Moniz era suspeito de furto de viatura, mas a informação seria desmentida pela VISÃO.
O relato da PSP explicava que, “pelas 05h43” daquela noite, os agentes da PSP procederam “à interceção” deste homem, que terá resistido à detenção. “Na Rua Principal do referido bairro [Cova da Moura], quando os polícias procediam à abordagem do suspeito, o mesmo terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”, versão que os próprios polícias envolvidos na operação acabariam por desmentir. A situação terá mesmo levado a PJ a investigar uma eventual “falsificação de provas” pela PSP.
Nessa altura, um dos polícias, de apenas 21 anos – e com apenas um ano de farda –, recorreu à arma de fogo e atingiu o suspeito com, pelo menos, dois tiros. A PSP indicou ainda que, após os disparos, foi prestada “prontamente” assistência à vítima, mas o relato voltaria a ser desmentido por um vídeo, filmado por um morador, a partir de uma janela próxima, e divulgado pela VISÃO.
Odair Moniz ainda seria transportado para o Hospital São Francisco Xavier, mas acabaria por falecer “pelas 06h20”.
O agente da PSP autor dos disparos foi constituído arguido. O Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito “com caráter de urgente” para apurar o que aconteceu naquela noite. A PSP também anunciou uma investigação interna para apurar as circunstâncias do caso.
A morte de Odair Moniz provocou revolta no bairro onde este residia, resultando em motins. Nas noites seguintes, os incidentes espalharam-se pela Área Metropolitana de Lisboa, havendo o registo de autocarros, veículos ligeiros e caixotes do lixo incendiados, dos quais resultaram seis pessoas feridas, umas das quais ficou em estado grave (o motorista de um autocarro); cerca de duas dezenas de pessoas foram detidas.
Se outubro é rosa, novembro é azul. Neste que é o mês dedicado à saúde do homem, um pouco por todo o mundo são realizadas ações de sensibilização para a importância de um diagnóstico precoce das doenças que o afetam, sobretudo o cancro da próstata e do testículo.
Deixar crescer o bigode durante estes 30 dias é um desafio lançado a todos os homens, como símbolo do apoio a esta causa e ao movimento que ficou conhecido como Movember.
Cancro da próstata
O cancro da próstata é o mais frequente e a terceira principal causa de morte nos homens na Europa, com importantes consequências individuais e para os sistemas de saúde.
Em Portugal, estima-se que hajam cerca de seis mil novos casos por ano e a sua incidência tem vindo a crescer, com o aumento da esperança de vida da população.
Embora a idade média do diagnóstico do carcinoma da próstata seja de 69 anos, mais de 10% ocorrem em homens com menos de 55 anos, pelo que não se deve assumir que se trata de uma doença do idoso sem risco de vida. A deteção precoce e do tratamento eficaz são fundamentais para garantir a longevidade e uma maior qualidade de vida .
Como é detetado o cancro da próstata?
Estes tumores desenvolvem-se lentamente e, numa fase inicial, não causam sintomas, o que significa que queixas como jato urinário fraco e aumento da frequência miccional diurna ou noturna são causados maioritariamente por outras doenças, tais como o aumento benigno da próstata (HBP).
Sendo assim, a sua deteção precoce é efetuada através da conjugação de uma análise de sangue com doseamento do PSA e do toque retal realizado pelo urologista. Consoante estes resultados, poderão ser necessários outros exames como o RNM multiparamétrica da próstata e, por fim, a biópsia prostática, que confirma o diagnóstico.
Qual o tratamento?
Atualmente, o carcinoma da próstata é uma doença curável quando detetado na sua fase inicial. Existem vários tratamentos disponíveis, cuja escolha depende de fatores como o estadio e a agressividade da doença, o estado geral de saúde e a preferência do doente.
Os tratamentos clássicos incluem a cirurgia radical, que consiste na remoção da totalidade da próstata, e a radioterapia, na qual as células cancerígenas são destruídas por feixes de radiações ionizantes. Embora possam garantir o controle oncológico da doença, estes tratamentos implicam, em muitos casos, efeitos adversos importantes, tais como a disfunção eréctil e a incontinência urinária, podendo assim ter um impacto negativo na qualidade de vida do homem.
De forma a minimizar estes efeitos indesejados, têm sido desenvolvidos tratamentos não radicais, que permitem tratar o cancro da próstata evitando a mobilidade associada aos tratamentos convencionais.
Tratamento não-radical do cancro da próstata
Consiste no tratamento do carcinoma da próstata de forma precisa e menos invasiva, tratando apenas a área da próstata afetada pelo cancro, com preservação dos tecidos circundantes, o que garante a integridade das funções urinária e sexual. Este método reduz significativamente os efeitos secundários dos tratamentos radicais, evitando-os ou adiando-os, mantendo assim a qualidade de vida dos doentes, sem comprometer a sua eficácia oncológica.
Para serem elegíveis para o tratamento não-radical, os doentes com cancro da próstata devem ser diagnosticados numa fase inicial da doença, quando este ainda está localizado a uma zona da próstata, e devem aceitar a necessidade de uma estreita vigilância ao longo do tempo.
O diagnóstico precoce e preciso do cancro da próstata é obtido mediante biópsias de alta tecnologia que permitem delimitar com exatidão a localização e extensão do mesmo, o qual é posteriormente alvo da terapia robótica avançada, que utiliza ultrassons de alta intensidade para tratar diretamente o tecido cancerígeno, poupando o circundante.
Após este tratamento, é fundamental manter um protocolo de vigilância rigoroso, ajustando o tratamento conforme necessário, de forma a garantir os melhores resultados a longo prazo.
Palavras-chave:
Duas horas antes de começar a sessão solene do 25 de novembro, já Paulo Núncio andava pelos corredores do Parlamento. Espreitando para o hemiciclo, confirmou que os serviços da Assembleia da República tinham seguido a sua sugestão de decoração. Uns arranjos discretos de rosas brancas foram dispostos no púlpito e na bancada da Presidência da Assembleia. Mas essas flores, que Núncio justificava por acreditar poderem ser símbolos da “pacificação” que defende ter sido trazida pelo 25 de Novembro, tiveram de disputar a atenção com os cravos vermelhos.
A guerra das flores
Joana Mortágua, a única deputada do BE presente na sessão, trouxe cravos. Em cada um dos lugares deixados vazios à esquerda, pôs essas flores. E ainda guardou uma para entregar a Marcelo Rebelo de Sousa, quando o Presidente da República passou em frente da bancada bloquista à chegada à cerimónia. Mas houve mais cravos: à lapela de deputados socialistas que vieram à sessão e na bancada do Livre, a única da esquerda que não tinha lugares vazios, uma vez que foram muitos os eleitos pelo PS que faltaram.
Paulo Núncio, o líder da bancada do CDS, foi o primeiro a subir ao púlpito. Esta foi uma vitória do seu partido. Há 24 anos que os centristas apresentavam moções a defender que o 25 de Novembro fosse celebrado no Parlamento. Uma iniciativa que só este ano encontrou maioria, com os votos a favor de PSD, Chega e IL e abstenção do PS, curiosamente talvez o único partido que pode reclamar ter tido uma vitória nesta data histórica, com o chamado Grupo dos Nove a conseguir afastar do poder militar as alas mais à esquerda.
“Com o 25 de Abril, ganhámos a liberdade. Com o 25 de novembro, evitámos que a liberdade se perdesse”
“Com o 25 de Abril, ganhámos a liberdade. Com o 25 de novembro, evitámos que a liberdade se perdesse”, começou por defender Paulo Núncio, apresentando este dia como uma espécie de fim do PREC e derrota do PCP, apesar de os comunistas não só não terem sido ilegalizados (como pretendia a extrema-direita), como terem continuado a fazer parte do Governo de coligação que os juntava ao PPD e ao PS.
De resto, e apesar da pacificação de que Núncio falou no seu discurso, o País continuou atribulado. O Padre Max e a estudante Maria de Lurdes, duas das vítimas dos bombistas da extrema-direita, por exemplo, morreram em 1976. A constituição aprovada em 1976, com o voto contra do CDS, continuou a afirmar a via para o socialismo e para uma sociedade sem classes. E as nacionalizações prosseguiram, apesar dos saneamentos de jornalistas conotados com a esquerda e das despromoções de militares de esquerda, alguns dos quais tinham feito o 25 de Abril.
Paulo Núncio quis, contudo, demarcar-se desse passado em que a direita defendeu a ilegalização de todos os partidos à esquerda do PS. “Não se enganem. Celebramos o direito de todas as forças políticas estarem aqui, por vontade do povo. Mesmo as forças políticas que decidiram não estar aqui”, afirmou, numa alusão ao PCP.
“Novembro não se fez contra Abril”, vincou Núncio, que defende a tese de que esta data serviu para travar um golpe comunista que poderia ter feito de Portugal uma ditadura de estilo soviético, apesar das várias declarações em sentido contrário de Álvaro Cunhal, o então secretário-geral comunista que lançou o famoso “olhe que não”, quando num debate, Mário Soares acusou o PCP, precisamente, de querer levar o País para uma deriva autoritária.
“Uma coisa é ter respeito pelo 25 de Novembro, outra muito diferente é ter respeito por aquilo que estão a tentar fazer ao 25 de Novembro”
Filipa Pinto, do Livre, também encontra razões para celebrar uma data que, segundo vários relatos históricos, ajudou a travar uma guerra civil que estaria iminente, também graças às ordens que Cunhal deu aos militares afetos ao seu partido para não avançarem. “Evitou-se uma guerra civil. Não pela mão dos herdeiros do fascismo, mas pela mão de quem nos trouxe a liberdade”, declarou a deputada.
“Uma coisa é ter respeito pelo 25 de Novembro, outra muito diferente é ter respeito por aquilo que estão a tentar fazer ao 25 de Novembro”, insistiu Filipa Pinto, defendendo que seria mais interessante o Parlamento celebrar os 50 anos do voto universal, que permitiu que todas as mulheres, independentemente do seu estado civil ou de serem ou não escolarizadas, pudessem votar.
“Esta data que fez 50 anos é que nos devia ter juntado numa sessão solene”, argumentou, num discurso recheado de referências à defesa dos direitos das mulheres, mas também das pessoas LGBT e trans, desencadeando protestos particularmente ruidosos da bancada do Chega.
“A atual mistificação sobre o significado histórico do 25 de Novembro é uma manobra dos derrotados de Abril”
Também debaixo de grandes protestos do Chega, falou Joana Mortágua, que defendeu que “as palavras que a Revolução escreveu, o 25 de novembro não apagou”. E que essas palavras foram: “liberdade, democracia, socialismo.”
“A atual mistificação sobre o significado histórico do 25 de Novembro é uma manobra dos derrotados de Abril. Daqueles que, como lembrou o ex-líder parlamentar do PSD, Pacheco Pereira, em 74 e 75 eram partidários da ditadura que oprimiu os portugueses”, disse Mortágua, numa alusão às movimentações de extrema-direita que procuraram aproveitar a sublevação dos paraquedistas para fazer um contragolpe.
“Podem repetir a vossa lenda sobre o 25 de Novembro e nós continuaremos a responder com a história do 25 de Abril e com o texto da Constituição”, frisou a bloquista, lembrando a forma como o texto aprovado pela Constituinte manteve, por exemplo, a irreversibilidade das nacionalizações.
De resto, Joana Mortágua garantiu que assim que houver uma maioria de esquerda, deixará de haver uma evocação do 25 de Novembro. “Esta sessão e as que se realizarem nos próximos dois ou três anos serão lembradas no futuro como o momento folclórico de um tempo bizarro, em que o PSD e a extrema-direita se aliaram no revisionismo histórico, num exercício espúrio e sem duração na memória do País”, atirou.
“Fascismo e comunismo nunca mais”
“Fascismo e comunismo nunca mais”, gritou Rui Rocha, no final de uma intervenção, na qual o líder da IL lembrou a forma como os liberais se têm batido por fazer parte das celebrações populares do 25 de Abril, desfilando no final do cortejo que desce a Avenida da Liberdade em Lisboa, mas também como começaram a comemorar “sozinhos” o 25 de Novembro, uma data que veem como a garantia da liberdade.
“Também agora é preciso combater radicalismos em torno da verdade”, defendeu Rui Rocha, que se disse pronto a lutar contra “as políticas identitárias, a teoria da justiça social, o wokismo” que, em seu entender, “incorporam, sob a capa das boas intenções, uma deriva coletivista e inapelável: a de definir se és bom ou és mau”.
“Podem sair todos, fica mais agradável ainda”
André Ventura descreveu o País durante o PREC como “um país sem rei nem roque” e insistiu na importância de celebrar o 25 de Novembro. “Sem esquecermos o 25 de Abril, este é o verdadeiro dia da liberdade de Portugal”, afirmou Ventura, num discurso que aproveitou para tentar associar os dados revelados esta segunda-feira sobre o número de violações ao que considera ser uma “imigração descontrolada”, uma relação que não é possível de confirmar através de nenhum relatório ou estatística, havendo pelo contrário vários dados que mostram que na maior parte dos casos as mulheres são vítimas de pessoas que lhes são muito próximas, como os seus próprios companheiros.
Esta passagem do discurso do líder do Chega fez mais alguns deputados do PS abandonarem a sala. “Podem sair todos, fica mais agradável ainda”, reagiu Ventura do púlpito.
“O 25 de Novembro não foi uma vitória da direita sobre a esquerda”
A Pedro Delgado Alves coube a defesa do 25 de Novembro como uma data na qual o PS foi central, mas que apesar disso nunca teve a iniciativa de celebrar no Parlamento, tendo mesmo Mário Soares achado por bem acabar com as cerimónias militares evocativas da data, precisamente por entender que era um momento histórico divisivo.
“O 25 de Novembro não foi uma vitória da direita sobre a esquerda, foi uma vitória da esquerda democrática do Portugal de Abril, militar e civil”, começou por dizer Delgado Alves, que acredita que “o 25 de Novembro não só repôs o espírito e o programa do 25 de Abril, como também impediu as tentações revanchistas da direita radical”.
“Os elementos da direita extremista e radical que pretendiam aproveitar para erradicar parte da esquerda da vida política nacional fazem parte inequivocamente parte dos derrotados”, afirmou, com a promessa de que os socialistas não ajudarão ao apagamento da revolução que fez cair a ditadura. “Não viraremos Novembro contra Abril”, disse, lembrando como o próprio General Ramalho Eanes, um dos protagonistas deste dia (que foi, aliás, várias vezes ovacionado pelos deputados), chegou a dizer que o 25 de Novembro não era para ser celebrado, mas sim estudado, analisado e debatido.
“O 25 de Novembro cumpriu Abril”
“Nem todos os representantes do povo estão presentes nesta cerimónia. Fazem mal”, declarou Miguel Guimarães, o deputado escolhido pelo PSD para discursar na cerimónia. Para Guimarães, esta data “é a continuação do 25 de Abril” e “o 25 de Novembro cumpriu Abril”.
“Muito obrigado, senhor general Ramalho Eanes por ter protegido a liberdade e a democracia e nos ter devolvido a esperança de viver num mundo melhor”, agradeceu, provocando uma das várias ovações de que foi alvo o antigo Presidente da República que, ao contrário de Vasco Lourenço (outro dos protagonistas do 25 de novembro), foi ao Parlamento assistir à cerimónia.
Depois de vários momentos crispados, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e o Presidente da República, tentaram fazer discursos pacificadores.
“O 25 de Abril não é desvalorizável, não é equiparável, não é substituível”, garantiu Aguiar-Branco, antes de Marcelo ter dado uma verdadeira aula de História, que assumiu ter tentado que fosse “o mais objetiva possível”.
Palavras-chave:
A nova plataforma TVDE Pinker, que irá ficar operacional nos próximos dias só aceita motoristas e passageiros do sexo feminino.
“Queremos trazer segurança, confiança às mulheres, nos nossos serviços, sendo uma alternativa ao que já existe”, explicou à Lusa a fundadora do projeto, Mónica Faneco. A operação da Pinker irá começar “no final desta semana, inicio da próxima”, primeiro só em Lisboa, prevendo-se depois a expansão para a cidade do Porto e outras localidades.
Segundo Mónica Faneco, a Pinker já se encontra licenciada tanto em Portugal, como na Europa, e tem “mais de mil motoristas interessadas”. Para ser motorista da Pinker é, assim, necessário ser mulher, ter uma licença válida para conduzir veículos de transporte (TVDE) e “estar comprometida com a nossa missão de oferecer um serviço responsável e de qualidade para outras mulheres”.
“É uma aplicação 100% portuguesa, que não foi fácil criar de raiz, teve muito investimento, mas conseguimos lidar com tudo de uma forma tranquila e calma para colocar em funcionamento”, disse a empresária. A responsável contou que o projeto surgiu por volta de 2019 com a “ideia de um serviço de ‘transfers’ e eventos” para mulheres, mas “houve algo que puxou para a necessidade de uma aplicação TVDE e expandiu-se a ideia”.
Em quase 90 anos de história, a Volkswagen nunca encerrou uma única fábrica no seu país, mas admite agora encerrar três das dez unidades fabris que tem na Alemanha. E não só. A gestão do grupo quer ainda avançar com um corte geral de 10% dos atuais salários e propõe o congelamento dos ordenados durante pelo menos dois anos.
“A Volkswagen está num ponto decisivo. A situação é séria e a responsabilidade de todos os parceiros nesta negociação é imensa. Se não forem tomadas medidas para restaurar a nossa competitividade, não poderemos fazer investimentos que garantam o futuro da empresa”, disse a empresa em comunicado.

O problema tomou tais proporções que o governo alemão, através do seu porta-voz, Wolfgang Büchner, viu-se obrigado a prestar declarações, admitindo que Berlim estava ciente dos desafios da Volkswagen e que mantinha uma estreita comunicação com a empresa e os representantes dos trabalhadores, afirmando que o grande objetivo “é manter e garantir empregos”.
Mas esta não é uma situação que se vive apenas na Alemanha. Em França, a Stellantis ‒ que controla marcas como a Peugeot, Citroën, Fiat, Opel, Alfa Romeo, Jeep, entre outras ‒ já cortou 600 postos de trabalho na fábrica de Mulhouse e tem vindo a transferir algumas linhas de montagem para países com mão de obra mais barata, como a Turquia ou Marrocos. Nas suas fábricas da Opel da Alemanha e Áustria a produção tem vindo a ser interrompida devido à falta de encomendas.
Já em Itália, o grupo encontra-se debaixo de uma forte pressão dos políticos e sindicatos que não querem que seja encerrada a mais antiga fábrica da Fiat em Turim.
Em agosto, o líder sindical Ferdinando Uliano tinha dito que a Stellantis previa cortar 12 mil postos de trabalho nas fábricas italianas, o que levaria à perda de mais 13 mil empregos nas empresas que fornecem componentes para estas unidades de produção. Segundo as informações, na altura, este corte fazia parte do plano da Stellantis para fazer reajustamentos na sua força laboral na Europa e nos EUA.

Semanas antes, o líder da empresa, o português Carlos Tavares, tinha feita uma afirmação taxativa: “Se as marcas não trouxerem dinheiro, iremos fechá-las”.
Perante este cenário, o ministro da indústria italiano, Adolfo Urso, viu-se obrigado a reunir com representantes da indústria e sindicatos, devido à forte quebra de produção automóvel daquele país. O ânimos ficaram mais calmos durante esse encontro depois de a Stellantis ter emitido um comunicado a dizer que não pretendia “fechar nenhuma fábrica em Itália”, tal como não tinha intenção “de fazer despedimentos coletivos”.
Mas se a situação ficou calma por agora, a tendência futura pode trazer todos estes problemas para a ribalta. E não é para menos, face à importância que este setor tem na economia europeia.
Direta e indiretamente, a indústria automóvel dá emprego a quase 14 milhões de pessoas na União Europeia, sendo que, 2,5 milhões destes, são funcionários das fábricas de automóveis. Com 255 fábricas instaladas nos 27 estados-membros, o setor representa ainda 7,1% do PIB da UE, tornando-se um dos motores do desenvolvimento económico europeu.
Um peso muito grande para ser descurado pelo poder político. Durante a 90.ª edição do Salão Automóvel de Paris, o presidente francês Emmanuel Macron reconheceu o “momento difícil” para os fabricantes de automóveis franceses e da UE, em parte devido à feroz concorrência dos rivais chineses. “A Europa deve ter uma estratégia unida, para ajudar nesta transição, para continuar a investir e para preservar as regras justas do jogo”, disse o líder francês, defendendo ser necessária a criação de tarifas “em tempos como estes, para proteger a indústria francesa”, aludindo ao plano da Comissão Europeia de tributar os veículos elétricos baratos produzidos na China que têm inundado o mercado europeu.
O ponto de viragem
Ao longo de mais de um século, a indústria automóvel europeia construiu uma enorme reputação mundial, em termos de engenharia, design, criatividade e qualidade.
Durante anos, os veículos fabricados no velho continente lideraram as vendas mundiais de automóveis. Em 2008, por exemplo, um em cada três carros que se vendiam em todo o mundo eram de marcas europeias. Nesse mesmo ano, o Japão e a Coreia do Sul, juntos, tinham 21% do mercado, enquanto os EUA conseguiam 18%. A China ficava-se pelos 14%. Cinco anos depois, em 2013, a China já atingia os 25% do mercado mundial de novos veículos, ultrapassando a Europa que apenas conseguia representar 24 por cento.

No ano passado a situação inverteu-se. Um em cada três carros vendidos em todo o mundo passou agora a ser chinês e a Europa já está apenas nos 20%. E esta batalha irá agravar-se ainda mais no futuro. As marcas chinesas estão com estratégias cada vez mais agressivas para entrar nos novos mercados com veículos elétricos com preços mais baixos do que os praticados pelos europeus. Marcas como a BYD, SAIC, Dongfeng, entre muitos outras, surgem um pouco por toda a Europa com um leque alargado de oferta de veículos 100% elétricos ou híbridos plug-in.
Além disso, os construtores europeus foram, durante anos, os que mais vendiam na China, mas têm vindo a perder peso ao longo dos tempos. Por exemplo, em outubro deste ano foram vendidos 1,7 milhões de carros elétricos em todo o mundo, 1,2 milhões dos quais foram adquiridos na China. Este número mostra a verdadeira dimensão do que representa o negócio de venda de carros no gigante asiático, que possui a segunda maior economia do mundo.
Os construtores chineses investiram desde o início para serem fabricantes de veículos elétricos, enquanto os tradicionais construtores europeus têm de enfrentar uma transição cara e arriscada para passar da combustão para a mobilidade elétrica.
Como pode a União Europeia responder a esta ofensiva? Segundo os analistas, não existem soluções fáceis. Numa primeira fase, a UE seguiu os planos que já tinham sido tomados pelos EUA e aumentou as tarifas alfandegárias sobre os veículos importados da China. No entanto, esta é uma decisão que muitos consideram errada. O presidente da BMW, Oliver Zipse, tal como o líder da Stellantis, Carlos Tavares, já defenderam que esta medida irá ter um efeito contrário, pois tornará os carros mais caros para os consumidores e poderá acelerar o encerramento de fábricas na Europa.
“Não precisamos de proteção”, disse recentemente o CEO da BMW. E acrescentou que os fabricantes europeus de automóveis não deveriam “ter um receio desmedido” da competição chinesa.

Para os analistas, os carros elétricos construídos na Europa ainda têm um custo muito elevado, devido sobretudo ao preço das baterias.
Já os chineses conseguem construir veículos elétricos modernos que, à saída das fábricas, vêm com um custo 30% inferior aos dos europeus.
A batalha será dura, como admite o CEO da Mercedes-Benz, Ola Källenius, que diz estar a preparar a empresa para uma “batalha darwiniana”.
Na sua opinião, os fabricantes europeus deram um impulso significativo no mercado chinês, ávido por veículos elétricos, ao mesmo tempo que responderam a um abrandamento inesperado na absorção da tecnologia na Europa. Depois, seguiu-se um excesso de procura na China ao mesmo tempo que foram surgindo novos concorrentes da região com veículos mais baratos que deixaram os fabricantes de automóveis europeus “a combater incêndios no país e no estrangeiro”.
“Temos de controlar os nervos, continuar a investir, continuar a inovar e garantir que, no final dessa batalha darwiniana, seremos um dos combatentes que restam”, rematou Ola Källenius.
A difícil transição
Durante décadas, a Europa liderou o mercado mundial, mas a transição para a mobilidade elétrica veio trazer novos desafios e abrir as portas para novos fabricantes, sobretudo oriundos da China, que acabaram por abalar toda a estrutura em que esta indústria assentava.
Agora, o setor tenta recuperar o tempo perdido e encontrar um modelo de negócio que possa mitigar os efeitos provocados pelos novos concorrentes.
Uma das estratégias que está a ser mais utilizada pelos fabricantes europeus é a criação de parcerias com construtores chineses de automóveis.
“O que fizeram os japoneses e o que fizeram os coreanos quando ficaram para trás em termos tecnológicos?” perguntou Andy Palmer, consultor que já foi executivo da Aston Martin. E deu a resposta, ao Financial Times: “Colaboraram!”.
Na opinião deste especialista, as marcas europeias precisam de se aproximar mais dos fabricantes chineses, sobretudo na tecnologia das baterias, de forma a acompanhar a evolução do que está a ser feito.
E é isso que começa já a acontecer. A Renault, por exemplo, criou, em maio deste ano, uma joint-venture com a Geely, que provocará um efeito de escala imediato e de um reforço da cobertura do mercado. Para isso criaram uma nova empresa, a Horse Powertrain Limited, que será autónoma no desenvolvimento de futuras tecnologias de propulsão, nomeadamente no domínio dos combustíveis alternativos, como o metanol verde, o etanol e o hidrogénio.
“Este dia marca um passo importante na resposta aos maiores desafios que a indústria automóvel enfrenta: a descarbonização do transporte rodoviário. A parceria com uma empresa líder como a Geely para criar um novo ator com capacidade e experiência para desenvolver motores de combustão interna com emissões ultrabaixas e tecnologias híbridas de elevada economia é fundamental para o futuro. Através da Horse Powertrain, o Grupo Renault pode alcançar a liderança mundial e a escala num setor que representa mais de 80% da sua atividade. Juntos, enfrentaremos o desafio da descarbonização com a inovação na vanguarda das nossas atividades”, disse Luca de Meo, CEO da Renault no evento da criação da nova parceria.
Um mês antes, em abril, a Volkswagen já tinha avançado com uma estratégia similar, associando-se à start-up chinesa X-Peng para desenvolver carros elétricos de forma mais rápida e com menores custos de produção.

“Perante a atual concorrência, temos de adaptar a nossa estrutura de custos se queremos ser competitivos neste ambiente”, disse Ralf Brandstätter, líder do grupo alemão.
Ao mesmo tempo que celebrou esta parceria, a Volkswagen admitiu em comunicado que estava também a focar-se noutras colaborações com empresas chinesas de alta tecnologia.
Já a Stellantis optou por uma estratégia diferente: em vez de ir para a China, trouxe os chineses para a Europa. No ano passado adquiriu uma participação de 20% da Leapmotor ficando com a exclusividade da venda de veículos desta marca fora da China. A Leapmotor, por sua vez, poderá utilizar as fábricas da Stellantis na Europa para fabricar os seus modelos e, desta forma, ficar isenta das elevadas tarifas alfandegárias que foram criadas pela Comissão Europeia para os carros chineses.
Pela Europa, o mercado automóvel continua a ter vários problemas e não consegue recuperar para os valores que tinha antes da pandemia. E a China tornou-se, em poucos anos, a principal fonte de importação de automóveis para a União Europeia. Entre 2022 e 2023, as vendas de carros chineses na Europa aumentaram 40%, num mercado interno que teima em não crescer. Em setembro deste ano, as vendas de automóveis caíram 6,1% face ao ano passado. O mercado encolhe, mas os chineses vendem cada vez mais, o que significa que os construtores europeus vão perdendo espaço. O problema está detetado, resta agora saber quais as estratégias que cada fabricante irá adotar.
O desafio já foi lançado por Carlos Tavares para os políticos e profissionais do setor: “Querem ou não entrar nesta corrida?” O resultado para quem optar não o fazer é, alerta o gestor, “o desaparecimento”.
Efeitos colaterais
Quais os impactos desta crise para o cluster automóvel nacional?
Ao longo das últimas décadas, Portugal construiu um verdadeiro cluster no setor automóvel, que emprega mais de 64 mil pessoas, gerou uma receita de €14,3 mil milhões – um novo recorde, equivalente a 5,4% do PIB e 15,6% das exportações de bens transacionáveis.
A atual crise do setor em toda a União Europeia poderá ter um impacto negativo na indústria nacional. Segundo os dados da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, o valor das exportações de componentes para automóveis caíram 4,4%, atingindo os mil milhões de euros. Em termos acumulados, de janeiro a setembro, as vendas para o exterior baixaram 3,9%, situando-se nos €8,8 mil milhões.
Este é já um efeito dos problemas que estão a ser sentidos em muitas fábricas europeias para onde as nossas empresas de componentes vendem. Isto porque a Europa é o principal destino das nossas exportações, representando 88,5% do total.
Espanha ainda é o nosso maior comprador, ficando com 28% dos componentes exportados por Portugal, seguindo-se a Alemanha, com 23,9% e França, com 8,2%.
As notícias que chegam da Alemanha parecem não ser as melhores para o Grupo Volkswagen, devido à previsão de despedimentos e cortes salariais. Contudo, a Autoeuropa poderá, pelo menos para já, estar imune a esta crise. A VW continua a fazer um forte investimento na fábrica de Palmela na modernização das suas linhas de montagem, projeto que deverá estar concluído em fevereiro do próximo ano para incrementar a capacidade de produção do T-Roc.
Também a fábrica de Mangualde, onde são produzidos os comerciais ligeiros da Stellantis, das marcas Peugeot, Citroën, Opel e Fiat, teve recentemente um forte investimento para começar a produzir veículos com motores elétricos.
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Segundo o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, “o arguido forçava a vítima a vestir roupa que escolhia, a ser maquilhada por si e a calçar sapatos que lhe provocavam dores”. José Castelo Branco está indiciado por, “desde o início do casamento” com Betty Grafstein, em 1996, agredir “física e verbalmente a vítima
Em nota publicada online, e sem mencionar os nomes de arguido e da vítima, o DIAP de Lisboa acrescenta que “os factos se prolongaram no tempo até maio de 2024, data em que a vítima foi internada num hospital, na sequência de um empurrão alegadamente desferido pelo arguido”.
“Com as condutas descritas, o arguido, de 61 anos, atuou com o propósito concretizado de maltratar a vítima, de 95 anos, molestando-a no seu corpo e saúde psíquica, injuriando-a e atemorizando-a, bem sabendo que era a sua mulher e estando ciente da idade desta”, sustenta o MP.
Em maio deste ano, após ser detido pela GNR, por decisão do Tribunal de Sintra, José Castelo Branco ficou impedido de contactar a vítima e de permanecer no hospital onde, à data, se encontrava a mulher internada.
Ficou igualmente proibido de permanecer na residência que Betty Grafstein viesse a ocupar quando tivesse alta hospitalar. José Castelo Branco não pode aproximar-se da mulher, a menos de um quilómetro, estando sujeito a meios técnicos de controlo à distância (pulseira eletrónica), segundo o despacho do juiz de instrução criminal.
O Ministério Público indicou, em maio deste ano, ter aberto uma investigação sobre alegados crimes de violência doméstica contra a figura do “jet-set” Betty Grafstein por parte do marido, José Castelo Branco.
De acordo com várias notícias, a denúncia deste crime público foi enviada ao MP por profissionais médicos do Hospital CUF de Cascais, onde Betty Grafstein, esteve internada com uma fratura no fémur e ferimentos no braço esquerdo, tendo sido a própria a contar os incidentes aos profissionais de saúde, alegando que o marido a teria empurrado.
José Castelo Branco negou qualquer agressão e disse que as denúncias de violência doméstica contra a mulher, com quem está casado há quase 30 anos, “são ridículas”.