Neste ano da graça de 2024 d.C. tivemos a estreia da milionária superprodução Megalópolis, filme há muito sonhado por Francis Ford Coppola, e agora a chegada do blockbuster de Ridley Scott Gladiador II (estreia-se nesta quinta, 14, em Portugal).
O primeiro escolhia o imaginário, o contexto e rituais do Império Romano como metáfora para uma distopia futurista, com Nova Iorque a transformar-se em Nova Roma. Gladiador II é mais uma declinação, com todo o potencial tecnológico disponível hoje (há, mesmo, uma versão para as salas IMAX), do fascínio pelas histórias sobre os gladiadores, com uma obediência rigorosa às regras dos filmes made in USA que pretendem arrecadar milhões de dólares em todo o mundo.
De onde vem este encanto, sempre renovado, da nossa civilização por acontecimentos e histórias que se passaram há mais de dois mil anos? Porque é que o império da Roma Antiga nos atrai tanto, ao ponto de, em mais de um século de história do cinema, os filmes sobre gladiadores serem praticamente um subgénero cinematográfico (dentro dos filmes épicos históricos)?
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Parte da resposta a estas perguntas talvez seja dada neste novo filme de Ridley Scott, quando a personagem Macrinus (num excelente desempenho de Denzel Washington) diz algo como “a violência é uma linguagem universal”. Macrinus parece ser, de início, uma espécie de Jorge Mendes (o influente empresário de futebol) do mundo de negócios dos gladiadores, mas vai-se revelando uma personagem de ambição desmedida, chegando à batalha final, clímax do filme, contra o (super) herói Hanno (Paul Mescal). Explica Macrinus que escolhe os seus melhores gladiadores baseado em três critérios: potencial de entretenimento, força bruta e raiva acumulada.
As plateias do século XXI, afinal, continuam a seguir, com entusiasmo, o que se passa na arena do Coliseu: combates sangrentos, luta pela sobrevivência, superação dos mais fracos contra os mais fortes, heroísmo e sacrifício. No fundo, somos os mesmos Homo sapiens sapiens de há dois mil anos… A grande diferença – e é mesmo muito grande – é que hoje já não lançamos humanos aos leões para gáudio da multidão de espectadores ululantes; civilizadamente, encenamos essas narrativas de violência extrema em salas de espetáculos. E Ridley Scott caprichou nessa enc5/enação. Obedecer ao rigor histórico desses espetáculos no Coliseu de Roma já é suficientemente impressionante, mas o realizador britânico de 86 anos acrescentou tubarões (que nunca existiram nas recriações de batalhas navais) e inventou um assustador guerreiro montado num enorme rinoceronte…
A queda dos impérios
Gladiador IIremete para acontecimentos verdadeiros do Império Romano, mas criando uma trama ficcional, naturalmente cheia de liberdades. Tudo gira à volta de Hanno/Lucius, encaminhado para a concretização de uma missão, regressado às origens depois de viver com os “bárbaros” na Numídia (no Norte de África, correspondente à atual Argélia e parte da Tunísia, território que fez parte do império comandado por Roma).
Esse motor da narrativa é ficcional, e obedece à regra de ouro de qualquer épico histórico: dar ao espectador um herói com quem se pode identificar, em lutas impossíveis contra tudo e todos. Mas os irmãos imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger) foram personagens históricas reais, num período particularmente caótico e sanguinário da História da Roma Antiga (uma qualidade destes filmes é fazer-nos mergulhar, curiosos, nos episódios históricos verdadeiros e documentados). O general romano Marcus Acacius (interpretado pelo ator chileno Pedro Pascal) – que prepara um golpe contra os imperadores e está envolvido com Lucilla (Connie Nielsen), que foi realmente filha do imperador Marco Aurélio – é totalmente ficcionado.
“A violência é uma linguagem universal”, diz Macrinus, personagem interpretada por Denzel Washington
O nosso fascínio pela era romana não virá só da violência e dos seus rituais de poder. Sabemos bem que muito lhe devemos, e ainda hoje os sinais do seu poder nos assaltam aqui e ali, num aqueduto, numa ponte, na beleza de cerâmicas que sobreviveram até aos nossos dias… Se a impressionante força do império que se espalhou por milhares de quilómetros consegue ainda arrebatar-nos, também somos seduzidos pela sua espetacular decadência e pelo seu final.
Num período em que é difícil encarar o futuro com otimismo e quando vemos uma luta de superpotências e uma rearrumação geoestratégica – com os EUA a darem sinais de decadência e uma progressiva afirmação da China no horizonte –, olhamos, talvez, com uma renovada curiosidade para quaisquer ecos das quedas de grandes impérios que pareciam indestrutíveis.
Gladiador II > De Ridley Scott, com Paul Mescal, Pedro Pascal, Denzel Washington, Connie Nielsen > 148 min.
Joe Biden, 46.º presidente dos Estados Unidos, parabenizou esta quarta-feira o presidente eleito, Donald Trump, numa reunião que decorreu na Sala Oval da Casa Branca, residência oficial do chefe de Estado americano. Esta foi a primeira vez que o republicano regressou à Casa Branca desde que saiu da presidência do País, em 2020.
Donald Trump, presidente eleito para um segundo mandato, disse esta quarta-feira esperar a transição “mais tranquila de sempre” de poder na Casa Branca. “A política é difícil e muitas vezes não é um mundo muito agradável, mas hoje é um mundo agradável e estou grato”, disse o republicano, no início da reunião com Joe Biden na Sala Oval.
No encontro de pouco menos de duas horas, o Presidente cessante dos Estados Unidos “sublinhou a sua opinião de que o apoio contínuo dos EUA à Ucrânia” é do “interesse de segurança nacional” para os EUA, segundo o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, em conferência de imprensa.
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Trump tem questionado a ajuda militar dos EUA à Ucrânia perante a invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022, e garantiu que acabará com a guerra “em um dia”, apesar de não especificar como.
“Bem-vindo de volta”
Depois de vencer as eleições de 2016 contra a democrata Hillary Clinton, o republicano Trump reuniu-se com o então Presidente dos EUA, Barack Obama (2009-2017), durante 90 minutos. Na altura, Trump disse que a reunião era “uma grande honra”, mas pouco depois voltou a insultar o seu antecessor nas redes sociais.
“Bem, senhor Presidente eleito e antigo Presidente, Donald, parabéns. Espero que tenhamos, como já disse, uma transição suave”, disse Biden. O líder cessante assegurou ainda que a sua equipa se certificará de que Trump tem tudo o que precisa para tomar posse a 20 de janeiro de 2025 e acrescentou: “Bem-vindo de volta”.
Trump tomou então a palavra para dizer: “A política é difícil e é muitas vezes um mundo complicado, mas hoje é um bom dia neste mundo. Estou muito grato pelo facto de a transição estar a decorrer de forma tão tranquila e espero que assim continue”.
Trump não recebeu Biden na Casa Branca em 2020. Não queria, não aceitava os resultados, e nem sequer apareceu na sua posse nas escadarias do Capitólio. Pelo contrário, o veterano Biden deu as boas-vindas a Trump, felicitou-o pelo seu regresso e até brincou com a ideia de que estava a ponderar candidatar-se em 2028.
É uma verdade indiscutível que o presidente dos EUA já não tinha condições físicas e cognitivas para desempenhar o cargo. Foi afastado à força, quando poderiam ter feito tudo isso com algum decoro e decência, e muito antes. Agora, sairá de cabeça erguida, calmamente, quando chegar o dia 20 de janeiro de 2025.
A sua gentileza contrasta com o estilo de Trump. Biden irá para a sua casa de praia descansar e, certamente, criar uma fundação ou um centro que homenageará todo o seu percurso político. Nunca ninguém, nos EUA, permaneceu na vida política ativa durante tanto tempo. Ele é o António Costa americano.
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É esse serviço público, muitas vezes polémico e embaraçoso, que Biden levará orgulhosamente na sua lapela. Num extraordinário gesto de gentileza, a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil americana, deveria ser atribuída a Biden por Trump. Só lhe ficava bem!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
A demissão de Ricardo Leão na sequência das polémicas declarações do autarca de Loures que queria despejar de casas municipais quem se tivesse envolvido nos desacatos ocorridos na sequência da morte de Odair Moniz abriu uma crise naquela que é uma das maiores estruturas do PS. Esta quarta-feira, a Comissão Federativa da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) reúne para decidir de que forma será feita a sucessão. Mas, sabe a VISÃO, além de Miguel Prata Roque e de Pedro Pinto de Jesus, o vice-presidente de Leão na FAUL, Filipe Santos Costa será também candidato.
Ao que a VISÃO apurou, Pedro Pinto deverá propor à Comissão Federativa a realização de eleições intercalares diretas apenas para a liderança da FAUL. Uma proposta que evita a realização de um congresso federativo, que será sempre dispendioso e fará com que o processo se arraste.
Congresso ou diretas?
A proposta suscita dúvidas entre alguns socialistas, mas há um acórdão do Tribunal Constitucional relativamente a uma situação semelhante na Federação do PS de Coimbra que sustenta a legalidade desta opção, que mantém todos os órgãos federativos, substituindo apenas a liderança.
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Apesar disso, entre os apoiantes de Miguel Prata Roque essa não é a opção favorita. Prata Roque já fez saber os mais próximos que preferiria que houvesse pelo menos uma convenção federativa para que pudesse ser discutida uma moção de orientação política. É que, se isso e para todos os efeitos, o próximo líder da FAUL terá de trabalhar com a moção de Ricardo Leão.
O processo, sem congresso ou convenção, demorará 40 dias, um prazo apertado para garantir a recolha de assinaturas para formalizar as candidaturas e assegurar o pagamento de quotas que permite aos militantes (nas eleições de setembro eram cerca de sete mil) poderem exercer o seu direito de voto.
Se o facto de os prazos serem apertados pode condicionar as candidaturas, há no PS Lisboa quem veja isso como uma vantagem. Encerrar o capítulo da liderança da FAUL permitirá à estrutura concentrar-se a fundo nas autárquicas de 2025 e, sobretudo, naquele que é o principal e o mais difícil dos objetivos: ganhar Lisboa a Carlos Moedas.
Pedro Nuno Santos já tinha dado internamente o sinal de que anunciaria candidatos a Lisboa e Porto depois de encerrado o processo do Orçamento do Estado, cuja votação final global está marcada para o final de novembro. Há em Lisboa alguma impaciência para ter rapidamente um candidato no terreno a fazer marcação a Moedas e o medo que este processo da FAUL atrapalhe esse objetivo.
Os três candidatos
Miguel Prata Roque foi o primeiro a apresentar-se como candidato e congregará essencialmente o voto livre, uma vez que não tem peso na estrutura socialista, mas conta já com o apoio de alguns carneiristas mas também de pedronunistas.
É que, Prata Roque, tendo apoiado Pedro Nuno Santos (de quem se aproximou no Governo) nas últimas diretas, tem estado desde a JS em grupos opostos aos de Pedro Nuno, tendo sido sempre mais centrista do que o atual secretário-geral.
Pedro Pinto de Jesus é o vice-presidente de Ricardo Leão, sendo por isso o candidato da continuidade. Mas tem outro trunfo: é bastante próximo de Duarte Cordeiro, que é talvez a pessoa mais influente na máquina socialista e mais ainda em Lisboa onde controla todas as tropas (mais até do que Pedro Nuno).
Filipe Santos Costa, antigo presidente da AICEP e foi demitido pelo atual Governo a poucos dias de concluir o seu primeiro ano de mandato, tendo saído com críticas à partidarização da agência.
Segundo o relatório e contas de 2023 da AICEP, citado pelo Expresso, no ano em que Santos Costa esteve à frente deste organismo, a agência estatal angariou 3,5 mil milhões de euros em novos projetos, com um crescimento de 30% nos projetos industriais.
A segunda presidência de Donald Trump não será igual à primeira. Desta vez, por aquilo a que se vai assistindo, ele começa a rodear-se de colaboradores mais fiéis, completamente alinhados com a “revolução” que pretende implantar na política norte-americana e na construção de uma nova ordem mundial. Ao contrário do que sucedeu no primeiro mandato, ele já não se está a rodear de personalidades que, nos momentos mais importantes, tinham a preocupação de reprimir os seus piores impulsos ou tentar chamá-lo “à razão”. Agora, um a um, cada membro dirigente da nova Administração tem sido escolhido pela lealdade que já manifestou com o Presidente eleito. Da mesma forma como, contrariando tantos prognósticos, conseguiu alcançar um domínio absoluto sobre o Partido Republicano, domesticando-o e transformando-o, de alto a baixo, de acordo com a sua agenda, Trump prepara-se para fazer agora o mesmo, em toda a linha e em todos os setores, através do seu posto de comando na Sala Oval.
No seu regresso à Casa Branca, Trump vem animado também com um declarado impulso de vingança. E um impulso que os que agora o rodeiam souberam, durante uma campanha vitoriosa, transformar num verdadeiro plano de ação. Não interessa se muitas das suas mais sonoras promessas, proferidas durante a luta pelos votos, podem ou não ser realizadas tão rapidamente quanto ele afirmou no calor dos comícios para empolgar audiências. A verdade é que, desta vez, ele está a conseguir rodear-se de um exército de vingadores, tão interessado como ele em destruir muitos dos fundamentos em que funciona a democracia norte-americana e em libertar a economia das amarras reguladoras antimonopolistas.
E, desta vez, não está sozinho. E a sua vingança vai ser servida a quente, com um plano, e com o apoio de aliados, dentro e fora da Casa Branca, que há oito anos lhe faltavam.
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No seu primeiro mandato, Trump decidiu retirar os EUA do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas e fê-lo de forma isolada. Agora, se voltar a fazer o mesmo, ninguém se admire que outros líderes e países o acompanhem. Ao contrário do que acontecia há oito anos, em que era visto como uma espécie de extraterrestre com uma estada passageira na Casa Branca, ele agora surge como o líder natural de um movimento mais vasto que une populistas e políticos radicais em fúria com as instituições democráticas e que, a todo o momento, mostram a sua oposição às políticas verdes que obriguem à redução da emissão de gases com efeito de estufa e que acelerem a transição energética, para tentar travar o aquecimento global.
A vitória de Donald Trump já está a criar diversas ondas de choque na política internacional, mesmo que ainda faltem mais de 60 dias para a sua tomada de posse. Com Trump de regresso, os líderes extremistas perderam a vergonha e já não têm receio de dizer o que pensam. Orbán foi rápido a declarar morto o consenso europeu em relação ao apoio à Ucrânia e Netanyahu já assume que pretende anexar toda a Cisjordânia, além de reconhecer que autorizou pessoalmente os ataques com pagers e walkie-talkies armadilhados, no Líbano, em setembro, e que podem ser qualificados como terroristas.
Neste clima, o que se pedia à União Europeia era que soubesse desempenhar o seu papel como o espaço que melhor defende os valores e princípios democráticos – e que, durante décadas, a fez ser admirada por grande parte do resto do mundo, como um farol de desenvolvimento económico e social, em paz e na vanguarda do respeito pelos direitos humanos. Também cabia à União Europeia, perante aquilo que se espera que venha a ser a presidência de Trump, que voltasse a assumir a liderança na frente climática. Afinal, o que se vê é exatamente o contrário, como se os 27 tivessem de estar resignados a um papel menor na próxima ordem mundial.
A forma como os principais dirigentes europeus decidiram faltar à Cimeira do Clima, em Baku, é elucidativa das prioridades de cada um – mais interessados em resolver os problemas internos de governabilidade que afetam quase todos os países. Essa ausência do grande fórum mundial sobre o desafio climático demonstra que a União Europeia renunciou ao papel de grande influenciador da questão ambiental. Não se queixe, depois, se outros ocuparem esse lugar.
Tenha um espírito crítico, procure informação oficial e suspeite sempre de promessas exageradas, irrealistas ou de retornos elevados sem risco. Numa frase: “Mantenha os pés na terra!”, aconselhou recentemente a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a propósito dos finfluencers.
São já tantas as pessoas que usam as redes sociais, sites e podcasts para divulgar conteúdos sobre finanças pessoais, podendo dessa maneira influenciar os seus seguidores a investirem aqui ou ali, que o supervisor sentiu necessidade de alertar os investidores para o que pode ser o joio.
Do lado do “trigo”, Dr. Finanças é o nome que surge de imediato quando o tema é dinheiro, embora não se trate propriamente de um doutor e muito menos de um finfluencer. Trata-se, sim, de uma empresa portuguesa, com dez anos e 300 colaboradores, que nasceu – e continua a viver – como uma intermediária de crédito. Mas hoje é muito mais do que isso, embora siga na sua tarefa de tentar saber tudo sobre as ofertas bancárias para chegar à que melhor se adequa à situação em causa. Depois, também se explicam todos os preceitos ao longo do processo, passo a passo.
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Foto: José Carlos Carvalho
“É MUITO IMPORTANTE COMEÇAR A TRATAR DA REFORMA DESDE CEDO”
Pedro Andersson, 51 anos. Mais dicas em contaspoupanca.pt
Não é preciso ser rico Não é preciso ser rico para investir na bolsa. É preciso, sim, escolher uma boa corretora. Os ETF SP 500, correspondentes às 500 melhores empresas, por exemplo, estão a crescer 11% ao ano.
A cabeça é que manda Pôr o dinheiro a render tem mais que ver com a cabeça do que com os rendimentos, mais com o que se gasta do que com o que se ganha, mais com o que se poupa e investe.
Pagar menos IMI De vez em quando, devemos fazer a reavaliação do IMI, fazendo uma simulação no paguemenosimi.pt, da DECO Proteste. Se estiver igual ou pior, ficamos quietos. Se for para pagar menos, faz-se o pedido no Portal das Finanças e dois meses depois baixam-nos a tributação.
Quando não se pode trabalhar Em caso de incapacidade, e de não se conseguir trabalhar, além de não se pagar IRS, o nosso seguro de vida toma conta da prestação da casa.
Mais aforro Com a nova legislação, é possível subscrever-se muito mais certificados de aforro. Os juros mantêm-se na mesma – até 2,5% ao ano, mais prémios de permanência –, mas o teto de investimento subiu de 50 mil para 100 mil euros.
Mudar para melhor A nova app Manie está constantemente à procura da melhor oferta para a fatura do gás e da eletricidade. E se escolhermos a opção auto switch, ela muda-nos automaticamente de empresa.
Ter dinheiro na reforma É muito importante começar a tratar da reforma desde cedo e os PPR são uma ótima opção. O Save & Grow é o mais aconselhável do momento, com rendimentos na casa dos 15 por cento.
O crédito à habitação reúne a maioria dos pedidos que recebem, pois é o caso em que envolve valores mais altos e se estende por muitos anos. Mas este tipo de prospeção também se aplica à carteira de seguros e ao crédito pessoal.
Era o que todos devíamos fazer antes de contrairmos um crédito: analisar as propostas e escolher a mais vantajosa, assim houvesse tempo e domínio do “financês” para compreender tudo o que nos dizem nas instituições bancárias e o que escondem as letras miudinhas dos contratos.
Estes serviços do Dr. Finanças são gratuitos. A empresa vai buscar os seus dividendos à contratação feita pelo cliente. Se o negócio não se concretizar, não recebe a comissão.
Pouco tempo depois do nascimento do Dr. Finanças, criou-se a área da Academia, mas na altura as pessoas não estavam despertas para a necessidade de aprenderem a gerir as suas finanças pessoais. O contexto socioeconómico, com as taxas de juro a subirem radicalmente, foi o clique que faltava para que os portugueses passassem a organizar-se melhor. Com este boost, a Academia, certificada pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, não parou de crescer.
Além do número de formações ter disparado, no site são colocados, diariamente, três a quatro conteúdos sobre o assunto, criando-se assim uma biblioteca que pode ser consultada a qualquer momento, caso a legislação não mude. No site, também existem conteúdos específicos que podem ser comprados por 20 euros.
O medo de pôr no papel
O Dr. Finanças dá palestras em empresas que estão interessadas em ceder sessões de literacia financeira aos seus trabalhadores, com diversos temas que vão dos investimentos à reforma ou à melhor maneira de poupar no IRS.
“Se não sabemos onde gastamos, como podemos poupar?” é a questão que está na base de tudo, segundo Sérgio Cardoso, 45 anos, chief education officer. E o caminho nunca será igual para todos, depende do que ganhamos, do estilo de vida, dos objetivos que estipulamos.
Sérgio vai longe com a exigência do orçamento familiar, que consiste em tomar consciência de quanto ganhamos, quanto é que queremos poupar e quanto é que nos resta para viver, por entre despesas fixas e variáveis, gastos obrigatórios e supérfluos: “Convém que seja feito para um ano, antecipando desafios e exigindo reflexão.” Mas, segundo este especialista formado em Gestão e professor na Universidade Católica, em Lisboa, as pessoas têm medo de pôr tudo no papel e daquilo que vão encontrar.
Foto: José Carlos Carvalho
“Deve começar-se a poupança no início do mês, nunca esperar pelo final”
Catarina Brandão, 35 anos. Mais dicas em catpoupanca.pt
Ter um orçamento mensal Só com esta ferramenta é que uma pessoa consegue perceber quanto ganha e quanto gasta. A maioria das pessoas recebe o salário, começa a pagar contas, vai divertir-se um pouco, compra umas coisinhas e, quando o mês está a acabar, poupa um bocadinho. O orçamento mensal vai permitir planear o destino que quer dar ao seu dinheiro, ao longo do mês.
Propiciar a poupança Ao construir um orçamento mensal, consegue perceber que espaço tem para a poupança. E propiciar a poupança é a melhor estratégia. Deve começar-se a poupança no início do mês, nunca esperar pelo final.
Poupar sem dar por isso Quer poupar dinheiro todos os meses sem dar por isso? Quatro dicas rápidas: no supermercado, compre produtos da marca própria; adira aos programas de fidelização das lojas onde costuma fazer compras; leve água e comida quando passa o dia fora de casa; deixe o seu carro estacionado em locais onde não se pague.
Levar uma marmita Levar comida de casa para o trabalho é uma das melhores estratégias de poupança. E quem diz o almoço ou o jantar, diz o pequeno-almoço ou o lanche. Acaba-se, assim, com muitas refeições fora desnecessárias.
Planear as refeições Se a pessoa souber quais são os ingredientes de que vai precisar, não compra alimentos aleatórios que depois não combinam entre si. Pode organizar-se, por exemplo, ao final do dia de domingo, para dedicar duas horas a fazer uma sopa e duas refeições maiores, ou organizar-se para cozinhar sempre um pouco mais ao jantar para sobrar para o almoço do dia seguinte.
Podemos começar a investir com pouco dinheiro, pois se estivermos à espera de ter muito nunca o fazemos, nota Sérgio. “Existem produtos para estes casos, como certificados de aforro ou depósitos a prazo, mas sempre com a ressalva de que há que ler todas as letras.”
O Dr. Finanças, já se disse, pode ajudar no capítulo das renegociações dos seguros e dos créditos. No entanto, está em teste, em duas lojas lisboetas, a consulta da poupança – para se apurar o que é possível economizar em contas da energia e telecomunicações. Se a coisa correr bem, será alargada a toda a rede.
Para quem não quer deslocar-se a uma loja, o site do Dr. Finanças tem inúmeros simuladores, ferramentas que ajudam a calcular o IMI, o IMC, as taxas de juro, as mais-valias ou qual a casa que se pode comprar tendo em conta os rendimentos. No site da DECO Proteste também existem muitas hipóteses para se fazerem bem as contas do que se ganha e do que se perde.
Diversificar é preciso
O nível de literacia financeira em Portugal era tão baixo, há dois anos, que ainda não deu tempo para o mercado ficar saturado de pessoas que, entretanto, surgiram para se dedicar a diluir essa falha, umas mais credíveis do que outras. Por enquanto, há espaço para todos os gurus das finanças pessoais, que convivem em harmonia, e a ignorância só tem a agradecer.
Foi precisamente desde que o nível de vida em Portugal se degradou ainda mais que o gestor Nuno Pimenta, 42 anos, entrou neste mundo. Antes trabalhara na banca, dedicando-se às poupanças dos outros. Ao fim de onze anos, cansou-se e saiu para montar a sua empresa de alojamento local. Depois, com a mulher, avançou por uma lavandaria e por uma frota de TVDE. Ainda hoje mantém estes negócios, porque é importante diversificar as fontes de rendimento – lição número um cumprida!
Com a pandemia, as estruturas familiares, assentes no turismo, abalaram. Esse abalo teve repercussões na maneira de estar de Nuno e fê-lo pensar melhor naquilo que queria para a sua vida. Entrou, então, pelas redes sociais adentro, apostado na intervenção de crédito, ao estilo Dr. Finanças (a comparação é do próprio), renegociando todos os contratos, seguros incluídos. Em janeiro de 2023, nascia, assim, o Finanças com Pimenta, partindo da premissa de que “o dinheiro parece um rebuçado e gostávamos que fosse uma pastilha elástica”.
Nessa altura, começou a desenvolver sessões individuais de literacia financeira e a dar palestras coletivas a pedido de empresas. “Sou um orientador, não posso aconselhar nada em específico. Mas mostro o que existe no mercado para investir, por exemplo, ou quais são as modalidades de crédito à habitação.”
Foto: Marcos Borga
“Se investir agora mil euros nas ações da Tesla, daqui a cinco anos terá ganho €4 406,40”
Nuno Pimenta, 42 anos. Mais dicas em financascompimenta.pt
Investimentos sustentáveis Gosto bastante da Go Parity. É arriscado porque investimos num projeto novo, sustentável, e não sabemos no que vai dar, mas a informação está lá toda e o juro costuma ser bom (até 9% ao ano). A Raize e a Mintos também se dedicam a este tipo de investimento.
O risco dá bons resultados Os ETF, Exchange Traded Funds (fundos de índices cotados), são um ótimo produto de investimento a longo prazo.
A Tesla dá dinheiro Se uma pessoa investir agora mil euros nas ações da Tesla, daqui a cinco anos terá ganho 4 406,40 euros.
Poupadinho O ideal é poupar pelo menos 20% do nosso salário, aprender a investir esse dinheiro e fazê-lo crescer.
Voltando à lição número um, Nuno está sempre a relembrar ideias como vender tralhas que acumulámos, ter um segundo emprego, dar explicações, abrir um negócio, rentabilizar um passatempo. Tudo para “melhorar a vida das pessoas”.
As suas conversas, chamemos-lhe assim para não dar o nome pomposo de consultas, vão do zero ao investimento, de acordo com o estado em que lhe chega o “paciente” e o seu respetivo perfil financeiro.
O primeiro passo, e isto é geral a todos os personal trainers do dinheiro, é aprender a fazer um orçamento. Parece básico, mas na realidade são poucos os que o executam e menos ainda os que o executam bem. Tome-se nota, então: há que registar tudo o que sai, numa coluna, e tudo o que entra, noutra. Se se quer poupar, com um determinado objetivo, esse valor deve ser o primeiro da coluna do que sai, para ser entendido como uma quantia que não está disponível.
A seguir, parte-se para a gestão da dívida, caso ela exista. Nuno Pimenta dedica-se a esta tarefa de mágico, renegociando tudo o que sejam prestações, do carro, à casa, passando pelos créditos pessoais, para baixar juros.
Com a casa arrumada, e se houver excedente suficiente, passa-se para a fase do investimento e então abre-se uma caixa de Pandora, tal a variedade de opções que existem e que se distinguem consoante a forma como uma pessoa quer investir, com mais ou menos risco. Mas, no mínimo, espera-se que os produtos permitam bater a inflação e que tenham retornos na ordem dos 7 a 10 por cento.
Se há que diversificar as fontes de rendimentos, é o mesmo verbo que deve estar na base dos investimentos. Como existe de tudo, e o negócio tem vindo a crescer (mais de 37 mil seguidores no Instagram), Nuno Pimenta tem de se socorrer da ajuda de uma pequena equipa – preparam-se para contratar a quarta pessoa para se juntar ao Finanças com Pimenta, que por enquanto só tem sede em casa do Nuno e da Catarina e dos dois filhos.
Sempre com o radar ligado
Até 2008, o jornalista Pedro Andersson, 51 anos, era como a maioria dos mortais, também casado e pai de dois filhos. Cresceu numa aldeia no sopé da serra da Estrela e nunca teve direito a qualquer dica sobre educação financeira. Depois de terminar o curso de Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, rumou a Lisboa, onde casou e fez toda a sua carreira, quase sempre na SIC.
Vivia desafogadamente, seguindo a lógica da “chapa ganha, chapa gasta”. Se não tivesse sido o brutal aumento da prestação da sua casa (de 400 passou para 800 euros), causado pela crise do Lehman Brothers, ainda hoje estaria nessa vida, sem fazer contas. Mas, no momento em que previu que em três meses ficaria sem dinheiro para pagar o empréstimo, decidiu parar e foi ao banco pedir ajuda – conseguiu dois anos de carência, em que só pagava juros, mas não amortizava a dívida do seu empréstimo. Aliás, essa só seria saldada quando fizesse 82 anos. Agora, sabe que vai fazê-lo 20 anos mais cedo.
Depois, pensou: “Para onde vai o meu dinheiro? Não juntei nada, nem tenho fundo de emergência.” Fez então uma listagem das suas despesas, acabou com as supérfluas (era normal jantar fora três vezes por semana, passou a ir uma e a sítios mais baratos), e renegociou todas as faturas, contactando a concorrência. Só nesse ano, reduziu as despesas regulares em três mil euros. “Gastamos por impulso e daqui a uns tempos já nem nos lembramos, nem criamos memórias com essa despesa.”
Foi neste seguimento, e quando os portugueses se depararam com outra crise, em 2011, que lançou o Contas Poupança, rubrica semanal no Jornal da Noite, da SIC. “Pensei que ia durar seis meses, vai em quase 15 anos. Por ignorância, inércia ou preguiça, estávamos no grau zero da literacia financeira. Só agora estamos a começar a sair da pré-história.”
Foto: Luís Barra
“Se tiver uma ordem de pagamento automática de 5%, já garanti a minha poupança”
Bárbara Barroso, 41 anos. Mais dicas em barbarabarroso.pt
Aforrar primeiro, investir depois Um ponto muito importante é que, para podermos investir, temos de poupar primeiro. Para conseguir mudar o paradigma, é fazer aquilo que o Estado faz: pagar-nos a nós primeiro, em vez de esperar pelo final do mês, ou seja, começar por retirar uma parcela para a poupança. Se tiver uma ordem de pagamento automática de 5%, já garanti a minha poupança.
Ter um fundo de emergência Deve-se constituir um pé-de-meia, uma almofada financeira, o que quiser chamar-lhe, para não ter de correr aos créditos nem entrar em rutura financeira.
Só depois investir Se quero começar a investir, tenho de pensar: para quê e qual é o objetivo? Isto para ver qual é o horizonte temporal. Quero comprar uma casa daqui a cinco anos ou reformar-me mais cedo? Só então posso decidir qual é o risco de investidor, se é de perfil conservador, moderado ou agressivo. Definido isso, posso escolher os instrumentos.
Manter o poder de compra A única maneira de não perder poder de compra é investir. Investir tem de fazer parte do nosso dia a dia como lavar os dentes. Não investir é hipotecar o futuro. Faça-o pelo menos pelo seu bem-estar futuro e pela sua reforma. E, se não sabe como fazê-lo, procure ajuda e fontes credíveis.
Não seguir a dica do amigo É fundamental que a própria pessoa consiga entender, mesmo que delegue em outra. Convém não nos demitirmos da gestão das nossas finanças. Há muita gente com uma má relação com o dinheiro. Só mudando esta mentalidade é que conseguimos ter outro tipo de comportamento.
Além da rubrica televisiva, atualmente Pedro Andersson está em força nas redes sociais, faz um podcast três vezes por semana (teve 400 mil pessoas a ouvi-lo, no mês passado), em que responde a questões concretas que lhe são enviadas em áudio, escreve uma newsletter e lançou cinco livros. Com esta panóplia de materiais, desenvolvida por si e pela sua equipa, tenta apaziguar os que estão sedentos de informação credível, que nitidamente melhora as suas vidas. “As pessoas estão a descobrir o poder que têm enquanto cidadãos, que podem pagar menos impostos e ter mais apoios sociais.”
O jornalista testa todos os produtos de que fala nas reportagens. “Se funcionam, assumo o risco porque é útil para as pessoas. Mas não recebo um cêntimo nem tenho percentagens”, explica, sem pejo de aconselhar marcas quando assim se justifica.
Para Andersson, poupar para a reforma é uma das medidas mais importantes, pois acredita que, em 2040, ela será menos de metade do último salário recebido. E quanto mais cedo, mais dinheiro se multiplicará. Os PPR são das melhores opções, para não se ser um fardo para ninguém na velhice, diz. Mas nem todos são de subscrever, porque alguns ficam-se pelos 1,16% ao ano, menos do que rende um depósito a prazo, e muito menos do que a inflação – acaba-se a pagar mais em comissões do que a receber-se em juros.
Até à terceira fase da vida, podemos poupar em tudo, olhando para o extrato do banco e renegociando com as entidades para se ficar a pagar o menos possível. E isto é um processo dinâmico. Pedro, confessa, tem o radar ligado; sempre que encontra uma oferta mais barata, muda, sem vergonhas. “Por exemplo, há 10 empresas de eletricidade que cobram menos do que a EDP. Do que é que as pessoas têm medo? De ficar sem luz? Estão é a deitar dinheiro pela janela.” Não é à toa que na sua secretária da redação da SIC tem um porquinho mealheiro de loiça, com um martelo ao lado, só para usar em caso de emergência.
Um laboratório de dinheiro
Tal como Pedro Andersson, Bárbara Barroso, 41 anos, também estudou jornalismo, apesar de, no final do Secundário, os testes psicotécnicos apontarem todos para Economia e Gestão. A meio do 2.º ano, já se sentia perdida e equacionava mudar de curso quando, numa aula de Jornalismo Económico, a jornalista Helena Garrido perguntou à turma o que era a recessão e só ela soube responder. “Muito bem, temos jornalista de economia!” Foi uma epifania.
Começou no Diário Económico, a escrever sobre o mercado de capitais, mas pouco depois aprendia a importância das finanças pessoais e o formato de news to use (um tipo de informação útil). Quanto mais se interessava por um assunto, mais rapidamente o descomplicava. E, quando sentiu que precisava de formação, foi bater à porta do antigo Instituto Superior de Gestão Bancária.
Bárbara manteve-se no jornalismo mais de uma década, tendo colaborado em vários meios, inclusive na VISÃO. Desde cedo, teve camaradas de redação a perguntarem-lhe o que achava deste ou daquele investimento, mas “o pontapé para tudo”, como lhe chama, aconteceu há 18 anos, quando recebeu um convite da ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários) para dar uma palestra sobre poupança e gestão do orçamento familiar.
Foto: Lucília Monteiro
“Se parecer demasiado bom para ser verdade, provavelmente não é”
Sérgio Rodrigues, 37 anos. Mais dicas em sergiorodrigues.pt
Eduque-se financeiramente Esta é a melhor dica que se pode dar, porque as finanças e o dinheiro, de uma forma geral, são coisas inevitáveis no nosso dia a dia.
Cuidado com a fonte de informação Se alguém estiver a prometer coisas incríveis, se algo parecer demasiado bom para ser verdade, provavelmente não é. Se lhe disserem que pode ficar milionário no próximo mês, com um produto incrível, em 99,9% das vezes é mentira.
Aplique a aprendizagem Comece a usar o que aprendeu, para as suas finanças melhorarem.
Sinais de que gere bem o seu dinheiro Tem dinheiro poupado e um rendimento regular. Está a investir. Gasta menos do que ganha. Conhece os seus gastos e está a tentar aumentar os seus rendimentos – seja com novos projetos ou formações, anda sempre à procura de formas de crescer.
Invista €50 por mês Seja começando com uma conta poupança, explorando fundos de investimento ou amortizando as dívidas, o importante é dar o primeiro passo.
Gasto é diferente de investimento “Comprei um iPhone, estou a investir em mim.” Com certeza já ouviu alguém dizer isto. Pois bem, a não ser que essa pessoa seja gestora de redes sociais ou criadora de conteúdos, não estou a ver onde possa ser um investimento
“Nessa altura, criei o blogue As Dicas da Bá. Era ali que escrevia sobre como poupar, como gerir o orçamento ou a prestação da casa. Entretanto também comecei a ir à televisão explicar coisas complicadas como uma OPA [Oferta Pública de Aquisição], porque conseguia falar às pessoas lá de casa. E fui fazendo muita formação, porque ela me ajudava como jornalista.”
Como o blogue era em nome pessoal, em 2014 criou a marca MoneyLab que passou a usar sempre que uma autarquia ou uma escola a convidava para dar uma palestra. Sem o saber, Bárbara estava a construir uma carreira paralela. “Costumo dizer que a literacia financeira é que me escolheu.”
Até que, há cinco anos, pensou: “Tenho uma folga, fruto das minhas poupanças e dos meus investimentos, posso dar o salto e dedicar-me a dar formação, a organizar eventos e a produzir conteúdos.” Hoje, a MoneyLab é um “laboratório” de educação financeira que está no Top 10 das empresas de gestão e consultoria.
Na área da produção de conteúdos, a equipa liderada por Bárbara pode ser contratada para gerir um site ou um blogue, mas está atualmente ocupada a produzir “para dentro”. Além de alimentar o próprio site, as redes sociais e uma newsletter, tem um podcast, o MoneyBar, onde se conversa sobre finanças pessoais como se as pessoas fossem a um bar com amigos. “É o mais popular na área do investimento, e só não é o mais ouvido, em geral, porque não consigo combater com o humor”, ri-se.
No campo da formação, a empresa tem vários programas, cursos, mentorias e palestras. E, na organização de eventos, traz no currículo a maior aula de finanças pessoais presencial em Portugal, em que juntou duas mil pessoas.
No Instagram, a conta do MoneyLab tem quase 117 mil seguidores. “Uma das nossas matrizes é que a educação financeira não tem de ser aborrecida, e a proximidade é um dos nossos valores”, diz Bárbara.
À cabeça de todos os conselhos coloca o investimento em literacia financeira. “Não é tornar as pessoas em analistas financeiros, é ir ao banco e entender o que lá dizem ou ler o papel do seguro e não ficar com dúvidas. Com o empoderamento diminui a hipótese de sermos alvos de fraudes ou burlas”, lembra.
Encontrar um objetivo
Catarina Brandão, 35 anos, também esteve quase para entrar em Comunicação Social e seguir jornalismo mas, por falta de média, entrou em Sociologia. No final do curso, foi logo trabalhar como administrativa, numa consultora financeira, em Cascais, e a certa altura entrou na gestão financeira da empresa. “Foi aí que comecei a lidar com as bases, a saber o que era um orçamento, o controlo de pagamentos”, recorda.
Essa aprendizagem foi-lhe útil quando sentiu a necessidade de sair de casa da mãe. Sentou-se, então, a fazer contas num caderninho, porque queria sair “como deve ser”, diz. “Dava uma pequena ajuda à minha mãe, pagava a prestação do crédito automóvel, mais o combustível e o telemóvel”, enumera, “e o restante gastava em coisas, sem critério: jantares, roupa, viagens, saídas com amigos, tudo aquilo que um jovem gosta de fazer. Não sobrava para uma renda.”
Catarina fez, então, um orçamento para ver quais eram as suas despesas fixas e depois começou a inverter a ordem das coisas: pagava essas despesa e punha logo de lado uma parte do salário. “Tinha percebido que se me libertasse da prestação automóvel, conseguia ir viver sozinha”, conta. Havia, por isso, que liquidar esse crédito quanto antes.
Foto: Marcos Borga
“O cartão de crédito deve ser usado com a modalidade de pagamento total no final do mês”
Sérgio Cardoso, 45 anos. Mais dicas em doutorfinancas.pt
Fundo de emergência Não se deve investir sem fundo de emergência, uma reserva que corresponde ao equivalente às nossas despesas fixas durante três a 12 meses, aplicado num produto de baixo risco, e podendo resgatá-lo rapidamente.
Traçar o perfil Antes de começar a fazer render o seu dinheiro, há que descobrir qual o perfil de investidor que melhor lhe serve. Em dois minutos, no Simulador de Perfil de Investidor do site do Dr. Finanças descobre se é conservador, moderado ou agressivo.
Metade do poder de compra Se não fizermos nada ao nosso dinheiro, calculando uma inflação média de 3%, em 25 anos perderemos metade do poder de compra.
Dar tempo ao tempo Há que ter paciência. O tempo é um dos maiores segredos, pois quanto mais anos tivermos o dinheiro investido, maiores serão os juros compostos que vão acelerar a valorização dos nossos investimentos.
Cartão de (pouco) crédito O cartão de crédito deve ser usado com a modalidade de pagamento total no final do mês, usufruindo das percentagens de cashback que os bancos dão a quem opta por este tipo de pagamento e fugindo dos juros.
“Foi um ano de poupança agressiva, mas não me custou muito porque o objetivo era importante para mim.” É exatamente isto que Catarina costuma dizer à sua audiência, como chama a quem a segue, desde há seis anos, no site catpoupanca.pt, no seu blogue ou no Instagram, onde já tem mais de 50 mil seguidores (a maioria na faixa dos 26-35 anos, mais mulheres e maioritariamente de Lisboa). “As pessoas devem arranjar um bom objetivo de poupança, porque vai motivá-las a fazer os sacrifícios. Torna-se muito mais fácil.”
Até 2020, essa sua página era um passatempo. Com o tempo que lhe sobrava, por causa da pandemia, leu muito sobre produtos digitais e, em maio desse ano, lançou um curso online de poupança – 30 dias, 1 estratégia por dia. Centenas de seguidores compraram o curso.
Catarina começou a divulgar esse serviço e a ter retorno financeiro. Ao fim de dois anos a trabalhar em simultâneo, despediu-se e deu início a parcerias com marcas. “Arrisquei muito, é preciso coragem para largar um emprego a tempo inteiro, mas esta minha paixão falou mais alto. Não me arrependo nem um segundo.”
Quase três anos depois, continua fascinada e apaixonada pelas finanças pessoais, disponibilizando muito conteúdo gratuito no Instagram, no site e na newsletter que envia aos subscritores todas as quartas-feiras de manhã.
Mostrar o que há no mercado
No Instagram, onde tem cerca de metade dos seguidores de Catarina Brandão, pessoas dos 22 aos 60 anos, sendo que 25% delas não tem qualquer poupança e/ou investimento e 40% com menos de cinco mil euros acumulados, Sérgio Rodrigues apresenta-se como um “autor, mentor e educador financeiro, comprometido com uma sociedade financeiramente consciente”. Não está mal como retrato à la minuta, mas a sua história de vida tem mais sumo.
Aos 37 anos, casado, com uma filha, traz no seu currículo académico uma licenciatura em Gestão, no ISCAL, em regime pós-laboral, e um mestrado em Ciências Empresariais, no ISEG, ambos em Lisboa. Na faculdade, tinha dois colegas que investiam em ações e começou a aprender com eles, a perceber que, se gerisse o seu dinheiro melhor, conseguiria investir.
A entrada no mundo das finanças pessoais deu-se naturalmente. Sérgio ia aprendendo a pôr o dinheiro a render e as pessoas à sua volta pediam-lhe orientação, num registo informal. Até que, com a pandemia, viu-se em trabalho remoto e sem nada para fazer a partir das seis da tarde. Foi então que criou a página Finanças dos 90, no Instagram, um canal no YouTube, que ultrapassou recentemente os dois mil subscritores, e um podcast.
Ensinar Fernanda Santos coordena a formação da DECO, um departamento que anda num virote para acorrer a todos os pedidos por parte de empresas e escolas
A pregar finanças pessoais pelo País
Só neste ano, a DECO já deu mais de cem formações a empresas
A DECO é filha da Liberdade – desde 1974 que cuida da defesa dos direitos dos consumidores e da sua saúde financeira. Foi esta associação que exigiu a faturação detalhada das telecomunicações e o barramento dos serviços de valor acrescentado, promoveu um boicote contra as taxas do cartão multibanco e protestou por causa do aumento do preço dos combustíveis, só para citar alguns exemplos.
Mais recentemente, em 2023, criaram o Sobreviver à Crise, um espaço em que se recolhe apoio e informação para se ultrapassar as dificuldades, fazendo um diagnóstico e apresentando as soluções que permitam ao consumidor assumir o controlo da sua carteira.
Fernanda Santos, coordenadora do departamento de formação da DECO, sente que, nos últimos anos, por causa da crise e do consequente aumento de juros e inflação, a apetência dos consumidores por estes assuntos aumentou bastante. E o gabinete de proteção financeira tem-se mostrado insuficiente face às necessidades da população.
Muitas organizações passaram a contratá-los para darem formação ao pessoal dos quadros. “Em 2024, já realizámos 115 ações desta índole, chamadas de Finanças Pessoais para a Vida, que chegaram a mais de 1 500 pessoas”, regista Fernanda. E só no ano letivo passado foram a 153 escolas alertar os mais novos para a literacia financeira, algo que, infelizmente, não consta dos currículos.
Nos momentos com adultos, os técnicos da DECO dão noções básicas para a boa gestão do orçamento pessoal, para poupar, investir e rentabilizar, alertando para os produtos mais adequados e os riscos inerentes, muitas vezes socorrendo-se das ferramentas que disponibilizam na DECO Proteste. E assim criam bem-estar financeiro, como qualquer guru das finanças pessoais.
Nessa altura, o seu nome ainda não aparecia em lado nenhum. “Não tinha o objetivo de tornar aquilo no meu trabalho a 100 por cento. Era um hobby, sem qualquer retorno financeiro, que me dava muito prazer.”
Um dia, um seguidor do Instagram perguntou se fazia sessões online. Sérgio nunca tinha pensado nisso, mas aceitou o desafio e cobrou 7,5 euros, o mesmo que recebia por uma hora de trabalho. Hoje, dá formação em empresas e faz mentoria com pessoas individuais.
“Há muitas situações diferentes. Pessoas que querem começar a investir ou muito endividadas e querem pagar as suas dívidas rapidamente ou que estão a planear a compra de casa ou a perspetivar reformar-se antecipadamente e querem ajuda para estruturarem o seu plano.” Tal como se lê em muitos posts do Finanças com Pimenta, Sérgio Rodrigues está sempre a lembrar que não faz aconselhamento financeiro de nenhum tipo. Simplesmente, mostra às pessoas quais são as suas hipóteses.
Entretanto, a sua página cresceu tanto que, no início de novembro de 2022, pôs a hipótese de ter um rendimento adicional com a orientação financeira. Mandou, então, mensagens a uma série de entidades e deu uma primeira formação pro bono a colaboradores de uma empresa de crédito. A experiência correu tão bem que convidaram-no a ir ao programa Dois às 10, na TVI, para falar de literacia financeira, claro. Pagavam-lhe apenas as despesas de deslocação, mas a televisão deu-lhe tanta visibilidade que choveram os convites e, em fevereiro de 2023, despediu-se do seu emprego para se dedicar exclusivamente à literacia financeira.
Hoje, o seu trabalho é de educação e não de aconselhamento, sublinha. “Enquanto os consultores de investimento, que são regulados pela CMVM, dizem ‘Invista aqui’, eu dou as ferramentas. O meu objetivo é educar as pessoas para elas não precisarem que lhes digam o que fazer e tomarem as suas decisões de maneira informada” Sem nunca tirar os pés do chão – um bom professor, aos olhos da CMVM.