“Em face das dúvidas suscitadas face ao impacto do decreto de luto nacional nos eventos dos próximos três dias”, o Governo emitiu esta quinta-feira um comunicado em que esclarece que o decreto que instituiu o luto nacional pela morte do Papa Francisco não impõe quaisquer restrições à celebração do 25 de Abril por entidades públicas ou privadas, limitando-se a definir a conduta dos membros do executivo.
O decreto “não impõe ou fixa, ele próprio, quaisquer medidas ou restrições específicas às atividades de entidades e pessoas públicas ou privadas”, apenas se “limita a determinar o luto e fixar as respetivas datas”, lê-se na nota oficial da Presidência do Conselho de Ministros.
“As opções de conduta definidas pelo Governo aplicam-se aos seus membros, e em nenhum momento foram dadas instruções relativamente a atividades de outras entidades (incluindo municípios e associações) ou das populações”, lê-se.
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Sobre as comemorações do 51º aniversário do 25 de Abril, o Governo afirma que “participará na sessão solene realizada na Assembleia da República, bem como em cerimónias oficiais organizadas por municípios”, durante as quais deverá haver “momentos de homenagem ao Papa Francisco, incluindo a observação de um minuto de silêncio”.
O programa de eventos de natureza festiva que estavam previstos para a residência oficial do primeiro-ministro “foram adiados para o dia 1 de maio seguinte, mas não foram cancelados”, esclarece o comunicado.
“A tradicional abertura da Residência Oficial (jardins e piso térreo), com distribuição de cravos, mantém-se no dia 25 de abril”, acrescenta a nota da Presidência do Conselho de Ministros.
Fora do âmbito da Revolução dos Cravos, os membros do Governo “não participarão em outros eventos festivos que se realizem dentro do período de luto nacional, como sejam inaugurações, celebrações ou festas organizadas por entidades nacionais ou locais”.
Nos edifícios públicos, a bandeira nacional estará a meia-haste durante os três dias de luto nacional pela morte do Papa Francisco, que se iniciaram hoje e termina no sábado, dia das cerimónias fúnebres.
Nick Turley, responsável do produto do ChatGPT na OpenAI, testemunhou em tribunal no caso em que o Departamento de Justiça acusa a Google de ter uma posição monopolista. A punição mais severa que está a ser equacionada é, talvez, a obrigação de a Google vender o Chrome e não faltam potenciais compradores no mercado.
Turley confirmou que a OpenAI está entre os interessados no desmantelamento proposto e sugere que os dados de pesquisa do Bing, provenientes da parceria com a Microsoft, não estão a ser suficientes. “Acreditamos que ter múltiplos parceiros, e em particular a API da Google, permitir-nos-ia fornecer um produto melhor aos utilizadores”, lê-se num email da OpenAI à Google revelado agora em tribunal.
A Google recusou a proposta inicialmente por acreditar que a parceria poderia colocar em causa a sua liderança nas pesquisas. Turley sublinhou agora que forçar a Google a licenciar os dados das pesquisas poderá relançar a competição no mercado, noticia o ArsTechnica.
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Já sobre o navegador Chrome, o Departamento de Justiça considera que o programa é uma peça central na conduta anticompetitiva da Google e que a venda é uma forma de nivelar o mercado. A OpenAI está interessada em comprar o navegador para o tornar numa experiência centralizada em Inteligência Artificial. Recorde-se que a empresa contratou há alguns meses Bem Goodger e Darin Fisher, dois ex-Google que ajudaram a trazer o Chrome para o mercado.
Com quatro mil milhões de utilizadores e 67% da quota do mercado, o navegador da Google é uma plataforma apetecível e na qual a OpenAI poderá integrar melhor o ChatGPT e conseguir assim uma maior utilização do assistente. Em sentido inverso, abre-se um grande potencial para obter dados que podem ser usados para continuar a treinar os seus modelos.
A Comissão Europeia (CE) avançou com a aplicação de multas milionárias à Apple e à Meta por infringirem o Regulamento dos Mercados Digitais. Os casos estavam em apreço há algum tempo e chegam agora a uma conclusão, embora seja provável que ambas as tecnológicas decidam apresentar recursos.
A Apple é acusada de manter práticas anti-competitivas na App Store e de ter políticas orientadoras para impedir que os utilizadores tenham acesso a conteúdos e aplicações fornecidas por plataformas alternativas, assim como de impedir que os programadores informem diretamente os utilizadores sobre estas alternativas. O montante da multa é determinado considerando “a gravidade e a duração da violação [do Regulamento]”, com a Apple a ser também obrigada a remover essas políticas orientadoras, noticia o GSM Arena.
Já a Meta, multada em 200 milhões de euros, é acusada de ‘obrigar’ os utilizadores a ter plano pago para não verem publicidade no Facebook ou no Instagram. A Comissão considera que o grupo de Zuckerberg deve oferecer aos utilizadores que não querem ver publicidade uma alternativa menos personalizada, mas equivalente.
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Ambas as empresas têm 60 dias para cumprir a sentença, sob pena de serem sujeitas a sanções agravadas. Está já confirmado que a Apple vai recorrer, sendo que a Meta também o deve fazer.
A Intel tem vindo a reduzir progressiva e significativamente a força de trabalho. Depois dos cortes iniciados em 2022, agora a tecnológica prepara-se, alegadamente, para despedir mais de 20% da força de trabalho. Com os últimos números revelados a mostrarem que a Intel tem mais de 108 mil trabalhadores, esta vaga pode atingir mais de 20 mil pessoas.
Segundo a Bloomberg, a motivação para estes despedimentos vem da necessidade de tornar a operação de gestão mais eficiente e de focar a Intel com uma cultura liderada pela engenharia.
Tendo em conta que esta quinta-feira é o dia da apresentação de resultados financeiros trimestrais e que as empresas tendem a anunciar os despedimentos por volta desta altura, é expectável que se conheçam mais detalhes sobre estes planos em breve.
O novo diretor executivo já tinha revelado que pretende vender bens que não façam parte da estratégia fundamental da Intel e dos planos para a recuperação. Pouco depois foi anunciada a intenção de vender a posição maioritária na Altera por 4,6 mil milhões de dólares, um negócio que deve ficar concluído este ano.
Na sombra das ruas, onde o silêncio ressoa histórias de abandono, os sem-abrigo vivem numa vulnerabilidade extrema. A ausência de uma habitação e de cuidados essenciais torna cada dia um desafio para preservar a saúde e a dignidade. Como cuidar daqueles que a sociedade tantas vezes esquece?
A resposta poderá estar na fusão do toque humano com a inovação tecnológica. Os profissionais de saúde e os enfermeiros, em particular, com o seu conhecimento, sensibilidade e dedicação, assumem um papel essencial. Cada simples gesto que garanta os cuidados básicos, como a higiene dos pés ou o corte das unhas até à massagem e ao alívio da dor, transcende o tratamento físico. É um ato de respeito, que promove a autoestima e a mobilidade, com vista à reintegração social.
No âmbito da formação, o ensino deve abraçar esta visão integrada. É fundamental que as escolas e universidades capacitem os futuros enfermeiros para dominar tanto a inteligência artificial (IA), como as competências humanas essenciais. Desta forma, estarão preparados para enfrentar os desafios complexos do cuidado aos sem-abrigo, unindo o rigor técnico ao compromisso com a pessoa.
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No dever ético de cuidar dos mais vulneráveis, a tecnologia, em particular a IA, surge como um recurso valioso. Longe de substituir a proximidade humana, a IA pode fortalecer a resposta dos profissionais de saúde, permitindo um acompanhamento mais eficaz e acessível. A capacidade de identificar precocemente lesões e complicações representa um enorme desafio, exigindo soluções inovadoras que permitam respostas mais úteis. A análise de dados poderá ser decisiva para um mapeamento mais preciso das necessidades destas pessoas, tornando possível intervenções mais ajustadas à sua individualidade. Há um longo caminho a percorrer, para garantir que as populações mais vulneráveis recebam acompanhamento contínuo, sobretudo em contextos onde os recursos são escassos, no entanto, é possível transformar esta visão em realidade.
Esta combinação entre inovação e humanismo desafia os modelos de cuidados. Não se trata apenas de tratar sinais e sintomas, mas de assumir um compromisso com a dignidade e o direito de cada pessoa a ser cuidada. Pequenos gestos podem transformar vidas e romper ciclos de exclusão.
Será que estamos a conduzir as novas tecnologias para transformar cada gesto de cuidado num avanço concreto para a valorização da dignidade, também, dos sem-abrigo? Estamos a utilizar a evolução da IA e a intervir de forma eficaz, ou apenas a acompanhar as mudanças? E, sobretudo, estamos preparados para investir na humanização dos cuidados, de modo que cada ferramenta tecnológica se traduza num apoio concreto para os mais vulneráveis?
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Vivemos tempos em que a palavra sustentabilidade se tornou uma bandeira bonita usada em discursos de poder, campanhas publicitárias e cimeiras internacionais, em que os grandes líderes do mundo se sentam em mesas redondas a discutir um futuro limpo e verde, enquanto à sua volta rondam frotas de carros topo de gama e no céu ecoam os motores dos seus jatos particulares. A Europa tem sido uma das maiores vozes dessa suposta revolução verde, apresentando-se na vanguarda da transição energética e da mobilidade sustentável, mas ao olharmos para além das luzes e dos slogans reciclados percebemos que esta sustentabilidade é muitas vezes um privilégio dos ricos que desfilam em Teslas e outros elétricos de luxo enquanto os pobres vivem ao lado das minas de lítio e dos cemitérios de baterias.
Para produzir uma única bateria de um carro elétrico, em média, é necessário extrair dezenas de toneladas de minério que vêm maioritariamente do hemisfério sul onde comunidades inteiras são deslocadas, lençóis freáticos são drenados e crianças trabalham em minas, como as do Congo, para alimentar a cadeia verde europeia que se quer limpa, moderna e eticamente superior. O lítio que alimenta os sonhos elétricos da Europa acaba por ser o pesadelo de tanta outra gente da América do Sul, o cobalto que move os motores de última geração vem de zonas esquecidas por Deus e pelas autoridades sanitárias, mas enquanto as praças europeias celebram os incentivos à mobilidade elétrica e os objetivos climáticos de 2030, a realidade é que exportamos o sofrimento ambiental e importamos a glória do marketing verde.
O cinismo atinge o seu ponto alto quando se olha para a cadeia de produção da tecnologia dita sustentável -mais de 80% das baterias dos carros elétricos vendidos na Europa são produzidas na China, a esmagadora maioria dos ímanes usados nos motores elétricos possuem terras raras extraídas e processadas também na China, a produção de painéis solares, turbinas e células de hidrogénio segue a mesma lógica de dependência tecnológica e industrial.
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Somos líderes na ambição e seguidores na produção.
A Europa grita independência energética, mas alimenta-se do carvão chinês que alimenta as fábricas que produzem os nossos componentes verdes. É uma autossuficiência feita em PowerPoint e embalada em caixas com origem asiática. Se a China decidisse tornar-se menos amiga do ambiente e mais centrada no lucro ou na geopolítica, a Europa veria rapidamente a sua bolha verde rebentar: não temos a capacidade nem a infraestrutura para sustentar o nosso discurso e, no fundo, sabemos disso.
A ironia não termina aí. Enquanto o cidadão comum é empurrado para carros elétricos caros, para substituições forçadas de eletrodomésticos e para impostos sobre tudo o que consome energia não renovável, os grandes defensores da causa ambiental continuam a voar em jatos privados. Ursula Von der Leyen, por exemplo, usou jatos em quase todas as suas deslocações oficiais num só ano, nas conferências do clima, é habitual ver centenas de aviões particulares estacionados, enquanto lá dentro se apela ao fim das emissões. Na COP28 no Dubai, por exemplo, mais de 1400 jatos privados aterraram para um evento cujo objetivo era precisamente discutir como reduzir o uso de combustíveis fósseis. É uma tamanha hipocrisia monumental que, infelizmente, “nojo” é a única palavra que encontrei no dicionário para definir esta caricata situação, onde se pede ao cidadão que não use sacos de plástico ao mesmo tempo que se enche o céu de CO2 num fim de semana. Sustentabilidade é só para quem fica em terra?
E quando se fala de carros elétricos? Fala-se de um produto que está longe de ser acessível à maioria dos europeus. Em Portugal por exemplo, o preço médio de um carro elétrico ultrapassa os 35 mil euros, três vezes o rendimento médio anual de muitas famílias, os incentivos existem mas são para quem já pode, e nos países com menos poder de compra a transição é mais lenta, mais desigual e mais penosa, os transportes públicos continuam insuficientes, as infraestruturas de carregamento são escassas fora dos grandes centros urbanos e a mobilidade verde transforma-se num luxo com etiqueta ambiental. Quem pode desfila, quem não pode adia.
Para completar o quadro, a Europa não só importa a tecnologia como também exporta o seu lixo. As baterias usadas, os resíduos eletrónicos e até veículos elétricos fora de uso são enviados para países com menos regulamentação ambiental e laboral, onde são desmontados sem segurança, reciclados em condições perigosas ou simplesmente deixados a apodrecer. Em muitos casos, os mesmos países que fornecem os minerais acabam por receber os resíduos, fechando um ciclo tóxico de dependência e exploração, uma economia circular sim, mas de desigualdade.
A verdade é que a transição energética europeia tal como está desenhada é feita em cima de contradições profundas e muitas vezes hipócritas. Queremos ser verdes mas não queremos pagar o verdadeiro custo de o ser, preferimos externalizar o impacto e internalizar o crédito, vestimos a camisola da liderança climática mas usamos sapatos fabricados por outros, há uma ilusão coletiva de progresso que só se sustenta enquanto os países fornecedores não levantarem a voz, e enquanto os cidadãos europeus não perguntarem de onde vem realmente o seu conforto verde. A inércia veio para ficar.
Estamos perante um modelo que reproduz desigualdades, que esconde os impactos sob o tapete do terceiro mundo e que serve de palco para líderes que dizem uma coisa e vivem outra. Sustentabilidade de verdade exige coerência, exige justiça climática e social, exige uma visão que não se limite a impor carros elétricos, mas que reconfigure todo o sistema de produção, consumo e transporte de forma equitativa e duradoura. Até lá, continuaremos a aplaudir os carros do futuro enquanto enterramos o lixo do presente em territórios que, como o ditado diz: “longe da vista, longe do coração”.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
1929 No primeiro dia de fevereiro, os avós Rosa e Giovanni zarpam do Porto de Génova rumo a Buenos Aires, onde chegam, duas semanas depois, com o filho Mario, já formado em Contabilidade. Tinham familiares na Argentina e foram morar para o mesmo prédio, na cidade de Paraná
1932 A recessão leva avós e (futuro) pai para o desemprego. Perdem todas as posses, até que o padre Enrico Pozzoli, também imigrante italiano, lhes empresta dinheiro para abrirem uma mercearia, com casa incluída, na capital Buenos Aires
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1934 Mario conhece a futura mãe de Jorge, Regina, num oratório salesiano. Ao contrário dele, ela já havia nascido na Argentina, mas tinha raízes italianas. Casam a 12 de dezembro do ano seguinte
1936 Num pequeno apartamento do bairro de Flores, em Buenos Aires, nasce Jorge Mario Bergoglio, às 21 horas do dia 17 de dezembro. É batizado uma semana depois, no dia de Natal, na basílica onde os pais se haviam casado
1938 No dia 30 de janeiro, nasce Oscar Adrián, o primeiro dos quatro irmãos que Jorge viria a ter, dois rapazes e duas raparigas
Anos 1940 Jorge gosta de mascarar-se no Carnaval. Na sua autobiografia, recorda os anos em que se disfarça de tirolês e de noivo. “Uma loucura sã, limpa e livre”, assim classifica esses dias de “grande festa”
1946 Assiste a quase todos os jogos de futebol do Club Atlético San Lorenzo de Almagro – e, quase 80 anos depois, sabe de cor o nome dos 11 jogadores titulares
1949 Completa o sexto ano como aluno interno num colégio salesiano, o único ano escolar que faz nesse regime, na sequência da última gravidez da mãe, que passara por dificuldades e precisava de descansar
1950 Em março deste ano, inicia os estudos na Escola Técnica Especializada em Indústrias Químicas, na qual virá a formar-se, cinco anos mais tarde, em Química Alimentar
1956 Entra no seminário diocesano Imaculada Conceição de Villa Devoto, em Buenos Aires, no início do ano, o primeiro passo do seu percurso religioso. É mais fácil convencer o pai do que a mãe, que desejava vê-lo a prosseguir os estudos na universidade, no curso de Medicina
1957 Internado de urgência em agosto, após a pandemia da gripe asiática se ter espalhado no seminário, é operado em novembro. Para o salvarem, os médicos retiram-lhe uma parte do pulmão direito
1958 Aos 21 anos de Jorge, no dia 11 de março, os pais “entregam-no” no noviciado da Sagrada Família, da Companhia de Jesus, na cidade de Córdoba, após uma viagem de autocarro de mais de 500 quilómetros
1960 Dois anos mais tarde, no dia 12 de março, faz os votos de pobreza, castidade e obediência, que completa em abril de 1973, passando a pertencer, em definitivo, à Companhia de Jesus e a estar disponível para qualquer missão que o Papa lhe indique
1961 Morre o pai, Mario, a 24 de setembro, após três ataques cardíacos em 20 dias. Tinha 53 anos e é “um trauma para a família”, escreve Jorge, então com 24 anos, na autobiografia
1964 Morre o avô Giovanni, no dia 30 de outubro, aos 80 anos, vítima de um tumor nas vias biliares. Jorge ensina então Literatura e Psicologia na cidade de Santa Fé, próxima de Paraná
1969 É ordenado sacerdote, no dia 13 de dezembro, no Colégio Máximo, na cidade de San Miguel, nos arredores de Buenos Aires, onde anos antes se licenciara em Filosofia. A investidura fica a cargo de monsenhor Ramón José Cartellano, arcebispo emérito de Córdoba
1972 Torna-se reitor do Colégio Máximo, onde acaba por passar quase 20 anos da sua vida, também como aluno e professor. Em 1970, juntara a licenciatura em Teologia à de Filosofia
1973 A 31 de julho, é designado provincial dos jesuítas na Argentina, tornando-se figura proeminente da Ordem religiosa em tempos de ditadura militar
1975 Último ano em que desfruta de um período de férias fora de casa, no caso passadas entre a comunidade jesuíta. Habituado desde criança a passá-las em casa dos avós, consome esses tempos mais livres a ouvir música, a ler mais, a rezar mais e a dormir mais.
1981 Morre a mãe, Regina, a 8 de janeiro, com 69 anos, vítima de complicações cardíacas
1990 Não vê praticamente televisão desde meados deste ano, por respeito a uma promessa que fez após ter assistido a uma “cena miserável” no pequeno ecrã. Abriu exceções no atentado do 11 de Setembro de 2001, na queda de um avião em Buenos Aires, em 1999, e “pouco mais”
1992 No dia 20 de maio, o Papa João Paulo II nomeia-o bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires, por influência do arcebispo da capital, Antonio Quarracino, de quem se tornara braço-direito
1998 Com a morte de Antonio Quarracino, assume o seu lugar como arcebispo de Buenos Aires, sob indicação papal, no dia 28 de fevereiro
2001 Três anos depois, no consistório de 21 de fevereiro, João Paulo II eleva-o a cardeal
2010 Morre o irmão Alberto, depois de Oscar (1997) e Marta (2007) também terem partido. Só María Elena, a mais nova de todos, continua viva. “E uma exuberante ninhada de netos e bisnetos”, clama o Papa, em Esperança
2013 Sai fumo branco da chaminé da Capela Sistina. Habemos Papam. É dia 13 de março, e o cardeal Jorge Bergoglio é o escolhido para suceder a Bento XIV como Santo Padre. Francisco é o novo bispo de Roma, líder máximo da Igreja Católica
A Hyundai tem sido uma das marcas mais consistentes na forma como evolui os seus modelos elétricos. Depois do sucesso com o Kauai EV e da maturidade tecnológica demonstrada pelo Ioniq 5 e 6, chega agora o Inster, um modelo compacto 100% elétrico, com vocação citadina, mas ambições que ultrapassam largamente a malha urbana. Não se trata apenas de um carro pequeno. O Inster é um laboratório de boas ideias em formato compacto: regeneração ajustável, versatilidade interior, funções de carregamento bidirecional e um sistema digital competente para o segmento.
Conheça, ao pormenor, todos os detalhes do Inster nesta fotogaleria
Durante vários dias conduzimos a versão Style Plus, equipada com a bateria de maior capacidade e um conjunto de equipamentos tecnológicos que permite avaliar o carro não apenas pela sua eficiência, mas também pelo modo como se integra no ecossistema digital atual. E a conclusão é clara: o Inster é pequeno por fora, mas ‘pensa’ em grande.
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Comecemos por um dos elementos que mais diferencia um elétrico de um carro com motor de combustão: o sistema de regeneração de energia. No Inster, este aspeto está particularmente bem resolvido. As patilhas atrás do volante permitem ajustar o nível de regeneração em tempo real, e o modo i-Pedal é suficientemente progressivo e natural para permitir condução com um único pedal em quase todas as situações. Há aqui um equilíbrio difícil de encontrar neste segmento: não se sente um travão agressivo quando se levanta o pé do acelerador, mas sim uma desaceleração firme e controlada, que, com alguma habituação, permite (quase) esquecer o pedal do travão.
A aceleração é outro dos pontos onde o Inster se distingue. Ao contrário de muitos elétricos que impressionam com uma explosão inicial, aqui a resposta do acelerador é mais comedida. Não há um ‘pontapé’ ao arrancar, mas sim uma aceleração progressiva e vigorosa q.b. para permitir ultrapassagens seguras até velocidades médias. Isto torna o Inster mais previsível e menos cansativo para conduzir no dia a dia.
Entre a cidade e a serra
Apesar das dimensões compactas, o Inster surpreende em estrada aberta. A estabilidade a alta velocidade, mesmo com vento forte (algo que verificámos durante uma ida à Ericeira), é convincente. É um daqueles casos em que o peso adicional das baterias parece jogar a favor do conforto e da segurança.
No extremo oposto, em cidade, há dois lados da moeda. Por um lado, as dimensões contidas — sobretudo a largura — são uma bênção em ruas estreitas e com estacionamento apertado. Em Lisboa, foi fácil manobrar entre tuk-tuks, carros mal-estacionados e turistas de olhos no céu. Por outro, a suspensão firme e os bancos com pouca espessura fazem-se notar negativamente em pisos degradados. As jantes de 17” (exclusivas da versão Style Plus) também não ajudam, transmitindo mais vibração do que o desejável.
Em percursos com bom alcatrão, como nas curvas suaves e bem pavimentadas da Arrábida, o Inster mostra outro lado: uma direção leve mas precisa, uma carroçaria controlada e um comportamento geral bastante acima do que esperaríamos de um carro com menos de quatro metros.
Prático ou excessivo?
O interior do Inster é um caso curioso. Por um lado, impressiona pela versatilidade e espaço útil. Apesar de limitado a quatro lugares, os bancos traseiros têm bastante espaço para pernas e cabeça, e o formato ‘quadradão’ da carroçaria contribui para uma sensação de habitabilidade invulgar neste segmento. A bagageira é pequena, mas a possibilidade de deslizar os bancos traseiros permite aumentar o espaço de carga ou o conforto dos passageiros, conforme necessário.
Os bancos rebatem em várias configurações (50/50 atrás, e até os dianteiros), o que permite transformar o interior num verdadeiro espaço de descanso ou até num módulo de campismo improvisado. Juntando a isto a função V2L (Vehicle-to-Load), que permite alimentar aparelhos a 230 volts, temos um pequeno utilitário com alma de aventureiro: carregar uma trotinete, alimentar um portátil, ligar um fogão elétrico ou uma máquina de jato para lavar a prancha de surf torna-se possível usando a energia do carro.
Nesta foto, com o ponto de vista do condutor, é evidente o grande número de botões e controlos, que cria um ambiente ‘confuso’. O ecrã central está numa posição elevada, que facilita a visualização em segurança. Há suporte para Android Auto e Apple CarPlay, mas é preciso usar cabo
Contudo, a ergonomia da consola central pode dividir opiniões. Há uma abundância de botões físicos, algo que até valorizamos em tempos de ‘tudo-é-touch’, mas o resultado visual é um pouco confuso. A isto junta-se um pequeno ecrã LCD exclusivo para os comandos da climatização, que embora funcional, contribui para uma sensação visual de poluição de interfaces, que podia ser mais refinada.
As portas USB frontais estão num espaço de arrumação, o que é prático para, por exemplo, arrumar o smartphone do passageiro. Há, ainda, uma zona de arrumação central com carregador sem fios
Infoentretenimento maduro
É no painel digital e no sistema de infoentretenimento que o Inster mais se aproxima de modelos de segmentos superiores. A instrumentação é digital, com um ecrã de 10,25”, e o sistema de infoentretenimento tem também um ecrã central tátil com o mesmo tamanho. A interface é fluida, intuitiva, com bons tempos de resposta e menus bem organizados.
Tem integração com Apple CarPlay e Android Auto, embora por cabo, o que é talvez o único ponto que destoa. O sistema permite personalização de widgets, navegação fluida entre menus e uma resposta ao toque bastante precisa. Suporta atualizações remotas (OTA), algo ainda raro nesta faixa de preço.
Inclui ainda conectividade com a app Bluelink, que permite, por exemplo, verificar o estado da carga, planear rotas com carregamentos, climatizar remotamente o habitáculo ou mesmo bloquear/desbloquear o carro à distância, através de app. Estas são funcionalidades que, para quem vive em cidade e não tem garagem própria, podem fazer toda a diferença.
A app de acesso remoto inclui as funcionalidades de trancar/destrancar o carro, localizá-lo, controlar a climatização e acesso aos detalhes de todas as viagens, organizadas por dias
Autonomia e carregamento:
A versão testada vem com a bateria de maior capacidade e revelou uma autonomia real de cerca de 350 km, com variações consoante o tipo de condução: até 450 km em cidade e cerca de 270 km em autoestrada. São valores sólidos para um citadino.
O carregamento rápido também surpreende positivamente dentro do segmento. Com uma potência média real de 70 kW, o Inster carrega dos 10 aos 80% em cerca de 30 minutos, o que corresponde a uma velocidade de carregamento de 430 km/h. Valores superiores aos concorrentes como o Fiat Panda, que apesar de apresentar uma potência máxima superior (100 kW), regista valores médios mais baixos.
Devia custar um pouco menos
O Hyundai Inster é um excelente exemplo de como um carro pequeno pode ser grande em funcionalidades. A marca conseguiu condensar num citadino tudo aquilo que procuramos num elétrico moderno: regeneração bem calibrada, infoentretenimento completo, funcionalidades digitais relevantes e uma modularidade interior que rivaliza com alguns MPV.
A versão Style Plus que ensaiámos custa €29.450, o que o coloca acima de concorrentes diretos como o Citroën ë-C3 ou o Fiat Panda elétrico. A versão intermédia Style, por €27.450, parece-nos a mais equilibrada. Ainda assim, sentimos que o preço do Inster está ligeiramente acima do ideal, sobretudo tendo em conta o objetivo de ser um carro ‘para todos os dias’.
Mas se valorizar a tecnologia, a versatilidade interior e a fiabilidade da marca, o Inster é difícil de bater. Não é apenas um carro elétrico pequeno. É um módulo urbano de exploração multifuncional, que tanto serve para o trânsito de Lisboa e Porto, como para um fim de semana na natureza — com ficha para o fogão e espaço para dormir incluídos.
Autonomia Satisfatório Infoentretenimento Bom Comunicações Bom Apoio à condução Muito bom
Características Potência e binário 85 kW (116 cv), 147 Nm ○ Acel. 0-100 km/h: 10,6 s ○ Vel. máx. 150 km/h ○ Bateria: 49 kWh (46 kWh usáveis) ○ Autonomia WLTP 370 km ○ Carregamento: 11 kW em AC e 85 kW em DC (10-80%: 30 min) ○ V2L 3,6 kW ○ 1,610×1,575×3,825 m (LxAxC)
A banda de João Peste atua no Musicbox, em Lisboa, para assinalar 40 anos de vida ao mesmo tempo que celebra a liberdade. Oportunidade rara para ouvir os Pop Dell’Arte cantarem temas ligados à Revolução dos Cravos com o convidado especial Luís San-Payo. Musicbox, Lisboa > 24 abr, qui 21h > €15,50
2. Sérgio Godinho e A Garota Não
Com mais de meio de século de carreira, o autor de Liberdade e Maré Alta junta-se a uma das vozes que, nos últimos anos, mais fizeram por trazer o espírito da música de intervenção, com temas sociais e políticos, para os nossos dias: Cátia Mazari Oliveira, mais conhecida como A Garota Não. À meia-noite há fogo de artifício ao som de Grândola, Vila Morena e, depois, sobe ao palco o músico luso-angolano Ivandro. Parque da Quinta dos Franceses, Seixal > 24 abr, qui 21h30 > grátis
3. GNR + Van Zee
Rui Reininho, Tóli César Machado e Jorge Romão atuam em Almada, apropriadamente na Praça da Liberdade, na véspera do 25 de Abril. A seguir aos GNR sobe ao palco Van Zee, jovem músico nascido ilha na Madeira muitos anos depois do 25 de Abril de 1974 – tem apenas 22 anos, mas acumula sucessos desde 2020. Pç. da Liberdade, Almada > 24 abr, qui 22h30 > grátis
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4. Camané Trio
No próprio feriado do 25 de Abril, a revolução celebra-se ao ar livre, bem no centro de Lisboa, com a grande voz do fado, Camané. Já lá vai o tempo em que este género musical era só conotado com conservadorismo e tradição… Lg. do Intendente, Lisboa > 25 abr, sex 21h > grátis
5. Dino d’Santiago
Espetáculo especialmente pensado por Dino d’Santiago para celebrar os valores de Abril. Cinema-Teatro Joaquim de Almeida, Montijo > 26 abr, sáb 21h30 > grátis
6. JP Simões canta José Mário Branco
É uma paixão antiga, a que JP Simões sente pela música de José Mário Branco, iniciada ainda durante a adolescência, quando ouviu na rádio o tema Inquietação, do qual, anos mais tarde, faria uma versão no seu álbum de estreia a solo, 1970 (2006). O alinhamento para o concerto obedeceu a um critério bastante simples: “Escolhi as canções que soassem o mais natural possível na minha voz e nos arranjos. Portanto, tudo aquilo que soou mais forçado acabou por ficar de parte. Foi um processo, digamos, muito intuitivo, pois são temas que também me tocam bastante.” Em palco estará, também, o músico Nuno Ferreira (responsável pelos arranjos), o contrabaixista Pedro Pinto e Ruca Rebordão na percussão. Coliseu do Porto > 23 abr, qua 21h > €12,5 a €20
7. Capicua
Depois de uma homenagem a Carlos Paredes (que começa às 22h) a rapper do Porto vai atuar bem no centro da sua cidade. Algumas das canções do seu novíssimo álbum, Um Gelado Antes do Fim do Mundo, marcarão, certamente, presença neste concerto. Logo a seguir há uma atuação do Coral de Letras da Universidade do Porto e um espetáculo de fogo de artifício. Av. dos Aliados, Porto > 24 abr, qui 22h15 > grátis
8. Paulo de Carvalho
A freguesia de Benfica celebra o 25 de Abril com vários concertos no Palácio Baldaya. Paulo de Carvalho, um dos dois nomes, ao lado de José Afonso, para sempre ligados à Revolução dos Cravos por terem tido uma canção sua (E Depois do Adeus, no seu caso) a servir de senha na rádio, vai ser o último, no dia 27, às 17h. Antes, passam por esse palco, entre outros, Jorge Palma (24 abril, 21h), Cláudia Pascoal (25, 17h), Samuel Úria (25, 21h) e Luca Argel (26, 21h). Palácio Baldaya, Lisboa > 27 abr, dom 17h > grátis
Escuta coletiva
9. “…e temos o povo…”
No átrio das ruínas do Convento do Carmo, as comemorações deste ano propõem uma experiência inédita: uma sessão de escuta coletiva da reportagem transmitida pela Rádio Renascença nas primeiras horas do 25 de Abril de 1974. É a primeira vez, desde esse dia histórico, que há uma retransmissão integral desta peça radiofónica da autoria de Adelino Gomes, Paulo Coelho e Pedro Laranjeira. No local estarão, apresentando esta iniciativa, os curadores Adelino Gomes, Isabel Meira e André Cunha, com a participação especial de Joaquim Furtado. Ruínas do Carmo, Lisboa > 25 abr, sex 18h-22h > grátis
Exposições
10. Haverá Eleições. 1975, as Primeiras Eleições Livres em Portugal
Assinalam-se por estes dias os 50 das primeiras eleições parlamentares livres, por sufrágio direto e universal, que aconteceram a 25 de abril de 1975, com uma afluência às urnas de 92% dos eleitores recenseados. Esta exposição – com curadoria do politólogo Pedro Magalhães e da cineasta Catarina Vasconcelos – permite-nos recordar e contextualizar esse dia histórico. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa > até 22 out, qua-seg 10h-18h > grátis
11. Antes de Ser Independência Foi Luta de Libertação
Com curadoria de Rita Rato, uma viagem às independências das ex-colónias que, na sua maioria, agora assinalam meio século. O próprio título da exposição mostra uma (nova?) maneira de olhar a História: não se fala aqui de Guerra Colonial, mas de “lutas de libertação”. Muitos documentos que foram chegando ao centro de documentação do Museu do Aljube são aqui revelados. Museu do Aljube, Lisboa > até 30 jan 2026, ter-dom 10h-18h > €3
12. Cartazes sem Censura – 25 de Abril e a Revolução do Verão Quente
A entrada é livre na inauguração, às 19h de quarta-feira, 23 de abril, desta exposição que revisita a iconografia que invadiu as ruas portuguesas entre o 25 de Abril de 1974 e o Verão Quente de 1975. De repente, tudo era possível, tudo podia ser dito e reivindicado nas paredes e em cartazes mais ou menos improvisados. MAC/CCB, Lisboa > 23 abr-28 set, ter-dom 10h-18h30 > €7
13. Francisco Sá Carneiro e a Construção da Democracia
Não é um nome que se costuma associar à Revolução dos Cravos, mas foi, sem dúvida, uma das personagens mais carismáticas nos primeiros anos da democracia portuguesa. Esta exposição, com a colaboração do arquivo Ephemera, idealizado e construído por Pacheco Pereira, mostra vários documentos inéditos relacionados com o político do PPD/PSD que morreu precocemente, aos 44 anos, em 1980, quando era primeiro-ministro. Átrio da Câmara Municipal do Porto > 23 abr-30 jun, seg-sex 9h-19h, sáb e feriados 10h-19h > grátis
Foto: Lucília Monteiro
14. O Salto: Migrações e Exílios de Ontem e Hoje
Muitos fugiam à Guerra Colonial, outros estavam, sobretudo, preocupados com um futuro melhor e com trabalhos mais bem pagos do que os que conseguiam encontrar em Portugal. Esta exposição evoca histórias de exílios e migrações, sobretudo dos mais de 220 mil jovens portugueses que, entre 1961 e 1974, saltaram as fronteiras nacionais, clandestinamente. Casa do Parlamento – Centro Interpretativo, Lisboa > até 30 abr, seg-sáb 10h-18h > grátis
15. Arquitectas da Liberdade
Aqui se sublinha o papel das mulheres na luta pelo direito à habitação e a casas dignas, antes e depois do 25 de Abril de 1974. Museu do Aljube, Lisboa > até 30 abr, ter-dom 10h-18h > €3
16. Bonecos para o povo de João Abel Manta
A Sociedade Nacional de Belas-Artes expõe uma amostra significativa do trabalho gráfico de João Abel Manta. Do artista, nascido em Lisboa em 1928, podem ver-se trabalhos do período de 1974-75, desenhos que realizou na Prisão de Caxias em 1948, exemplos da sua contribuição para a imprensa durante o PREC e um conjunto de documentos provenientes do seu arquivo (originais, fotografias, cartas e recortes de imprensa). SNBA, Lisboa >até 31 de maio, seg-sex 12h-19h, sáb 14h19h > grátis
Festival
17. Festival Política
Conversas, exposições (uma delas evoca os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal), música (com destaque para o hip-hop mais interventivo), sessões de cinema e humor marcam mais uma edição deste festival muito peculiar em que se debate o presente e o futuro, aos ombros do passado. Em destaque nesta edição, 50 anos depois do Verão Quente, estão as “atuais revoluções em curso”. Programação completa em festivalpolitica.pt. Cinema São Jorge, Lisboa > 24-26 abr, qui-sáb > grátis
De cravo ao peito ou ao ombro
18. Pregadeira Cravo Em madeira, desenhado e produzido em Trás-os-Montes pela Cut Out. €10 > bycutout.com
19. Saco “Sempre” Ilustração e bordado da autoria de Joana Caetano, em algodão. €45 > jubela.etsy.com
20.Colete “Liberdade” Em algodão e feito em Portugal, uma parceria entre a Casa Tigre e o Armazém das Malhas. €49 > casa-tigre.com
Teatro
21. A Tragédia de Aristides Inhassoro
Uma história que remete para a Guerra Colonial (ou luta de libertação, depende do ponto de vista), centrada num capitão negro ao serviço do Exército português em Moçambique. Um texto de Pedro Galiza com encenação de João Cardoso apresentado pelo grupo Assédio Teatro. São Luiz Teatro Municipal, Lisboa > 24-27 abr, qui-sáb 20h, dom 17h30 > €12 a €15
22. 50 Madrugadas
Com encenação e dramaturgia de Jorge Gomes Ribeiro, com a marca do grupo Companhia da Esquina, esta peça evoca o enérgico imaginário do poeta José Carlos Ary dos Santos. A ação passa-se na redação de um jornal onde se prepara um artigo sobre fado e democracia. Nessa noite, memórias vão-se des(a)fiando entre poemas e canções. Museu do Fado, Lisboa > 24 abr-3 mai, 19h > €5
23. Quis Saber Quem Sou
Uma criação do atual diretor do Teatro Nacional D. Maria II, Pedro Penim, que leva ao palco do Coliseu dos Recreios “as canções da revolução, as palavras de ordem, as cantigas que são armas, mas também as histórias pessoais das gerações que fizeram o 25 de Abril”. Nesta peça de teatro que às vezes parece um concerto, ou vice-versa, representam jovens atores e cantores que foram escolhidos em audições feitas em todo o País. Coliseu dos Recreios, Lisboa > 25-26 abr, sáb-dom 21h > €5 a €25
24. O Monte
Esta peça do Teatro Livre, com texto de João Ascenso e encenação de Cucha Carvalheiro e Miguel Sopas, leva-nos para um monte alentejano em 1987. A sua ação inspira-se num relato da atriz Luísa Ortigoso (que está em palco) sobre um ex-preso político que, anos depois do fim da ditadura, encontra o seu torturador. Impunidade? (In)justiça? Perdão? Temas que ficam para reflexão e que não perdem atualidade por muitos anos que passem sobre acontecimentos traumáticos de um tempo de luta e resistência. Teatro do Bairro, Lisboa > 24 abr-4mai, qua-sex 21h30, sáb-dom 18h > €15
Livros
25. Anónimos de Abril
É livro, mas também é disco (disponível em formato digital) e espetáculo ao vivo. Aqui, honra-se “o nome e as histórias de figuras que tiveram a coragem de enfrentar e fragilizar o regime que durante 48 anos oprimiu os portugueses”. As oito canções originais trazem-nos as palavras de José Fialho Gouveia e composições e vozes de Rogério Charraz e Joana Alegre (com a participação especial de João Afonso). No livro, há textos de Fialho Gouveia, Miguel Carvalho e Aurora Rodrigues (e ilustrações de Marta Nunes) dedicados às vidas e lutas de anónimos defensores da liberdade. Zigurate, 128 págs., €18,40
26. Breve História do PREC
O jornalista Rui Cardoso dedica-se aqui a contar de forma “concisa” o “período mais conturbado da democracia portuguesa”, 50 anos depois do Processo Revolucionário em Curso. Uma história cheia de episódios picarescos, vitórias, derrotas, muitas ilusões e desilusões, confusões. “Portugal parecia um manicómio em autogestão, mas, pelo menos transitoriamente, foi o povo quem fez a História”, escreve o autor. Oficina do Livro, 224 págs., €15,90
Cinema
27. Ciclo Portugal 1974 – Um Sítio que Não Existe, um Tempo que Verdadeiramente Existiu
Na Cinemateca assinalam-se os 51 anos da Revolução sublinhando o olhar exterior de quem por esses tempos passou por Portugal. Há muitas preciosidades e raridades na programação, com diversas origens geográficas e diferentes graus de compromisso com os ideais revolucionários de Abril. Certo é que o 25 de Abril de 1974 foi um cenário de sonho e experimentação para muitos revolucionários de todo o mundo que aqui viram uma janela abrir-se, num canto da Europa, para utopias várias. Toda a programação do ciclo aqui. Cinemateca Portuguesa, Lisboa > 22-30 abr
Scenes From the Class Struggle in Portugal, de Robert Kramer
Televisão
28. Rumo à Liberdade
Rumo à Liberdade, o documentário com duas partes que António Barreto assina e que irá estrear-se na RTP Memória, reflete sobre o antes e o depois do 25 de Abril, num arco temporal que vai do final dos anos 1950 até à aprovação da Constituição, em 1976. Andante e Allegro, nome de cada uma das partes do documentário de duas horas, apontam também para o ritmo político que marcou esses anos. A partir de um texto escrito pelo sociólogo, a equipa de pesquisa da RTP procurou imagens no arquivo da televisão pública. Sentado num cadeirão ou em voz off, o sociólogo não se limita a debitar uma sucessão de factos no tempo; relaciona-os, descasca camadas, revela acontecimentos. Passados 51 anos do 25 de Abril de 1974, António Barreto não tem dúvidas: “O essencial de Abril cumpriu-se: acabar com a ditadura, a libertação dos presos políticos, o fim da Guerra Colonial. Daí para a frente, os portugueses escolheram; o que está errado, fomos nós que fizemos errado”, sublinha. RTP Memória > 25-26 abr, sex-sáb 21h
29. Daqui Houve Resistência
Tendemos quase sempre a olhar para os acontecimentos a partir das grandes cidades. Daqui Houve Resistência propõe um olhar descentralizado sobre a luta contra a ditadura em Portugal, em particular no Norte do País, nos últimos anos do regime de Salazar/Marcello Caetano, entre 1961 e 1974. A série, produzida pela Bando à Parte (do realizador Rodrigo Areias) para a RTP, é um retrato da coragem e dos sacrifícios de operários, estudantes, militares e ativistas políticos, a partir do livro 25 – Guimarães, Daqui Houve Resistência, um conjunto de 25 depoimentos recolhidos por César Machado, que assina o argumento da série em conjunto com Pedro Bastos. Edgar Pêra e Carlos Amaral realizaram os cinco episódios gravados em Guimarães e nas envolventes de Braga, Vila Nova de Famalicão e Fafe. Com os atores António Durães, João Pedro Vaz, Miguel Borges, Diana Sá, João Nunes Monteiro, Carolina Amaral e Nuno Nolasco, entre outros. RTP 1 > Estreia 25 abr, sex 21h > 5 episódios (1 na estreia, restantes 4 episódios nos dias 28-29 abr, seg-ter, 1-2 mai, qui-sex 21h)
30. Revolução (Sem) Sangue
Este filme, realizado por Rui Pedro Sousa em 2024 (e que agora chega à RTP), aborda um tema pouco falado quando se recorda o 25 de Abril de 1974: as suas cinco vítimas mortais, com destaque aqui para os quatro jovens que perderam a vida nesses dias atribulados (a outra vítima era um agente da PIDE). Nesta longa-metragem baseada em factos reais, acompanhamos a vida desses jovens antes da Revolução, seguindo-os, depois, nos seus últimos momentos.. Com, entre outros, Lucas Dutra, Rui Pedro Silva, São José Correia, Helena Caldeira e João Arrais. RTP 1 > 24 abr, qui 22h30
Disco
31. Cantos da Revolução
O jovem músico paulistano Paulo Tó dedicou todo um disco a releituras de canções que marcaram a História da revolução portuguesa de 1974. Nele colaboram músicos de vários países lusófonos – Brasil, Angola e Moçambique. Além de clássicos como Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, de José Mário Branco, e Que Força É Essa?, de Sérgio Godinho, há outras versões menos óbvias, como a de Ajuste de Contas, de Fausto. Cantos da Revolução, com dez faixas, está já disponível nas plataformas de streaming.
O impacto das alterações climáticas na sociedade e na economia global já ultrapassou o plano das probabilidades e é hoje uma realidade inegável que está a impulsionar mudanças profundas nos hábitos de consumo e na forma como as empresas operam. Um estudo recente da BCG e do World Economic Forum revela que os desastres climáticos poderão reduzir o PIB global em até 22% até 2100 – um alerta para a urgência de acelerar a transição sustentável. Ainda assim, apesar das previsões preocupantes, a economia ‘verde’ já deverá ultrapassar os 14 biliões de dólares até 2030, consolidando-se como um motor de crescimento e uma oportunidade estratégica para as empresas aliarem desenvolvimento económico e compromisso ambiental.
Neste contexto, a transição para modelos sustentáveis não pode ser encarada como uma necessidade, mas sim como um imperativo competitivo. Na Europa, iniciativas como o Green Deal e o mais recente Clean Industrial Deal reforçam o compromisso com a descarbonização e a economia circular, pressionando as empresas a adaptarem-se a este novo paradigma. Apesar de visões opostas e pedidos para voltar atrás, a Europa tem procurado manter as metas e o caminho definidos, mesmo que isso implique atrasos de execução ou ajustes na carga administrativa. Nos Estados Unidos, a aplicação do Inflation Reduction Act (IRA) gerou uma onda de investimentos em tecnologias limpas, embora a recente instabilidade política tenha introduzido alguma incerteza sobre a continuidade desse impulso. Já a China, como maior produtor global, está a acelerar a transição verde, com forte aposta na eletrificação e na industrialização sustentável, reposicionando-se como líder na nova economia. Portugal, em particular, tem procurado acompanhar esta trajetória, apostando na transição energética e na inovação industrial. O país destaca-se na expansão das energias renováveis, sobretudo na produção de energia eólica e solar, sendo um dos líderes na incorporação de fontes limpas no seu mix energético.
A crescente preocupação dos consumidores com a sustentabilidade reforça a sua relevância no mercado. Um inquérito recente da BCG sobre hábitos e preferências dos portugueses revela que a maioria está disposta a pagar um valor acrescido por produtos mais sustentáveis, especialmente nos setores da energia (57%) e bens alimentares (56%). Contudo, ainda existe um desfasamento entre intenção e ação, visto que apenas um terço dos consumidores considera frequentemente o impacto ambiental nas suas decisões de compra. Para as empresas, esta realidade representa uma oportunidade estratégica: ao tornarem as soluções sustentáveis mais acessíveis e atrativas, podem diferenciar-se e consolidar a sua posição no mercado. Os negócios que liderarem esta transformação poderão garantir não só conformidade regulatória, mas também vantagens competitivas duradouras.
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Além disso, num país de pequena dimensão como Portugal, a cooperação dentro e entre indústrias é determinante para ganhar escala e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono e mais sustentável. A descarbonização não deve comprometer a competitividade empresarial, mas sim alicerçar-se na eficiência no uso de recursos, inovação tecnológica e em modelos de negócio inteligentes.
A aposta na economia circular apresenta-se como um caminho estratégico para Portugal reforçar o seu compromisso com a transição sustentável, reduzindo a dependência de matérias-primas importadas e virgens e aumentando a eficiência na utilização de recursos. Segundo um estudo recente da BCG, cerca de 200 mil milhões de dólares em materiais recicláveis são desperdiçados anualmente, representando uma oportunidade concreta para as empresas que integrem a circularidade nos seus modelos operacionais. Ao fazê-lo, não só podem reduzir custos e ganhar vantagens competitivas, como também reforçar a resiliência das suas cadeias de abastecimento face à crescente escassez de materiais e volatilidade global
Finalmente, a Inteligência Artificial (IA) surge ainda como um fator crítico nesta transformação. Desde a otimização das cadeias de abastecimento até a redução do desperdício de materiais, a IA pode impulsionar ganhos de eficiência e sustentabilidade. As tecnologias preditivas estão já a ser utilizadas para mitigar riscos climáticos e otimizar processos industriais, permitindo às empresas reduzir custos e melhorar o seu impacto ambiental. Na Europa, a digitalização das cadeias de valor e a adoção de plataformas tecnológicas para rastreamento de produtos e materiais têm permitido avanços significativos na implementação de estratégias de economia circular.
A urgência da transição para um modelo sustentável é incontestável. Os impactos ambientais continuarão a exigir ações decisivas, gerando uma procura crescente por soluções e novas ofertas, independentemente de eventuais flexibilizações nas metas ou objetivos. As empresas que assumirem a dianteira não só estarão preparadas para um contexto de maior regulação e exigência, como também colherão benefícios estratégicos e financeiros. A sustentabilidade deixou de ser uma tendência para se tornar um elemento central que redefine o futuro da sociedade, da economia e dos negócios, devendo ser encarada como uma vantagem competitiva e uma condição essencial para o sucesso a longo prazo. Na Europa, em Portugal e a nível global, a economia ‘verde’ afirmar-se-á cada vez mais como motor de crescimento e resiliência económica.