No mundo atual, repleto de divisões, polémicas e debates dominados por argumentos intransigentes, poucos intelectuais conseguiram ganhar o consenso de Yuval Noah Harari, especialmente entre um público que, em diversos países, procura explicações coerentes, numa linguagem acessível, sem se deixar perder em armadilhas eruditas. Com uma capacidade singular para desvendar as tramas mais intrincadas da existência humana, o historiador e professor universitário israelita transformou-se numa das vozes mais escutadas do nosso tempo, desde o lançamento, em 2011, de Sapiens: História Breve da Humanidade, que já vendeu mais de 25 milhões de exemplares em todo o mundo. O livro seguinte, Homo Deus: História Breve do Amanhã, ajudou a revolucionar a forma como olhamos para a História e deu-nos pistas que podem ser úteis para nos auxiliarem a enfrentar os desafios que nos aguardam no horizonte tecnológico.

Além de influente, Harari cultiva também um estilo de vida que, nos dias de hoje, reforça a sua singularidade e ajuda a percecioná-lo como alguém que consegue olhar o mundo como se estivesse num posto de observação afastado, mas que lhe permite uma visão global e distanciada: não usa telemóvel, pratica meditação e natação diariamente, tem uma alimentação vegan e, pelo menos um ou dois meses por ano, interrompe as suas palestras milionárias e faz retiros prolongados. À sua volta, Harari tem hoje uma máquina bem oleada, com dezena e meia de colaboradores que lhe tratam da sua movimentada agenda, nomeadamente as conferências e intervenções junto dos maiores líderes do planeta.

Uma bomba atómica não pode decidir quem atacar, nem pode inventar novas bombas ou novas estratégias militares. Uma IA, pelo contrário, pode decidir por si própria atacar um determinado alvo e pode inventar novas bombas, novas estratégias e até novas IA

Agora, com o lançamento de Nexus: História Breve das Redes de Informação, da Idade da Pedra à Inteligência Artificial, Harari mergulha mais uma vez no terreno pantanoso das transformações globais, oferecendo um olhar penetrante sobre como as tecnologias digitais, a Inteligência Artificial e as redes de conexão estão a redesenhar, de forma nunca vista, o tecido social e existencial da Humanidade. Nesta entrevista à VISÃO, por escrito, o historiador aborda, com profundidade, os dilemas e os caminhos que se colocam às sociedades na encruzilhada em que nos encontramos, face ao poder crescente das tecnologias. Mas também deixa os seus avisos e alertas para o que será um mundo com Donald Trump, aliado a Elon Musk, ao comando dos EUA.

Descreveu a Inteligência Artificial (IA) como uma “arma social de destruição maciça”. Acha que, com o regresso de Donald Trump à presidência dos EUA, essa ameaça poderá ser maior? Porquê?

Donald Trump prometeu tornar a América grande, outra vez. Mas os EUA já são o país mais poderoso do mundo. A economia dos EUA é muito maior do que a da China ou da União Europeia, e está a crescer. O Exército dos EUA é de longe o mais forte do mundo. E os EUA estão atualmente a ganhar a corrida à IA ‒ o que os tornará ainda mais ricos e fortes do que antes.

Mas os EUA não são o único concorrente na corrida à IA e, se esta corrida não estiver vinculada a quaisquer acordos ou regulamentos globais, a IA poderá destruir a civilização humana. A IA é a tecnologia mais poderosa alguma vez criada pela Humanidade, porque é a primeira tecnologia que pode tomar decisões e criar novas ideias por si própria. Uma bomba atómica não pode decidir quem atacar, nem pode inventar novas bombas ou novas estratégias militares. Uma IA, pelo contrário, pode decidir por si própria atacar um determinado alvo e pode inventar novas bombas, novas estratégias e até novas IA. Também pode inventar novos medicamentos, novas músicas e novos poemas.

Coleção de best-sellers

NEXUS (2024)
A história ainda não contada e como as redes de informação fizeram e desfizeram o nosso mundo. Uma análise profunda e bem documentada sobre a complexa relação entre informação e verdade, burocracia e mitologia, sabedoria e poder. Com uma reflexão sobre as escolhas urgentes que a Humanidade enfrenta face à Inteligência Artificial.

SAPIENS (2014)
Recomendado por Barack Obama e por Bill Gates, foi o primeiro best-seller do autor. Explora o passado da espécie humana, uma história com 70 mil anos em que “um primata insignificante se tornou dono e senhor do planeta Terra”. (Mais de 25 milhões de exemplares vendidos)

Homo Deus (2016)
É um livro sobre o futuro e os desafios tecnológicos da Humanidade, “ponderando de que modo os seres humanos podem acabar por se tornar deuses”. (Dez milhões de exemplares vendidos)

21 lições para o século XXI (2018)
As democracias liberais, os líderes populistas, as fake news, as migrações, as alterações climáticas, as desigualdades… As grandes questões do nosso tempo, em suma. (Seis milhões de exemplares vendidos)

A coisa mais importante a saber sobre a IA é que não é uma ferramenta nas nossas mãos ‒ é um agente autónomo, que faz coisas que não esperamos e inventa novas ideias que nunca nos ocorreriam. O que acontecerá à Humanidade quando milhões de agentes não humanos começarem a tomar decisões sobre nós e a criar coisas novas? Será realmente sensato criar algo mais inteligente do que nós, que possa escapar ao nosso controlo e escravizar-nos ou destruir-nos?

É claro que a IA também tem um enorme potencial positivo. Mas para usufruir dos benefícios da IA e, ao mesmo tempo, evitar os piores cenários, precisamos de alguns regulamentos e acordos globais. Infelizmente, a nova administração Trump é completamente alérgica à ideia de regulamentação e de acordos globais. A curto prazo, uma corrida à IA não regulamentada pode beneficiar os EUA. Mas, a longo prazo, é provável que acabe em desastre para todos os seres humanos. Quando os países não conseguem chegar a acordo sobre quaisquer regras ou valores comuns, cada país procurará naturalmente maximizar o seu poder, mesmo desenvolvendo tecnologias perigosas. Numa corrida à IA fora de controlo, o único vencedor será a IA e todos os seres humanos perderão.

Escreve, no seu livro, que Donald Trump é um revolucionário que quer construir uma nova ordem. O que acha que vai acontecer?

Líderes populistas como Trump têm trabalhado arduamente para destruir a velha ordem liberal. Esta velha ordem tinha os seus defeitos, mas também produziu as maiores melhorias no bem-estar humano alguma vez registadas. Assistimos, nesses anos, a uma diminuição dramática da pobreza e ao desaparecimento das guerras de conquista. Agora que populistas como Trump estão no controlo, não parecem ter qualquer ideia do que deve substituir a velha ordem. Como resultado, o caos está a espalhar-se.

A antiga ordem liberal baseava-se em regras e valores universais partilhados. Na ordem liberal, as fronteiras eram consideradas sagradas e as tentativas dos grandes Estados de engolir os seus vizinhos mais pequenos eram tabu. A cooperação internacional era considerada um ideal a que se devia aspirar e foram criadas muitas organizações globais para fazer cumprir as regras e promover interesses humanos comuns, desde os cuidados de saúde ao controlo de voo.

Temos agora a tecnologia da informação mais sofisticada da História e as pessoas estão a perder a capacidade de manter conversas racionais ou até de chegar a acordo sobre os factos mais básicos

Os populistas rejeitam todas as regras e valores universais e querem ver um mundo de fortalezas nacionais isoladas, sem organizações, regras e valores globais. Mas cada fortaleza quer mais terra, riqueza e poder para si própria à custa dos vizinhos. E, sem regras e valores partilhados, como podem fortalezas rivais gerir pacificamente as suas divergências? Estamos provavelmente a caminhar para um mundo muito mais violento e caótico. Receio que acontecimentos como a invasão russa da Ucrânia se tornem a nova norma e que a América deite fora a rede de cooperação internacional que ajudou a torná-la tão poderosa ‒ e ajudou a manter a paz no mundo. No novo mundo caótico, os acordos significativos para regular a IA ou abordar as alterações climáticas também parecem mais distantes do que nunca.

O que pensa sobre a associação de Donald Trump e Elon Musk no futuro da governação, da tecnologia e da Inteligência Artificial?

Elon Musk está a apostar que, ao juntar-se ao círculo de Trump, terá a oportunidade de tomar as decisões mais importantes da década. Trata-se de decisões sobre o desenvolvimento de novas tecnologias, nomeadamente a IA. Até agora, as empresas de Musk têm ficado para trás na corrida da IA. Mas agora ele posicionou-se como o árbitro da corrida. Tem a oportunidade de escrever as regras a seu favor.

Resta saber como isto vai acabar. Musk e Trump têm ambos a fama de serem pessoas com quem é difícil de trabalhar. Têm os dois grandes egos. Musk pensa que está a usar Trump e que é mais inteligente do que ele. Musk é certamente muito mais conhecedor do que Trump em coisas como a IA. Mas, quando se trata de política, Trump é provavelmente mais inteligente do que Musk. No final, Musk pode descobrir que foi usado, tal como tantas outras pessoas que foram enganadas por Trump.

Manifestou a sua preocupação com o poder crescente dos bilionários da tecnologia. De que forma este poder concentrado ameaça a democracia e a igualdade?

Muitas pessoas no setor da tecnologia têm uma visão ingénua da informação. Pensam que mais informação é sempre melhor, porque dá às pessoas mais conhecimentos. Vimos isto nos primeiros tempos da Internet. Nessa altura, havia a esperança de que uma tecnologia da informação mais sofisticada iria necessariamente difundir a verdade e o conhecimento. Acabou por se revelar um erro completo. Temos agora a tecnologia da informação mais sofisticada da História e as pessoas estão a perder a capacidade de manter conversas racionais ou até de chegar a acordo sobre os factos mais básicos. O problema é que a maior parte da informação é falsa. A verdade é um tipo raro de informação, porque a verdade é cara e complicada, enquanto a ficção é muito barata e simples. Por isso, se inundarmos o mundo com mais informação, a verdade dispendiosa e complicada será suplantada pela ficção barata e simples.

Atualmente, vemos os líderes da revolução da IA a cometer um erro semelhante. Dizem que a IA resolverá todos os problemas do mundo se avançarmos o mais rapidamente possível. É pouco provável que isso aconteça. Sim, a IA trará muitos benefícios, mas, em vez disso, poderá inundar o mundo com falsidades e tornar-se um novo instrumento de opressão.

Vimos isso em muitas revoluções da informação anteriores. Cada uma delas teve os seus benefícios ‒ mas também teve o seu lado negativo. A invenção da escrita deu origem às primeiras autocracias centralizadas no mundo antigo. A revolução da imprensa no início da Europa moderna conduziu à maior vaga de guerras religiosas e de caça às bruxas da história europeia. As modernas tecnologias da informação, como o telégrafo e a rádio, tornaram possível o aparecimento de ditaduras totalitárias modernas.

Se não regularmos a IA de forma sensata, esta poderá levar ao aparecimento de regimes totalitários ainda piores do que aqueles a que assistimos no século XX. A Inteligência Artificial poderia dar aos futuros ditadores a capacidade de vigiar toda a gente a toda a hora. Um tal regime não necessitaria de espiões ou de informadores. Poderia utilizar a tecnologia para aniquilar completamente a privacidade. Ninguém seria poupado num tal sistema. Nem mesmo os multimilionários. É por isso que espero que tenham cuidado com o desenvolvimento desta tecnologia. 

O primeiro passo crucial é concordar que precisamos de regulamentar as tecnologias da informação da mesma forma que regulamentamos outros produtos, como os medicamentos ou os automóveis

Que papel devem os governos desempenhar na regulação das atividades das poderosas empresas tecnológicas e dos bilionários?

Devemos partir do princípio de que toda a gente é falível. As empresas são falíveis, os bilionários são falíveis e os governos também. Por conseguinte, nunca devemos dar autoridade absoluta a uma única entidade. O poder de regular a tecnologia da informação deve ser distribuído entre o governo, as empresas, os tribunais, os meios de comunicação social, o meio académico e as ONG. Isto é complicado, mas a complexidade é uma caraterística da democracia. A ditadura é simples ‒ uma única pessoa dita tudo e nunca admite qualquer erro. A democracia é complicada ‒ muitas pessoas estão a conversar e a corrigir os erros umas das outras.

O primeiro passo crucial, porém, é concordar que precisamos de regulamentar as tecnologias da informação da mesma forma que regulamentamos outros produtos, como os medicamentos ou os automóveis. Quando uma empresa automóvel decide produzir um novo modelo, investe uma parte significativa do seu orçamento na segurança. Se uma empresa automóvel negligenciar a segurança, os clientes podem processá-la por danos e o governo pode impedi-la de vender os seus carros inseguros. Os governos até regulamentam os automóveis que se revelaram seguros. Há muitas leis que limitam onde os carros podem ir, quem os pode conduzir e a que velocidade se podem deslocar. Essas mesmas normas devem aplicar-se aos algoritmos.

Como se cruzam os desafios da IA, da regulamentação tecnológica e do poder dos multimilionários?

Muitos destes multimilionários são entusiastas da IA e defendem que, atualmente, não é necessário regulamentar a Inteligência Artificial. Dizem-nos que a regulamentação atrasaria o desenvolvimento e talvez desse uma vantagem a concorrentes mais impiedosos noutros países. Mas não aceitamos este argumento noutras áreas da vida. Imaginemos, por exemplo, que um fabricante de automóveis argumentava contra a regulamentação afirmando que um fabricante de outro país era livre de fabricar um carro sem travões que podia andar perigosamente depressa. Decidiríamos dar ouvidos a tal argumento? Seria uma loucura.

É do interesse dos bilionários da tecnologia, bem como de todos os outros, garantir que a IA é desenvolvida de forma segura. Mas, atualmente, a maior parte dos recursos está a ser canalizada para aumentar o poder da IA e muito poucos recursos estão a ser canalizados para aumentar a sua segurança. Precisamos de criar instituições vivas que possam identificar rapidamente problemas com estas tecnologias e reagir a eles. Uma regulamentação rígida não funcionará, porque ninguém pode prever antecipadamente o rápido desenvolvimento da IA. Atualmente, as pessoas mais talentosas no domínio da IA tendem a trabalhar para empresas privadas, que também têm imensos orçamentos de investigação. Em contrapartida, poucos especialistas talentosos em IA vão trabalhar para agências governamentais, centros académicos ou ONG ‒ e os seus orçamentos, em comparação, são minúsculos. Temos de criar novas instituições reguladoras com orçamentos suficientes e que atraiam alguns dos melhores talentos.

Quando se trata de política, Trump é provavelmente mais inteligente do que Musk. No final, Musk pode descobrir que foi usado, tal como tantas outras pessoas que foram enganadas por Trump

Quais são as potenciais consequências de não se regulamentar a IA e outras tecnologias poderosas?

Algumas ameaças são fáceis de imaginar. O que acontecerá, por exemplo, se um tirano der à IA o controlo das armas nucleares do seu país, ou se os terroristas derem instruções à IA para criar uma nova pandemia? Mas há muitas outras ameaças. Por exemplo, imagine-se o impacto da IA não regulamentada nas Finanças. Para a IA, as Finanças são o recreio ideal, pois trata-se de um domínio puramente informativo e matemático. As IA continuam a ter dificuldade em conduzir um carro de forma autónoma, porque isso exige movimentar-se e interagir no mundo físico confuso, onde é difícil definir “sucesso”. Em contrapartida, para efetuar transações financeiras, a IA só precisa de lidar com dados e pode facilmente medir o seu sucesso matematicamente em dólares. Mais dólares representa missão cumprida.

Suponhamos que um fundo de investimento dá a uma Inteligência Artificial a tarefa de ganhar o máximo de dólares possível. A IA não só concebe novas estratégias de investimento como também cria dispositivos financeiros totalmente novos, muito mais complicados do que qualquer coisa que os humanos possam inventar ‒ ou compreender. Durante alguns anos, tudo parece maravilhoso. Os novos dispositivos financeiros inventados pela IA fazem disparar os mercados e os investidores ganham triliões de dólares. Depois, vem um crash ainda maior do que o de 2007/8. Acontece que os dispositivos financeiros inventados pela IA tinham algumas falhas perigosas, mas não foram regulamentados cuidadosamente, porque nenhum banqueiro ou político humano os compreendia realmente. Sem uma regulamentação adequada, dentro de alguns anos poderemos encontrar-nos numa situação em que nenhum ser humano ‒ incluindo qualquer Presidente ou banqueiro ‒ é capaz de compreender o sistema financeiro.

Numa escala ainda maior, para compreender a ameaça que a IA representa, consideremos a última grande revolução tecnológica da História ‒ a Revolução Industrial. Quando os seres humanos inventaram as máquinas a vapor e os telégrafos, estas tecnologias prometiam melhorar muito a vida das pessoas. No entanto, a Humanidade não tinha um modelo para saber como construir sociedades industriais benignas, pelo que as pessoas embarcaram em algumas experiências muito dispendiosas.

Os imperialistas argumentavam que, uma vez que a indústria depende dos mercados estrangeiros e das matérias-primas, a única sociedade industrial viável era um império. Entretanto, os comunistas e os fascistas defendiam que só o totalitarismo poderia controlar corretamente os novos e imensos poderes da indústria. Atualmente, a maioria das pessoas tem horror ao imperialismo industrial e ao totalitarismo, mas há um século essas teorias eram vistas por muitos como os melhores modelos disponíveis.

A própria existência de receitas concorrentes para a construção de sociedades industriais também levou a conflitos. As duas guerras mundiais e a Guerra Fria podem ser vistas como um debate sobre a forma correta de o fazer ‒ um debate que matou muitos milhões de pessoas e levou a Humanidade à beira da aniquilação. Além de todas estas catástrofes, a Revolução Industrial também minou o equilíbrio ecológico global, e ainda não conseguimos construir uma sociedade industrial que seja também ecologicamente sustentável.

Para usufruir dos benefícios da IA e, ao mesmo tempo, evitar os piores cenários, precisamos de alguns regulamentos e acordos globais. Infelizmente, a nova administração Trump é completamente alérgica à ideia de regulamentação e de acordos globais

Se ignorarmos a crise ecológica, podemos argumentar que a Humanidade acabou por aprender a construir sociedades industriais benevolentes e que, atualmente, a maioria dos seres humanos desfruta de condições de vida muito melhores do que há 200 anos. Mas se a Humanidade precisou de tantas experiências terríveis para aprender a gerir as máquinas a vapor e os telégrafos, quanto custaria aprender a gerir a Inteligência Artificial? Teríamos de passar por outro ciclo de impérios globais, regimes totalitários e guerras mundiais? No século XX, podemos dizer que a Humanidade teve uma nota quase negativa (um C menos) na lição sobre a utilização da tecnologia industrial. Apenas o suficiente para passar. No século XXI, temos de fazer melhor.

Como vê o impacto da IA no mercado de trabalho e na economia. nos próximos 5 a 10 anos?

A IA terá um enorme impacto no mercado de trabalho, mas é difícil prever exatamente quais os empregos que vão mudar ou desaparecer. Muitas das nossas intuições podem ser enganadoras. Por exemplo, pensa-se normalmente que os médicos são mais importantes do que os enfermeiros – pelo menos se os julgarmos pelos seus salários e estatuto social. Mas seria provavelmente mais fácil para as IA substituir os médicos do que os enfermeiros. Porquê? Porque o trabalho de muitos médicos consiste principalmente em analisar dados. Os médicos recebem uma grande quantidade de dados sobre os meus sintomas e o meu historial médico. Analisam esses dados, diagnosticam a minha doença e recomendam um tratamento. Esta análise de dados é exatamente o tipo de coisa que a IA em breve fará muito melhor do que os humanos. Os enfermeiros, por outro lado, não se limitam a analisar dados. Precisam de boas capacidades motoras e sociais para mudar uma ligadura ou dar uma vacina a uma criança que chora. É algo muito mais difícil de automatizar. Por isso, é provável que venhamos a ter médicos com IA muito antes de termos enfermeiros robôs.

A IA está a mudar o mercado de trabalho tão rapidamente que não podemos prever quais as competências que serão necessárias no futuro. Pode pensar que deve aprender a programar computadores, porque os computadores são o futuro. No entanto, dentro de alguns anos, a IA poderá codificar melhor do que os humanos, pelo que haverá pouca necessidade de programadores humanos. Em vez disso, talvez haja uma enorme procura de filósofos e psicólogos, porque as rápidas mudanças no mundo vão criar desafios psicológicos e até filosóficos agudos. Por exemplo, para permitir que um veículo totalmente autónomo conduza sozinho, alguém tem de codificar regras éticas no veículo. Em caso de emergência, deverá o veículo pôr em perigo os seus próprios passageiros para salvar um peão? Talvez não sejam necessários programadores humanos para resolver este problema, porque a IA pode fazer a codificação sozinha, mas são necessários filósofos humanos para decidir sobre as regras éticas.

Saindo da Inteligência Artificial e debruçando-nos sobre a inteligência atualmente disponível, vê alguma saída para o atual conflito no Médio Oriente?

Líderes como Viktor Orbán ou Marine Le Pen afirmam que querem enfraquecer a UE para salvaguardar a independência dos seus próprios países. Mas, na realidade, estão a destruir a única hipótese que os seus países têm de se manterem independentes

Não existe uma razão objetiva para o conflito entre israelitas e palestinianos. Há terra suficiente entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão para construir casas, escolas e hospitais para todos. Há comida, água e energia suficientes para todos. O conflito resulta do facto de cada uma das partes se recusar a reconhecer o direito à existência da outra parte. Cada uma das partes considera que para garantir a sua própria justiça é necessário o desaparecimento da outra.

Para alcançar a paz, todos devem reconhecer a humanidade comum de judeus e palestinianos e o direito igual de palestinianos e judeus a desfrutarem de uma vida segura, respeitosa e próspera no país onde nasceram, o pedaço de terra entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão. O facto é que há mais de sete milhões de palestinianos a viver nesta região. Quase todos eles nasceram lá, não têm mais nenhum sítio para onde ir e têm uma profunda ligação histórica a esta terra. Têm o direito de aí existir. Ao mesmo tempo, é também um facto de que há mais de sete milhões de judeus a viver nesta região. A maioria deles nasceu ali, não tem outro sítio para onde ir e tem uma profunda ligação histórica a esta terra. Também eles têm o direito de aí existir.

Não só os judeus e os palestinianos, mas também muitas outras pessoas em todo o mundo, parecem incapazes de reconhecer estes dois factos ao mesmo tempo. Demasiadas pessoas só conseguem ver metade da realidade e negam a outra metade. Mas os seres humanos deveriam ser capazes de manter dois factos nas suas mentes. Quando um número suficiente de pessoas for capaz de manter estes dois factos juntos, o caminho para a paz estará aberto.

Por si só, um país como a Hungria, Portugal ou mesmo a França, é demasiado pequeno para se manter independente na era da Inteligência Artificial. Se os países europeus dependerem da tecnologia e das infraestruturas de IA norte-americanas, tornar-se-ão colónias norte-americanas

A guerra é a tentativa das mentes pequenas de erradicar a complexidade da realidade. Quando as mentes pequenas encontram uma parte da realidade que consideram difícil de conter, tentam destruir essa parte da realidade, mesmo que seja um povo inteiro. A paz surge quando expandimos as nossas mentes de modo a podermos conter mais da realidade.

O que é que lhe dá esperança para o futuro?

Muitos dos problemas da nossa época resultam de uma visão muito cínica dos seres humanos, que é comum, de forma igual, na extrema-direita e na extrema-esquerda. Tanto os populistas como os marxistas defendem que os seres humanos só se interessam pelo poder e que todas as interações humanas são lutas pelo poder. Segundo esta visão cínica, quando as pessoas falam umas com as outras, não estão interessadas em descobrir a verdade ‒ estão apenas a tentar enganar-se mutuamente e ganhar mais poder para si próprias. Sempre que alguém diz alguma coisa, os populistas e os marxistas perguntam imediatamente: “A quem é que isso serve? Quem ganha e quem perde?” Esta atitude faz com que as pessoas percam toda a confiança em instituições como centros de investigação ou jornais, porque se assume que são apenas conspirações da elite para ganhar poder.

Esta é uma atitude muito perigosa. Ao destruir toda a confiança nas instituições e nas outras pessoas, esta visão cínica dos seres humanos destrói os alicerces da democracia. A democracia precisa de confiança para funcionar. Se as pessoas não confiam em ninguém, a democracia entra em colapso e o único sistema que ainda pode funcionar é a ditadura. Porque a ditadura não precisa de confiança ‒ baseia-se no terror.

No entanto, mantenho a esperança, porque sei que esta atitude cínica em relação aos seres humanos é errada. Ela ignora algo muito importante sobre os seres humanos. Sim, os seres humanos, por vezes, querem poder, mas temos um desejo ainda mais profundo de verdade. Queremos saber a verdade sobre nós próprios e sobre o mundo. Trata-se de uma necessidade profunda porque, sem sabermos a verdade sobre nós próprios, nunca poderemos ser felizes. Se não soubermos a verdade sobre nós próprios, isso significa que não conhecemos as causas profundas da nossa miséria e, portanto, nunca poderemos erradicar essas causas. Mesmo que seja a pessoa mais poderosa do mundo, sem saber a verdade estará a desperdiçar todo o seu poder na tentativa de resolver os problemas errados. Se olharmos para as pessoas obcecadas pelo poder e que não se preocupam minimamente com a verdade ‒ como Putin, Netanyahu ou Trump ‒ vemos pessoas muito poderosas que também são muito infelizes.

Uma vez que todos os seres humanos têm uma necessidade profunda da verdade, penso que construir confiança entre as pessoas não é impossível. Não importa quantas mentiras e fantasias inundem o mundo, uma parte profunda de nós estará sempre a ansiar pela verdade. Não devemos ser demasiado cínicos em relação aos seres humanos. Quando alguém nos diz algo, o melhor é ter uma atitude caridosa e generosa em relação a isso. Não lhe dê a pior interpretação possível. Comece por assumir que a outra pessoa é um ser humano como você, que também quer saber a verdade sobre a vida.

Que tipo de papel considera que um pequeno país como Portugal pode desempenhar no mundo atual?

A maior parte dos países do mundo são pequenos. Não podem competir com os gigantes como os EUA e a China. A sua única hipótese de conter os gigantes e proteger os seus próprios interesses é através da cooperação. Portugal tem sorte, porque já faz parte da União Europeia, que possui os recursos financeiros, tecnológicos e culturais para ser um ator independente no mundo e para conter os EUA e a China. Mas só se os países da UE se mantiverem unidos.

Atualmente, há demasiados líderes europeus a trabalhar para minar a unidade e a eficácia da União Europeia. Líderes como Viktor Orbán ou Marine Le Pen afirmam que querem enfraquecer a UE para salvaguardar a independência dos seus próprios países. Mas, na realidade, estão a destruir a única hipótese que os seus países têm de se manterem independentes. Por si só, um país como a Hungria, Portugal ou mesmo a França, é demasiado pequeno para se manter independente na era da Inteligência Artificial. Se os países europeus dependerem da tecnologia e das infraestruturas de IA norte-americanas, tornar-se-ão colónias norte-americanas. Se Trump disser “saltem”, eles terão de saltar. Se quiserem evitar este destino, confiando mais na tecnologia e nas infraestruturas de IA chinesas, tornar-se-ão apenas colónias chinesas. Se Xi Jinping disser “salta”, terão de saltar. Para se manterem verdadeiramente independentes, a Hungria, Portugal e a França têm de ser concorrentes independentes na corrida à IA, capazes de desenvolver a sua própria tecnologia e infraestruturas de IA. E só o podem fazer se cooperarem e juntarem os seus recursos.

A situação é comparável ao que aconteceu no século XIX com a Revolução Industrial. Os poucos países que lideraram a Revolução Industrial conquistaram impérios gigantescos e dominaram o mundo inteiro. A maioria dos países não compreendeu o que estava a acontecer e perdeu a sua independência. No século XIX, os europeus lideraram a revolução. Agora estão a ficar para trás. A Europa parece-se um pouco com África no século XIX. Os reinos africanos digladiavam-se entre si e não se preocupavam muito com as novas tecnologias que estavam a ser desenvolvidas na Europa. Depois, os europeus chegaram com navios a vapor e metralhadoras e conquistaram toda a África. Algo de análogo pode acontecer agora com a Europa.

A Motorola está de regresso a Portugal. Para a marca, que faz parte da Lenovo desde 2014, o grande objetivo passa por consolidar a presença no mercado nacional, dentro de uma estratégia global para a Península Ibérica, mas também de expansão na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), como deixou claro num recente evento em Lisboa, em que a Exame Informática participou. 

A decisão de voltar a Portugal surge num momento de crescimento. Como detalhado por Fabio Capocchi, EMEA General Manager da Motorola, ao longo dos últimos anos, a marca passou por um conjunto de “altos e baixos”. Após a compra pela Lenovo, a Motorola atravessou um período desafiante, em que foi necessário “lutar para sobreviver” e tomar várias decisões difíceis para conseguir garantir a sustentabilidade do negócio. 

À medida que o negócio foi recuperando, a rentabilidade permitiu voltar a investir em áreas-chave, como, por exemplo, em R&D, mas também mudar o foco para uma estratégia centrada na transformação e crescimento. E a aposta está a dar frutos.

Motorola Portugal

De acordo com dados partilhados durante a apresentação, houve um crescimento de 35% nas receitas no mercado EMEA durante o segundo trimestre do ano – o mais elevado de sempre para a marca. A este crescimento junta-se uma subida de 32% nas ativações, assim como de 56% nas ativações no segmento premium. 

Motorola Portugal
Fabio Capocchi, EMEA General Manager da Motorola

Nas palavras de Andrea Monleón, General Manager para a Península Ibérica, “Portugal é um país estratégico para o mercado EMEA da Motorola”. Segundo a responsável, a expansão para o país não é apenas uma questão de negócios, mas também se afirma como uma forma de reforçar o compromisso no que respeita a ouvir as necessidades dos consumidores.

Em entrevista à Exame Informática, Fabio Capocchi conta que, há cerca de três anos, a marca tinha uma oportunidade para regressar a Portugal. No entanto, “os recursos a nível humano não eram suficientes para assegurar que todos os produtos que estávamos a lançar estavam perfeitamente testados para o mercado português”. 

“Ao mesmo tempo, sabemos que os portugueses gostam da estética e querem identificar-se com uma marca. Nesse momento, a nossa oferta não era tão ‘clara’ quanto é agora, porque estávamos numa grande transição”, afirma o responsável.

 “Agora, o que podemos dizer é que ao longo de todas as nossas linhas, quando olhamos para qualquer um dos produtos, conseguimos dizer que é um [equipamento] Motorola”. 

Além disso, ter uma equipa local era outro dos grandes objetivos da marca. “O que não queríamos era gerir Portugal a partir de outro país”, realça Fabio Capocchi. “Queremos fazer as coisas a longo prazo e queremos fazê-las corretamente”.

Um ecossistema de lifestyle tech

“Estamos a regressar ‘em força’ e a nossa filosofia é ser uma marca líder”, afirma Fabio Capocchi. Para tal, a aposta passa por inovar com propósito, posicionar a Motorola como uma marca de lifestyle tech e construir um ecossistema, numa estratégia que não esquecer aspectos como design e experiências, mas também parcerias com outras empresas, da Google à Bose, passando ainda pela Corning e Pantone. 

Como explica Alexandre Caldeira, EMEA product operations director, a abordagem do lifestyle tech passa por “ir além das especificações técnicas” e trazer à vida novos produtos que, independentemente da gama, sejam capazes de fazer a diferença na vida dos consumidores, que consigam responder verdadeiramente às suas necessidades e que tenham um estilo próprio com o qual os utilizadores se possam identificar. 

Para responder às necessidades do mercado português, a Motorola está a avançar com uma linha de smartphones, onde se incluem a mais recente gama de dobráveis Razr, as famílias Motorola edge, moto g e moto e. Em destaque está também o novo motorola edge 50 neo, na Cor do Ano de 2025 da Pantone, chamada Mocha Mousse, que chegará ao mercado português no primeiro trimestre de 2025, incluindo numa versão do dobrável motorola razr 50 ultra.

Veja os novos smartphones da Motorola com mais detalhe

Mas o ecossistema da Motorola vai além de smartphones, passando pelas soluções de áudio, como auriculares sem fios Motorola buds+, desenvolvidos em parceria com a Bose, e funcionalidades com Inteligência Artificial. Na ‘calha’ estão ainda outros gadgets, como as etiquetas inteligentes Moto Tag e um novo carregador com porta dupla, previsto para o final do ano. 

Motorola moto ai

Deste ecossistema não fica de fora a Inteligência Artificial, com o sistema moto AI, concebido para ajudar os utilizadores a realizar uma variedade de tarefas, mas sendo também capaz de antecipar necessidades, avança Alexandre Caldeira. 

A par de algoritmos de melhoria de imagem e de estabilização na fotografia, o sistema moto AI conta com ferramentas de criação inteligente, como o Magic Canvas ou o Style Sync, que tiram partido da tecnologia de IA generativa.

Já no capítulo da assistência ao utilizador destacam-se funcionalidades como Catch me Up (ou Ver as novidades, em português), feita para ajudar os utilizadores a recuperar informação ‘perdida’ quando estavam longe do smartphone; Remember This (ou Memorizar isto), para guardar rapidamente notas de texto, capturas de ecrã ou fotografias; Pay Attention (ou Prestar Atenção), que transcreve e resume gravações de áudio. 

As funcionalidades do moto AI já podem ser testadas em smartphones compatíveis, incluindo nos dobráveis razr 50 e no Motorola edge 50 ultra, através do programa beta aberto, lançado no final de novembro. 

As novidades da Motorola já estão disponíveis nas principais lojas em Portugal, entre Worten, Fnac, Rádio Popular e Media Markt, assim como através de operadoras como a MEO e Vodafone. Em breve também estarão disponíveis através do website oficial da Motorola em Portugal, avança a marca.

O antigo chefe da Casa Civil do Presidente Cavaco Silva, José Nunes Liberato, foi eleito como presidente do Centro Português de Fundações (CPF), sucedendo a nomes como Rui Vilar, Artur Santos Silva, Maria do Céu Ramos, entre outros. Nunes Liberato foi secretário-geral do PSD, nos anos 90, coincidindo com o último governo de Cavaco. Rapidamente se tornou uma figura incontornável, imprescindível para o então presidente do PSD e primeiro-ministro, que o foi buscar para seu braço direito, nos dez anos de Presidência.

Licenciado em Economia, foi membro do Governo Regional dos Açores (1979-1984) e esteve na equipa de negociação para a entrada de Portugal nas Comunidades Europeias. Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território em três governos de Cavaco Silva (saiu em 1992), deputado, presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, foi diretor das Políticas Comuns, das Relações Externas, da Imprensa e Porta-Voz do Parlamento Europeu. Chefe da Casa Civil do Presidente da República entre 2006 e 2016, é, atualmente, Assessor do Conselho de Administração da Fundação Champalimaud, uma espécie de “fundação de turno” para o novo mandato, na liderança do Centro Português de Fundações. O CPF representa o setor fundacional em Portugal, contando com cerca de 150 fundações associadas e, entre os seus objetivos, visa desenvolver o movimento da filantropia em Portugal e contribuir para o reconhecimento social da importância das fundações, a preservação do bom nome e a confiança pública no setor fundacional.

Depois do galardoado The Fisherman: A Codfish Tale, a Loading Studios anunciou o novo jogo Alentejo: Tinto’s Law que pode ser encontrado em versão física e limitada para Game Boy ou em versão digital para ser jogado no navegador web. Este é provavelmente um dos primeiros jogos portugueses desenvolvidos para a consola portátil da Nintendo.

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Neste jogo, sob o calor do sol ibérico, encontramos comboios, fora-da-lei, barris e contrabando com o Alentejo a surgir com uma roupagem de western. O jogador deve ajudar Gildo a reunir o seu gangue para enfrentar o domínio autoritário do Barão Tinto e viajar por vários locais, explorar grutas e minas e atravessar a fronteira com Espanha.

A narrativa é empolgante e leva-nos pela Península Ibérica do século XIX, convida-nos a falar com habitantes locais e resolver puzzles enigmáticos e rústicos. Os criadores inspiraram-se num “estilo de arte 8-bits fofo e nostálgico”, explica o comunicado de imprensa.

Pode encontrar a versão digital no Itch.io (€1,99) e adquirir a versão física na Teknamic (€19,99).

O ex-presidente francês foi condenado esta quarta-feira a um ano de prisão com pulseira eletrónica, depois de o Supremo Tribunal de Justiça ter rejeitado o recurso apresentado pela defesa. Nicolas Sarkozy, de 69 anos, foi considerado culpado por corrupção e tráfico de influências no caso que ficou conhecido pelo nome Bismuth tendo lhe sido aplicada uma pena de prisão de três anos – dois dos quais suspensos e o terceiro, em casa, com pulseira eletrónica. A recusa do recurso de Sarkozy, torna-o no primeiro ex-chefe de estado da França a ser condenado a uma pena efetiva no país.

O anterior presidente francês será agora chamado a comparecer perante um juiz de execução de pena, de forma a determinar os termos e condições da pulseira eletrónica, avança o Le Monde. “Nicolas Sarkozy irá obviamente cumprir a sanção pronunciada, que agora é definitiva”, explicou Spinosi, advogado do ex-líder francês à agência France-Presse. No entanto, Sarkozy irá “aproveitar o Tribunal Europeu” dos Direitos Humanos nas próximas semanas “para obter a garantia dos direitos que os juízes franceses lhe negaram”. O recurso não impede, contudo, a execução da sentença, que entra agora em vigor,

A condenação surge a poucos dias antes da abertura de um novo processo sobre Sarkozy, relacionado com o financiamento ilícito da sua campanha presidencial de 2007. O caso deverá ser aberto no início de janeiro do próximo ano.

Sarkosy está também impedido de se candidatar a cargos públicos durante os próximos três anos.

Nos últimos anos, a emergência da tecnologia de deepfake revolucionou o panorama da manipulação digital, colocando desafios significativos à autenticidade do conteúdo mediático e à veracidade das informações disseminadas em várias plataformas. Deepfakes são conteúdos sintéticos, tipicamente áudio ou vídeo, gerados utilizando algoritmos de inteligência artificial (IA) para sobrepor imagens e vídeos existentes a outro conteúdo, frequentemente com resultados surpreendentemente reais.

Uma das principais preocupações em torno dos deepfakes é o seu potencial para enganar e manipular audiências, estreitando fronteiras entre realidade e ficção. Com os avanços em IA e self learning, indivíduos com intenções maliciosas podem criar vídeos falsos altamente convincentes de figuras públicas ou políticos retratando-os a dizer ou fazer coisas que nunca fizeram ou disseram. Isto levanta sérias implicações éticas, legais e sociais, incluindo a disseminação de desinformação, difamação e erosão da confiança pública.

Além disso, os deepfakes têm o potencial de agravar problemas existentes, como campanhas de desinformação, propaganda política e cyberbullying. Podem ser usados para fabricar evidências, manipular a opinião pública ou desacreditar indivíduos e instituições, amplificando os desafios de discernir a verdade da mentira num mundo cada vez mais digital e interligado.

A ameaça representada pelos deepfakes requer uma abordagem multifacetada que englobe intervenções tecnológicas, regulatórias e educacionais. Soluções tecnológicas, como o desenvolvimento de algoritmos robustos de deteção e mecanismos de autenticação, são cruciais para identificar e mitigar a proliferação de deepfakes. Além disso, é necessário estabelecer quadros regulamentares para governar a criação, distribuição e uso de conteúdos sintéticos, equilibrando a proteção da liberdade de expressão com a prevenção de danos e abusos.

Importa promover a literacia mediática e as competências de pensamento crítico, essenciais para capacitar os indivíduos a discernir e avaliar a credibilidade do conteúdo online de forma eficaz. Ao fomentar uma cultura de ceticismo e consumo responsável de conteúdo, as pessoas podem tornar-se mais resilientes à influência dos deepfakes e outras formas de manipulação digital.

Uma equipa de cientistas internacionais conseguiu mapear o genoma dos tubarões da Gronelândia, uma das únicas espécies de vertebrados que consegue viver mais que os humanos. Em 2016, uma investigação descobriu que estes tubarões, que habitam na região do Atlântico Norte e do oceano Ártico e que podem ser encontrados em águas profundas, têm uma longevidade que pode chegar aos 400 anos.

Segundo a CNN, os cientistas mapearam 92% do ADN deste animal e pretendem agora perceber melhor quais as mutações que levam a uma longevidade prolongada. O objetivo é depois perceber se é possível replicar a façanha nos humanos.

Para conseguir mapear o ADN, os investigadores tiveram primeiro de obter amostras de tecido de vários tubarões, que foram submetidos a eutanásia, processo para o qual necessitaram de obter uma autorização especial. O “extraordinariamente grande” genoma é duas vezes maior do que o dos seres humanos e maior do que o de qualquer outro tubarão. Uma característica interessante, que talvez ajude a explicar a grande longevidade, prende-se com a capacidade de o ADN se auto-reparar.

Nestas amostras, os cientistas encontraram também um tipo de gene especial, que geralmente está associado a doenças genéticas, sendo conhecido por ‘gene parasita’. Nestes tubarões, no entanto, estes genes parecem ter evoluído para produzir um efeito benéfico, duplicando-se e movendo-se pela sequência de ADN. Como consequência destas movimentações, parecem abrandar o envelhecimento.

O autor principal do estudo explica que “o efeito nefasto destes elementos (genes saltitantes) não só é cancelado, mas como talvez seja mesmo revertido pelo que a integridade do genoma é melhor no tubarão da Gronelândia”.

Os investigadores depararam-se com comportamento genético que nunca tinha sido antes detetado e exploram agora como esse conhecimento pode ajudar a aumentar a vida útil do ser humano.

A psicóloga e comentadora Joana Amaral Dias, 49 anos, vai ser candidata à Presidência da República em 2026, anunciou, esta quarta-feira, em comunicado, o Alternativa Democrática Nacional (ADN). O partido liderado por Bruno Fialho confirmou que vai apoiar esta candidatura.

“A escolha do ADN recaiu sobre Joana Amaral Dias devido à sua inigualável defesa pelas Liberdades, Direitos e Garantias fundamentais dos portugueses e por ser uma patriota, pacifista e soberanista, ou seja, é alguém que defende valores que refletem os princípios do ADN”, afirma Bruno Fialho.

O presidente do ADN explica que o partido decidiu apoiar Joana Amaral Dias “pois os nomes que têm sido avançados pela comunicação social como possíveis candidatos não oferecem a imparcialidade  e, relativamente a alguns, a credibilidade que um Presidente da República necessita de ter”. “Consideramos que a Joana Amaral Dias é uma voz crítica e independente, com um histórico de defesa de causas sociais e de transparência, para além da experiência política, capacidade de articulação e conhecimento das necessidades do país”, diz Bruno Fialho.

Recorde-se que Joana Amaral Dias já tinha sido a candidata do ADN às eleições europeias de junho.

Com um longo currículo na política portuguesa, Joana Amaral Dias foi deputada do Bloco de Esquerda (entre 2002 e 2005), mandatária da juventude de Mário Soares nas presidenciais de 2006, esteve ligada ao movimento Juntos Podemos – que chegou a discutir poder integrar o Livre –, foi candidata às eleições legislativas de 2015 pela coligação AGIR (que juntou PTP e MAS) e, em 2017, concorreu pelo Nós, Cidadãos! à Câmara Municipal de Lisboa. Nos últimos anos, é figura assídua na TV, como comentadora em crónicas criminais e de assuntos políticos.