João Cravinho, um dos rostos históricos do Partido Socialista, morreu esta quarta-feira aos 88 anos. De acordo com a família, o antigo ministro morreu “tranquilamente em casa”.  A notícia foi avançada pela Antena 1, que cita uma fonte familiar.

Cravinho foi ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território entre 1995 e 1999, no Governo de António Guterres.

Em 1975 também exerceu funções governativas, enquanto ministro da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves.

João Cravinho é pai do antigo ministro João Gomes Cravinho.

A última vez que os espectadores viram June Osborne (Elisabeth Moss), há cerca de dois anos, o seu destino estava mais uma vez em perigo. Depois de não ter conseguido salvar a filha Hannah – raptada e mantida prisioneira por um comandante e a sua esposa – e o marido Luke (O.T. Fagbenle) ter sido detido, June entra num comboio rumo a Vancouver, como refugiada americana no Canadá – quanto mais longe de Toronto ou de Boston, melhor.

Na temporada final da adaptação televisiva de Bruce Miller de The Handmaid’s Tale, romance homónimo da escritora canadiana Margaret Atwood de 85 anos, June terá agora como companheira de viagem a mulher que permitiu que fosse violada, a improvável Serena Waterford (Yvonne Strahovski), também ela com o filho recém-nascido nos braços. Alasca será o fim da linha para June, onde tem um reencontro inesperado; Canan, uma comunidade no Canadá onde só moram mulheres e crianças, o novo poiso para Serena.

Tudo isto por pouco tempo, pois a antiga serva não descansa enquanto não resgatar a sua filha adolescente – para que não seja obrigada a viver a sua própria história de procriação forçada. Nova Belém, uma ilha modernizada para onde podem regressar os refugiados de Gilead, a teocracia patriarcal totalitária que governa a maior parte do território que pertencia aos antigos Estados Unidos continentais, aguarda a liderança de Serena.

Na série, esta não é uma boa altura para ser americano refugiado no Canadá e a pergunta impõe-se num dos primeiros episódios: “Queremos voltar a acolher traidores, criminosos e terroristas?” “Com muros erguidos e fronteiras fechadas o país morre”, responde-se.

Para seguir os novos dez episódios (os três primeiros estrearam-se no dia 8 no TVCine+, o canal de streaming dos TVCine), não nos esqueçamos de que numa luta todos se tornam sanguinários e qualquer mãe é mais forte do que um soldado.

The Handmaid’s Tale > TVCine Edition e TVCine+ > Estreia 16 abr, qua 22h10 > 10 episódios, um novo por semana

Os números da imigração, as questões da segurança aliadas a este fenómeno ou até mesmo a “crimigração” de que já tratei em artigo anterior são armas de arremesso das contendas políticas, um pouco por todo o mundo e tornam-se, a cada dia que passa, mais violentas.

O corolário desta guerra política na qual, mais uma vez, as vítimas são os anónimos que tentam sobreviver ou viver um pouco melhor, atinge o seu ponto alto em época de eleições.

Por mera coincidência (para quem acredita nelas), foi divulgado publicamente um relatório intercalar por parte da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), onde se afirmava a existência de 1.6 milhões de imigrantes em Portugal. Ter-se-ia dessa forma ultrapassado a fasquia psicológica do milhão e meio de residentes não portugueses em território nacional. O número apresentado vai bem ao encontro dos que afirmam que temos imigrantes a mais e que somos, em termos percentuais, dos países da Europa com maior imigração.

Ora, a pergunta que se impõe é muito clara e tem a ver com a forma como se chega a essa contagem , sendo certo que os números, embora não mintam, são o que deles queiramos fazer.

A única forma de sabermos o número exato, ou melhor, aproximado o mais possível à realidade, é através da contagem do número de processos existentes.

Acontece que esta operação fica desde logo inquinada quando não se tem em conta as situações (inúmeras!) de duplicação de pedidos.

Explicando: falávamos muito das 400 mil pendências decorrentes dos processos de Manifestações de Interesse que estavam em “banho-maria” há vários anos. A realidade, porém, veio provar que o número era quase de menos 100 mil cidadãos nestas circunstâncias. As razões são várias: alguns terão regressado aos seus países de origem, outros terão falecido entretanto, outros partido para diferentes países, outros encontraram na lei outras forma de regularização fosse pelo casamento, pela paternidade ou, de uma forma muitíssimo significativa, por via do popularmente chamado Visto CPLP. Esta Autorização de Residência para os países de língua portuguesa, que entrou em vigor durante o penúltimo governo, é responsável pela esmagadora maioria das duplicações processuais e, por consequência, pelo enviesamento dos números.

Os cidadãos que tinham, há anos, a sua regularização no limbo ao abrigo das Manifestações de Interesse e que reuniam as condições para solicitar uma Autorização de Residência CPLP fizeram-no, mas não anularam a Manifestação de Interesse, just in case. Ora esta, entretanto, seguiu o seu percurso e foi aquando da entrada em funcionamento da Estrutura de Missão que se verificou esta dupla regularização. Quer isto dizer que uma parte significativa e não despicienda de processos foi contabilizada duas vezes.

A quem interessa esta empolação do numero de imigrantes sabemos nós. Da mesma forma que só entendemos um relatório intermédio a dois meses do fim da Missão da estrutura criada pela aproximação de eleições.

Mas mais do que saber quantos são importa saber quem são e como estão.

A extrema direita insiste em vender a ideia de que a maioria dos imigrantes são criminosos e que não existe qualquer controlo na sua entrada.

Uma mentira repetida ad nauseaum não se transforma em verdade. Apenas demonstra a má fé ou a profunda ignorância de quem a profere.

Portugal tem um dos sistemas de controlo de fronteiras aeroportuárias mais eficazes e melhor equipados da Europa. A troca de informação entre Órgãos de Polícia Criminal é feita célere e criteriosamente. Não é porque já não existe um determinado organismo que o serviço não se faz. Durante anos, os barbeiros tiravam dentes. Depois surgiram os dentistas. Não foi por se terem alterado as condições que deixou de haver dores de dentes e tratamento!

Não existe controlo terrestre, constatam os tais de extrema-direita. Pois claro, essa é uma das condições de pertencer a um Espaço Schengen de livre circulação de pessoas e bens. A pertença a este grupo permite uma liberdade total de exercer uma profissão, estudar, importar e exportar bens, recolocar empresas, etc. Claro que, como tudo na vida, tem um reverso, mas não se pode querer ter sol na eira e chuva no nabal! Saberão esses senhores que os estrangeiros em maior número a residir em Portugal são europeus?

E quanto à criminalidade, porque será que apenas quando muito residualmente acontece com estrangeiros, se grita aos céus e ao mundo enquanto se faz vista grossa aos inúmeros casos de violência levada a cabo por portugueses? Os adolescentes que violaram a colega e colocaram os vídeos a circular eram estrangeiros? Quantos assassinos de mulheres são estrangeiros?

Além de que não há qualquer dúvida que Portugal precisa de imigrantes. Regulares, sem dúvida, mas imigrantes mesmo assim.

O que fica por fazer e é urgente é uma integração plena de quem nos procura.

O reagrupamento familiar é essencial para que tal aconteça. Poder-se-á limitá-lo a células de família mais básica, mas não teremos integração sem família.

Tal como não teremos integração sem dignidade de tratamento e essa passa pelo acesso aos mais básicos direitos: educação, saúde e habitação. Quanto a esta última, faz-se um enorme favor aos senhores do contra quando se propõe uma discriminação positiva para imigrantes com o argumento de que os nacionais podem ficar mais tempo em casa dos pais. Afirmações deste tipo só atiçam os que pretendem retornar ao “orgulhosamente sós” e que estabelecem uma linha forjada num muro, mesmo que hipotético, entre eles e nós.

Se conhecessem alguma coisa de História, saberiam que já fomos eles e que o mundo, tal como está, pode empurrar-nos novamente a sê-lo.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A Google está a lançar, através de uma atualização dos Google Play Services, uma funcionalidade destinada a proteger os telemóveis Android e os dados dos utilizadores. Caso os telefones não sejam utilizados durante três dias, o sistema operativo obriga-o a reiniciar, tornando a extração de dados pessoais mais difícil.

A novidade chega na versão 25.14 dos Play Services, juntamente com outras melhorias. Oficialmente, a atualização foi lançada a 14 de abril, mas deve demorar alguns dias ou mesmo semanas a chegar a todos os telefones. Entre as outras novidades desta versão: o ecrã de Definições surge de cara lavada, as ligações aos telefones e relógios são mais rápidas e é possível pré-visualizar o conteúdo ao usar o Quick Share, noticia o ArsTechnica.

A Apple, com o iOS 18.1, tem uma funcionalidade semelhante para o iPhone. Na altura, as forças de segurança contestaram o Inactivity Reboot da ‘maçã’ porque julgavam ter armazenados de forma segura os iPhone de suspeitos, mas depois perceberam que estes reiniciaram e ficou mais difícil o acesso a dados.

Quer os aparelhos Android, quer os iOS, são mais seguros imediatamente após o reinício, quando estão num modo BFU (de Before First Unlock), onde a biometria e o desbloqueio com base na localização não funcionam e os dados estão armazenados de forma encriptada. Só depois da colocação do código PIN ou do passcode é que o telefone passa a estar verdadeiramente funcional e também mais acessível a cibercriminosos.

Os Google Play Services são conjuntos de serviços e bibliotecas que a Google pode atualizar automaticamente em segundo plano, desde que o telefone esteja certificado (coisa que acontece com a maioria dos aparelhos).

A OpenAI estará a trabalhar num ‘protótipo interno’ de uma rede social que envolve um feed de conteúdos e que deve assentar em torno das capacidades de geração de imagens do ChatGPT. O The Verge noticia a existência deste projeto, mas a OpenAI não confirmou oficialmente a intenção. Não é claro para já se esta rede social vai ser um produto separado do ChatGPT ou se surgirá integrado em serviços de automação da OpenAI.

Algumas fontes próximas confirmam que Sam Altman, o diretor executivo da OpenAI, está a convidar discretamente várias pessoas para dar feedback sobre o projeto. A iniciativa pode constituir uma forma para a OpenAI se manter competitiva com a Meta e a xAI (ambas empresas donas de redes sociais que têm um grande manancial de dados de utilizadores para treinar sistemas de IA). Recorde-se que Musk e Altman já chegaram a ser parceiros de negócios, mas a separação não foi amigável e, desde então, passaram a ser rivais.

A OpenAI defende, segundo o The Verge, que o objetivo desta rede é ter a Inteligência Artificial a ajudar as pessoas a partilhar melhores conteúdos: “A integração do Grok com o X tornou todos invejosos. Especialmente pela forma como as pessoas criam publicações virais ao fazê-lo dizer algo estúpido”, conta uma fonte de um laboratório de Inteligência Artificial.

Como referido, ainda não se sabe se e quando este projeto da OpenAI vai chegar ao público, nem sequer o seu nome.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou esta quarta-feira a aprovação de um acordo histórico para combater pandemias. “As nações do mundo fizeram história hoje em Genebra”, referiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, sobre o acordo, que começou a ser negociado em 2021, após a pandemia de covid-19. “Ao chegarem a um consenso sobre o Acordo de Pandemia, não só estabeleceram um acordo geracional para tornar o mundo mais seguro, mas também demonstraram que o multilateralismo está vivo e bem, e que, no nosso mundo dividido, as nações ainda podem trabalhar juntas para encontrar um terreno comum e uma resposta partilhada às ameaças comuns”, acrescentou.

O texto estabelece diversas medidas sobre a cooperação internacional e gestão das pandemias, como a criação de unidades de investigação e desenvolvimento geograficamente diversificadas, a adoção de normas concretas para a prevenção de pandemias, a mobilização de uma mão de obra qualificada para situações de emergência sanitária globais e a criação de uma cadeia de abastecimento e rede logística mundial.

Um dos principais temas de debate entre os Estados-membros da OMS foi o artigo 11 relativo à transferência de tecnologia para a produção de produtos de saúde ligados às pandemias, sobretudo em benefício dos países em desenvolvimento. A questão terá sido contestada por países menos desenvolvidos que, durante a pandemia de covid-19, viram os países mais ricos monopolizarem as doses de vacinas. Os países em que a indústria farmacêutica representa parte importante da economia são contra a transferência obrigatória de tecnologia e insistem no caráter voluntário. Foi possível, contudo, chegar a um consenso sobre o princípio da transferência “de mútuo acordo”.

De fora das negociações ficaram os Estados Unidos, após Donald Trump ter determinado a retirada do país da OMS, em janeiro deste ano.

“Os Estados-membros da OMS deram um grande passo para conseguir um mundo mais seguro perante as pandemias, ao elaborar um projeto de acordo que será debatido na próxima Assembleia Mundial da Saúde em maio”, pode ler-se num comunicado da organização. O texto deverá ser ratificado em maio, na assembleia anual da OMS, e adotado por todos os países membros da Organização. 

O prazo médio de reembolso varia de declaração para declaração, estando relacionado com o caso concreto de cada contribuinte, a complexidade da sua situação fiscal ou até do número de anexos da declaração anual do imposto, conforme lembrou, no final de março, em entrevista à Lusa, a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais. Cláudia Reis Duarte também anunciou, na altura, que o caminho de redução do prazo médio do reembolso do IRS vai se manter este ano, devendo diminuir face aos 13 dias de 2024.

“Com um aumento cada vez maior de declarações pré-preenchidas, do IRS automático, a expectativa é sempre que consigamos vir paulatinamente a diminuir os tempos médios de reembolso”, precisou Cláudia Reis Duarte.

Em 2024, o prazo médio do reembolso das cerca de seis milhões de declarações liquidadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) até ao dia 01 de agosto foi de 24,2 dias, tendo este prazo médio sido de 12,9 dias no caso do IRS automático.

Duas semanas volvidas desde o primeiro dia do prazo de entrega (que vai até 30 de junho) das declarações relativas aos rendimentos do ano passado, os reembolsos já começaram a chegar às contas de quem não quis esperar para o acerto de contas com o fisco.

Desde o momento da submissão até à liquidação, a declaração passa por vários estados, que é possível consultar no Portal das Finanças – depois de fazer o login, pode pesquisar “consultar irs” e escolher “consultar declaração de IRS”.

Feita a validação (que pode ser quase imediata ou demorar alguns dias, caso seja, por exemplo, necessário cruzar a informação com outro contribuinte, como no caso dos que têm filhos menores em guarda partilhada), a declaração passa por estes estados, nos casos em que há lugar a reembolso.

  1. Declaração Certa – A declaração foi validada sem terem sido verificados quaisquer erros centrais;
  2. Liquidação Processada – Esta é segunda etapa do processo e quer dizer que as Finanças já apuraram o valor a devolver;
  3. Reembolso Emitido – Já foi dada a ordem para transferência e o reembolso deverá chegar à conta do contribuinte em cerca de três dias no máximo;
  4. Pagamento confirmado – O reembolso do IRS foi já liquidado.

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A Google anunciou, ao fim de quatro meses em modo de experimentação, a chegada do Veo aos utilizadores da modalidade Advanced do assistente digital Gemini. O Veo 2 é uma ferramenta de geração de vídeos com base em texto introduzido pelo utilizador: “Quanto mais detalhada a descrição, mais controlo têm sobre o vídeo final”, descreve a Google.

O Veo 2 consegue gerar vídeos de 720p de resolução, com até oito segundos de duração e, nesta fase, apenas em orientação 16:9. Os vídeos criados podem ser partilhados diretamente no TikTok ou no YouTube e qualquer criação é formatada automaticamente para o formato MP4. Esta segunda versão do Veo tem uma melhor compreensão da física e do movimento humano.

A subscrição do Gemini Advanced pressupõe a adesão ao plano One AI Premium, que tem um custo mensal de 20 dólares. Assim que a Google terminar o lançamento, o Veo 2 vai estar disponível em qualquer idioma em que se possa usar o Gemini, quer na web, quer nos telemóveis e tablets.

A poluição do ar é uma das principais ameaças ambientais à saúde humana, sendo responsável por mihares de mortes prematuras e um aumento significativo de doenças respiratórias e cardiovasculares a nível global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 90% da população mundial respira ar considerado poluído, sendo que a qualidade do ar é reconhecida como um dos maiores riscos ambientais para a saúde pública.

Agora, um projeto português pretende transformar dados da qualidade do ar e das condições meteorológicas, recolhidos por satélite, em alertas precoces para hospitais e serviços de emergência. O Air4Health junta a GMV Portugal, o laboratório colaborativo +Atlântico CoLAB e a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e conta com o financiamento da Agência Espacial Europeia (ESA) e do Governo.

Prever grandes afluências nos Hospitais

O projeto português, Air4Health, pretende criar um sistema de previsão de picos de afluência às urgências hospitalares com base na qualidade do ar e nas condições meteorológicas, como a temperatura. De acordo com Vital Teresa, Gestor de negócio de Institutional Ground Segment, da GMV, em Portugal, e um dos responsáveis pelo projeto, “O que estamos a desenvolver é um sistema que cruza dados de satélite com modelos atmosféricos e de saúde pública para prever, a nível de freguesia, o impacto de poluentes como o dióxido de azoto e o ozono na população. Sabemos que estas substâncias, quando combinadas com temperaturas extremas, podem agravar doenças respiratórias e cardiovasculares. Se conseguirmos prever esses efeitos com antecedência, as unidades de saúde poderão preparar-se melhor”, explicou em entrevista à Exame Informática.

Vital Teresa, Gestor de negócio de Institutional Ground Segment, da GMV, em Portugal

Este sistema tem o potencial de ajudar hospitais e serviços de emergência, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a reagir proativamente às flutuações na qualidade do ar e às condições climáticas extremas, permitindo-lhes reforçar as equipas ou reorganizar as escalas nos dias em que se antecipa um aumento significativo de casos de doenças respiratórias ou problemas de saúde relacionados com a poluição do ar. A utilização de dados precisos e em tempo real para monitorizar a qualidade do ar garante uma abordagem mais dinâmica e ajustada às necessidades locais, uma vez que os efeitos dos poluentes variam em diferentes regiões e até a nível de freguesia.

Como funciona a tecnologia?

O Air4Health baseia-se na combinação de dados de satélite, sensores atmosféricos e modelos preditivos avançados. Os satélites utilizados pertencem ao programa Copernicus da Agência Espacial Europeia (ESA), nomeadamente o satélite Sentinel-5 Precursor, que monitoriza a qualidade do ar a nível global. Este satélite é capaz de fornecer dados sobre concentrações de poluentes no ar, como dióxido de azoto, ozono, dióxido de enxofre, entre outros. Contudo, o grande desafio é garantir que os dados de satélite, com uma resolução global, sejam suficientemente detalhados para gerar previsões locais e em tempo real.

O satélite Sentinel-5 Precursor, lançado em 2017, faz parte do programa Copernicus da ESA e monitoriza a qualidade do ar a nível global

Os dados são ainda combinados com medições de estações meteorológicas e sensores atmosféricos em Terra, que disponibilizam informações mais específicas sobre as condições locais. A integração desses dados com modelos de saúde pública, que consideram variáveis como a prevalência de doenças respiratórias na população, tornam o sistema ainda mais preciso e eficaz. “O grande desafio é garantir que a resolução dos dados de satélite seja suficientemente precisa para fazer previsões a nível local, não só regional ou nacional. O nosso objetivo é ser capaz de detalhar as condições de saúde de cada freguesia”, detalha Vital Teresa, que é formado em Engenharia Aeroespacial.

A aplicação de Inteligência Artificial (IA) também é crucial neste projeto. Algoritmos de IA são usados para analisar grandes volumes de dados e identificar padrões que possam prever quando a qualidade do ar vai atingir níveis críticos. A IA permite ainda a constante adaptação do sistema com base em dados históricos, ajudando a melhorar a precisão das previsões ao longo do tempo.

Fases de implementação e expansão

A primeira fase do projeto consiste no lançamento de um demonstrador do serviço, que ficará disponível na plataforma europeia Destiny Earth em novembro deste ano. Caso os resultados sejam validados pela ESA, o sistema passará por mais um ano de desenvolvimento operacional, com a previsão de lançamento do serviço completo em 2026.

Inicialmente, os testes do sistema serão realizados na Área Metropolitana de Lisboa e Madrid, locais com uma alta densidade populacional e diversos desafios de qualidade do ar. Mas, a longo prazo, o projeto tem como objetivo expandir para outras cidades, e até para outros países. “A ESA não financiaria um projeto que se limitasse a um pequeno território, o objetivo é cobrir várias cidades da Europa”, sublinha o responsável.

Inicialmente, o Air4Health será um serviço que vai enviar relatórios às unidades de saúde, semelhante aos alertas meteorológicos. Com o tempo, a expectativa é que o sistema evolua para uma solução mais automatizada, com notificações em tempo real. “No futuro, queremos que o sistema seja capaz de enviar alertas automáticos e até avisos por SMS (mensagens de texto) para grupos de risco, como idosos e doentes crónicos, avisando-os quando a qualidade do ar atingir níveis prejudiciais à saúde”, afirma Vital Teresa.

Se tudo correr como previsto, dentro de poucos anos os hospitais podem ter um novo aliado na gestão das urgências. Mas, resta saber se, quando lá chegarmos, vão existir recursos, sobretudo humanos, para colocar esta antecipação em prática.