Esta entrevista carece de uma declaração de interesses. Em abril de 2009, a VISÃO publicou um grande artigo retratando a vida de 12 desempregados, um grupo que acompanhou ao longo de um ano, enquanto essas pessoas procuravam trabalho. Cátia Goarmon foi uma delas. Quando a conhecemos, estava parada há sete meses, a receber o máximo do subsídio de desemprego, depois de vários anos como account numa empresa de licenciamento de marcas. Aproveitava então o tempo livre para acompanhar os dois filhos pequenos, e fazer pulseiras de prata e malas com restos de tecidos, que vendia a amigos. E estudava à noite, na Universidade Atlântica, no curso de Marketing e Comunicação Empresarial. Em julho de 2010, regressou às páginas da revista porque tinha arranjado emprego, ao mesmo tempo que fora selecionada para fazer o curso Jumpstart da Universidade Nova de Lisboa, para desempregados. Haveria de se arrepender da escolha: em vez de ir estudar, optou por voltar à farmacêutica onde trabalhara de 1995 a 1998 para vender produtos dermatológicos. Ao fim de nove meses, bateu de vez com a porta, em desentendimento com a chefe. Ainda regressou à Biplano, a empresa de licenciamento de onde saíra em 2008, durante um ano e meio, até o escritório fechar de vez em Portugal. Em maio de 2014, entrou em nova ronda de desemprego. Foi aí que enviou uma candidatura ao concurso Chefs’ Academy. O resto da história, a dos últimos dez anos em que se tornou a cozinheira e apresentadora de televisão Tia Cátia, passou a ser do domínio público. Aqui se põe a conversa em dia, com muitas gargalhadas, mesmo quando o assunto ronda o cancro ou o défice de atenção.

“Não sou uma cozinheira profissional, sou apenas uma aprendiz de feiticeira.” Ainda é assim que se apresenta?
Agora não, já me profissionalizei. Mas comecei, de facto, como uma aprendiz de feiticeira, porque trabalhava noutra área completamente diferente.

Este foi apenas um dos twists que a sua vida deu. Qual foi a sucessão de acontecimentos que acabou por levá-la à televisão?
Tinha trabalhado muitos anos na indústria farmacêutica. Depois saí para o marketing, na área de licensing, para gerir os direitos do Noddy e os outros personagens. Entretanto, em 2008 fiquei desempregada. Nessa altura, voltei a estudar para fazer o curso de Marketing e Comunicação. E regressei à indústria farmacêutica, onde estive para aí dois anos. Portanto, sempre a bater um bocadinho na mesma tecla, a achar que o meu percurso seria por aí.

Quando percebeu que estava errada?
Em 2014, quando fiquei outra vez desempregada, com 42 anos. Nessa altura, pensei: não vou voltar a pôr os ovos todos na mesma cesta. Vou começar a distribuí-los por várias áreas – alguma há de dar. E como toda a vida tinha gostado de cozinhar e diziam que me ajeitava muito bem, pensei que podia ir por aí. Só que, com a idade que tinha, era difícil entrar no mercado de trabalho, onde normalmente se começa muito cedo.

É aí que aparece a hipótese MasterChef?
Jamais deixaria um trabalho onde tivesse um salário fixo para, de repente, ir para um concurso de televisão. Mas como estava desempregada, não havia nada a perder. E concorri ao Chefs’ Academy, da RTP, mas não fui selecionada. Meses depois, a produtora do MasterChef ligou-me a saber se queria fazer um casting para aquele concurso, que era mais adequado às minhas qualificações. Vacilei um bocadinho, porque o outro tinha um formato mais querido, as pessoas iam até ao fim do programa e só depois é que se decidia quem era o primeiro. Este era mais competitivo, coisa que à partida não me agradou, mas lá fui.

Esse passo acabou por mudar a sua vida até hoje, de uma forma curiosa…
O concurso durava 15 semanas, mas na 13ª caí, parti um braço e tive de desistir da competição. Portanto, já aí havia um vislumbre de que, se calhar, o meu caminho não seria propriamente por aquela cozinha pura e dura. Teria mais a ver com aquilo que já tinha feito anteriormente, pelo menos a parte da comunicação e do marketing.

Porque chegou a essa conclusão?
Porque não acabei, não ganhei.

Por causa de um acidente.
Digo sempre que foi o meu pai [que já morreu] que me passou uma rasteira, como quem me transmite: “Calma, que estás a ir com muita sede ao pote e se calhar o teu caminho não é por aí.”

E na realidade não foi.
A atual Disney, na altura Fox, estava à procura de alguém para um programa de cozinha, pois queriam fazer mais conteúdo nacional. E como me viram no MasterChef, contactaram-me para fazer um casting – no primeiro dia ainda estava de braço ao peito. Quando fiz o teste de imagem – nem sabia bem do que se tratava –, eles gostaram e propuseram-me a primeira temporada de Segredos da Tia Cátia, logo com 34 episódios.

Já passaram dez anos, o que é obra em televisão. Qual é o verdadeiro segredo da Tia Cátia?
Acho que é, desde o princípio, ser igual a mim própria, genuína e pouco trabalhada. Já me dá tanto trabalho ser eu – sou várias pessoas, cozinheira, mãe, mulher, costureira –, que arranjar mais um personagem, seria complicadíssimo. O segredo também é ter uma equipa incrível que conseguimos manter ao longo destes anos. Somos mesmo uma família – é um cliché do mais piroso que se pode imaginar, mas a verdade é essa. Até a minha mãe o diz. Portanto, temos a sensação de que o programa não é meu, nem do realizador, nem do produtor. É de todos. E é por isso que transpira esta boa energia.

Está a pensar em dar outra reviravolta na sua vida?
Não estou a pensar nisso. Por mim, é para continuar até ser velhinha.

As receitas que apresenta são mesmo exequíveis. É essa a intenção?
O meu intuito não é mostrar que sei cozinhar, que sei fazer, porque se não soubesse não estaria ali. Quero é que qualquer pessoa que se predisponha a entrar na cozinha e a arregaçar as mangas consiga fazer aquela receita. É mais uma coisa de partilha e não tanto de egos.

O que sentiu ao ver-se na retrospetiva que o 24 Kitchen fez dos seus programas?
Senti que tenho uma enorme capacidade de mudar. Penso que é isso que me mantém no casamento há 30 anos. Todos os anos, ele acha que sou uma pessoa diferente [gargalhada]. É como ter o mesmo emprego, mas não o mesmo trabalho, pois embora esteja na mesma empresa, vou mudando de departamento. Estou sempre a criar coisas novas.

Como A Cozinha da Tia Cátia, em que estamos, e que inaugurou no final do ano passado?
Demorámos horas a pensar como é que íamos chamar a este espaço para workshops… [Risos].

Porque nunca quis ter um restaurante, como os outros cozinheiros?
Seria muito redutor. Para um restaurante ser rentável, há que criar um menu e cingirmo-nos a ele durante muito tempo. Não dá para andar a alterá-lo todas as semanas, como gostaria. Além de que significaria fechar-me numa cozinha e também não era isso que queria. Prefiro partilhar segredos, truques e dicas – não gosto de dizer ensinar porque é um bocadinho pretensioso. Ao longo destes dez anos, tenho feito muitos showcookings pelo País e comecei a ver que havia público para isso. E as empresas têm muita necessidade de ideias para team buildings. Porque não fazer na área da culinária?

Tem corrido bem?
As pessoas conseguem despir o preconceito do estatuto ou da hierarquia que têm na empresa – quando põem o avental, são todas iguais e tornam-se mais humanas. A gastronomia tem esse poder incrível de unir as pessoas.

É mesmo a Tia Cátia que está aqui ou pode ser uma sobrinha?
Sou sempre eu, mas só trabalhamos em família.

Ainda continua a cozinhar para a família toda, como fazia antigamente, ou já passou a bola a outro?
Ainda agora a minha mãe fez 84 anos, o jantar foi aqui e fiz uma feijoada. Mas éramos só 30, a família mais próxima. Quando alargamos um bocadinho, já somos 50.

No primeiro episódio desta nova temporada, reinterpretou os três pratos que apresentou no dia da estreia, há dez anos. É uma metáfora para a sua própria reinterpretação?
Trata-se de três pratos típicos: ervilhas com ovos escalfados, crumble de maçã e folhados com queijo de cabra. A décima vez que faço uma receita, já não tem nada a ver com a primeira, porque tenho necessidade de estar constantemente a mudar, a acrescentar. Sou aquela pessoa que compra uma roupa e tem sempre de lhe dar um toque diferente, de lhe mudar um botão ou tirar um cós. Isto tem a ver com a minha hiperatividade.

Essa hiperatividade está diagnosticada ou é só uma maneira de falar?
Quando o meu filho Manel foi diagnosticado com PHDA [Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção], os médicos disseram que normalmente o pai ou a mãe, ou os dois, poderiam ter. Na altura, tinha recomeçado a estudar, aos 36 anos, e havia um psiquiatra que estava a fazer um estudo de doutoramento sobre doentes com PHDA diagnosticado em adultos, estudantes universitários. Foi aí que descobri. Um dia, li uma frase que dizia que as pessoas com esta perturbação pensam mais até ao pequeno-almoço do que a maior parte das pessoas durante o dia todo.

Isso quer dizer o quê?
Que estamos sempre a pensar, a resolver coisas. Normalmente, quando não se tem maturidade suficiente para gerir esses pensamentos todos que nos assolam constantemente, baralhamo-nos e começamos a ter comportamentos de hiperatividade descontrolada e, mais tarde, comportamentos desviantes. Normalmente não são bons alunos, chumbam, começam a ficar para trás, portanto a ficar desvinculados da sua faixa etária.

Em adultos, o que faz?
Pode ser incrível, porque permite fazer muita coisa ao mesmo tempo e ter muita energia. E que não sejas só uma pessoa, mas várias. Já aprendi a gerir isto, porque pode tornar-se cansativo. Faço listas, tenho agenda e aponto tudo lá. Sonho com receitas, do princípio ao fim. Depois acordo e escrevo.

Como foi passar, de repente, de anónima a uma pessoa conhecida em todo o lado?
Tenho uma grande vantagem, que é não me deslumbrar, porque já sou uma pessoa crescida. Pela minha experiência de vida, sei que hoje é tudo incrível e que amanhã pode deixar de ser. Portanto, é aproveitar o momento, respeitar quem nos cumprimenta. Se não apetecer estar com ninguém, é não sair de casa e está tudo bem.

Porque decidiu fazer uma operação para perder peso?
Tive uma menopausa precoce, no seguimento de uma operação para tirar o útero. Entrei nesse processo muito cedo, sem grande companhia. As minhas amigas, com 40 anos, estavam todas frescas e fofas, para lavar e durar. E depois, nesta mudança toda de vida profissional, tive de resolver: “Vou ficar mais gordinha, paciência, é o que temos disponível no mercado.” Emagrecer não era uma prioridade, embora sempre tivesse cuidados.

Qual é o seu maior pecado?
Adoro uma torradinha. Também adoro Cerelac, mas não como, por razões óbvias.

O que aconteceu agora para se atirar à cirurgia?
Já tinha perdido alguns quilos nestes dez anos, com dieta, não mais de dez neste tempo todo. Tinha chegado aos 90, mas não passava dali. E comecei a preocupar-me com o facto de já ter uma série de comorbidades associadas, como diabetes, hipertensão, colesterol e fibromialgia, que não ajuda na perda de peso.

Que operação foi essa?
Trata-se de uma cirurgia metabólica. Não é só uma operação de redução de estômago, ela vai atuar no metabolismo (o facto de ter tanta gordura a nível visceral fez com que o meu metabolismo ficasse cada vez mais lento). Chama-se porta única, porque é feita através do umbigo, e foi no Centro de Inovação Médica do Porto que me cortaram a parte do estômago que produz a grelina, a tal hormona da fome. Estando o estômago mais pequeno, obviamente não ingiro tantas calorias, ao mesmo tempo que há mais gasto energético, logo, emagreço. Perdi 11 quilos em dois meses. É muito rápido. Agora preciso de perder para aí mais sete.

De que forma é que o cancro da mama impactou na sua vida?
Sabe aqueles casos em que, de repente, as pessoas se tornam melhores? Nada. Fiquei igual. Mas deu-me uma perspetiva diferente. Tinha 18 anos quando o meu pai morreu, sempre tive a noção de que a vida é muito efémera e passa muito rápido e que não passa para todos da mesma maneira. Foi um bocadinho assustador, porque tive um cancro exatamente com a mesma idade em que o meu pai teve.

Tomou o cancro como uma luta assumida. Por ser importante passar uma mensagem positiva em casos como o seu?
A parte emocional é meio caminho andado para ultrapassar o que quer que seja. Claro que quando fui fazer a primeira mamografia e ecografia e o médico me disse depois que tinha qualquer coisa, que não era brincadeira, e que pelo tamanho ia dar muito trabalho, senti um soco no estômago. Estive ali uns minutinhos a digerir a coisa, cheguei a casa, falei com o meu marido, e depois foi do tipo: “Vamos embora, vamos para a frente, fazer o que tem de ser feito.” E agora já está.

E está tudo bem agora?
Sim, mas continuo a ser acompanhada de seis em seis meses, no Serviço Nacional de Saúde. E ainda não fiz a reconstituição mamária.

Qual a maior lição que tira desta década de sucesso profissional?
Sei que aproveitei cada ano, mesmo aqueles mais complicados. E hoje não deixo de aceitar certos pedidos, porque me lembro sempre de que, há dez anos, quando comecei, esses trabalhos ajudaram-me a pagar as contas.

De que tipo de trabalhos está a falar?
Aqueles que me obrigam a, por exemplo, ir daqui até Freixo de Espada à Cinta para fazer um workshop ou deslocar-me a uma escola para falar aos miúdos. Atualmente já poderia não aceitar, mas continuo a fazê-los, de acordo com a minha agenda, claro, pois nunca me esqueço daqueles que me respeitaram e apostaram em mim quando estava a começar, sem experiência nenhuma na matéria.

A Direita (AD + Chega + IL) tem deputados suficientes para mudar a Constituição. É sabido que, em alguns círculos, há vontade de alterar o preâmbulo – “abrir caminho para uma sociedade socialista” -, que, apesar de ter apenas valor histórico, não jurídico, ainda vai servindo de argumento ao PCP para vender o seu peixe. Mas isso implicava transformar o “não é não” em “não é sim”. Luís Montenegro não vai, certamente, faltar à sua palavra por uma questão tão comezinha. 

A Esquerda toda junta tem 68 deputados. PS, Livre, PCP e BE ocupam apenas 29,5% do hemiciclo. Mesmo contando com o PAN, que, apesar de estar próximo do PS, não gosta de se definir ideologicamente pela dicotomia clássica, a “não-Direita” fica exatamente nos 30%. 

O PCP continua a confirmar que vive num mundo muito seu: depois de o povo o empurrar em direção à irrelevância, ou quase extinção (passou de quatro para três deputados), e de, pelo caminho, ver o “seu” Alentejo transformar-se no Cheguistão, anunciou já uma moção de rejeição ao programa do Governo – programa esse que ainda não é conhecido. 

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Palavras-chave:

As origens de Cristóvão Carvalho estão alicerçadas em diversos pontos, não só do nosso país mas do mundo. Nasceu em Paris, a 25 de dezembro de 1972, para onde os pais tinham emigrado. Por diferentes motivos, diga-se. O pai, oriundo de Alcobaça, escolheu emigrar depois de ter cumprido serviço militar em Angola, como operador cripto. Os segredos que trouxe do Ultramar não lhe davam outra hipótese que não fosse ser, durante três anos, agente da PIDE. “Como era absolutamente contra o regime, decidiu rumar a França”, conta Cristóvão. O caso da mãe foi diferente. “Nasceu em Trancoso, numa família muito modesta”, conta o advogado, acrescentando que, tendo-se ficado pela quarta classe, e apesar de grande mestria nas artes da costura, “aos 19 anos, percebeu que a vida aqui não dava e rumou também a França”. Por lá se conhecem e “iniciam uma linda história de amor”, da qual nasceu Cristóvão, que não haveria, porém, de ficar por terras gaulesas por muito tempo. Com um ano, veio viver com os avós maternos, em Courelas, perto de Trancoso, distrito da Guarda. Lá viveu até aos 9 anos, sempre “à espera do carro preto dos pais que chegava no dia 1 de agosto”. Foi também por lá que nasceu o amor pelo Benfica, incentivado pelos relatos que ouvia na rádio ao lado do avô e pelos jogos Benfica-Sporting que fazia com os amigos no adro da Igreja, “sempre de luvas pretas”, porque o seu ídolo era João Alves, e invariavelmente do lado dos encarnados. “Se assim não fosse, não havia jogo, pois a bola era minha. Tinham sido os pais a trazê-la de França”, recorda.

O Secundário já foi feito em Alcobaça, depois de os pais terem regressado a Portugal para se estabelecerem em Aljubarrota. O Benfica, nessa altura, chegava pela televisão e as primeiras idas ao antigo Estádio da Luz só aconteceram quando Cristóvão foi tirar o curso de Direito na Universidade Lusíada, a mesma onde agora estuda a sua filha. “Como tínhamos pouco dinheiro, eu e uns amigos conhecíamos um porteiro que, às vezes, nos deixava entrar a meio da primeira parte. Se não, víamos só a segunda, quando abriam as portas”, recorda o homem que só veio a fazer-se sócio do clube do coração bastante mais tarde, quando um paquete da sociedade onde começou a trabalhar, a Consultan, lhe apresentou, há 20 anos, uma proposta, sabendo da sua paixão pelos encarnados. Um amor que só cresceu e que até o levou a cometer algumas loucuras, “como aquela vez que, depois de perdemos a final da Liga Europa contra o Sevilha, a frustração foi tanta que eu e os meus amigos nos esquecemos que tínhamos de apanhar o avião de regresso a Lisboa e tivemos de passar mais uma noite em Turim”.

Já aos comandos da sua sociedade, a CCA (Costa Carvalho Advogados), especializada em corporate, negócios, empresas, assessoria e governance, dedicou-se ainda mais ao Benfica, “sobretudo nos últimos dez anos, com intervenção em assembleias gerais e participação em discussões com outros benfiquistas.” Há cinco anos, nas últimas eleições ganhas por Luís Filipe Vieira, foi candidato a vice-presidente na lista de Rui Gomes da Silva. Em 2025, será a sua vez? É possível, até porque a recente mudança de estatutos, pela qual se bateu juntamente com vários dos seus apoiantes, já o permite, pois baixou para 15 o número de anos de sócio necessários para se poder concorrer à presidência. Antes, eram 25.

LEIA TAMBÉM A ENTREVISTA:
Cristóvão Carvalho: “Em 12 anos, o Benfica tem de ganhar três títulos europeus”. O que defende o novo candidato a presidência do clube

Artigo publicado originalmente em março de 2025

O ex-presidente Biden sofre de um cancro na próstata, extraordinariamente agressivo, e nunca os seus médicos revelaram essa condição clínica. Resta saber se, ao menos, a terão comunicado ao próprio ou à esposa, ou se terá sido mais uma manobra de encobrimento envolvendo a Casa Branca, relativamente ao seu estado de saúde.

Se Biden pudesse ganhar um segundo mandato mandato, numa situação já tão penosa, os EUA teriam Kamala Harris como presidente. A idade e o estado de saúde do ex-presidente, somados às exigências do cargo, apressariam o desfecho infeliz dessa doença. A propósito, importa pôr fim ao mito de que um cancro, em idosos, é mais facilmente dominado e menos agressivo. Isso é falso.

O livro recentemente publicado nos EUA, Fight, da autoria de Jonathan Allen e Amie Parnes, dois jornalistas reputados, descreve o funcionamento da cúpula da Casa Branca no sentido de encobrir as fragilidades de saúde de Biden. Uma verdadeira farsa, uma hipocrisia política ao nível de Trump.

Biden enfrenta agora a luta da sua vida. É um homem determinado, tem uma família combativa e está, certamente, a seguir todos os protocolos médicos mais avançados para tentar controlar a situação. Tudo isto é uma tristeza que o Senhor não merecia.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Existe no horizonte a possibilidade de um futuro de ouro, com novo visto que não se vende ao quilate, mas que se poderia conquistar com o diploma certo. Um passaporte português para quem nos ajude a pensar o futuro, e não apenas a inflacionar o presente.

Transformámos os centros urbanos portugueses em postais turísticos habitados por fantasmas — não de gente que partiu desta para melhor, mas para o Barreiro, Alhandra e Seixal, que as rendas em Lisboa assustam mais do que almas penadas. Vendemos os centros históricos a retalho, os bairros ao metro quadrado, a identidade de um país ao desbarato e o passaporte ao branqueamento de capitais. O anterior visto gold ajudou a transformar os grandes centros urbanos em autênticos resorts, onde cada cliente nem precisava de pulseirinha para o all inclusive imobiliário. E se, agora, lhe déssemos uma nova vida, mas desta vez mais digna? Em vez de malas de dinheiro que rebentam com o orçamento mensal de quem tem de viver com muito pouco, a entrada podia faturar-se com boas ideias. Se é para trazer massa para o País, que seja também da cinzenta.

Antigamente, os turistas vinham pela sardinha, hoje, chegam pelo like no Instagram. Há um par de décadas, chuchavam a gordura dos dedos que pingava do pão, hoje, chupam palhinha de cocktail, em rooftops e sunsets. Somos a Flórida dos reformados do norte da Europa, a nova Cancún de “expats” e “criptodudes”, com tanto de conhecimento sobre mercados financeiros como sobre a história dos edifícios históricos que agora habitam. E atentem que vem aí nova fornada, que a bitcoin voltou a subir.

Se o visto gold ajudou a branquear máfias oligárquicas e empresários internacionais de currículo pouco recomendável, porque não oferecê-lo, agora, às grandes cabeças em fuga, quando a Europa desespera por inovação e boas ideias? Um Research Gold Visa, que o estrangeirismo ainda é necessário para aliciar forasteiros. Um passe dourado para quem tem grandes ideias e as quer pôr em prática. Engodo certo para cientistas, investigadores, empreendedores tecnológicos, grandes mentes em fuga da purga intelectual que está a assolar o nosso ex-aliado do outro lado do oceano.

Nos Estados Unidos, a nova vaga trumpiana apelida as universidades de inimigas da civilização ocidental e de ninhos de subversão. Há congressistas que acham que a ciência é uma conspiração globalista e acusam académicos de serem anti-cristãos — como se a ciência fosse um ato de fé — , lutam para despedir funcionários públicos, técnicos ambientais e climatologistas que se atravessem no caminho do carvão e do petróleo, entre muitos outros colecionáveis que fariam sucesso numa qualquer caderneta de cromos de estupidez. Por lá, sabemos ainda que os profissionais de saúde e toda a área da investigação médica correm perigo, quando o novo secretário da Saúde acredita que há químicos na água a trocar-nos os géneros e vacinas que provocam autismo. Aqui, na Europa, somos maioritariamente pelas vacinas, ainda que tenhamos consciência de que as únicas eficazes contra a ignorância sejam a ciência e o conhecimento. Bibliotecas esvaziadas, fundos cortados, vistos revogados. Estão a um pequeno passo de um novo Grande Salto em Frente, agora a Ocidente, que, tal como o original, terá seguramente um efeito contrário. Só falta começarem a matar todos os pardais, como o Grande Timoneiro chinês, convencidos de que assim terão maiores colheitas, deixando o país à sorte de fruta bichosa, numa espécie de fome intelectual. Um estado que desconfia da inteligência não pode ser grande amigo do seu futuro.

Se o país que outrora foi farol da inovação parece ameaçar apagão científico, que se acene vigorosamente com alguma luz deste lado do Atlântico, para que estes novos refugiados intelectuais encontrem porto seguro neste bonito país à beira-mar plantado. Em troca, em vez de um apartamento de 500 mil euros em Alfama, aceitamos a criação de bolsas de investigação, a integração num centro científico ou até o lançamento de uma startup tecnológica com base em conhecimento avançado. E, se é para sonhar em grande, que se aponte para o interior: crie-se um centro de investigação de saúde e biotecnologia no coração do Alentejo, um novo vale de silício no nordeste transmontano — talvez o silêncio os ajude a pensar com maior clareza — , um novo departamento de sustentabilidade no Sabugal, onde se estuda o clima com vista para a serra.

Por esta razão, a União Europeia criou o programa “Choose Europe for Science”, e já sabemos: portugueses são finos a aproveitar fundos europeus, sendo que aqui não temos de cortar oliveiras a favor da concorrência ibérica. França e Alemanha não precisaram do tiro de partida para se lançarem nesta corrida ao novo ouro intelectual. Podem ter melhores universidades, infraestrutura e capital, mas até os reformados franceses e alemães sabem que nada bate o nosso clima, os nossos encantos naturais e gastronomia. Aqui, temos mar, rios, montanhas, o pãozinho quente e o pastel de nata logo pela manhã. Oferecemos trabalho em ambiente de férias, com possibilidade de copo com sombrinha depois do trabalho e pezinho na areia. Por cá, ainda encontram custo de vida em saldos, até para um dólar a desvalorizar, um ambiente de segurança raro para toda a família, que prometemos ajudar a integrar na sociedade portuguesa, onde as crianças podem brincar na rua e encontrar livros e diversidade nas bibliotecas.

Mas o País não é só cenário para histórias com final feliz. Hoje, Portugal é reconhecido como viveiro de talentos nas áreas de programação e engenharia informática, por exemplo. Os grandes tubarões tecnológicos sabem-no bem, e tanto os levam para fora como os instalam em aquários tecnológicos nacionais, que apelidam de tech hubs, e que lhes saem bem mais em conta. Será esta a colheita de sementes plantadas há quase 20 anos, sob a forma de pequenos computadores Magalhães, que chegaram às mãos de miúdos de todo o País? Talvez. Mas este é o momento de plantar novas oportunidades, até porque um país que insiste em envelhecer precisa desesperadamente de manter esta fornada de talento em solo nacional. Temos gente preparada, especializada, pronta a abraçar novos projetos que facilmente poderiam nascer dessa migração americana. E convém lembrar, em Portugal, a quase totalidade das pessoas abaixo dos 50 fala inglês — e apesar do nosso sol que faz inveja a toda a Europa, não falam só inglês de praia. Não é fácil encontrar outro país europeu com um sotaque tão aberto ao mundo e tão propício à internacionalização.

Que se estenda a iniciativa à outra metade da equação, grandes empresas e laboratórios, com medidas concretas que incentivem o investimento e a instalação em Portugal. Espreitem o exemplo da Irlanda. Criem programas de cofinanciamento, incentivos fiscais à investigação e desenvolvimento, com especial favorecimento a regiões com baixa densidade populacional. Que se encontre, também, flexibilidade para a burocracia e regime laboral nestes casos, com modelos de avaliação anuais que permitam separar o trigo do joio ou a inteligência artificial do chico-espertismo.

Ainda podemos ser um país onde o conhecimento é um bem público, e não um luxo reservado a quem o pode importar. Não precisamos de fortunas para comprar e desabitar ruas inteiras de Lisboa ou do Porto, precisamos de gente com conhecimento e ideias para fazer de Portugal um novo motor da inovação europeia. Sei que parece impossível, mas este é um daqueles momentos raros para o tornar possível. Com sorte, daqui a uns anos, um desses investigadores de português martelado ainda nos ajuda a resolver o problema da habitação. Como eles dizem, é uma win-win situation.

Esta é uma oportunidade única de retribuição poética. Se os EUA receberam Einstein, Arendt e Fritz Lang quando a Europa perdeu o juízo nos anos 30 e 40, este é o tempo certo para lhes devolver o favor. Portugal tem todo o gosto em dar passaporte a todas as grandes ideias que já não cabem no velho sonho americano. Prometemos um país de paz, ainda intacta, à espera de se descobrir por quem ainda acredita que pensar é o mais revolucionário de todos os investimentos.

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A Microsoft anunciou no arranque da conferência Build que assinou uma parceria com a xAI de Elon Musk para trazer os modelos Grok para a plataforma Azure, expandindo o acesso a modelos de Inteligência Artificial avançados. Com este acordo, a Microsoft aumenta o portefólio de sistemas de IA, enquanto a xAI beneficia de mais um canal de distribuição.

Os modelos Grok 3 e Grok 3 mini vão estar disponíveis na plataforma Azure AI Foundry, com funcionalidades para empresas, como acordos de entrega de serviço e a cobrança feita diretamente pela Microsoft. Os modelos Grok foram descritos por Musk como não tendo filtros e serem anti-woke, mas têm recebido críticas por ultrapassarem as fronteiras de aceitabilidade de respostas, respondendo a perguntas a que outros modelos recusam responder. Na Azure, no entanto, os modelos Grok vão ser controlados de forma mais rígida do que são noutras plataformas. A oferta da Microsoft inclui uma gestão melhorada, personalização e integração para uso seguro em contexto empresaria, conta o Interesting Engineering.

Com esta adição, a Microsoft reforça a posição de liderança da IA na cloud, com os utilizadores a terem disponíveis agora mais de 1900 modelos, incluindo sistemas da OpenAI, da Meta e da DeepSeek, faltando as soluções da Google e da Anthropic.

O responsável técnico da Microsoft, Kevin Scott, explica que “para tornar os agentes de IA verdadeiramente eficientes, precisamos de os conectar com tudo no mundo”.

Também na Build, a Microsoft contou que traz novas funcionalidades na linha 365 Copilot, com ferramentas como Researcher e Analyst, focados na análise aprofundada e na geração de conclusões. Os utilizadores vão poder gerar estratégias detalhadas com dados internos e externos.

Tem uma scooter elétrica (ou microcarro) da Silence? Então provavelmente saberá que esta marca espanhola projeta os veículos atribuindo à bateria o papel central. Aliás, para a Silence, o acumulador de energia é tão importante quanto o próprio veículo. De tal modo que a bateria é independente, amovível, e tem uma vida que pode ir muito além da scooter ou do carro que alimenta. O melhor exemplo é este acessório, um inversor que transforma a bateria usada nos veículos da Silence num autêntico powerbank de grande capacidade, capaz de alimentar uma pequena casa durante alguns dias.

As baterias Silence, usadas nas scooters da marca e no microcarro S04, são amovíveis e transportáveis. Transformam-se, automaticamente, num género de trollry quando são removidas dos veículos

Bateria de grande capacidade transportável

Todos os veículos atuais da Silence, onde se incluem as scooters e o microcarro S04, usam a mesma bateria com 5,6 kWh de capacidade, o que garante interoperabilidade e trocas fáceis. Umas das grandes vantagens desta bateria é que é amovível e transportável graças a um mecanismo engenhoso, que transforma a bateria num trolley (com pega extensível e rodas). Como mostrámos na nossa análise das scooters Silence S01 e Seat Mó (o modelo da Seat é, essencialmente, uma S01 com a marca Seat). Além disto, a bateria inclui carregador interno, o que significa que pode ser, por exemplo, transportada para casa ou para o local de trabalho e carregada facilmente numa qualquer tomada standard.

O que é um inversor?
Um inversor elétrico é um dispositivo que converte corrente contínua (CC ou, do ingês, DC) em corrente alternada (CA ou AC). É essencial, por exemplo, em sistemas solares, onde transforma a energia gerada pelos painéis (em CC) numa forma utilizável por eletrodomésticos e pela rede elétrica (em CA).
Existem também inversores portáteis, que permitem obter energia em corrente alternada a partir de baterias (corrente contínua), como as de carros ou powerbanks. São úteis, por exemplo, para alimentar aparelhos elétricos em locais sem acesso à rede elétrica. Os inversores muito comuns em caravanas e veículos de emergência. Alguns powerbanks de grande capacidade incluem inversores para poderem apresentar tomadas elétricas convencionais.

Inversor de levar às costas

Quando vimos, pela primeira vez, o inversor protótipo da Silence, para adicionar tomadas elétricas standard (iguais às que temos em casa) à bateria, tratava-se de um módulo compacto, que encaixava por cima do ‘trolley’. Ora, infelizmente, a versão comercial é bem maior e pesada. Mas, a Silence encontrou uma solução para facilitar o transporte: o inversor está integrado numa mochila feita à medida.

Ou seja, podemos levar o inversor às costas e puxar a bateria com uma mão (não se esqueça que funciona como um trolley). Não é, propriamente, algo para uma criança fazer, mas o sistema é transportável q.b.. A grande dimensão e peso do inversor justiça-se pela potência e tecnologia: disponibiliza 3 kW de potência em contínuo e 6 kW de potência de pico.

Grande capacidade

Ao conjugamos a capacidade da bateria e a potência disponibilizada pelo inversor, percebemos que este conjunto é capaz de fornecer energia por muito tempo a aparelhos que usamos habitualmente. Por exemplo, um frigorífico com 300 litros de capacidade tem, em média, um consumo de 300 a 600 watts hora por dia (0,3 a 0,6 kWh), O que significa que os cerca de 5 kWh de capacidade útil da bateria permitem alimentar o frigorífico referido, sem restrições, por 8 a 16 horas.

Se usarmos este ‘powerbank’ para alimentar algumas lâmpadas LED, um mini-frigorífico e um pequeno televisor, podemos ter energia para alguns dias. Outra opção é usar este sistema como ‘gerador’ portátil para, por exemplo, dar energia a ferramentas elétricas numa obra numa zona sem eletricidade de rede. Ou para acampar, fazer um piquenique, alimentar uma cabana ‘off-grid’… São muitas as possibilidades.

Este acessório transforma as baterias Silence em powerbanks de alta capacidade e elevada potência, capazes de alimentar todo o tipo de aparelhos elétricos. Um extra muito valioso para quem já tem uma bateria Silence ou pensa adquirir um veículo desta marca

Para usar este sistema, basta ligar o Nomad Inverter à bateria, através de um cabo com uma ficha específica muito sólida. O inversor tem duas tomadas ‘schuko’ (as tomadas elétricas normais) e uma porta USB. Considerando a dimensão do aparelho, gostaríamos de ter mais tomadas e portas USB para carregamento de gadgets. Claro que tudo se pode resolver com extensões e tomadas múltiplas. Não há, propriamente, um indicador preciso do nível de carga, mas as baterias da Silence têm um anel luminoso que mostra o nível de carga aproximado (basta um toque na lateral da bateria). Importante: o inversor desliga-se quando o o nível de carga atinge os 5 a 10 porcento, de modo a proteger a bateria.

Usámos e abusámos deste inversor para uma série de experiências, incluindo alimentar um grelhador elétrico e umas luzes durante um piquenique, fornecer energia a três computadores portáteis e para usar uma rebarbadora e um berbequim.  Até alimentou luzes e um frigorífico numa pequena casa rural. Parece-nos que o preço deveria ser um pouco mais baixo, até porque já há powerbanks com mais saídas e bateria própria que custam pouco mais. Mas nenhum destes powerbanks disponibiliza uns expressivos 5 kWh de capacidade!

Para quem já tem veículos Silence e, como tal, uma bateria compatível, este acessório é uma proposta muito tentadora. No fundo, ganha um gerador portátil de 3 kW de potência real e 5 kWh de capacidade por bem menos de €1000.

Tome Nota
Polestar 2 Long Range – Desde €53.400

polestar.com/pt

Potência Muito bom
Portabilidade Satisfatório
Construção Muito bom
Saídas Satisfatório

Características Potência: 3000 watts (6000 watts pico) ○ Inversor de 48 volts DC para 230 Volts AC ○ Saídas: 2x tomadas Schuko (230 volts), USB 5 Volts ○ Peso: 6,8 kg ○ Dimensões (CxLxA): 45x20x8 cm (aproximado)

Desempenho: 4,5
Características: 4,5
Qualidade/preço: 4

Global: 4,3

A ferramenta genética de edição precisão CRISPR-Cas9 continua a ser utilizada por cientistas de todo o mundo em diversas experiências. Um caso recente vem da Alemanha, onde uma equipa universitária anuncia ter conseguido criar em laboratório uma aranha que produz teias vermelhas fluorescentes a partir de uma aranha doméstica comum.

Para fazer face às dificuldades de lidar com a genética das aranhas, a equipa de investigadores desenvolveu uma nova solução com base na CRISPR que contém a sequência do gene de uma proteína de seda vermelha fluorescente e injetou-a em ovos de aranha não fertilizados. Entre as dificuldades estão o facto de muitas aranhas serem canibais, com uma arquitetura genética diversa e complexa, o que faz com que a manipulação genética e o desenvolvimento das crias sejam desafiantes.

Para administrarem as microinjeções, as aranhas foram anestesiadas com dióxido de carbono, de modo que não se movessem durante o procedimento e, depois da recuperação, as fêmeas foram emparelhadas com machos da mesma espécie. As crias geradas estão a produzir teias vermelhas com a tal infusão da proteína. “Demonstrámos pela primeira vez em todo o mundo que a CRISPR-Cas9 pode ser usada para incorporar uma sequência desejada nas proteínas de seda das aranhas, assim permitindo a funcionalização destas fibras”, afirma Thomas Scheibel, o autor que liderou o estudo ao New Atlas.

As teias das aranhas são uma fibra natural impressionante com características como resistência, elasticidade, peso leve e biodegradabilidade e, com esta experiência, abrem-se portas para expandir o seu uso em mais materiais e na biotecnologia.

Além da cor invulgar, os cientistas também aproveitaram para experimentar um processo conhecido por CRISPR-KO, onde testou-se o efeito das modificações ao terem ‘silenciado’ um gene específico responsável pela formação dos olhos nas aranhas. Também este teste foi bem-sucedido pois, após a modificação, as aranhas nasceram sem olhos.


Em declarações à Rádio 4 da BBC, o líder do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Tom Fletcher, classifica a quantidade de ajuda que Israel está a permitir entrar em Gaza como “lamentável”, reiterando que a autorização de entrada de nove camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, após 11 semanas de bloqueio, é “uma gota de água no oceano”.

Segundo o responsável, até agora, apenas cinco camiões de ajuda humanitária tiveram acesso ao enclave palestiniano, o que “é uma ajuda totalmente inadequada” para as necessidades da população.

Embora nenhuma ajuda humanitária tenha entrado no território palestiniano desde 2 de março, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou no domingo que ia autorizar a entrada de uma “quantidade básica de alimentos destinados à população, a fim de evitar o desenvolvimento da fome na Faixa de Gaza”.

As autoridades israelitas já tinham anunciado que tinham deixado passar camiões com alimentos para bebés, sem especificar quantos, mas, de acordo com Fletcher, essa ajuda está tecnicamente em Gaza, mas não chegou aos civis, já que se mantém “do outro lado da fronteira”.

“A quantidade limitada [de alimentos] agora autorizada a entrar em Gaza não substitui, evidentemente, o acesso sem entraves aos civis necessitados”, insistiu Tom Fletcher, lembrando que as Nações Unidas têm um plano para fornecer ajuda em grande escala no território palestiniano.

Na semana passada, a ONU explicou que tinha camiões carregados com 171 mil toneladas de alimentos à espera de serem autorizados a entrar.

Durante o cessar-fogo de 42 dias entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, no início do ano, 4.000 camiões de ajuda entraram no território todas as semanas, segundo a ONU.

Fletcher apelou ainda a Israel para que abra “pelo menos dois pontos de passagem para Gaza”, para que “simplifique e acelere os procedimentos e levante todas as quotas”, a fim de satisfazer todas as necessidades em termos de “alimentos, água, higiene, abrigo, saúde ou combustível”.

Tom Fletcher adiantou esperar que Israel deixe entrar hoje 100 camiões em Gaza.

“Será difícil”, admitiu, garantindo que, se houver permissão, esses camiões, serão carregados com comida para bebés.

A abertura agora dada pelo Governo de Telavive foi justificada por Netanyahu com o receio de que as imagens de fome dos palestinianos fizessem com que os aliados de Israel retirassem o apoio militar e diplomático ao país.