A Meta, dona do WhatsApp, confirmou que vai começar a mostrar anúncios publicitários na plataforma. Nesta fase, os anúncios pagos vão começar a ser mostrados nos conteúdos que aparecem no separador de Atualizações, onde os utilizadores podem partilhar textos, fotos, vídeos ou notas de áudio que desaparecem, como as Stories do Instagram.

A Meta já tem discutido a introdução de publicidade no WhatsApp há alguns anos, algo com que os fundadores da plataforma eram absolutamente contra. Em 2020, a Meta pareceu recuar nas intenções, mas depois em 2023 os planos voltaram a estar em cima da mesa. Recorde-se que só no ano passado o grupo Meta faturou mais de 160 mil milhões de dólares em anúncios, lembra o The Verge.

Numa primeira fase, a Meta vai considerar informação “limitada” sobre o utilizador para apresentar os anúncios, como o país, cidade, idioma e os canais que segue para ajustar a publicidade. O utilizador também pode alterar as suas preferências a partir do Account Center da Meta.

O grupo de Zuckerberg explica que “estamos há anos a falar dos planos para construir um negócio que não interrompa os chats pessoais do utilizador e acreditamos que o separador das Atualizações é o sítio correto para colocar estas novas funcionalidades a operar” e reforça que “nunca iremos vender ou partilhar o vosso número de telefone aos anunciantes.

É expectável que os anúncios comecem a chegar gradualmente a todos os utilizadores do WhatsApp.

O chamado “modelo português” de prevenção, combate e tratamento da toxicodependência já foi, um dia, um êxito, e alvo de rasgados elogios internacionais. Começou em 1987 com a criação de um centro-piloto de atendimento e tratamento de toxicodependentes, o das Taipas, em Lisboa, dotado de meios humanos e técnicos para dar resposta a muitas das necessidades, mas que, sendo o único, rapidamente ficou lotado, com pessoas vindas de todo o País. Estava-se numa epidemia que, nos anos seguintes, chegaria a uma população de 100 mil heroinómanos.

Perante tal catástrofe, houve ação do poder político. Em 1997 foi criado o Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, a primeira grande estrutura a nível nacional. Entretanto, até àquele ano, nasceu uma rede de 16 centros de atendimento a toxicodependentes, espalhados pelo País, com dimensão para dar resposta à maioria dos que os procuravam. Como substituição da heroína, generalizou-se a distribuição de metadona, substância que permitia que as pessoas se tornassem funcionais, capazes de trabalhar e de ter uma vida familiar.

Até que, em 1998, aconteceu o que parecia impossível: o desmantelamento do hipermercado de tráfico e consumo de droga instalado no bairro lisboeta do Casal Ventoso. O feito deve-se ao então presidente da Câmara, João Soares, que se articulou com José Sócrates, à época ministro-adjunto do chefe do Governo, António Guterres, e com o serviço especializado dirigido pelo psiquiatra João Goulão. Não se tratou de uma varredura de pessoas, mas antes de uma intervenção bem-sucedida e exemplar. Foi criado um centro de abrigo de emergência, com cuidados médicos, alimentação e distribuição de metadona, e as necessidades das pessoas afetadas tiveram resposta. [Apesar dos pesares, faça-se justiça a Sócrates, neste caso.]

Por fim, em 1999, uma comissão de especialistas elaborou a primeira Estratégia Nacional de Combate à Droga. A comissão terminou os seus trabalhos destacando dois pressupostos – o de que mais vale tratar do que punir e o de que vale ainda mais prevenir do que tratar, para lá de considerar a dependência como uma doença e de alertar para o respeito pela dignidade humana em quaisquer circunstâncias. Como passo lógico, Portugal foi, em 2001, o primeiro país do mundo a descriminalizar o consumo. As orientações daquela comissão guiaram todas as intervenções a partir daí, e o certo é que, em 2006, um projeto de abertura, em Lisboa, de uma sala de consumo assistido seria cancelado, porque se tinha conseguido inverter de forma muito significativa o uso de drogas por via injetada.

Mas seguiram-se erros políticos grosseiros de sucessivos governos, que desinvestiram brutalmente numa estrutura já bem oleada, arruinando o “modelo português” internacionalmente tão elogiado. Exemplos: o quadro do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) passou, a nível nacional, de 1 400 trabalhadores para apenas 80. Não houve renovação nem reforço da rede dos centros de atendimento a toxicodependentes. Programas fundamentais, como o “Vida Emprego”, de reintegração de toxicodependentes em recuperação na sociedade, desapareceram.

Tudo isto paga-se hoje caro, com respostas claramente insuficientes – e quando emerge uma nova epidemia de droga, com maior dimensão e ainda mais perigosa do que a dos anos 1980/90. “Nunca houve tanta gente a utilizar drogas. Nunca houve tantas substâncias e tão potentes em circulação”, alertou há dias João Goulão, agora presidente do ICAD-Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências (sucessor do IDT), num debate realizado na Assembleia Municipal de Lisboa. Nessa sessão, promovida pelo PCP para escutar associações que estão no terreno e fazer um retrato da toxicodependência na capital, João Goulão, considerado o arquiteto da estratégia que deu reconhecimento mundial ao nosso País (até Barack Obama, como presidente dos EUA, a elogiou), acrescentou que “o poder político, talvez deslumbrado pelo êxito do chamado ‘modelo português’”, convenceu-se de que “estava tudo resolvido, de que estava tudo muito bem e de que podíamos desinvestir seguramente”.

Agora, os técnicos das associações presentes no referido debate retratam uma cidade com mais consumos, mais recaídas, pessoas em situações mais precárias e falta de respostas. As consequências são fáceis de adivinhar. No passado dia 7, o Público fez manchete com uma reportagem cujo título diz tudo: “Droga está ‘fora de controlo’ na Mouraria. Já há quem contrate segurança particular.”

Mas o mais assustador é que o discurso dos responsáveis políticos e governamentais ignora este problema, que se agiganta a cada dia que passa, preferindo o foco da moda, que nada resolve e tudo agrava – securitário e visando os migrantes. Enquanto é visível o retrocesso de voltar a considerar o toxicodependente como um criminoso e não como um doente, as associações que estão no terreno pedem o regresso à estratégia de há duas décadas, com as devidas adaptações, para enfrentar a nova epidemia da droga. Será que o Governo apenas acordará para este tremendo problema quando se souber, como aconteceu nos anos 1990, que por dia morre uma pessoa em Portugal por overdose?

Este conjunto, composto por robô de aspiração/lavagem e base multifuncional, representa o topo de gama da nova geração Roomba e marca um verdadeiro corte com o passado. Quase tudo mudou: desde o design ao sistema de navegação, passando pela aplicação de controlo, que agora se chama Roomba Home. Uma má notícia para quem já tem equipamentos da iRobot, já que é necessário manter duas apps distintas para gerir diferentes gerações de aparelhos. Isto impede qualquer automatismo ou gestão unificada entre modelos novos e antigos. Outra consequência da mudança é que, pelo menos por enquanto, este robô não pode ser integrado com os assistentes digitais (Alexa e Google, por exemplo).

A transição é tão profunda que os novos Roomba incluem agora LiDAR, tecnologia que a própria iRobot historicamente desvalorizava em favor de câmaras e sensores de proximidade. O novo sistema combina ambos, o que representa uma mudança de paradigma na navegação.

Outro marco é a inclusão de mopas (esfregonas) rotativas para lavagem. Algo comum na concorrência, mas inédito na iRobot, que até aqui preferia separar aspiração e lavagem em robôs distintos. O J9+ já tinha as duas funções, mas com uma esfregona fixa e retrátil. No 505, é usada uma solução mais eficaz com dois discos rotativos e braço articulado para alcançar os cantos.

Início atribulado

A instalação é simples e bem orientada: ligar a base, encher o reservatório de água, montar as mopas, colocar o robô a carregar e instalar a app. O robô foi rapidamente detetado pela app e iniciou o mapeamento de forma rápida e precisa.

Mas depressa surgiram os problemas. A base acendeu uma luz vermelha relativa ao depósito de água suja – algo que, segundo o manual, indicaria mau encaixe ou falha no reservatório. Nada parecia fora do lugar. Após um reset completo e várias tentativas, a luz referida apagou-se e recomeçámos. No entanto, ao tentar iniciar a limpeza, a app fechava a janela de controlo sem reagir. Só após fazer novo reset, remover a app e reinstalar tudo conseguimos que o sistema funcionasse como esperado.

Mesmo depois disso, persistiram comportamentos inconsistentes da app, com lentidão e falhas no acompanhamento em tempo real do robô. Fica a sensação de que esta nova arquitetura (hardware e software) ainda não está completamente amadurecida e que os engenheiros da iRobot estão a ajustar tudo em tempo real.

Navegação precisa

Mesmo sem LiDAR, os Roomba de topo da geração anterior já eram referência na navegação e evasão de obstáculos. Nesta nova geração, esperávamos melhorias, mas elas não foram evidentes. Num teste comparativo, o Roomba 505 ficou preso num cachecol no chão, enquanto um Roomba J7 da geração anterior conseguiu evitar o obstáculo. Ainda assim, este foi um caso pontual: o 505 comportou-se geralmente bem com obstáculos como mochilas, sacos ou cadeiras fora do lugar. Só o Roborock S10R se mostrou superior na rapidez de adaptação a ambientes dinâmicos.

No mapeamento, há uma limitação: a aparente incapacidade de atualizar o mapa sem iniciar um novo mapeamento completo. Antes do mapeamento, bloqueámos temporariamente parte de uma divisão e, mesmo depois de retirado o bloqueio, o robô continuou a ignorar essa zona já que não tinha sido mapeada inicialmente. Foi preciso recomeçar do zero para corrigir o mapa. Esta ausência de mapeamento dinâmico, capaz de adicionar novas zonas ao mapa, é um ponto a rever.

Limpa e lava com eficácia

O Roomba 505 demonstrou uma muito boa capacidade de adaptação à sujidade. Em testes com diferentes tipos de detritos, ajustou bem o percurso e a potência. O mesmo se aplica à lavagem do chão, onde combina de forma eficaz aspiração e limpeza húmida – algo que normalmente preferimos separar, mas que aqui funciona surpreendentemente bem. Mas, se preferirmos, também podemos optar por programar o robô para realizar as tarefas de aspiração e lavagem em separado, ou seja, sequencialmente e não simultaneamente.

A lavagem é ajudada pelo braço articulado que faz sobressair uma das mopas, melhorando a cobertura nos cantos. Como esperado, não substitui uma esfregona manual em sujidades mais difíceis, mas é eficaz na manutenção e na insistência em zonas mais sujas. A força de sucção e a quantidade de água podem ser configuradas, e a lavagem das mopas a quente contribui para a higiene geral.

A base com saco para lixo e sistema de limpeza automática das mopas permite semanas de utilização sem intervenção. Infelizmente, não foram precisos muitos dias até o rolo principal ficar quase bloqueado com cabelos enrolados nos eixos, que se revelaram difíceis de remover. Um aspeto que deve considerar se vive numa casa com pessoas com cabelo comprido ou animais de estimação de pelos longos.

Veredicto

O Roomba 505 é um robô topo de gama, com navegação inteligente, capacidade de aspiração e lavagem eficazes, e boa autonomia. Mas ainda está a sofrer com as dores de crescimento de uma mudança estrutural importante. A nova app e plataforma precisam de maturação. O potencial está todo lá – só falta estabilidade.

Tome Nota
iRobot Roomba Combo 505 Plus – €799
Site:

Aspiração Bom
Lavagem Bom
Navegação Muito Bom
App Satisfatório

Desempenho: 4
Características: 4,5
Qualidade/preço: 2,5

Global: 3,7

No episódio publicado a 4 de junho de 2025 do podcast “Assim vamos ter de falar de outra maneira” protagonizado por José Diogo Quintela, Miguel Góis e Ricardo Araújo Pereira, dedicado às “Rochas Ígneas Afaníticas”, em vez de falaram delas, falaram sobre refrigerantes (nomeadamente do bom e velho Um Bongo), sobre uma espécie de Tinder medieval, sobre aviões, sobre mitologia clássica, sobre a doação de corpos à ciência e sobre a felicidade dos finlandeses (não necessariamente por esta ordem).

Primeiro, sendo todos esses temas mais interessantes do que as Rochas Ígneas Afaníticas, acho que fizeram muito bem em ignorá-las.

Da minha parte, o que não consigo ignorar, é a referência à felicidade dos finlandeses.

Deixem-me aproveitar o gozo que fizeram ao facto de os finlandeses serem, consecutivamente, o país mais feliz do mundo para falar um pouco dos porquês.

Para JDQ, MG e RAP, como podem os finlandeses ser felizes quando, e parafraseando: é o país que, em janeiro e fevereiro, tem uma temperatura média de -5º; no inverno tem dias que duram menos de 6 horas; no verão, a temperatura máxima deles é 20º; é a nação cuja prato favorito é rena salteada; têm uma das maiores taxas de suicídio do mundo; tudo funciona na Finlândia, mas tem de funcionar, porque não se aguenta doutra maneira; se calhar o que lhes perguntam nestes inquéritos à felicidade é: “o senhor é feliz?” E a resposta é: “para finlandês, sim”; se calhar, fazem a pergunta nos 10 min de verão que têm;

Lá pelo meio, reconhecem “que é uma nação rica, prospera e com uma moral sexual muito relaxada, o que é excelente”.

Finalmente, indagam: quais são os critérios, o que é que significa, o que conta para a felicidade?

De facto, a Finlândia localiza-se numa região do globo com condições climatéricas que parecem muito desfavoráveis para se ser feliz. Depois, também não são reconhecidos internacionalmente por uma gastronomia diversificada e apetitosa (principalmente vendo daqui, por quem foi criado na dieta mediterrânica que, sabemo-lo bem, é das melhores do mundo). E também não são famosos pela sua personalidade aberta e calorosa. Então, como raio se sentem felizes?

Deixem-me começar pelo princípio: nos inquéritos internacionais sobre felicidade, a pergunta tipo é do género: “Tendo tudo em conta, qual é o seu nível de satisfação com a vida atualmente? Responda numa escala entre 0 e 10, em que 0 é ‘nada satisfeito’ e 10 é ‘completamente satisfeito’”. E é a partir da resposta que os inquiridos na amostra dão a esta questão que se constrói a média da felicidade de cada país. Portanto, sim, é uma perceção subjetiva de felicidade, mas é mesmo isso que se quer medir, e não tem critérios nenhuns predefinidos. Ou seja, cada pessoa responde a esta pergunta de acordo com a sua sensação, e com os seus critérios, não cabendo a quem está a conduzir o estudo predefinir se aquele indivíduo tem, ou não tem, isto ou aquilo para se concluir que ele, ou ela, é feliz. O que décadas de investigação já permitiram concluir é que a resposta a esta questão não é aleatória, antes pelo contrário, tem elevado valor informativo, que permite comparações interpessoais, intertemporais e interculturais. Ou seja, a sensação de felicidade é uma coisa (mensurável e universal, assim com a temperatura corporal) os seus determinantes são outra (assim como há muitas razões diferentes para alguém ter febre).

Assim, o que estes estudos fazem (nomeadamente o World Happiness Report) é criar relações estatísticas entre esta perceção e um conjunto de outras variáveis para se perceber o que, em média, faz as pessoas sentirem-se felizes. E, apesar de cada indivíduo poder ter os seus determinantes específicos de felicidade (um pode deliciar-se com arenque – ouvir o podcast citado – enquanto outro precisa de muitas horas de sol) estas relações médias são muito informativas. E o que é que elas nos dizem? Que uma nação, tipicamente, precisa de: rendimento (medido pelo PIB per capita), suporte social, expectativa, à nascença, de vida longa e saudável, liberdade, generosidade e baixa perceção de corrupção. E querem saber: A Finlândia tem tudo isso: está em segundo lugar no índice do suporte social e no da baixa perceção de corrupção, em quarto lugar no índice de liberdade, em décimo quinto no PIB pc, em décimo oitavo na esperança média de vida saudável e só está mal, em quinquagésimo sexto, na generosidade.

Mas, se quiserem atender apenas a indicadores objetivos, também temos: a Finlândia está no décimo segundo lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (que junta rendimento nacional, taxas de escolarização e esperança média de vida) e em primeiro no Sustainable Development Report que avalia o grau de cumprimento de cada nação face aos dezassete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Quanto ao suicídio, se é verdade que o Lesoto é campeão, não é verdade que a Finlândia tenha uma taxa muitíssimo elevada: está em trigésimo segundo, muito atrás da Coreia do Sul (em segundo na lista), e atrás de muitas outras nações desenvolvidas, e com melhor clima, como a Eslovénia, a Bélgica, o Japão, a França, a Croácia, os EUA ou a Estónia. E só três pontos acima da taxa de suicídio portuguesa, por cada cem mil pessoas.

E sim, mais um dado objetivo, as pessoas querem mais ir para lá viver, do que de lá fugir: a Finlândia tem tido taxas de imigração líquidas.

Quanto o sol e à boa comida, não são determinantes para sustentar uma nação feliz (a ciência tem-no demonstrado), apenas bons critérios para escolhermos o nosso destino de férias.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Os números divulgados no final de maio pelo INE mostram que a esperança média de vida dos portugueses à nascença se situou, no triénio 2022 a 2024, em 81,49, sendo a primeira vez desde a pandemia de Covid-19 que se ultrapassou, no nosso país, os 81,22 anos, que se registaram entre 2018 e 2020.

Integrar no programa de Governo, 80 medidas propostas por partidos da oposição, especialmente pelo Chega e pelo PS, é um bom começo para uma legislatura. Não interessa se as propostas são deste ou daquele partido; o que importa é que sejam benéficas para os portugueses. E essa é a vantagem das democracias: o poder não tem iluminação divina.

O que importa agora é que o Executivo de Luís Montenegro inicie a governação, mantendo o ritmo acelerado que se verificou no anterior mandato. Foi isso que os eleitores decidiram. Em 11 meses resolveram-se dezenas de problemas e, agora, com mais margem, o Primeiro-Ministro quer dar novo impulso ao que vinha de trás.

O país político — que não é o país real — está excessivamente concentrado nas presidenciais, com a apresentação da candidatura de António José Seguro — um suspiro de alívio para José Luís Carneiro — passando um pouco despercebidas as eleições mais próximas: as autárquicas. Também aí se mede o pulso eleitoral.

Candidatos a Belém já temos três, confirmados, mas poucos terão dúvidas de que surgirão mais, tanto à esquerda como à direita, o que complica a vida aos candidatos que foram ex-líderes partidários. Sem se mexer, mas bem visível, está o almirante Gouveia e Melo, que deverá contar com o apoio direto do Chega — uma boa vantagem para arrancar. Está tudo em aberto, portanto

Há já alguns anos que Daniela Ruah ruma a Portugal em junho, na mira de um mês de férias passado sobretudo em Cascais. Mãe de dois miúdos de 11 anos e quase 9, a atriz e realizadora faz por lhes dar aquilo que teve ao crescer – liberdade – e, de caminho, proporcionar-lhes mais oportunidades para falarem Português.

Ao fim de duas décadas fora de Portugal, primeiro em Londres, onde esteve a estudar representação, e depois nos EUA, de início só a trabalhar como atriz, onde ganhou destaque na série NCIS: Los Angeles, Daniela não baralha sintaxes nem tem qualquer sotaque, concluímos ao fim de uns minutos de entrevista, na Casa da Guia.

O seu sorriso é desarmante, mesmo quando recusa educadamente comentar o estado das coisas em Los Angeles, onde mora, ou a atualidade no Médio Oriente. Recorde-se que ela é luso-americana e judia, e acrescente-se que a entrevista, a pretexto da primeira edição do Future World Film Festival (FWFF), foi feita antes do ataque de Israel ao Irão.

É esse festival internacional de cinema de curtas-metragens que nos junta numa esplanada, à sombra, onde a agora também realizadora faz um flashback para o Tribeca Festival Lisboa, que aterrou no ano passado no Beato. Foi nessa altura que a convidaram para membro do júri e mestre de cerimónias de um festival internacional de cinema de curtas-metragens imaginado por uma miúda de 16 anos, Tehani Nguyen.

Há um ano, Daniela disse logo que sim? Claro.

“Para já, obviamente, estando também no mundo cinematográfico, sendo realizadora e atriz e tentando tentar produzir os meus próprios projetos, interessa-me. Depois, também me interessou o tema do festival, o mundo no futuro, tanto o tópico como o distópico, até porque cada pessoa vem de um país diferente e por isso cada pessoa traz uma ideia diferente daquilo que pode ser o futuro.”

O facto de o FWFF promover artistas jovens, entre os 12 anos e os 35, também a cativou. “Os miúdos têm uma visão muito diferente do mundo hoje em dia, até por causa das redes sociais”, nota.

O coração do sr. Joaquim

Entre os projetos que Daniela Ruah avaliou – e que vão ser todos apresentados ao longo de terça-feira, 17, no cinema São Jorge, em Lisboa –, houve alguns que lhe chamaram mais a atenção. “A ideia do recomeço está presente em muitas delas”, gostou de ver.

Exemplos? Uma micro-metragem de ficção num ambiente distópico que fala num mundo pós-catástrofe, uma curta de animação sobre o ciclo da água e uma curta de ficção que sugere a necessidade (hipotética) de mudar o passado para que as coisas indesejáveis não aconteçam no futuro.

Nós ficámos com vontade de ver o documentário Epopeia de um Pescador (2024), estreia de Francisca Domingues, então estudante de mestrado da Universidade do Minho, que tem no centro da sua narrativa o sr. Joaquim Pires, um pescador que se fez artista ou um artista que teve de ser pescador.

Daniela Ruah (Foto: José Carlos Carvalho)

“Quem é o homem por detrás destas esculturas? Um pescador que acompanhou a dança das redes na pesca do bacalhau, uma dança num mar tantas vezes impiedoso que parecia querer roubar-lhe a alma. Um pescador que continuou a tradição familiar, tal como o seu pai e o seu avô”, escreve a jovem realizadora, na apresentação do documentário.

“No coração do sr. Joaquim, não há paixão pela profissão de pescador, ela representa a luta de quem dependia do mar para sobreviver. O mar foi a base de toda uma comunidade, que venceu a fome com o trabalho árduo. O sr. Joaquim foi obrigado a fazer do mar a sua casa e o seu sustento, quando o seu maior desejo era ficar em terra para criar as suas esculturas. Agora, na reforma, o sr. Joaquim celebra cada pequeno desafio.”

Nesse documentário, que já foi apresentado em vários festivais, entre eles o Greenfest Serralves, e esteve entre os nomeados para melhor curta-metragem de mestrado e doutoramento nos prémios Sophia Estudante, vemos que um pau cuspido pelo mar ou pelo rio poderia muito bem ser um flamingo ou uma cobra. Por que não? E apetece ir até ao Minho para conhecer o sr. Joaquim.

Contra a lavagem ao cérebro

Mas há mais para ver ao longo desta terça-feira, no cinema mais bonito de Lisboa.

Logo de manhã, o festival arranca com as micro-curtas portuguesas, uma categoria de filmes com menos de dois minutos que podem ter sido gravados com o telemóvel. Por exemplo, One Second, de Pedro Caldeira, que gastou um minuto para mostrar como um segundo pode mudar várias vidas, Glimpse, de Maria Elena Hanna Garcia e Judy Ali Sinno, duas pré-adolescentes de origem libanesa que adoram contar histórias; e Brain Rot, de Filipe Amorim e Guilherme Amaral, que questiona a quantidade de conteúdo motivacional disponível, repetitivo e desinteressante. “Será realmente necessário ou é uma lavagem ao cérebro disfarçada?”

Depois, o dia continua de sessão em sessão, até passarem pelos grandes ecrãs das duas salas do S. Jorge todos os nomeados das diferentes categorias: Melhor Curta Internacional, Melhor Curta Portuguesa, Melhor Curta Juvenil, Melhor Documentário Internacional, Melhor Documentário Português, Melhor Documentário Juvenil, Melhor Micro Internacional e Melhor Micro Portuguesa.

Ao final do dia, além dos premiados em cada categoria, durante a cerimónia apresentada por Daniela Ruah será atribuído o Prémio Cherish the Earth, atribuído a um filme que realce a beleza do planeta ao mesmo tempo que aborde questões ambientais urgentes, e o Prémio Humanidade em Harmonia, atribuído a um filme que aborde questões sociais ou políticas globais com uma narrativa poderosa. E, ainda, menções honrosas para o melhor filme realizado por um jovem de 12-14 anos e o melhor filme de animação português.

Dar a conhecer a mensagem

“Esta primeira edição do Future World Film Festival prova que a próxima geração de contadores de histórias está pronta para imaginar o que está para vir e partilhá-lo com o mundo”, sublinha-se na organização que tem à cabeça Tehani Nguyen, uma adolescente de 16 anos, com raízes francesas e vietnamitas, que vive há oito em Portugal.

Antes de se lembrar de organizar este festival de cinema, Tehani abriu com a sua amiga Camila Acosta uma galeria online de fotografia, onde mostram trabalhos de fotógrafos dos 10 aos 25 anos.

Tehani Nguyen (Foto: D.R.)

“Como também gosto muito de cinema, quando me falaram de uma plataforma em que qualquer pessoa podia criar o seu próprio festival de cinema, decidi organizar este, para dar às pessoas da minha geração a oportunidade de mostrarem a sua criatividade e visão do mundo”, explicou em fevereiro à revista VISÃO JÚNIOR.

No início deste ano, foi então aberto um concurso, acabando por serem submetidas 347 candidaturas, de mais de 50 países, um terço das quais de Portugal, numa plataforma chamada Film Freeway. Admitiam-se curtas-metragens e micro-curtas, rodadas com os telemóveis, se não tivessem equipamento especializado.

O júri é composto por realizadores e atores portugueses e estrangeiros. Além de Daniela Ruah, coube a Joaquim de Almeida, Beatriz Batarda, Albano Jerónimo, Patrick Mille e Pierre Dupaquier, entre vários outros profissionais conhecidos, escolher os 13 vencedores.

Será uma bela festa, aposta-se, sobretudo entre os candidatos mais novos que seguiram o conselho de Tehani: “Não importa se usas um telemóvel ou uma câmara de filmar muito boa, ou se tens experiência ou não, o importante é dares a conhecer a tua mensagem. E, claro, divertires-te!”

São cada vez mais as pessoas que recorrem a serviços de reabilitação em saúde. A incapacidade associada à dor musculoesquelética, como a dor nas costas ou na cervical, é cada vez maior e parece surgir mais cedo, afetando não só adultos em idade mais avançada como também crianças e adolescentes.

Estes dados epidemiológicos expressam uma realidade difícil de aceitar, sobretudo por profissionais que exercem prática neste setor. Contudo, a verdade inegável é que estes serviços não têm respondido de forma adequada às necessidades da população.

Quantas pessoas não chegam a uma clínica de Medicina Física e Reabilitação (MFR) para passar cerca de uma hora deitadas numa marquesa a serem expostas a variados tipos de intervenção (sejam “choques”, massagens, “calores” ou o dobra-estica do fisioterapeuta), sem serem parte ativa do seu processo de recuperação e sem qualquer resultado satisfatório? Quantas destas não procuram alternativas nos serviços privados de saúde e, muitas vezes, nos profissionais de áreas alternativas (como a osteopatia ou a quiropraxia) para estarem, na mesma, deitadas, mas sujeitas a outro conjunto de terapias manuais e manipulações vertebrais, em que se tenta realinhar as estruturas do corpo como se de um puzzle se tratasse?

A verdade é que a reabilitação tarda em se modernizar e em atuar de acordo com a informação científica disponível. Uma revisão sistemática realizada em 2017, que pretendia verificar quais as intervenções mais eficazes para reduzir as queixas por dor musculoesquelética, concluiu que os tratamentos passivos, sejam eles eletroterapia, terapia manual, técnicas manipulativas ou acupuntura, não apresentam resultados superiores a placebo, sendo que apenas o exercício físico (com efeitos a longo prazo) e o tratamento farmacológico (efeitos a curto prazo) apresentam resultados positivos.

Esta mesma informação é corroborada por terapias não convencionais (TNC), como é o caso da osteopatia, que já reconheceu os limites do seu modelo de intervenção, assumindo a ineficácia das suas estratégias na resolução destes problemas.

Nesse sentido, urge abandonar estes modelos obsoletos de intervenção que não respondem às necessidades dos utentes, seja porque, no caso da maioria das clínicas de MFR, o objetivo se centra unicamente na gestão do sintoma sem melhorar o estado geral de saúde da pessoa, seja no caso das TNC, em que se comprometem a encontrar a origem do problema, substituindo muitas vezes a função do médico, a quem cabe diagnosticar essa mesma origem, caso possa ser detetável.

Esta mudança de paradigma passa por adotar estratégias de intervenção baseadas no exercício, sendo que estas não se esgotam na capacidade de reduzir as queixas associadas a estas condições, mas sobretudo na sua capacidade de reduzir o risco de se desenvolver incapacidade permanente e de promover a saúde do cidadão na adoção estilos de vida mais ativos e mais saudáveis.

Artigo publicado originalmente na VISÃO Saúde nº 22

De acordo com o documento disponibilizado pelo Governo à Lusa, foram incluídas pelo Executivo no seu programa 27 medidas do Chega, 25 do PS, 16 da IL, seis do Livre, duas do PCP, duas do PAN e umado BE e outra do JPP.

No total, são 80 as medidas com origem dos partidos da oposição que fazem parte do programa do XXV Governo Constitucional, aprovado na semana passada em Conselho de Ministros.

No ano passado, o primeiro Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro já tinha reclamado a inclusão de 60 medidas dos programas da oposição no seu próprio programa.

No final do Conselho de Ministros que aprovou o programa, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, já tinha afirmado que o documento voltaria a incluir medidas da oposição, prometendo detalhá-las nos dias seguintes.

A situação “mais complexa” era a do Irão, sublinhou esta segunda-feira o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que fez o ponto de situação sobre os portugueses afetados pelo conflito Irão-Israel. “Já saíram ontem [domingo], por nossa mão, por terra, quatro portugueses para o Azerbaijão. Entretanto já tinha saído um pela Turquia, ainda três expatriados que estão, mas que têm meios próprios para regressar”, detalhou.

“Depois, a segunda mais complexa é obviamente a dos cidadãos que estão em Israel. Tivermos 130 pedidos de repatriamento, uma parte muito importante de cidadãos que estavam em trânsito ou que estão a fazer turismo, ou que estavam em trabalho e que obviamente ficaram sem aviões”, adiantou o ministro.

Em conferência de imprensa, Rangel afirmou que “já começou uma operação para os trazer para Portugal”, admitindo “riscos maiores” porque “implica deslocações rodoviárias grandes”.

A guerra entre Israel e o Irão foi desencadeada na madrugada de 13 de junho por bombardeamentos israelitas contra instalações militares e nucleares iranianas, matando lideranças militares, cientistas e civis.

Entre os mortos, contam-se pelo menos 15 oficiais superiores, confirmados por Teerão, incluindo o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Mohamad Hossein Baqari, o comandante-chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, Hossein Salami, e o chefe da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, general Amir Ali Hajizadeh.

O Irão retaliou com centenas de mísseis contra Israel.

O conflito já fez dezenas de mortos e centenas de feridos de ambos os lados.