Começou com a atriz São José Lapa a dizer que Pedro Abrunhosa não tem voz para cantar sem sequer lhe elogiar os bonitos olhos. Tenho para mim que o Pedro, que sofria de um ligeiro estrabismo, é uma pessoa que merece respeito. Aturava imensos malucos quando geria um bar na discoteca Indústria do Porto, onde eu fui uma vez e pensei que o Reininho tinha morrido quando se pôs em pé em cima de um balcão e levantou um barril de cerveja (vazio), caindo para trás. Eram os dias do Fantasporto e estávamos todos anestesiados com a bebida da moda que nesse ano era o “Mezcal Bumbum” (não perguntem e muito menos tentem beber em casa).
Depois, prosseguiu com o pedido de desculpas que o músico Agir teve que publicar, atacado que foi por um cardume de indignadas piranhas só por ter produzido uma música cuja letra (assinada por esse fenómeno do clique que é a Carolina Deslandes) incluía a frase “sou branca para os pretos/Para os brancos sou preta”. Hoje em dia, como sabemos, só brancos podem escrever e cantar sobre brancos e só pretos podem cantar e escrever sobre pretos. E já agora, cuidado com os penteados que escolhem quando vão ao cabeleireiro, não vá acontecer-vos como à Rita Pereira. O Agir é o irmão caçula de um dos meus amigos de infância e tenho sincera pena que tenha pedido desculpas por algo que faz tanto sentido como mais rotunda em Viseu. Fruto de um anacronismo legal, já agora, a Lei portuguesa considera como irmãos os filhos do mesmo pai e meios-irmãos (este caso) os filhos da mesma mãe.
Finalmente, e esquecendo certamente outras pelo meio, eis que a semana terminou com uma confusão épica na Câmara Municipal de Lisboa, decorrente de declarações do presidente Carlos Moedas e do apoio dado a uma escultura – uma estátua, um busto ou lá o que venha a ser – dedicada a Vasco Gonçalves (inserir aqui a música “Força, força, camarada Vasco, nós seremos a tua muralha de aço”). Pessoalmente, acho boa ideia, desde que a escultura represente uma camisa de forças, que era o que deviam ter enfiado ao senhor na altura, quando proferia dislates como aqueles que foram reunidos no opúsculo ‘Livro Verde Da Revolução – Citações de Vasco Gonçalves’, editado por Serafim Ferreira e que deveria estar à venda nas melhores livrarias, para percebermos do que nos safámos nessa altura do Processo Revolucionário Em Curso, período que tantos estadistas deu à nossa democracia e nos levou a este Estado a que chegámos, parafraseando Salgueiro Maia.
Enfim, para a semana já é agosto. Regra da chamada silly season é a que reza que um suposto animal selvagem numa praia, mata ou albufeira surgirá nas notícias e nos distrairá de todas estas preocupações. Este mês, já houve uma cobra avistada junto à Segunda Circular em Lisboa. Como destacou o ‘Correio da Manhã’: “Trata-se de uma espécie inofensiva e muito comum na capital”. Mas foi notícia na mesma. Agosto certamente trará algo mais cativante. Ou então, lá teremos que nos dedicar a temas candentes para a nação, como os restantes de que aqui falei. Boas férias para quem vai. Eu aqui fico. Alguém tem de tomar conta da casa.
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