Vão ser três semanas de intensa atividade diplomática, prova de que o fim do multilateralismo foi um diagnóstico manifestamente exagerado. Talvez pudéssemos, isso sim, olhar para algumas das suas dinâmicas, como a coerência e coesão entre membros de grupos ou organizações regionais; o alcance estratégico de propostas alternativas aos equilíbrios de poder vigentes; a eficácia das medidas plasmadas nos inúmeros comunicados das cimeiras; a correlação de forças internas entre os membros de fóruns que se estão a impor na política internacional; até mesmo a cadência de reuniões enquanto espelho de uma tração coletiva que se quer mostrar ao mundo. Tudo isto ajuda a traçar melhor a rotina dos grandes acontecimentos, em vez de cairmos sistematicamente em chavões ou avaliações tremendistas que se impõem no debate público.
A semana começou com uma cimeira de ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS já alargados (BRICS+). O anfitrião, a Rússia, não podia ter escolhido melhor momento, precisamente na véspera da Cimeira para a Reconstrução da Ucrânia, em Berlim, a dois dias do G7 em Itália e a quatro dias da Cimeira da Paz, na Suíça, também dedicada à guerra na Ucrânia. A avaliação do sucesso destas iniciativas mede-se pela quantidade de participantes, pelo nível político de cada representante, pela amplificação da argumentação construída e pelos efeitos práticos que levarem a cabo. Sem prejuízo de uma análise posterior aos dois Conselhos Europeus (17 de junho; 28 e 29 junho) e da Cimeira da NATO, em Washington (9 a 11 de julho), deixem-me ficar por aquelas quatro cimeiras.