Sejamos francos: o segundo telefonema correu «muito bem» para Trump, segundo o próprio, mas a reação de Zelensky pareceu menos eufórica. Pois, já adivinhávamos. O invadido não conta nas negociações, o que não deixa de ser uma total bizarria. Ou há conversas diretas, olhos nos olhos, com mediação, ou as coisas não correrão bem.
Aliás, Zelensky é o primeiro a afirmar que Putin nunca cumpriu o que assinou no passado com a Ucrânia, e essa desconfiança tem fundamento. Um cessar-fogo parcial, extremamente limitado, não terá um impacto visível na guerra, nem na troca de mísseis, antimísseis e drones. Daí o desalento.
Há, contudo, uma grande novidade neste segundo telefonema, algo que faz parte da índole de Trump, no seu modo de feirante: sugeriu, pediu, e praticamente impôs a ideia de que os Estados Unidos deveriam ficar responsáveis pela gestão de todas as centrais nucleares e infraestruturas energéticas da Ucrânia. Para Trump, a paz vale muito dinheiro. Não há borlas nem gestos de boa vontade. Isso era dantes.
Zelensky não foi muito explícito na descrição da conversa, que dificilmente poderia ter sido tão favorável como a de Putin, que ficou com os foguetes e com as canas. Ainda assim, desempenhou bem o seu papel ao aceitar os primeiros passos, sem nunca abrandar o ritmo dos combates e das batalhas de drones, que já chegam a Moscovo.
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