Não anda descalço, não é dado a parábolas, mas profere discursos incendiários. JD Vance, o vice-presidente, veio a Munique não para apaziguar, mas para dividir. Não são Moscovo e Pequim que o apoquentam, nem ao seu divino chefe, mas sim a incapacidade europeia de mudar politicamente. Se há um Trump na América, muitos mais, pequeninos, deveriam governar as nações europeias.
A oração de Vance estava estudada: se gritarem, não viremos em vosso auxílio, mesmo que invoquem um tal de 5.º Artigo da Aliança. Definitivamente, chegou a altura de contarem apenas convosco. Não há guarda-chuvas, biliões investidos na NATO, nem inimigos comuns. A Europa é inimiga de si própria, anunciou o discípulo. «Make Europe Great Again!» – MEGA – pediu Vance em Munique (local mais do que bem escolhido!).
O Evangelho de Trump não vem escrito em papiros antigos, não apregoa a redenção, mas apenas invoca a sua grandeza isolacionista. O MAGA, ou o MEGA, é uma promessa messiânica que não se alimenta de milagres ou de esperança celestial, mas sim da certeza de que a América precisa de ser salva dos seus aliados externos. Apenas redimidas, cópias fiéis do senhor predestinado, poderão as nações europeias ambicionar a restauração.
E a Ucrânia que se vire. Sozinha ou com a Europa. A nova presidência americana ainda não tem um mês e já se incompatibilizou com todos os que não usam um boné vermelho, dentro e fora dos EUA. Se não abrandar, se não existir um mínimo de senso na sua cabeça, Trump vai implodir. Implodir no sentido de destruir, fragmentar, extinguir e aniquilar. Tarde, como sempre, a Europa está agora em alerta vermelho.
Mesmo a propósito: «Os portões do Inferno vão abrir» disse Benjamin Netanyahu. É uma cabala: «vão abrir» no Irão!
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