Esta é a frase que se aplica às monarquias, como vimos recentemente com a morte da Rainha Isabel II — «O Rei nunca morre». A Rainha morreu, longa vida ao Rei!
Nos Estados Unidos, de certa forma, e no que é decisivo, o Presidente também nunca morre.
Ao meio-dia de 20 de janeiro, o novo Presidente presta juramento e, nesse segundo, ocorre uma mudança não visível pelo comum dos cidadãos: o cartão nuclear do novo Presidente, que já lhe foi entregue, é ativado, e o do anterior é anulado. A «Bola Nuclear», que não passa de uma pasta com um computador, é entregue ao oficial superior, sempre um major, designado pela equipa militar do novo ocupante da Casa Branca.
Para esse efeito, de facto, o Presidente nunca morre. A transição fica concluída e mantém-se a segurança nacional. É o poder mais simbólico e, simultaneamente, o mais real de todos os que são assumidos ao meio-dia, nas escadarias do Capitólio. Desta vez, tudo deverá decorrer de acordo com as regras e tradições, mas, há quatro anos, Donald Trump não esteve presente na tomada de posse de Joe Biden e partiu no «Air Force One» a meio da manhã, rumo à Florida.
Esse foi o caso excecional em que existiram duas «bolas nucleares», sendo que a de Trump se manteve ativa até à posse de Biden. Ainda assim, com essa birra, o Presidente nunca morreu. E o Vice-Presidente? Tem direito a alguma coisa?
Nada. Nem pasta nem cartão. Contudo, o corpo militar da Casa Branca e do Pentágono mantém oficiais destacados para intervir numa emergência em que o Presidente fique incapacitado. Nessa situação, é imediatamente entregue ao Vice-Presidente um novo cartão, e com ele estará o oficial responsável pela pasta. E na Rússia ou na China? E em França ou no Reino Unido? E na Índia ou no Paquistão? A máxima não se aplica, nalguns casos.
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