Havia uma grande ingenuidade política – a que se poderia dar outro nome, mais assertivo – na ideia preconcebida de que as eleições na Venezuela seriam limpas e justas, ao ponto de tirar Maduro da cadeira presidencial. A ingenuidade «mata». A Venezuela continuará a ser um bastião do «madurismo», que tem tanto de esquerda como de direita, mas nas suas formas mais radicais.
Esta Venezuela, dizem os nossos compatriotas, em surdina, está um pouco melhor do que há uns anos, com um mercado económico mais aberto e a funcionar. O tempo das prateleiras vazias, e da falta de tudo, parece estar a passar. O regime está claramente a optar por uma cópia da abertura de mercado à chinesa, embora com a dureza política de Moscovo. Interessante, nestes resultados, é que a vitória foi só de 51%, e não dos tradicionais 99,7%.
É caso para dizer, com propriedade, que na Venezuela não se cai de maduro. Aquele folclore político, hiperbólico nas camisas usadas pelo Presidente, faz parte da natureza jovial do povo venezuelano. Todos fazem de conta que acreditam em eleições livres e justas, a começar pela oposição, mas sabem de antemão qual vai ser o resultado. Mais uma década, ou quase, de Nicolás Maduro. É o resultado final.
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