Confirma-se: o tiro na orelha de Trump foi um tiro mortal em Biden. O mais poderoso de todos os congressistas democratas, Adam Schiff, da Califórnia, que conduziu um dos inquéritos de impeachment contra Trump, pediu abertamente a Biden para desistir da corrida eleitoral. «Chegou a hora», disse, ao mesmo tempo que foi anunciado um adiamento da Convenção democrata, onde seria aclamado o candidato.
Biden voltou à campanha, mas está mais desastrado, mais tenso, mais atrapalhado. Quanto maior a pressão, de todos os lados, mais se avoluma a sua incapacidade como presidente e candidato. A família, em particular a mulher, tem de aceitar a desistência. Biden está a ficar cada vez mais longe de Trump, em estados decisivos, e também a colocar em causa os lugares de muitos representantes democratas que vão a eleições.
É nessa onda de dupla derrota que agora se fazem as contas. Perder a Casa Branca é muito mau, mas levar uma sova na Câmara dos Representantes, em senadores e governadores é um fiasco total. Biden, invocam, como presidente do Partido, por inerência, tem de evitar o desastre eleitoral, não olhando apenas para o seu cargo.
A questão, agora, é saber quem pode avançar contra Trump? Kamala Harris? Um senador ou um membro da Câmara dos Representantes? Um governador democrata, normalmente a solução mais fácil? As eleições americanas (presidente, toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado, mais alguns governadores) são já daqui a três meses e poucos dias. É agora ou nunca.
Quem disse a Nixon que tinha de se demitir foi Henry Kissinger. Quem tem de dizer a Biden que acabou, só pode ser Obama.
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