É verdade que existem sempre indecisos nas sondagens e barómetros, que ajudam bastante as empresas que fazem esses inquéritos a evitar a projeção ou extrapolação dos que dizem que ainda não sabem em quem votar ou, na realidade, se vão votar. A uma semana das eleições, não há indecisos, nem muitos, nem poucos. Apenas existem nas sondagens.
E a maior prova de que esse número é apenas uma salvaguarda de quem não quer arriscar está na votação antecipada de cerca de 200 mil eleitores. Eles não precisaram esperar mais para decidir e não aguardaram por um dia de profunda reflexão. O país está em campanha, os inquéritos de opinião não pararam, e quem quis foi votar com toda a tranquilidade, mas não com simplicidade. O boletim de voto é como uma toalha de mesa: leva tempo a percorrer a longa lista de partidos e coligações, a maioria dos quais os eleitores, eventualmente, desconhecem.
Procuram-se os indecisos, temem-se os indecisos, aumentam os indecisos, e todos se esmeram em ressalvar a margem de erro dos estudos de opinião. Para nunca errar. É como garantir que um partido vai ter entre 72 e 91 deputados. Ou entre 5 e 12. Assim, todos acertam e todos ficam contentes. Estamos em modo eleitoral há mais de quatro meses e ainda acreditamos em indecisos?
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