Luís Montenegro quer aumentar os idosos mais desfavorecidos e desprotegidos até 820 por mês, e isso gerou a mais despropositada e inédita confusão política, que só acontece em período eleitoral. Os idosos que recebem o Complemento Solidário (CSI) são os que mais precisam, e é aí que o Estado deve estar presente.
O PS já reclamou da ideia-medida, invocando os milhões que terão de ser gastos, mas esquecendo-se, naturalmente, que é um partido de esquerda e que deveria ser o primeiro a aplaudir. O OE até vai permitir um aumento do CSI em 2024, e se a maioria não tivesse caído, certamente que chegaria a um valor superior em 2028, como quer o PSD. Só o Chega, curiosamente, é que relembrou a autoria dessa proposta, o que é um facto a seu favor.
O absurdo desta polémica dá uma pálida ideia do que vai ser a campanha eleitoral. Pela reação ao discurso de Montenegro percebeu-se que muito poucos estarão disponíveis para apresentar medidas e soluções para os próximos quatro anos. Os candidatos à liderança do PS estão envolvidos numa batalha interna, por mais três semanas, e tudo o que fazem, por agora, é falar para o partido.
O PSD apresentou-se a jogo com alguns dos seus trunfos políticos, económicos e sociais, e aguarda-se urgentemente pelo programa dos outros, sendo que as eleições já só estão à distância de três meses e dez dias. O desânimo dos eleitores é visível nas sondagens, ao abandonarem os dois grandes partidos tradicionais, reforçando as margens, sendo que o Chega está a absorver poderosamente todo o oxigénio do espectro político. Portugal não vai escapar à onda de direita que varre a Europa e outros continentes.
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