Israel está a fechar a janela da legitimidade e oportunidade de lançar a ofensiva terrestre. Não pode atrasar muito mais, mas há razões objetivas para isso. São estratégicas e táticas, como disse o seu chefe militar, que merecem ser enumeradas:
- A pressão dos EUA, e de outros países, é real no sentido de se ganhar tempo para tentar resolver a libertação dos reféns. Ao ritmo do Hamas, demoraria anos. É uma questão de estratégia política, mas o tempo começa a «apagar» os massacres do Hamas a 7 de Outubro, e a sobrepor o drama das famílias palestinianas em Gaza, dos mortos diários, e da crise hospitalar e humanitária. Os israelitas, eles próprios, já se começam a interrogar e agitar.
- A outra ponderação estratégica resulta da convicção de que haverá uma escalada regional, e todos os riscos e cenários estão em cima da mesa. Israel garante que consegue lidar, como sempre aconteceu, com diversas frentes, mas agora terá a ajuda militar e em combate dos americanos. O Líbano, a Síria, o Iraque e o Irão são muitas peças no mesmo tabuleiro.
- Por fim vem um fator decisivo que raramente se invoca: Israel tem umas Forças Armadas permanentes de 170 mil soldados, em todos os ramos, e uma das suas tarefas é fazer a manutenção dos equipamentos militares, de todos os tipos. Em caso de guerra são chamados os reservistas – 300 mil neste caso – que levarão mais do que 15 dias a entrar na rotina militar e a testarem os seus equipamentos. Se esta guerra fosse mais «pequena», mais «simples», mais «contida», não teria sido necessária a convocação excecional desses homens e mulheres. O modelo é o americano, e funciona exemplarmente. Mas leva tempo: um comandante da «El Al» precisa de dias para reocupar a sua posição como major piloto de um F-35. E assim por diante.
Misturando tudo, e percebendo a necessidade de acabar com o Hamas e o Hezbollah, e fazer tremer Teerão, então tudo tem de estar preparado, estudado e ensaiado para uma batalha a 360º. E mais reservistas poderão ser chamados. Só dependerá de quem vai entrar na confusão.
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