Em aflição, em tragédia, em sarilho, por favor não liguem para o 112, ou para a polícia. Estão a perder tempo. Chamem o SIS! Sim, esse mesmo, o Serviço de Informações e Segurança do Estado. A nossa CIA pequenina. Quem não conhecia, nem tinha ouvido falar, ficou agora a saber que há um braço secreto do Estado, que trabalha 24 horas por dia, e que está sempre armado e preparado para operações especiais.
No dia 26, quarta-feira, à noite, ou mesmo de madrugada – é tudo secreto – o senhor Frederico Pinheiro, por acaso um recém ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, recebeu um telefonema encriptado, dizendo «número secreto», e cujo teor já apareceu nas redes sociais.
-“Senhor Pinheiro? Frederico?”
-“Sim, sou eu. Qual é a confusão, agora?”
-“Sou o agente secreto zero, zero, cinco, do SIS, e estou a dirigir-me a sua casa para recolher o computador do Estado, que tem informação secreta. Aviso-o que se resistir será de imediato detido! Ou abatido!”
-“(pausa de 10 segundos)…SIS? Quem fala? És tu, João? Estás a gozar? SIS? O que é isso? Vou chamar a polícia!”
A revelação desta conversa, por estrambólica que pareça, está a causar profunda inquietação. Na população e no Estado. Ninguém sabia, até agora, que o SIS também tinha poderes policiais, tipo FSB russa. Vai a casa dos suspeitos, recolhe material, e manda guardar num cofre, quando lhe dá na gana. Sendo assim, para que serve a PJ, e a PSP? Só baralha. “O SIS foi chamado para salvaguardar a propriedade do Estado”. Está dito. É assim.