Lá vamos para a quarta versão da eutanásia e do suicídio assistido. A terceira não passou no Tribunal Constitucional, e já vinha remendada das anteriores. Mas tudo indica que o Parlamento vai continuar na sua teimosia, legislando sobre a morte, e quantificando o sofrimento fisiológico, psicológico e espiritual. Não há matéria mais importante do que esta, para um referendo. Façam-no e respeitem-no. Não podem ser apenas 126 deputados a decidir da vida e da morte.
E os portugueses também sabem que esta lei sobre não constitui nenhuma necessidade nacional urgente. A pressa atabalhoada do Parlamento, que quer repetir nesta 4ª versão, até dá a ideia de que existe, todos os dias, uma fila de cidadãos, horas à espera, para requerer a eutanásia. ou o suicídio. Também mal se compreende a vontade de Portugal em entrar para a escassa lista dos que alinham nessa decisão final, e que em alguns casos praticam esses atos finais e definitivos com uma ligeireza sinistra.
O argumento maior, e sempre repetido, dos que apoiam a eutanásia, baseia-se na dignidade do ser humano poder decidir sobre a sua morte. Isto não é um argumento, é uma fábula assustadora. A morte não tem nenhuma dignidade. Em nenhuma circunstância. A morte não é uma virtude, uma honra, uma distinção. Não é digna, por isso. Dignidade é o que se faz na vida, pela vida e com a vida.
Não sendo urgente, nem digna, nem requerida por milhões de portugueses, que sentido faz reiniciar esta discussão entre quatro paredes? Esta lei, a existir, estará cada vez mais desfasada da realidade e dos avanços científicos, médicos e farmacológicos em todas as áreas da saúde, do bem-estar, e da dignidade humana.