Alguma coisa deve estar errada. Muito errada. Um ministro da Educação contra 130 mil professores não é um rácio de esperteza, ou sequer de lucidez, mas de um total desfasamento com a realidade. É, aliás, de uma lógica imbatível: se 130 mil dizem uma coisa, a mesma quase sempre, não pode ser apenas Um (1) a achar e a fazer o contrário.
Sendo ministro até pode contrariar, empatar, fingir, mas o resultado será sempre catastrófico. Um Ministério abertamente contra toda a classe que tutela, é irracionalidade política. Terá sempre de recuar, de ceder, de dobrar, e com isso perde-se peso e credibilidade. Será que o atual ministro da Educação, que foi duas vezes secretário de Estado, nos governos anteriores de António Costa, ainda não encaixou que perdeu a batalha?
João Costa, na próxima sexta-feira, e seguindo as promessas e indicações do primeiro-ministro, só tem de começar a resolver, passo a passo, todas as desavenças que tem com os professores, técnicos de educação e outros funcionários. Os portugueses apoiam os professores, querem os seus filhos e netos numa Escola estável, e com professores motivados e qualificados. Tudo o resto é perder tempo.
O jogo político, orçamental, ou o que lhe quiserem chamar, que o Governo ou o Ministério achava que poderia manter, e perpetuar, acabou na manifestação do fim de semana. E confirma-se a cada dia que passa, com a greve por distritos. A questão que resta saber é se o atual ministro ainda tem capacidade para negociar. E os 130 mil não parecem muito dispostos a aturar apenas 1 (Um).
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