Eduardo Cabrita substituiu Constança Urbano de Sousa, que foi «demitida» publicamente pelo Presidente da República. Será que é preciso usar o mesmo processo para ajudar o primeiro-ministro a trocar de MAI? Apesar de ser uma pasta de soberania, fundamental num Estado, e com as tutelas que exerce, não é propriamente um daqueles cargos políticos tranquilos, fáceis de fazer, e sem grandes agitações. É tudo ao contrário.
Eduardo Cabrita tinha tudo (passado) para ser um bom ministro da Administração Interna, não fosse tão colérico e sanguíneo. Irrita-se com grande facilidade, dá encontrões a quem o incomoda, e age de uma forma precipitada, na maioria das vezes. O cargo não diz com ele. Eventualmente não é um problema dele, mas apenas do cargo.
Agora é a falta de explicações e de transparência no acidente na A6, em que morreu um trabalhador em serviço na autoestrada. O silêncio, as informações desencontradas, e a tentativa de deixar passar o assunto não estão a resultar. Muito pelo contrário. Em qualquer outra situação, com qualquer outra pessoa, mesmo ministro, ou chefe de Estado, a tragédia seria imediatamente esclarecida pelo próprio, mesmo não sendo o condutor, e pelas forças policiais chamadas ao local.
O ministro teve todo o tempo, até à frente do Presidente, para esclarecer publicamente o que se tinha passado, em que circunstâncias, e ao mesmo tempo pedir toda a urgência nas perícias que estão a ser efetuadas. Mais: solicitaria, de imediato, a intervenção do Ministério Público. São os factos que o Presidente quer conhecer, e todos nós, já agora.
Qual é a razão para o ministro não falar, explicar, esclarecer? Há uma vítima mortal, a concessionária das autoestradas já esclareceu que o local estava devidamente assinalado, a GNR e o INEM foram chamados, e o MP está a investigar. Há alguma coisa que incomode profundamente o ministro? Só pode. Mas se o incomoda, o mesmo acontece certamente com todos os portugueses, e especialmente com o Presidente, que pode dizer ao primeiro-ministro que tem de mudar de MAI. Uma vez mais. Marcelo está demasiado indisposto para deixar passar mais esta confusão mortal. Será que o ministro já percebeu que seria melhor poupar o PM a esse empurrão presidencial?